O Desafio do Viés Temporal na Detecção de Linguagem Abusiva
Analisando como a evolução da língua afeta os modelos que detectam abusos online.
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Índice
A ascensão das redes sociais online trouxe muitos benefícios, mas também gerou sérios problemas, incluindo a propagação de linguagem abusiva. Esse tipo de linguagem pode machucar indivíduos e contribuir para a divisão na sociedade. Como resposta a esse problema, pesquisadores criaram modelos de aprendizado de máquina projetados para identificar automaticamente a linguagem abusiva em várias plataformas. No entanto, esses modelos podem enfrentar desafios por causa de um fenômeno conhecido como viés temporal. O viés temporal acontece quando a linguagem, os temas ou as normas sociais mudam ao longo do tempo, dificultando que modelos treinados com dados antigos reconheçam novos padrões.
Esse artigo tem como objetivo examinar como o viés temporal afeta a detecção de linguagem abusiva em diferentes idiomas e investigar estratégias que podem ajudar a reduzir esse viés. Ao analisar dados coletados em vários períodos de tempo e idiomas, podemos entender melhor os desafios enfrentados por esses modelos de detecção.
O que é Viés Temporal?
O viés temporal se refere à ideia de que a linguagem e os temas evoluem à medida que a sociedade avança. Por exemplo, certas frases ou palavras que eram aceitas podem agora ter conotações ofensivas devido a mudanças nas normas culturais. No contexto da detecção de abuso online, isso pode fazer com que os modelos deixem de identificar conteúdo abusivo ou classifiquem conteúdo não-abusivo como abusivo. Esse viés é especialmente problemático quando se discutem questões sociais onde o contexto pode mudar rapidamente, como eventos atuais ou cultura popular.
Um aspecto chave do viés temporal é a deriva de conceito, que ocorre quando a natureza dos dados muda ao longo do tempo. Por exemplo, o surgimento de novas gírias ou mudanças nas atitudes sociais podem tornar modelos antigos ineficazes. Modelos treinados com dados passados podem ter dificuldades em se adaptar a novas tendências linguísticas, levando a um desempenho pior quando aplicados a dados recentes.
O Impacto das Redes Sociais
A crescente prevalência das redes sociais amplificou o uso de linguagem abusiva. Isso resultou em danos significativos tanto para indivíduos quanto para grupos, além de contribuir para tensões sociais mais amplas. Pesquisadores desenvolveram vários modelos de aprendizado de máquina para detectar e mitigar a linguagem abusiva. No entanto, muitos desses modelos foram construídos usando conjuntos de dados antigos que podem não refletir com precisão o estado atual da linguagem ou das normas sociais.
O viés temporal pode fazer com que esses modelos deixem de identificar novas formas de abuso ou interpretem mal a linguagem que mudou de significado. Portanto, há uma necessidade urgente de estudar como o viés temporal afeta esses modelos e explorar formas de melhorar sua precisão.
O Estudo
Esse estudo investiga o viés temporal em diferentes conjuntos de dados de linguagem abusiva em múltiplos idiomas: inglês, espanhol, italiano e chinês. As principais questões de pesquisa focam na extensão do viés temporal, nos tipos de evolução da linguagem que contribuem para ele e na eficácia de várias estratégias de mitigação.
Questões de Pesquisa
- Como a gravidade do viés temporal varia entre diferentes conjuntos de dados, incluindo idioma, períodos de tempo e métodos de coleta?
- Quais formas de evolução da linguagem contribuem para o viés temporal em nossos conjuntos de dados?
- Usar modelos atualizados, conjuntos de dados maiores ou técnicas de Adaptação de Domínio pode reduzir o viés temporal na detecção de linguagem abusiva?
Para responder a essas perguntas, os pesquisadores compararão o Desempenho Preditivo de vários modelos em conjuntos de dados que abrangem diferentes períodos de tempo. Isso ajudará a identificar a escala do desafio imposto pelo viés temporal.
Trabalhos Anteriores
Vários estudos analisaram viés no processamento da linguagem, mas poucos se concentraram especificamente no viés temporal na detecção de linguagem abusiva. A maioria das pesquisas existentes tem se centrado em outras formas de viés, como viés de gênero ou de identidade, mas a dinâmica do viés temporal é menos compreendida.
Pesquisas anteriores indicaram que adicionar dados contemporâneos aos modelos melhora seu desempenho. Por exemplo, alguns estudos mostraram que o desempenho na detecção de linguagem abusiva pode melhorar ao incluir dados mais recentes, enquanto simplesmente expandir o tamanho do conjunto de dados sem relevância temporal não traz os mesmos benefícios.
