Fatores Genéticos na Obesidade: O Estudo Yakut
A pesquisa examina o papel do polimorfismo Q223R na obesidade entre a população Yakut.
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Índice
A Obesidade virou um grande problema de saúde que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo. Nas últimas décadas, o número de pessoas com sobrepeso ou obesidade aumentou muito. Essa tendência é preocupante, já que a obesidade pode causar sérios problemas de saúde, como diabetes tipo 2, colesterol alto, hipertensão e doenças cardíacas. O mais importante é que a obesidade está ligada a taxas de mortalidade mais altas e uma expectativa de vida menor.
Avanços científicos recentes trouxeram à tona os fatores genéticos que contribuem para a obesidade. O Projeto Genoma Humano e vários estudos grandes identificaram alguns genes relacionados à obesidade. Mas, esses estudos só descobriram uma parte pequena das variações genéticas associadas à obesidade em diferentes grupos étnicos.
Apesar dessas descobertas, as formas exatas como a dieta e o ambiente contribuem para a obesidade ainda não estão claras. Um gene que foi muito estudado é o gene do receptor de leptina (LEPR). Esse gene faz parte de uma rede que ajuda a regular o peso corporal. A leptina é um hormônio produzido pelas células de gordura e desempenha um papel crucial no controle do apetite e do balanço energético. Quando as células de gordura produzem mais leptina, isso sinaliza para o cérebro diminuir a fome e aumentar o gasto energético. Alterações no gene LEPR podem afetar como o corpo responde à leptina.
Vários estudos analisaram mudanças específicas, conhecidas como polimorfismos, no gene LEPR para ver como elas se relacionam com a obesidade e o diabetes tipo 2. Um desses polimorfismos se chama Q223R. Essa mudança no gene resulta em um aminoácido diferente sendo produzido, o que afeta como a leptina consegue se ligar ao seu receptor e sinalizar para o cérebro. Os resultados desses estudos foram mistos, com alguns mostrando uma ligação entre o polimorfismo Q223R e a obesidade, enquanto outros não.
Para investigar mais, pesquisadores realizaram um estudo na população Yakut na Rússia. Eles queriam comparar as frequências do polimorfismo Q223R em pessoas com peso normal e aquelas com obesidade. Eles também planejavam comparar suas descobertas com outras populações ao redor do mundo.
Métodos de Pesquisa
O estudo envolveu a coleta de amostras de DNA de indivíduos que vivem na República de Sakha (Yakutia). Os pesquisadores usaram um laboratório especializado para analisar essas amostras. Os participantes precisaram preencher um questionário e dar consentimento para que suas informações genéticas fossem usadas no estudo.
No total, 336 amostras de DNA foram analisadas, incluindo homens e mulheres da nacionalidade Yakut. Os participantes foram divididos em dois grupos: aqueles com um índice de massa corporal (IMC) normal e aqueles classificados como obesos. A obesidade foi determinada com base nas diretrizes estabelecidas de IMC.
Técnicas de Análise Genética
Para analisar as informações genéticas, os pesquisadores isolaram o DNA de amostras de sangue e usaram um método chamado reação em cadeia da polimerase (PCR) para examinar o polimorfismo Q223R. Esse método permitiu amplificar a região do gene que continha o polimorfismo para uma análise mais aprofundada.
Após a amplificação, eles usaram outra técnica chamada polimorfismo de comprimento de fragmento de restrição (RFLP) para determinar o genótipo específico presente em cada amostra de DNA. Isso envolveu cortar o DNA amplificado em pedaços menores e visualizar os resultados em um gel. Padrões diferentes indicavam a presença de vários Genótipos.
Resultados do Estudo
O estudo encontrou que 55% dos participantes estavam com sobrepeso ou obesidade. A frequência da variante G do polimorfismo Q223R foi de 79,5% em pessoas com peso normal e 82,7% em pessoas obesas, alinhando-se com as distribuições genéticas esperadas.
Ao olhar para os genótipos, uma alta frequência do genótipo GG foi encontrada em ambos os grupos de peso. A análise mostrou que não havia diferença significativa na frequência de Alelos ou genótipos entre pessoas com peso normal e aquelas obesas. Isso também se aplicou às diferenças de gênero e obesidade abdominal.
Os dados de peso revelaram que pessoas com genótipos específicos tinham IMCs médios variados, mas essas diferenças não eram estatisticamente significativas. No geral, parecia que o polimorfismo Q223R não teve um impacto majoritário na obesidade nessa população.
