O Papel Complexo da Dopamina no Comportamento de Recompensa
Pesquisas mostram como a dopamina afeta o prazer e o comportamento em camundongos.
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Índice
Pesquisadores têm estudado como certas partes do cérebro, especialmente em roedores e humanos, reagem a tipos específicos de Estimulação elétrica. Esse trabalho começou quando descobriram que animais e pessoas podiam apertar alavancas para ativar áreas do cérebro ligadas a sentimentos de prazer e recompensa. Essa estimulação levantou várias perguntas sobre se ela poderia substituir Recompensas naturais como comida ou interação social. Também deixou os cientistas curiosos sobre os mecanismos cerebrais por trás dessa estimulação, já que a área em questão é bem complexa, com muitas células e fibras diferentes.
O Feixe Medial do Cérebro e Sua Função
O feixe medial do cérebro é um caminho importante associado ao prazer e à recompensa. Quando os animais eram estimulados eletricamente nessa área, eles mostraram comportamentos que sugeriam que achavam aquilo recompensador, assim como quando estão com fome ou buscando outras recompensas naturais. No entanto, logo ficou claro que não havia um único processo cerebral em jogo; diferentes tipos de estimulação podiam levar a diferentes respostas.
Os cientistas notaram que tanto roedores quanto humanos continuavam apertando alavancas para parar a estimulação contínua. Isso indicava que áreas diferentes do cérebro estavam sendo ativadas quando a área era estimulada. Uma região específica dentro do estriado ventral, chamada Núcleo Accumbens, se destacou como particularmente importante para esses efeitos recompensadores. Essa região é conhecida por sua conexão com a Dopamina, um químico no cérebro que está diretamente envolvido em sentimentos de prazer.
O Papel da Dopamina na Recompensa
Os neurônios da dopamina em uma parte do cérebro chamada área tegmental ventral foram ativados durante essa estimulação. Quando a estimulação ocorria, a dopamina era liberada no núcleo accumbens, mas não em outras áreas. Observou-se que dentro do núcleo accumbens, uma sub-região específica estava relacionada às propriedades recompensadoras da estimulação, porque os níveis de dopamina nessa área correspondiam de perto à intensidade da estimulação. Além disso, aumentar os níveis de dopamina ampliava a experiência de recompensa, indicando que os efeitos da estimulação cerebral estavam ligados à atividade da dopamina.
Avanços recentes em tecnologia, como a optogenética, permitiram que os cientistas manipulassem neurônios específicos em tempo real. Isso ajudou a confirmar que os neurônios de dopamina na área tegmental ventral não só sustentavam a auto-estimulação, mas também eram cruciais para a natureza recompensadora desse comportamento. No entanto, os pesquisadores ainda tinham perguntas sobre os processos psicológicos envolvidos quando esses neurônios eram ativados.
Por exemplo, quando tinham escolha, os camundongos preferiam explosões mais curtas de estimulação em vez de mais longas. Isso ligou seu comportamento à ideia de que uma estimulação mais curta poderia ser mais recompensadora ou desejável.
A Relação Entre Dopamina e Comportamento
A dopamina é tradicionalmente vista como um sinal de erros ou recompensas inesperadas. Isso significa que se um animal recebe estimulação quando não esperava, isso pode ser um motivador forte para ele repetir o comportamento. No entanto, algumas pesquisas sugeriram que essa visão é muito simplista. Foi proposto que o papel da dopamina poderia ser mais sutil, envolvendo-se de diferentes maneiras dependendo do contexto e das áreas específicas do cérebro envolvidas.
A atividade da dopamina no núcleo accumbens não se alinha perfeitamente com a expectativa de recompensas; ela é influenciada por outros fatores, como a natureza dos estímulos e o contexto geral. Essa complexidade destaca a necessidade de uma investigação mais profunda sobre como a dopamina funciona em diferentes tipos de estímulos, incluindo recompensas naturais como comida.
Design do Experimento
Para investigar essas ideias mais a fundo, um experimento especial foi projetado. Os camundongos foram treinados para apertar uma alavanca para receber estimulação no núcleo accumbens. Os pesquisadores queriam observar dois aspectos principais: o tempo total que os camundongos mantiveram a alavanca pressionada (duração acumulada) e a duração média que mantiveram pressionada (duração média).