No contexto de tarefas de classificação, vários estudos exploraram como o viés temporal afeta várias aplicações de processamento de linguagem. Esses estudos destacaram a importância de usar modelos cientes do tempo que possam se adaptar a mudanças no uso da linguagem ao longo do tempo.
Conjuntos de Dados Utilizados
Para essa investigação, os pesquisadores usaram cinco conjuntos de dados focados em linguagem abusiva, com ênfase em diferentes idiomas:
- WASEEM: Um conjunto de dados em inglês focado em sexismo e racismo, composto por tweets coletados por meio de buscas direcionadas.
- FOUNTA: Outro conjunto de dados em inglês do Twitter, que inclui conteúdo abusivo e odioso coletado usando uma combinação de métodos de amostragem.
- JIANG: Um conjunto de dados em chinês focado em abuso relacionado ao gênero, coletado de uma popular plataforma de microblogging chinesa.
- PEREIRA: Um conjunto de dados em espanhol que abrange vários tipos de discurso de ódio, anotados manualmente por especialistas.
- SANGUINETTI: Um conjunto de dados em italiano que visa o discurso de ódio contra imigrantes, coletado por meio de buscas por palavras-chave.
Cada conjunto de dados foi analisado por seus aspectos temporais, já que contêm timestamps ou datas de criação para cada postagem abusiva. Isso permitiu que os pesquisadores examinassem como os modelos de detecção se desempenharam usando dados de diferentes períodos.
Processamento de Dados
Para garantir que os conjuntos de dados fossem apropriados para análise, várias etapas foram realizadas:
- Filtragem de Dados: Em alguns casos, tweets que não tinham datas de criação ou conteúdo relevante foram removidos.
- Divisão de Dados: Os pesquisadores dividiram os conjuntos de dados em conjuntos de treinamento e teste, utilizando tanto divisões aleatórias quanto cronológicas. O objetivo era comparar como os modelos se desempenhavam em diferentes condições.
Divisões Aleatórias
Nas divisões aleatórias, os dados foram embaralhados e divididos em conjuntos de treinamento e teste, mantendo a distribuição original das classes. Essa abordagem não leva em conta a ordem dos dados.
Divisões Cronológicas
As divisões cronológicas ordenaram os dados pelo tempo, retendo os primeiros dois terços para treinamento e o terço restante para teste. Esse método visava simular cenários do mundo real onde os modelos são implantados para detectar linguagem abusiva em discussões em andamento.
Modelos Preditivos
Para avaliar os conjuntos de dados, os pesquisadores empregaram vários modelos de aprendizado de máquina, incluindo:
- Regressão Logística: Um modelo básico usando uma abordagem de bag-of-words.
- BERT: Um modelo de linguagem baseado em transformadores que prevê palavras mascaradas com base no contexto, ajustado para detecção de linguagem abusiva.
- RoBERTa: Uma extensão do BERT, treinada em conjuntos de dados maiores com variações nos parâmetros de treinamento.
- RoBERTa-hate-speech: Um modelo adaptado especificamente para detecção de discurso de ódio em inglês.
Esses modelos foram avaliados com base em sua capacidade de classificar corretamente tweets abusivos e não-abusivos.
Configuração Experimental
Os pesquisadores pré-processaram os tweets substituindo menções de usuário e links por marcadores. Eles utilizaram técnicas de tokenização adequadas para diferentes idiomas para garantir que os modelos pudessem analisar o texto de forma eficaz.
Os modelos foram ajustados usando vários hiperparâmetros, e o desempenho foi avaliado com base em métricas como precisão, recall e pontuações macro-F1. Várias tentativas foram feitas para garantir a robustez dos resultados.
Resultados
Os achados indicaram que os modelos geralmente se saíram melhor com divisões aleatórias em comparação com divisões cronológicas. À medida que os intervalos de tempo aumentavam entre os conjuntos de dados de treinamento e teste, o desempenho diminuía. Essa queda de desempenho é significativa porque destaca como o contexto temporal afeta a capacidade dos modelos de fazer previsões precisas.
Observações sobre o Desempenho
- Degradação do Desempenho: Os modelos mostraram quedas notáveis de desempenho quando treinados com dados antigos e testados em instâncias mais novas. Para conjuntos de dados com intervalos de tempo mais longos, a queda na precisão foi mais profunda.
