Entendendo as experiências das mulheres com os efeitos colaterais dos anticoncepcionais
Este estudo explora como os efeitos colaterais influenciam as escolhas das mulheres em métodos contraceptivos.
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Índice
Cerca de 842 milhões de mulheres em idade reprodutiva no mundo usam métodos contraceptivos modernos. Os Contraceptivos Hormonais, como a pílula combinada, a pílula só de progesterona, o dispositivo intrauterino, o implante e a injeção, são populares porque previnem a gravidez de forma eficaz. As mulheres costumam usar esses métodos por boa parte dos seus anos reprodutivos, não só para evitar gravidez, mas também para lidar com problemas como sangramentos intensos e acne. É importante lembrar que nem todas as usuárias de contracepção hormonal se identificam como mulheres, e nem todas as mulheres podem querer ou precisar usar esses métodos.
Efeitos Colaterais da Contracepção
Embora a contracepção hormonal ajude muitas, ela também pode causar efeitos colaterais indesejados. Nos EUA, cerca de um terço das mulheres que usam contraceptivos relatam ter efeitos colaterais. Mais da metade dessas mulheres dizem que os efeitos colaterais são piores do que esperavam. Embora os efeitos colaterais nem sempre sejam prejudiciais, eles podem levar à insatisfação e fazer as mulheres pararem de usar o método contraceptivo, aumentando a chance de gravidezes indesejadas.
Um estudo mostrou que o medo de efeitos colaterais negativos é uma das principais razões pelas quais muitas mulheres em países ocidentais optam por não usar contracepção hormonal, mesmo que não tenham experimentado efeitos colaterais. A experiência com os efeitos colaterais pode ser influenciada por diversos fatores, como a educação, estilo de vida, crenças culturais e a postura dos profissionais de saúde.
Visão Geral do Estudo
Este estudo se concentrou nas experiências de mulheres no Reino Unido em relação aos efeitos colaterais da contracepção. A Dama Health, uma startup de saúde feminina, realizou um estudo para examinar como os efeitos colaterais influenciam a decisão de parar de usar diversos métodos contraceptivos. O estudo ocorreu de meados de outubro de 2022 até abril de 2023 e incluiu uma pesquisa online coletando informações sobre demografia, histórico médico, sintomas e experiências com a contracepção, além de dados genéticos de amostras de saliva.
As Participantes tinham que ter entre 18 e 35 anos, serem designadas como mulheres ao nascer e residir no Reino Unido. As mulheres que sofreram efeitos colaterais severos de certos contraceptivos hormonais nos últimos dez anos foram colocadas no grupo 'caso', enquanto as que não tiveram efeitos colaterais foram colocadas no grupo 'controle'. Um total de 1.135 participantes foram recrutadas através de anúncios nas redes sociais.
No final da pesquisa, ambos os grupos tiveram a chance de compartilhar informações adicionais sobre suas experiências com anticoncepção.
Analisando os Dados
Os pesquisadores usaram uma abordagem sistemática para analisar as respostas. Eles desenvolveram um quadro de codificação com base no que sabiam de pesquisas anteriores e revisões iniciais das respostas. Essa abordagem permitiu identificar temas comuns nos dados, como tipos de contracepção usados, efeitos colaterais vividos (tanto negativos quanto positivos), o impacto desses efeitos, quando ocorreram, interações com profissionais de saúde e o processo de Tentativa e erro para encontrar o método certo.
A análise foi liderada por um pesquisador com experiência em estudos qualitativos e supervisionada por um médico com formação em saúde pública.
Participantes e Suas Experiências
Das 1.135 participantes, 337 forneceram respostas escritas sobre suas experiências. A pílula anticoncepcional foi o método mais mencionado, com 190 participantes discutindo isso. Uma grande porcentagem das participantes (75%) relatou ter vivenciado pelo menos um efeito colateral do seu método contraceptivo.
Os efeitos colaterais negativos mais comuns incluíram problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, irregularidades no ciclo menstrual e dores de cabeça. Algumas mulheres notaram que certos métodos funcionaram bem para elas, como o dispositivo intrauterino que interrompia suas menstruações ou reduzia o sangramento.
As participantes descreveram como esses efeitos colaterais afetaram seus relacionamentos e a qualidade de vida. Algumas relataram impactos negativos, como se sentir desconfortável durante momentos íntimos ou falta de energia para o trabalho ou escola. Por outro lado, aquelas com experiências positivas tendiam a continuar com seu método escolhido por muitos anos.
Tentativa e Erro na Busca pelo Método Certo
Muitas participantes relataram que encontrar o método contraceptivo certo muitas vezes exigia experimentar diferentes opções. Algumas até trocaram de método várias vezes antes de encontrar um que funcionasse para elas. As participantes compartilharam como suas experiências variaram com cada método; por exemplo, o que funcionou para uma pessoa pode não funcionar para outra.
Além disso, alguns efeitos colaterais apareceram após usar um método durante um tempo. Por exemplo, alguém pode sentir efeitos colaterais inicialmente, mas depois eles poderiam diminuir ou mudar com o tempo.
Interações com Profissionais de Saúde
Algumas participantes sentiram que os profissionais de saúde não acreditavam em seus relatos de efeitos colaterais ou não os levavam a sério. A falta de um aconselhamento adequado sobre os potenciais efeitos colaterais ou métodos disponíveis foi notada por várias respondentes. As participantes queriam mais informações e orientações personalizadas dos profissionais de saúde para ajudar a fazer escolhas informadas sobre sua contracepção.