Essa configuração permitiu que os pesquisadores distinguissem entre os efeitos reforçadores da estimulação (o quanto os camundongos queriam manter a alavanca pressionada) e os efeitos de desligamento (o quão rápido eles paravam de segurá-la). Ao mudar a frequência da estimulação, os pesquisadores pretendiam ver se isso afetava alguma medida de duração.
Treinamento dos Camundongos
Os sujeitos do experimento foram 12 camundongos de laboratório. Eles foram mantidos em gaiolas padrão com acesso a comida e água. Durante a fase de treinamento, cada camundongo participou de uma série de sessões onde aprendeu a ativar a estimulação apertando uma alavanca. As alavancas tinham duas funções: uma era ativa, que proporcionava a estimulação, e a outra era inativa, que não tinha efeito.
Os pesquisadores definiram várias frequências para a estimulação (2,5, 10 e 40 Hz) e, ao longo das sessões, ficou claro que os camundongos aprenderam a segurar a alavanca ativa por períodos mais longos, especialmente em frequências mais altas. Observou-se que à medida que a frequência aumentava, os camundongos se engajavam mais com a alavanca ativa, o que sugeriu que frequências de estimulação mais altas eram mais atraentes.
Resultados do Treinamento
À medida que o treinamento avançava, os camundongos mostraram um aumento claro no tempo gasto pressionando a alavanca ativa em comparação com a inativa. Eles também apertaram a alavanca ativa com mais frequência, o que foi especialmente evidente em taxas de estimulação mais altas. A duração média que eles mantiveram a alavanca ativa aumentou, mas parecia depender menos da frequência da estimulação.
Esse padrão indicou que, enquanto a duração acumulada de pressão (o tempo total gasto) estava aumentando com a frequência da estimulação, a duração média (quanto tempo apertavam cada vez) variava menos. Em resumo, os camundongos conseguiam controlar tanto por quanto tempo quanto com que frequência pressionavam a alavanca, com frequências mais altas levando a mais apertos acumulados, mas tempos de pressão média mais curtos.
Modulação da Neurotransmissão
Depois do treinamento, os pesquisadores queriam ver se manipular os sinais químicos do cérebro afetaria o comportamento dos camundongos. Eles usaram drogas para aumentar ou bloquear os receptores de dopamina no cérebro. As drogas foram escolhidas porque mostraram não afetar a capacidade dos camundongos de se mover ou realizar tarefas, o que era crucial para garantir que os resultados fossem apenas devido a mudanças no sistema de recompensa, em vez de mudanças na função motora.
Durante as sessões de teste, ficou claro que diferentes drogas afetaram as durações acumuladas e médias de pressão da alavanca de maneiras específicas. Por exemplo, quando a sinalização de dopamina foi aumentada com certas drogas, o tempo total gasto pressionando a alavanca ativa diminuiu. Isso indicou que aumentar a atividade da dopamina poderia diminuir o impacto da recompensa.
Por outro lado, bloquear a atividade da dopamina por meio de diferentes tratamentos com drogas causou uma resposta diferente. Essas descobertas apontaram para a complexidade do papel da dopamina em influenciar o comportamento e sugeriram que diferentes tipos de receptores de dopamina poderiam desempenhar papéis distintos em como as recompensas são processadas.
O Primeiro Aperto
Um aspecto interessante do experimento foi como os camundongos se comportaram durante o primeiro aperto da alavanca de cada tentativa. Esse primeiro aperto foi registrado para avaliar como a frequência da estimulação afetava sua resposta. Surpreendentemente, os camundongos iniciaram seus primeiros apertos em taxas semelhantes, independentemente da frequência da estimulação. No entanto, eles foram mais lentos para pressionar a alavanca após tomarem certos medicamentos que alteravam a função da dopamina.
A duração do primeiro aperto ativo também variou com a frequência da estimulação, mostrando que a estimulação de alta frequência levou a durações mais curtas no primeiro aperto. Isso sugeriu que os camundongos se engajavam com a estimulação de maneira diferente, dependendo de quão intensa ela era.
