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# Ciências da saúde# Gastroenterologia

O papel do Ácido Eicosapentaenoico na prevenção do câncer colorretal

EPA pode reduzir o risco de pólipos, influenciado por fatores genéticos específicos.

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EPA e Risco de CâncerEPA e Risco de CâncerColorretala genética.Os efeitos do EPA variam de acordo com
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Ácido eicosapentaenoico (EPA) é um tipo de ácido graxo omega-3 encontrado em óleos de peixe. Estudos sugerem que o EPA pode ajudar a reduzir o risco de Câncer Colorretal (CCR), especialmente em pessoas com histórico familiar de certos tipos de Pólipos. Esse artigo discute como a eficácia do EPA pode estar relacionada a um fator genético específico e as implicações potenciais para a prevenção do CCR.

O que é o Ácido Eicosapentaenoico (EPA)?

EPA é um ácido graxo insaturado que faz parte do grupo omega-3. Ele é encontrado principalmente em peixes, especialmente peixes gordos como salmão e cavala. Muitas pessoas tomam suplementos de EPA por causa dos vários benefícios de saúde associados aos ácidos graxos omega-3, incluindo a saúde do coração e a redução da inflamação.

Câncer Colorretal (CCR) e Pólipos

O câncer colorretal é um problema de saúde sério. Muitas vezes começa como crescimentos chamados pólipos na mucosa do cólon ou reto. Alguns tipos de pólipos podem se transformar em câncer com o tempo. Pessoas com histórico familiar de pólipos ou certas condições genéticas têm um risco maior de desenvolver esses crescimentos.

O Papel do EPA na Prevenção do Câncer Colorretal

Pesquisas sugerem que tomar EPA, especialmente na dose de 2 gramas diárias durante seis meses, pode reduzir o número de pólipos em pessoas com histórico familiar de pólipos adenomatosos (um tipo de pólipo que pode se transformar em câncer). Alguns estudos mostraram que o EPA pode diminuir o tamanho desses pólipos também.

Mas, as evidências são mistas. Em outro estudo, tomar a mesma quantidade de EPA, junto com Aspirina, não mostrou diferença significativa no número total de pólipos. Isso levanta questões sobre quão eficaz o EPA é por conta própria para prevenir pólipos e potencialmente o CCR.

Fatores Genéticos: O Polimorfismo Indel FADS2

Cientistas identificaram uma variação genética específica chamada polimorfismo indel FADS2. Essa variação pode influenciar como o corpo processa certos ácidos graxos, incluindo EPA e ácido araquidônico (AA). O AA é outro ácido graxo que pode promover a inflamação e pode ter um papel no crescimento de tumores.

Indivíduos com uma forma específica dessa variação genética podem ter níveis mais altos de AA em seus corpos. Isso poderia potencialmente superar os benefícios do EPA, já que níveis elevados de AA poderiam apoiar o crescimento de pólipos.

Como EPA e AA Interagem

O corpo tem caminhos que utilizam ácidos graxos como EPA e AA. Em um processo complexo, ambos os ácidos graxos podem competir pelas mesmas enzimas. Quando o EPA está presente, pode ajudar a diminuir a produção de substâncias nocivas feitas a partir do AA, especialmente compostos inflamatórios conhecidos como prostaglandinas.

Porém, se uma pessoa tem altos níveis de AA devido à sua composição genética, os benefícios do EPA podem ser menos eficazes. Essa interação destaca a relação complexa entre genética e gorduras alimentares.

A População do Estudo

Em um ensaio clínico projetado para investigar os efeitos do EPA e da aspirina na prevenção de pólipos, dados genéticos foram coletados dos participantes. O estudo incluiu principalmente indivíduos de ascendência europeia branca. Isso é importante porque fatores genéticos podem variar entre diferentes grupos étnicos, o que pode afetar os resultados do tratamento.

Resultados do Estudo

O ensaio incluiu 630 participantes, com um pequeno grupo sendo homozigotos para o alelo de inserção (alelo I) do polimorfismo indel FADS2. A maioria dos participantes tinha pelo menos um alelo I.

Os resultados mostraram que indivíduos com pelo menos um alelo I tinham uma proporção maior de AA em relação a outro ácido graxo chamado ácido linoleico (LA). Essa proporção maior poderia significar que os portadores do alelo I têm mais AA disponível em seus corpos.

Enquanto o EPA não reduziu significativamente o número total de pólipos em todo o grupo do estudo, aqueles com pelo menos um alelo I que tomaram EPA mostraram uma redução considerável no número de pólipos. Isso sugere que o EPA pode ser mais eficaz em indivíduos com maior risco genético de níveis elevados de AA.

O Papel da Aspirina

A aspirina é bem conhecida por sua capacidade de reduzir o risco de certos cânceres, incluindo o CCR. Diferente do EPA, a aspirina parece inibir as enzimas que convertem o AA em compostos prejudiciais. Neste estudo, aqueles que tomaram aspirina mostraram uma redução significativa no número de pólipos, independentemente de seu genótipo FADS2.

Os resultados indicaram que a ação da aspirina não depende da disponibilidade de AA da mesma forma que a eficácia do EPA. Isso sugere que a aspirina e o EPA agem por mecanismos diferentes.

