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# Ciências da saúde# Medicina genetica e genomica

Novas Perspectivas sobre os Fatores Genéticos da Doença de Menière

Pesquisas mostram ligações genéticas com a Doença de Menière, focando nas conexinas e no gene GJD3.

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Conexinas são proteínas importantes que ficam nas membranas celulares de vários tipos de células, especialmente em tecidos como o ouvido interno. Essas proteínas se agrupam em estruturas chamadas conexons, que são formadas por seis subunidades de conexina. Quando dois conexons de células vizinhas se alinham, eles criam uma junção comunicante que permite a troca de pequenas moléculas e íons entre as células. Esse processo é fundamental para o bom funcionamento do ouvido interno, especialmente na manutenção do equilíbrio de fluidos que é essencial para a audição.

O que é a Doença de Meniere?

A Doença de Meniere (DM) é um transtorno que afeta o ouvido interno, levando a episódios de vertigem (uma sensação de movimento), Perda Auditiva, zumbido nos ouvidos e uma sensação de pressão no ouvido. O diagnóstico geralmente depende da observação desses sintomas e da confirmação da perda auditiva por meio de audiogramas, que medem a capacidade de ouvir diferentes sons.

Alguns pacientes com DM também têm condições relacionadas, como enxaquecas ou distúrbios autoimunes. Pesquisas mostram que a DM pode ser hereditária, sugerindo um possível componente genético. Variações em genes específicos foram ligadas a essa condição, principalmente em famílias com histórico de DM.

Fatores Genéticos na Doença de Meniere

Estudos identificaram vários fatores genéticos envolvidos na DM. Por exemplo, certos genes que são críticos para a audição, como OTOG, MYO7A e TECTA, foram associados a essa doença em famílias. A pesquisa também revelou que mutações em genes de conexina, que são comuns no ouvido interno, contribuem significativamente para a perda auditiva.

Um gene específico de conexina, o GJB2, é conhecido por causar uma grande porcentagem de perda auditiva não sindrômica. Em certos pacientes com DM esporádica-aqueles sem um histórico familiar conhecido-os pesquisadores encontraram um número notável de variantes no gene GJB2. Além disso, descobriram um padrão genético raro referido como haplótipo no gene GJD3 que parece estar ligado a casos familiares de DM.

Estudo de Pacientes com Doença de Meniere

Em um estudo recente, os pesquisadores focaram em indivíduos diagnosticados com Doença de Meniere familiar. Eles analisaram amostras de sangue de 94 pacientes de diferentes famílias que tinham parentes diretos também afetados pela DM. Eles também estudaram um grupo maior de 313 pacientes com DM esporádica.

Para garantir padrões éticos, todos os participantes deram consentimento informado para suas amostras biológicas. Os pesquisadores realizaram sequenciamento de exoma, que examina as regiões codificadoras de genes no DNA dos participantes, para identificar possíveis variantes genéticas associadas à DM.

Análise de Variantes Genéticas

Após o sequenciamento, os pesquisadores mapearam os dados coletados para um genoma humano de referência. Essa análise permitiu identificar variantes genéticas específicas, filtrando aquelas que eram comuns na população geral. Eles focaram em variantes com frequência abaixo de 5%, pois essas são mais propensas a contribuir para a doença.

A equipe fez uma Análise de Carga Gênica para comparar as frequências alélicas dessas variantes entre pacientes com DM familiar e várias populações de referência. Eles descobriram que certas variantes raras, principalmente no gene GJD3, estavam significativamente enriquecidas em pacientes com DM familiar.

Identificação de um Haplotipo Raro

Entre as variantes estudadas, cinco variações específicas no gene GJD3 foram encontradas frequentemente juntas, indicando que podem formar um haplótipo que é herdado nas famílias. Esse haplótipo foi encontrado em várias famílias com DM, reforçando a ideia de que esses fatores genéticos podem contribuir para o desenvolvimento da doença.

A análise de desequilíbrio de ligação apoiou ainda mais a conexão entre essas variantes, mostrando uma forte correlação entre elas. Os pesquisadores determinaram que essas mudanças genéticas não eram apenas raras, mas também compartilhadas entre os pacientes, sugerindo uma provável ancestralidade compartilhada.

Função do GJD3 na Audição

O gene GJD3 codifica uma proteína de conexina que desempenha um papel na formação de junções comunicantes no ouvido interno. Essas junções comunicantes são essenciais para manter o equilíbrio iônico e a homeostase de fluidos que são vitais para a audição normal. Os pesquisadores utilizaram técnicas de modelagem proteica para prever como variantes no gene GJD3 poderiam afetar a estrutura e a função da proteína de conexina.

Eles descobriram que certas mutações poderiam alterar a estabilidade da estrutura da conexina, dificultando potencialmente sua capacidade de formar canais funcionais. Essa mudança poderia levar a uma comunicação prejudicada entre células no ouvido interno, contribuindo para os sintomas observados na DM.