Por exemplo, uma mulher expressou decepção porque seu médico não pesquisou qual contraceptivo seria o melhor para suas necessidades específicas, mesmo depois que ela explicou sua situação. Esse tipo de interação pode afetar a capacidade de uma pessoa de tomar decisões sobre suas opções contraceptivas.
Resultados Principais
Esse estudo mostra que a experiência de cada pessoa com a contracepção é única, já que os efeitos colaterais podem variar bastante. Essas experiências afetam muitos aspectos da vida, incluindo relacionamentos e saúde mental. Os profissionais de saúde precisam considerar essas experiências pessoais ao discutir opções contraceptivas com os pacientes.
Há evidências de que algumas participantes classificaram efeitos colaterais de maneira diferente, e o que uma pessoa vê como um efeito colateral pode não ser visto da mesma forma por outra. Isso sugere a necessidade de uma melhor comunicação entre pacientes e profissionais de saúde sobre o que os efeitos colaterais podem incluir.
Pesquisas anteriores apoiam a ideia de que muitas mulheres enfrentam uma escolha difícil ao experimentar efeitos colaterais negativos: evitar a contracepção completamente, procurar um método que funcione para elas ou conviver com os efeitos colaterais. Algumas também descobrem que os contraceptivos melhoram suas vidas de várias maneiras, como reduzindo a ansiedade ou melhorando a satisfação sexual.
Implicações Clínicas
Escolher o melhor método contraceptivo é complicado e requer que os profissionais de saúde estejam informados sobre os diferentes métodos e seus possíveis efeitos colaterais. Eles também devem estar cientes de que cada indivíduo pode reagir de forma diferente a cada forma de contracepção. Muitas participantes sentiram que não receberam suporte ou informações adequadas, o que levanta questões sobre escolha informada e empoderamento nas decisões contraceptivas.
Colocar os pacientes no centro do aconselhamento contraceptivo pode ajudar os profissionais de saúde a atender melhor seus pacientes. Essa abordagem centrada no paciente valoriza as experiências e preferências únicas de cada pessoa, ao mesmo tempo em que fornece informações precisas sobre as opções disponíveis.
Os profissionais de saúde devem ter um bom entendimento dos vários métodos contraceptivos, seus efeitos colaterais e como isso pode diferir entre os indivíduos. Também é vital que os praticantes ajudem a gerenciar as expectativas dos pacientes, já que muitas vezes é incerto quem terá efeitos colaterais e quão graves serão essas experiências.
Em muitos casos, encontrar o método contraceptivo certo envolve alguma tentativa e erro. Discussões contínuas entre pacientes e profissionais sobre sintomas e opções adequadas são importantes. Isso pode exigir uma mudança de foco apenas na eficácia para incluir a satisfação e aceitabilidade do paciente.
Implicações para Pesquisa
Este estudo destaca a necessidade de mais pesquisas sobre como os pacientes definem e entendem os efeitos colaterais. Estudos futuros poderiam ajudar a capturar informações que reflitam as prioridades dos usuários, levando a um melhor aconselhamento e suporte para quem busca cuidados contraceptivos.
Além disso, explorar as variações nas experiências individuais e possíveis preditores de efeitos colaterais pode contribuir para melhorar as opções contraceptivas. Recomendações personalizadas poderiam ser benéficas para minimizar os riscos de efeitos colaterais e melhorar a satisfação com os métodos contraceptivos.
Finalmente, avaliar o processo de tentativa e erro pode ajudar a refiná-lo para melhorar a experiência dos pacientes.
Conclusão
No geral, este estudo traz à tona as experiências complexas e variadas que as mulheres têm com métodos contraceptivos. Muitas relatam dificuldades em encontrar opções adequadas, fortemente influenciadas por interações pessoais e com a saúde. Há um desejo forte entre as mulheres por mais informações e suporte na hora de navegar suas escolhas contraceptivas. Ao adotar uma abordagem centrada no paciente, os profissionais de saúde podem melhorar o atendimento e promover a tomada de decisão informada, levando a melhores resultados de saúde.
Título: Experiences and impacts of side effects among contraceptive users in the UK: exploring individual narratives of contraceptive side effects
Resumo: PurposeWhile many women worldwide use contraception, there is a paucity of research on individual experiences of side effects and their impacts. To address this gap, we analysed free-text responses of contraception experiences from 337 women aged 18 to 35, based in the UK who took part in an online survey on contraception. Materials and methodsThrough a directed content analysis approach, we developed a coding framework based on existing literature and initial response review. It included six themes; method(s) of contraception, side effect(s) experienced, impact of side effect(s), timing of side effect(s), interactions with healthcare practitioners, and trial and error. ResultsSide effect experiences and impacts varied greatly between individuals and contraceptives. Most participants described negative effects, such as mental health issues and bleeding problems. Some shared positive experiences related to bleeding management and the absence of side effects. Some experienced side effects after years of use and felt unheard by practitioners. ConclusionsThis contraceptive experience variability underscores the need for further research into individual side effect variation. We advocate for a patient-centred approach to contraceptive counselling. Practitioners should play an active role in improving contraception prescription, acknowledging the diverse experiences and preferences of patients.
Autores: Jennifer Hall, C. L. Stewart, R. Stevens, F. Kennedy, P. Cecula, E. Rueda Carrasco
Última atualização: 2023-10-02 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.10.02.23296334
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.10.02.23296334.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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