Impacto da pandemia no gênero e na satisfação com a vida
Analisando como a COVID-19 afetou a satisfação com a vida e as desigualdades de gênero.
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A pandemia de COVID-19 afetou várias áreas da vida, incluindo a saúde mental. Notou-se que nem todo mundo foi impactado igualmente. Alguns grupos, principalmente as mulheres, enfrentaram desafios maiores durante esse período. As evidências iniciais indicam que as desigualdades que já existiam se tornaram mais evidentes com o início da pandemia. Uma das razões para isso pode estar ligada à maneira como homens e mulheres usaram seu tempo, especialmente em relação às responsabilidades de cuidar de outros e às tarefas domésticas. Em média, as mulheres assumiram mais dessas tarefas, o que pode afetar sua saúde mental. Porém, são necessárias pesquisas mais aprofundadas para entender realmente esses efeitos.
Bem-estar mental e Satisfação com a vida
Embora haja alguns dados sobre como a pandemia influenciou os níveis de angústia mental, menos se sabe sobre seu efeito no bem-estar mental, especialmente a satisfação com a vida. Satisfação com a vida não é simplesmente o oposto de angústia mental. Pesquisas mostram que os fatores que afetam a angústia mental podem diferir daqueles que influenciam a satisfação com a vida. As pessoas podem se sentir muito angustiadas e satisfeitas ao mesmo tempo. Essa complexidade é ilustrada pelo "paradoxo de gênero", onde as mulheres geralmente enfrentam mais desvantagens, mas muitas vezes relatam níveis mais altos de satisfação com a vida do que os homens. Descobertas recentes sugerem que, durante a pandemia, as mulheres perderam essa vantagem relativa, indicando a necessidade de investigar por que isso aconteceu.
Objetivos do Estudo
Este estudo tem dois principais objetivos. Primeiro, ele pretende analisar como a pandemia afetou a satisfação com a vida de maneira diferente para homens e mulheres ao longo do tempo. Isso pode destacar se houve tendências contínuas ou mudanças inesperadas na satisfação com a vida. Segundo, o estudo planeja investigar se diferentes maneiras de passar o tempo contribuíram para disparidades na satisfação com a vida. Entender como os papéis de gênero e as expectativas sociais influenciam as experiências durante uma crise pode ajudar a criar políticas melhores adaptadas a diferentes necessidades.
Amostra e Metodologia
O estudo utilizou dados do British Cohort Study de 1970, que foca em cerca de 17.000 indivíduos nascidos na Grã-Bretanha durante a mesma semana de 1970. Dados sobre satisfação com a vida foram coletados em diferentes momentos, e informações adicionais foram reunidas durante a pandemia através de uma pesquisa sobre COVID-19. Os participantes relataram seus níveis de satisfação com a vida, que variavam de 0 (mais baixo) a 10 (mais alto).
Como parte das pesquisas sobre COVID-19, os participantes compartilharam quantas horas passaram em várias atividades durante um dia normal de semana, incluindo trabalho, voluntariado, ensino em casa, cuidar de outros e trabalho doméstico. Também foram coletadas informações sobre sua situação financeira, local de trabalho e se tinham filhos dependentes. Isso permitiu que os pesquisadores analisassem os dados de uma maneira que reflete a realidade da vida dos participantes.
Análise da Satisfação com a Vida
Para entender como a satisfação com a vida mudou ao longo do tempo, os pesquisadores usaram um método estatístico chamado modelagem de curva de crescimento latente. Esse método ajuda a acompanhar mudanças na satisfação com a vida dos 26 aos 51 anos, focando especificamente no impacto da pandemia. O estudo também testou se a forma como homens e mulheres usaram seu tempo durante a pandemia afetou seus níveis de satisfação.
Resultados sobre Tendências de Satisfação com a Vida
Os resultados mostraram que a satisfação com a vida entre adultos britânicos na faixa dos cinquenta anos mudou significativamente durante a pandemia, alcançando níveis que não eram vistos há 25 anos de coleta de dados. As mulheres, que anteriormente relataram níveis mais altos de satisfação com a vida do que os homens, experimentaram uma queda mais acentuada. Notavelmente, mesmo após ajustar o tempo gasto em várias atividades, as mulheres ainda relataram menor satisfação com a vida durante a pandemia.
Diferenças no Uso do Tempo e Satisfação com a Vida
Durante certos períodos, como quando muitas restrições foram levantadas, os pesquisadores notaram que a forma como homens e mulheres passavam seu tempo tinha impactos diferentes na satisfação com a vida. Por exemplo, as mulheres acharam que o trabalho remunerado estava positivamente ligado à sua satisfação, enquanto para os homens foi o contrário. Por outro lado, atividades como cuidar de outros e trabalho doméstico tendiam a diminuir a satisfação das mulheres, mas aumentá-la para os homens. Isso sugere que as razões por trás desses níveis de satisfação podem ser mais complexas do que apenas o número de horas gastas em tarefas.
