Desafios do Seguro de Saúde Baseado na Comunidade na Etiópia
Explorando o impacto do CBHI no acesso e comportamento em saúde na Etiópia.
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Índice
Muita gente em países em desenvolvimento sofre com os altos Custos de Saúde. Esses custos podem dificultar que as famílias consigam a ajuda médica que precisam. Cerca de 800 milhões de pessoas gastam pelo menos 10% da sua renda com saúde. Para quase 100 milhões delas, esse gasto pode empurrá-las para a pobreza extrema, obrigando-as a viver com apenas $1,90 ou menos por dia.
Pra ajudar as pessoas a acessarem serviços de saúde sem se preocuparem com os custos, foram criados planos de Seguro Saúde Comunitário (CBHI) desde o final de 1800 em alguns países em desenvolvimento. O CBHI tem como objetivo reduzir os custos de saúde para as famílias e melhorar o acesso a cuidados médicos. Esses planos são focados na comunidade, permitindo a participação local na gestão. As taxas de adesão geralmente são baixas, e uma boa parte das despesas de saúde costuma ser coberta pelo governo. O CBHI é diferente de outros programas de seguro saúde que atendem principalmente trabalhadores ou são financiados por impostos.
Avaliando o CBHI
Muitos estudos analisaram quão eficaz é o CBHI em ajudar as pessoas a conseguirem atendimento médico e como isso impacta os gastos do próprio bolso. Embora pareça promissor em melhorar o acesso à saúde, há preocupações sobre quanto tempo ele pode continuar funcionando como uma forma de financiar cuidados médicos. Na Tanzânia, por exemplo, pesquisadores encontraram que grandes reivindicações de saúde são uma preocupação. Eles sugeriram que os formuladores de políticas poderiam precisar cortar benefícios de saúde ou encontrar mais dinheiro para manter o seguro ativo. Problemas semelhantes foram relatados na Etiópia, onde reivindicações excessivas levaram alguns programas de CBHI a problemas financeiros.
As grandes reivindicações podem acontecer por diferentes motivos, um deles é como as pessoas se comportam após entrar em um plano de seguro. Uma vez seguradas, algumas pessoas podem exagerar no uso dos serviços de saúde, especialmente se tiverem problemas de saúde sérios. Isso pode acontecer porque elas sentem menos pressão financeira para buscar atendimento. Outro problema é que alguns podem não seguir práticas de prevenção, o que pode levar a problemas de saúde futuros e maiores reivindicações.
Embora não haja muitas evidências mostrando se um comportamento ruim leva a custos mais altos com saúde em esquemas de CBHI, estudos em diferentes tipos de seguro sugerem resultados mistos. Em países mais ricos, o seguro pode incentivar alguns a adotarem hábitos pouco saudáveis, já que os custos dos problemas de saúde são compartilhados. No entanto, outras pesquisas mostram que indivíduos segurados costumam procurar Cuidados Preventivos, indicando que o seguro pode incentivar comportamentos mais saudáveis.
Respostas Comportamentais ao Seguro em Ambientes de Baixa Renda
Alguns estudos tentaram investigar como as pessoas se comportam de forma diferente com seguro em contextos mais pobres. Um estudo em Burkina Faso analisou se ter CBHI tornava as pessoas mais propensas a buscar ajuda médica quando estavam doentes. Outros estudos observaram como o seguro influencia medidas preventivas, como métodos de prevenção da malária.
Esse artigo vai focar em como o CBHI etíope afeta comportamentos relacionados aos cuidados preventivos, como lavar as mãos antes das refeições e tratar a água potável. Vamos também analisar com que rapidez as pessoas buscam ajuda médica para sintomas de doenças como Malária, Tétano e Tuberculose. Diferente de outros estudos que se concentraram principalmente nas escolhas de tratamento, vamos olhar quando as famílias decidem buscar assistência para os sintomas. Isso é importante porque esperar demais para buscar ajuda médica pode aumentar os custos e impactar a capacidade de funcionamento do programa de seguro a longo prazo.
O CBHI está ativo na Etiópia desde 2011, cobrindo pessoas tanto rurais quanto urbanas que trabalham no setor informal. O sistema visa ajudar famílias de baixa renda a arcar com os custos de saúde, melhorando assim sua saúde geral. Começou em quatro regiões e desde então se expandiu para cobrir muitas mais áreas.
Até meados de 2022, mais de 879 distritos já tinham aderido ao CBHI, com mais de 40% da população participando. O objetivo é alcançar 80% de cobertura no futuro, ajudando o máximo de famílias possível.
Metodologia da Pesquisa
Usando dados coletados de lares ao longo de três anos, aplicamos um método para ver como o CBHI afeta comportamentos e padrões de busca por cuidados de saúde. Nossos achados revelaram que entrar no CBHI não mudou significativamente os comportamentos de cuidados preventivos, mas estava relacionado a atrasos na busca por ajuda médica.