- Adaptação de Domínio: Modelos especificamente treinados para lidar com discurso de ódio se saíram melhor em conjuntos de dados, pois podiam se adaptar à evolução da linguagem usada em contextos abusivos.
- Impacto da Linguagem: Diferenças linguísticas influenciaram o desempenho dos modelos, com alguns idiomas mostrando maior resistência contra quedas de desempenho do que outros.
A pesquisa encontrou uma forte correlação entre o intervalo de tempo dos dados e o desempenho preditivo dos modelos, enfatizando a necessidade de aprendizado contínuo e adaptação às mudanças na linguagem.
Análise Linguística
Uma análise dos padrões linguísticos forneceu insights sobre por que certos modelos falharam. Revelou que a introdução de novos tópicos ou eventos não presentes nos dados de treinamento muitas vezes levou a classificações incorretas. Em conjuntos de dados onde eventos recentes dominaram a conversa, os modelos tiveram dificuldades em reconhecer e classificar com precisão o conteúdo abusivo.
Distribuição de Tópicos
Os pesquisadores realizaram uma análise de modelagem de tópicos para identificar os temas mais comuns presentes em tweets abusivos nos conjuntos de dados. Essa análise destacou como certos tópicos ganharam proeminência em diferentes momentos, apoiando ainda mais a noção de que o contexto temporal é crucial para uma detecção eficaz de linguagem abusiva.
Estratégias de Mitigação
O estudo explorou possíveis estratégias para combater o viés temporal. Uma abordagem incluiu a filtragem de conjuntos de dados para remover palavras associadas a eventos específicos, visando criar um ambiente linguístico mais uniforme para o treinamento do modelo. Essa estratégia teve resultados mistos, indicando que, embora pudesse ajudar a reduzir quedas de desempenho, também corria o risco de prejudicar o desempenho geral.
Modelos de Adaptação de Domínio
O uso de técnicas de adaptação de domínio provou ser benéfico na redução do viés temporal. Esses modelos, treinados em uma variedade de conjuntos de dados que incluíam tendências atuais de linguagem abusiva, demonstraram melhorar a precisão tanto em divisões aleatórias quanto cronológicas.
Conclusão
Essa pesquisa sublinha o impacto significativo do viés temporal nos modelos de detecção de linguagem abusiva. Revela como normas sociais e linguísticas em mudança podem dificultar a eficácia desses modelos ao longo do tempo. À medida que nossa comunicação evolui, também devem evoluir as ferramentas que contamos para garantir ambientes online seguros.
Trabalhos futuros expandirão essas descobertas investigando o viés temporal em diferentes plataformas e idiomas. Também buscarão desenvolver modelos mais adaptáveis que possam se ajustar às mudanças contínuas na linguagem e no contexto. Ao dar esses passos, podemos equipar melhor nossos sistemas para lidar com as complexidades da comunicação online e criar espaços mais seguros para todos os usuários.
Declaração de Ética
Esse estudo seguiu diretrizes éticas para garantir que as práticas de pesquisa respeitassem normas de privacidade e contribuíssem positivamente para a sociedade. Todos os dados utilizados foram anonimizados e provenientes de conjuntos de dados públicos, garantindo que nenhum novo usuário estivesse envolvido no processo de pesquisa. Ao seguir essas diretrizes, o estudo pretende contribuir para o desenvolvimento responsável de modelos para detecção de linguagem abusiva.
Título: Examining Temporal Bias in Abusive Language Detection
Resumo: The use of abusive language online has become an increasingly pervasive problem that damages both individuals and society, with effects ranging from psychological harm right through to escalation to real-life violence and even death. Machine learning models have been developed to automatically detect abusive language, but these models can suffer from temporal bias, the phenomenon in which topics, language use or social norms change over time. This study aims to investigate the nature and impact of temporal bias in abusive language detection across various languages and explore mitigation methods. We evaluate the performance of models on abusive data sets from different time periods. Our results demonstrate that temporal bias is a significant challenge for abusive language detection, with models trained on historical data showing a significant drop in performance over time. We also present an extensive linguistic analysis of these abusive data sets from a diachronic perspective, aiming to explore the reasons for language evolution and performance decline. This study sheds light on the pervasive issue of temporal bias in abusive language detection across languages, offering crucial insights into language evolution and temporal bias mitigation.
Autores: Mali Jin, Yida Mu, Diana Maynard, Kalina Bontcheva
Última atualização: 2023-09-25 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://arxiv.org/abs/2309.14146
Fonte PDF: https://arxiv.org/pdf/2309.14146
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.
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Ligações de referência
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