Implicações dos Dados

As descobertas deste estudo podem levar a abordagens mais personalizadas na prevenção do CCR. Ao identificar indivíduos com o polimorfismo indel FADS2, os profissionais de saúde podem recomendar tratamentos como EPA ou aspirina com base no histórico genético de cada um.

Além disso, aqueles com o alelo I podem se beneficiar mais ao tomar EPA devido à sua biologia única. A redução no número de pólipos entre os portadores do alelo I que tomaram EPA é promissora e pode indicar um grupo específico que se beneficiaria mais desse tratamento.

Direções para Pesquisas Futuras

Embora os achados sejam interessantes, mais pesquisas são necessárias para confirmar esses resultados, especialmente em populações mais diversas. É essencial verificar se os mesmos padrões ocorrem em diferentes grupos étnicos, já que variações genéticas podem influenciar as respostas ao EPA e à aspirina.

Além disso, estudos futuros devem buscar estabelecer se o polimorfismo indel FADS2 pode servir como um biomarcador confiável para prever o risco de CCR e a eficácia do EPA. Compreender essa relação poderia levar a estratégias de prevenção melhores, adaptadas aos perfis genéticos individuais.

Conclusão

O EPA mostra potencial como um agente preventivo para o câncer colorretal, especialmente em indivíduos com certas variações genéticas. A interação entre o EPA e o fator genético polimorfismo indel FADS2 é fundamental para entender quem pode se beneficiar mais desse tratamento.

À medida que avançamos, estabelecer uma relação clara entre genética e intervenções dietéticas pode abrir caminho para estratégias mais eficazes na prevenção do CCR. Novos estudos serão cruciais para validar essas descobertas e explorar benefícios adicionais do EPA além da prevenção do câncer.

Fonte original

Título: FADS2 Indel polymorphism rs66698963 predicts colorectal polyp prevention by the n-3 fatty acid EPA

Resumo: ImportanceA precision medicine approach to identify who would benefit from supplementation with the n-3 highly unsaturated fatty acid (HUFA) eicosapentaenoic acid (EPA) for colorectal cancer prevention has not been reported. A fatty acid desaturase 2 (FADS2) insertion-deletion (Indel) polymorphism (rs66698963) controls levels of the n-6 HUFA arachidonic acid (AA), which drives intestinal tumorigenesis and which is antagonized by EPA. ObjectiveWe tested the hypothesis that the FADS2 Insertion (I) allele, which is associated with elevated AA levels, predicts those individuals who display colorectal polyp risk reduction by EPA. DesignSecondary analysis of the randomized, placebo-controlled, 2x2 factorial seAFOod polyp prevention trial of EPA 2g daily and aspirin 300mg daily, stratified for FADS2 Indel genotype. SettingColonoscopy surveillance 12 months after clearance screening colonoscopy, in the English Bowel Cancer Screening Programme (BCSP). ParticipantsA predominantly White European, male cohort (mirroring the BCSP colonoscopy demographic). 528 trial participants with colonoscopy data and a FADS2 Indel genotype from the original randomized trial population of n=707. Main Outcome(s) and Measure(s)Total (adenomatous and serrated) colorectal polyp risk associated with EPA or aspirin compared with its respective placebo. Presence of at least one I allele and an interaction term (at least one I allele x active intervention) were co-variates in negative binomial regression models. ResultsEPA use, irrespective of FADS2 Indel genotype, was not associated with reduced total colorectal polyp number (incidence rate ratio [IRR] 0.92, 95% confidence interval 0.74,1.16), mirroring the original seAFOod trial analysis. However, the presence of at least one I allele identified EPA users with a significant reduction in colorectal polyp number (IRR 0.50 [0.28, 0.90]), unlike aspirin for which there was no evidence of an interaction. Similar findings were obtained for analysis of the polyp detection rate (% of individuals with at least one polyp). Conclusions and RelevanceThe FADS2 Indel I allele identifies individuals who display colorectal polyp prevention efficacy of EPA, with a similar effect size to aspirin. Assessment of rs66698963 as a therapeutic response biomarker in other populations and healthcare settings is warranted. Trial RegistrationThe seAFOod polyp prevention trial and STOP-ADENOMA project - ISRCTN05926847. Key pointsO_ST_ABSQuestionC_ST_ABSDoes a functional fatty acid desaturase 2 (FADS2) insertion-deletion (Indel) polymorphism (rs66698963) predict colorectal polyp prevention efficacy of eicosapentaenoic acid (EPA)? FindingsIn 528 participants of the 2 x 2 factorial seAFOod polyp prevention trial of the n-3 highly unsaturated fatty acid (HUFA) EPA and aspirin, who had both colonoscopy outcome and Indel genotype data, a gene (I allele carrier) x treatment interaction identified individuals for whom EPA significantly reduced colorectal polyp number by approximately 50% (a similar effect size to aspirin). MeaningFurther evaluation of a precision medicine approach using the FADS2 Indel polymorphism rs66698963 as a therapeutic response biomarker for cancer and cardiovascular disease prevention by n-3 HUFAs is warranted.

Autores: Mark A Hull, G. Sun, Y. N. Li, J. R. Davies, R. C. R. Block, K. S. D. Kothapalli, J. T. Brenna

Última atualização: 2023-10-30 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.10.28.23297412

Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.10.28.23297412.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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