Entendendo o CBHI na Etiópia
A Etiópia é dividida em várias regiões, e antes de 2011, muitas pessoas tinham que pagar pelos cuidados de saúde do próprio bolso, o que impediu muitos de receber a assistência que precisavam. Desde a introdução do CBHI, muitas famílias do setor informal podem acessar cuidados de saúde a um custo menor. O programa foi inicialmente testado em distritos selecionados de quatro regiões principais, e desde então se expandiu.
O programa de CBHI tem um prêmio fixo, o que significa que todos pagam o mesmo valor, tornando-o acessível. O custo anual para os lares costumava ser baixo, mas aumentou desde então. O custo representa uma pequena porcentagem da renda familiar, variando levemente por região. As famílias pagam uma taxa de registro única e prêmios contínuos para seu escritório local, que financia o esquema CBHI. O programa também ajuda os muito pobres com isenções de taxas, embora poucas famílias elegíveis aproveitem isso.
Os benefícios do CBHI cobrem cuidados hospitalares e ambulatoriais, mas não cobrem os custos de transporte até as unidades de saúde. Os pacientes querem receber tratamento em hospitais urbanos, mas precisam passar pelos canais certos primeiro. No CBHI, não há cobrança extra por mais serviços, mas tratamentos em instalações de saúde privadas geralmente não são cobertos, a menos que não estejam disponíveis nas públicas.
No nosso estudo, analisamos dados ao longo de vários anos, comparando lares segurados pelo CBHI com aqueles que não eram. Descobrimos que os lares segurados pareciam estar mais distantes das instalações de saúde e tinham melhor acesso a água potável e iluminação.
Comportamentos de Saúde
Mudanças nosAtravés da nossa análise, observamos os comportamentos médios de busca por saúde de lares segurados e não segurados ao longo dos anos. Houve um leve aumento na lavagem das mãos entre os lares segurados, enquanto a taxa caiu entre os não segurados. O padrão de tratamento da água mostrou uma forma em V para os segurados, mas uma tendência de queda para os não segurados.
Também percebemos que os lares segurados mostraram tempos de espera maiores para buscar tratamento para malária, tétano e tuberculose. Em vez de buscar atendimento médico imediatamente, eles tendiam a esperar mais, possivelmente por causa de uma falsa sensação de segurança de ter seguro.
Conclusão
De modo geral, enquanto o CBHI não parece promover comportamentos de saúde preventiva, ele parece contribuir para atrasos no acesso à saúde. Esse atraso pode levar a problemas de saúde mais graves e custos de saúde mais altos a longo prazo. Isso também pode representar desafios significativos para o futuro do CBHI.
Os achados destacam a necessidade de entender e abordar os fatores que causam atrasos na busca por cuidados médicos entre os membros segurados. Garantir acesso rápido à saúde é vital para a sobrevivência do CBHI etíope.
A expansão do CBHI, juntamente com investimentos na infraestrutura de saúde, pode ajudar a prevenir esses problemas comportamentais. Melhorar a qualidade do atendimento e reduzir os tempos de espera poderia incentivar visitas mais rápidas aos serviços médicos.
Embora haja limitações em nossos dados, explorar diferentes fatores que contribuem para os desafios enfrentados pelo CBHI será essencial para avançar no acesso aos cuidados em países em desenvolvimento. Essa compreensão desempenhará um papel crucial na busca por cobertura universal de saúde e na melhoria da saúde geral das comunidades.
Título: Does community-based health insurance affect lifestyle and timing of treatment seeking behavior? Evidence from Ethiopia
Resumo: There has been a growing concern about the financial sustainability of community-based health insurance (CBHI) schemes in developing countries recently. However, little empirical studies have been conducted to identify potential contributors including ex-ante and ex-post moral hazards. We respond to this concern by investigating the effects of being insured on household lifestyle -Preventive Care- and the timing of treatment seeking behavior in the context of Ethiopias CBHI scheme. Using three rounds of household panel data and a fixed-effects household model, we do not find a significant impact on preventive care activities. However, we find that participation in CBHI increases delay in treatment-seeking behavior for malaria, tetanus, and tuberculosis symptoms. This behavior is costly for the insurer. Therefore, it is essential to identify the primary causes of delays in seeking medical services and implement appropriate interventions aimed at encouraging insured individuals to seek early medical attention when signs of diseases emerge.
Autores: Zecharias Fetene Anteneh, A. D. Mebratie, Z. Shigute, G. Alemu, A. S. Bedi
Última atualização: 2023-12-17 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.12.15.23300041
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.12.15.23300041.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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