Localizando GJD3 na Cóclea de Camundongos

Para entender melhor o papel do GJD3 na audição, os pesquisadores estudaram sua expressão na cóclea de camundongos. Eles usaram técnicas de imunofluorescência para visualizar onde a proteína GJD3 está localizada dentro das estruturas do ouvido interno. Os resultados indicaram que o GJD3 está presente em várias áreas da cóclea, incluindo a membrana tectória e o órgão de Corti, onde provavelmente apoia a funcionalidade das células ciliadas envolvidas na audição.

Além disso, os pesquisadores observaram variações nos níveis de expressão do GJD3 em diferentes estágios de desenvolvimento dos camundongos. Esse padrão de expressão variável sugere que o GJD3 pode ter papéis diferentes ao longo do crescimento e maturação.

Estudos Funcionais em Oócitos de Xenopus

Para testar os aspectos funcionais da proteína GJD3 e suas variantes associadas, os pesquisadores expressaram a versão humana do GJD3 em oócitos de Xenopus laevis. Esse modelo permite um ambiente controlado para medir a atividade dos canais de conexina.

O estudo demonstrou que os canais GJD3 do tipo selvagem conduziam correntes efetivamente, o que está de acordo com seu papel na comunicação celular. Ao examinar variantes específicas, os pesquisadores descobriram que, enquanto uma variante teve uma atividade funcional semelhante à do tipo selvagem, outra variante apresentou leves aumentos no fluxo de corrente, indicando potenciais impactos funcionais que exigiriam mais avaliação.

Implicações Clínicas e Direções Futuras

As descobertas deste estudo ressaltam a importância dos fatores genéticos na Doença de Meniere, especialmente o papel das conexinas. A identificação do haplótipo raro no gene GJD3 apresenta uma nova via para entender os casos familiares de DM. Pesquisas futuras podem se concentrar em expandir a análise genética para incluir regiões não codificantes do genoma, o que poderia revelar variantes regulatórias adicionais que influenciam a doença.

Além disso, estudos funcionais serão necessários para esclarecer como mutações específicas impactam o comportamento molecular das conexinas no ouvido interno. Esse conhecimento pode abrir caminho para o desenvolvimento de potenciais terapias ou intervenções para indivíduos que sofrem de Doença de Meniere ou distúrbios auditivos relacionados.

Conclusão

As conexinas são proteínas vitais que facilitam a comunicação entre células no ouvido interno, desempenhando um papel crucial na audição. A descoberta de variantes raras no gene GJD3 associadas à Doença de Meniere familiar melhora nossa compreensão da base genética dessa condição. Analisar a função e as interações das proteínas de conexina pode desbloquear novas possibilidades para tratar e gerenciar distúrbios auditivos, melhorando, em última análise, a qualidade de vida de muitas pessoas.

Fonte original

Título: A rare haplotype of the GJD3 gene segregating in familial Meniere Disease interferes with connexin assembly

Resumo: Familial Meniere Disease (FMD) is a rare polygenic disorder of the inner ear. Mutations in the connexin gene family, which encodes gap junction proteins, can also cause hearing loss, but their role in FMD is largely unknown. Here, we found an enrichment of rare missense variants in the GJD3 gene when comparing allelic frequencies in FMD (N=94) with the Spanish reference population (OR=3.9[1.92-7.91], FDR=2.36E-03). In the GJD3 sequence, we identified a rare haplotype (TGAGT) composed of two missense, two synonymous, and one downstream variants. This haplotype was found in five individuals with FMD, segregating in three unrelated families with a total of ten individuals; and in another eight Meniere Disease individuals. GJD3 encodes the gap junction protein delta 3, also known as human connexin 31.9 (CX31.9). The protein model predicted that the NP_689343.3:p.(His175Tyr) missense variant could modify the interaction between connexins and the connexon assembly, affecting the homotypic GJD3 gap junction between cells. Our studies in mice revealed that the mouse ortholog Gjd3 - encoding Gjd3 or mouse connexin 30.2 (Cx30.2) - was expressed in the organ of Corti and vestibular organs, particularly in the tectorial membrane, the base of inner and outer hair cells and the nerve fibers. The present results describe a novel association between GJD3 and familial FMD, providing evidence that FMD is related to changes in the inner ear channels; in addition, it supports a new role of tectorial membrane proteins in FMD.

Autores: Jose A Lopez-Escamez, A. Escalera-Balsera, P. Robles-Bolivar, A. M. Parra-Perez, S. Murillo-Cuesta, H. C. Chua, L. Rodriguez-de la Rosa, J. Contreras, E. Domarecka, J. C. Amor-Dorado, A. Soto-Varela, I. Varela-Nieto, A. J. Szczepek, A. Gallego-Martinez

Última atualização: 2024-01-17 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2024.01.16.24300842

Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2024.01.16.24300842.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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