Descobertas e Discussão
As descobertas gerais mostraram que a casca medial do núcleo accumbens é crucial para os efeitos recompensadores da estimulação cerebral. O experimento destacou que as propriedades reforçadoras e de desligamento da dopamina poderiam ser influenciadas pela forma como a estimulação foi aplicada. Especificamente, enquanto frequências de estimulação mais altas levaram a mais recompensas, elas também fizeram com que os camundongos se desligassem mais rapidamente.
Além disso, as variações nos tratamentos com drogas indicaram que diferentes tipos de receptores de dopamina poderiam ou aumentar ou diminuir as propriedades recompensadoras da estimulação. Os resultados apontaram para uma compreensão mais complexa de como a dopamina funciona no cérebro; em vez de ser simplesmente um sinal de recompensa direto, seus efeitos são moldados por vários fatores, incluindo o contexto específico e a natureza da estimulação.
Os pesquisadores descobriram que, enquanto a dopamina é importante para reforçar comportamentos, ela também pode levar ao desligamento em certas condições. Essa percepção desafia as visões tradicionais do papel da dopamina no reforço de comportamento e sugere que pesquisas futuras devem continuar a explorar as interações complexas entre a dopamina e outros sistemas cerebrais.
Conclusão
Em resumo, a pesquisa sobre o papel da dopamina no comportamento de recompensa pinta um quadro sutil de como o cérebro processa prazer e motivação. A casca medial do núcleo accumbens desempenha um papel central nesse processo, mostrando tanto propriedades reforçadoras quanto de desligamento dependendo das circunstâncias. Ao continuar investigando esses mecanismos, os cientistas podem obter uma compreensão mais profunda dos sistemas de recompensa do cérebro e de como eles influenciam o comportamento.
Título: A disengaging property of medial accumbens shell dopamine.
Resumo: Electrical stimulation of the medial forebrain bundle vigorously reinforces self-stimulation behaviour, yet rodents perform operant responses to terminate this stimulation. The accumbens shell emerged as a substrate subserving the reinforcing properties of electrical medial forebrain bundle stimulation, whereas disengaging properties were attributed to incidentally recruited substrates near the electrode. Here, we examine whether there are dissociable reinforcing and disengaging properties of medial accumbens shell dopamine and probe the substrates underlying these properties. Using a temporally delimited self-stimulation procedure, transgenic DAT-Cre mice expressing channelrhodopsin-II in ventral tegmental area dopamine neurons were trained to hold-down a lever to engage, and then release the lever to disengage, optogenetic stimulation of dopaminergic inputs to the medial accumbens shell through an implanted optic fiber. The cumulative and mean duration of hold-downs show divergent frequency responses identifying dissociable reinforcing and disengaging properties of medial accumbens shell dopamine. At higher stimulation frequencies the cumulative duration of hold-downs grows, whereas the mean duration of hold-downs wanes. Dopamine agonists reduced the cumulative duration of self-stimulation hold-downs, but only a D1 agonist produced this reduction through decreases in the mean duration of hold-downs, which were lengthened with a D2 antagonist. Thus, reinforcing and disengaging properties of electrical medial forebrain stimulation may arise from the downstream activation of dopamine receptors, uncovering a disengaging property of medial accumbens shell dopamine. Significance StatementDopamine is thought to promote behaviour by acting as a reinforcer or error signal. Here, we show that mice vigorously self-stimulate dopamine inputs to the medial accumbens shell but control the duration of duration of these stimulations and prefer them to be brief. This disengaging property of medial accumbens shell dopamine depends on downstream neurotransmission at dopamine type 1 and 2 receptors. Thus, a single dopaminergic substrate, inputs to the medial accumbens shell, reinforces and disengages self-stimulation behaviour, highlighting the complexity and regional specificity of striatal dopamine function.
Autores: Jonathan P Britt, M. D. Valyear, N. M.-L. Eustachon, I. Alymova, B. N. Tremblay, N. M. Mitrikeski
Última atualização: 2024-05-02 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2023.11.29.569116
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2023.11.29.569116.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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