Comparação com Outras Populações
Os pesquisadores também compararam as descobertas da população Yakut com dados de outras populações ao redor do mundo. Eles descobriram que a frequência do alelo G na população Yakut era semelhante àquela vista em populações da Ásia Oriental. No entanto, em populações da Europa, África e Américas, esse alelo era menos comum.
Pesquisas anteriores envolvendo o polimorfismo Q223R na população Yakut mostraram resultados variados em termos de sua associação com várias condições de saúde. Alguns estudos não encontraram ligações significativas com problemas metabólicos, enquanto outros relataram frequências mais altas do alelo G em indivíduos com síndrome metabólica.
Essa variação sugere que, enquanto o polimorfismo Q223R pode estar presente em diferentes populações, seu impacto na saúde pode variar com base em contextos genéticos e fatores ambientais. Isso reforça a ideia de que a genética é apenas uma parte do quebra-cabeça quando se trata de obesidade e problemas de saúde relacionados.
Entendendo a Ligação Genética
O gene do receptor de leptina opera dentro de um sistema complexo que ajuda o corpo a gerenciar o armazenamento de gordura e o uso de energia. Polimorfismos nesse gene podem refletir padrões de seleção natural impulsionados por adaptações a diferentes climas. Por exemplo, alguns estudos sugerem que certas variantes do gene LEPR podem ser benéficas em climas frios, melhorando a capacidade do corpo de regular a produção de calor.
À medida que a disponibilidade de alimentos e os hábitos alimentares mudam, a influência das variações genéticas na obesidade também pode ser afetada. Alguns pesquisadores propõem que o gene LEPR atua como um "gene econômico", permitindo que as pessoas armazenem energia de forma mais eficiente em tempos de abundância, o que pode ser crucial durante períodos de escassez alimentar.
Conclusão
A pesquisa sobre o polimorfismo Q223R do gene LEPR sugere uma relação complexa entre genética, ambiente e estilo de vida no contexto da obesidade. Embora esse polimorfismo específico não mostre ligações fortes com a obesidade na população Yakut, entender seu papel dentro de um panorama genético mais amplo ajuda a iluminar como várias populações se adaptam aos seus ambientes.
À medida que a obesidade continua a aumentar globalmente, mais pesquisas são necessárias para desvendar as conexões intrincadas entre fatores genéticos, dieta e escolhas de estilo de vida. Essa compreensão é crucial para desenvolver intervenções eficazes para combater a obesidade e melhorar os resultados de saúde para diversas populações.
Título: Polymorphism Q 223R of the leptin receptor (LEPR) - a possible relationship with adaptation to non-tropical climate in Yakuts
Resumo: Obesity is an energy imbalance that occurs due to a lack of energy intake and consumption. We studied the variability of the Q223R polymorphism of the LEPR gene in the Yakut population and the relationship with body mass index (BMI) and abdominal obesity in a sample of Yakuts (n=336), consisting of individuals with obesity (n=185) and normal weight (n=151). For genotyping, we used the classical methods of PCR-RFLP analysis. A comparative analysis of the obtained data on the frequencies of alleles and genotypes with data on other populations of the world was also carried out. The G variant allele frequency was 79.5% in normal weight patients and 82.7% in obese patients. Genotype analysis showed a high frequency of genotypes GG - 64.2% and GA - 30.5% in the group with normal BMI and GG - 69.7% and GA - 25.9% in the group with high BMI. There was no significant difference in the frequency of alleles and genotypes of the Q223R polymorphism between the groups. It was established that the frequency of the G allele of the Yakuts (79.5%) with the populations of East Asia (86.9%). When analyzing the average anthropometric values, depending on the genotype, a statistically significant difference in waist circumference was found in persons with abdominal obesity (p = 0.03), so it was greater in carriers of the heterozygous AG genotype than in carriers of the GG genotype. In conclusion, our study demonstrates that SNP Q223R (LEPR) is possible and has some effect on anthropometric parameters in the Yakut population, but differs from studies conducted on samples of European ethnicity. It can be assumed that the accumulation of the G allele of the Q223R polymorphism (LEPR) in the Yakut population, as well as in the populations of East Asia, is probably the result of metabolic adaptation to living conditions in a non-tropical climate.
Autores: Alexey Alekseevich Bochurov, N. I. Pavlova, V. A. Alekssev, A. V. Krylov, L. A. Sydykova, K. A. Kurtanov
Última atualização: 2023-10-10 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.10.09.23296771
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.10.09.23296771.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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