Carga Mental e Seus Efeitos
Um fator potencial que contribui para esses achados é a "carga mental" que as mulheres carregam. Esse termo se refere à responsabilidade não apenas de realizar tarefas, mas também de planejá-las e coordená-las. As mulheres frequentemente gerenciam não apenas suas próprias atividades, mas também as de membros da família. Essa pressão adicional pode influenciar negativamente seu bem-estar mental, especialmente durante uma crise como a pandemia.
As mulheres também tendem a ser responsáveis por cuidar tanto de crianças quanto de parentes idosos, o que adiciona outra camada de estresse. Pesquisas sugerem que essa expectativa pode levar a sentimentos de estar sobrecarregada, afetando ainda mais a satisfação com a vida.
Implicações a Longo Prazo
O estudo destaca um ponto crucial: a pandemia de COVID-19 parece ter piorado as desigualdades de gênero existentes em relação à satisfação com a vida. As mulheres, que antes tinham níveis mais altos de satisfação, viram uma queda significativa durante esse período. Essa mudança também levanta preocupações sobre o futuro, especialmente à medida que desafios sociais e econômicos continuam a impactar a saúde mental.
Monitorar o bem-estar mental é essencial, especialmente à medida que as pessoas enfrentam dificuldades contínuas relacionadas ao estresse financeiro e à disponibilidade de recursos de saúde. Os formuladores de políticas precisam se concentrar nos que estão mais em risco para garantir que o apoio seja fornecido onde é mais necessário.
Conclusão
Este estudo lança luz sobre as mudanças na satisfação com a vida entre adultos na faixa dos cinquenta anos durante o primeiro ano da pandemia de COVID-19. Os achados indicam uma queda notável, especialmente entre as mulheres, que passaram de níveis mais altos de satisfação para enfrentar mais desafios. As diferenças no uso do tempo por si só não explicam essa lacuna de gênero. Pesquisas futuras devem examinar outros fatores que podem ter influenciado esses resultados, como sistemas de apoio social, preocupações com a segurança e as dinâmicas sociais mais amplas em jogo durante a pandemia. Compreender esses aspectos pode informar políticas eficazes voltadas para melhorar a saúde mental e o bem-estar geral em tempos desafiadores.
Informações de Apoio
Esta pesquisa utilizou dados abrangentes que acompanharam indivíduos ao longo de um período prolongado, permitindo uma análise minuciosa das tendências de satisfação com a vida. Os resultados apontam para disparidades significativas que se desenvolveram durante a pandemia, enfatizando a necessidade de observação contínua e respostas políticas mais sutis aos desafios de saúde mental enfrentados por diferentes demografias. À medida que avançamos, são necessários estudos adicionais para obter uma compreensão mais clara dos mecanismos por trás dessas mudanças na satisfação com a vida, particularmente para as mulheres.
Título: Gender inequalities in the disruption of long-term life satisfaction trajectories during the COVID-19 pandemic and the role of time use: evidence from the 1970 British birth cohort
Resumo: BackgroundThe COVID-19 pandemic has disproportionately impacted womens mental health, although most evidence has focused on mental illbeing outcomes. Previous research suggests that gendered differences in time-use may explain this disparity, as women generally spend more time doing psychologically taxing activities than men. We investigated gender differences in the long-term trajectories of life satisfaction, how these were impacted during the pandemic, and the role of time-use differences in explaining gender inequalities. MethodsWe used data from 6766 (56.2% women) members of the 1970 British Cohort Study (BCS70), a nationally representative birth cohort of people born in Great Britain in 1970, who were alive and residing in the UK between May 2020 and March 2021. Life satisfaction was prospectively assessed between the ages of 26 (1996) and 51 (2021) using a single question with responses ranging from 0 (lowest) to 10 (highest). We analysed life satisfaction trajectories using piecewise latent growth curve models and investigated whether gender differences in the change in the life satisfaction trajectories with the pandemic were explained by self-reported time spent doing different paid and unpaid activities. FindingsWomen had consistently higher life satisfaction than men prior to the pandemic ({Delta}intercept,unadjusted=0.213 [95% CI: 0.087, 0.340], p=.001) and experienced a more accelerated decline with the pandemic onset ({Delta}quad2,unadjusted=-0.018 [-0.026, -0.011], p
Autores: Darío Moreno-Agostino, J. Chanfreau, G. Knowles, A. Pelikh, J. Das-Munshi, G. B. Ploubidis
Última atualização: 2023-11-16 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.11.15.23298585
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.11.15.23298585.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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