Deficiências de Micronutrientes e a Saúde das Crianças
Explorando o impacto das deficiências de micronutrientes na saúde e no peso das crianças.
― 9 min ler
Índice
Micronutrientes, como vitaminas e minerais, são essenciais pra uma boa saúde, principalmente nas crianças. Quando os pequenos não recebem micronutrientes suficientes, isso pode afetar o sistema imunológico, causar crescimento lento e aumentar as doenças. Isso é ainda mais preocupante em países de baixa e média renda, onde muitas crianças sofrem com essas deficiências. Organizações como a Organização Mundial da Saúde e a UNICEF recomendam estratégias como suplementos, fortificação de alimentos e educação nutricional pra lidar com esse problema.
Apesar dos esforços ao longo do último século, muitas crianças ainda são afetadas por essas deficiências. Em 2013, estimou-se que mais da metade das crianças com menos de cinco anos no mundo não tinha um ou mais micronutrientes importantes. As deficiências mais comuns são de Ferro, Zinco e Vitamina A, todas ligadas a problemas sérios de saúde nas crianças. A deficiência de ferro, por exemplo, é um grande problema de saúde global, afetando mais de 1,2 bilhão de pessoas.
Em algumas regiões, como partes da Ásia do Sul e da África Subsaariana, mais de um quarto da população corre o risco de não ter zinco suficiente na dieta. Na Etiópia, por exemplo, um impressionante 89% das crianças pequenas apresentavam deficiência de zinco. Mesmo em lugares como o Vietnã, estudos mostraram altas taxas de deficiência de zinco entre crianças pequenas. Apesar de muitos países terem programas pra suplementar vitamina A, ainda há um número significativo de crianças com níveis insuficientes dessa vitamina, especialmente no Vietnã e na Etiópia.
Historicamente, as deficiências de micronutrientes eram vistas como parte da Desnutrição, que inclui condições como emagrecimento (baixo peso pra altura), baixa estatura (baixa altura pra idade) e estar abaixo do peso. Isso é especialmente sério em países de baixa e média renda, onde a desnutrição é uma das principais causas de morte entre crianças pequenas. No entanto, os pesquisadores estão começando a reconhecer que as deficiências também podem ocorrer em contextos de sobrepeso e obesidade.
Tem uma preocupação crescente sobre o que alguns especialistas chamam de "fome oculta", onde as pessoas podem consumir calorias suficientes, mas não nutrientes adequados. Isso tá frequentemente ligado a dietas que consistem principalmente em alimentos baratos e densos em energia, como arroz e batatas. Em países de alta renda, a obesidade muitas vezes tá relacionada a alimentos altamente processados que são ricos em gordura, açúcar e sal.
Muitos países de baixa e média renda agora enfrentam um duplo fardo da desnutrição, onde tanto a desnutrição quanto a obesidade acontecem. Essa situação tá ligada ao aumento da prevalência da obesidade, especialmente em crianças de 5 a 19 anos. Mesmo entre as crianças que enfrentam a desnutrição, deficiências de ferro, zinco e vitamina A foram observadas.
Pesquisadores têm estudado as conexões entre essas deficiências de micronutrientes e o estado de peso em crianças e adolescentes. Mais evidências estão surgindo sugerindo que os obesos podem também estar em risco de deficiências vitamínicas. Estudos mostraram uma maior probabilidade de deficiências de vitamina D e ferro em crianças com obesidade. No entanto, foram feitos poucos estudos abrangentes examinando os efeitos combinados das deficiências de ferro, zinco e vitamina A em relação à obesidade.
Pra entender melhor essas relações, os pesquisadores realizaram uma revisão sistemática de estudos que analisaram os links entre os níveis de ferro, zinco e vitamina A e o estado de peso em crianças e jovens. Eles seguiram diretrizes pra garantir uma revisão completa e objetiva da literatura.
Estratégia de Busca de Estudos
Os pesquisadores buscaram em vários bancos de dados por estudos até abril de 2023. Eles focaram em três tópicos principais: populações incluindo bebês, crianças, adolescentes e jovens adultos; indicadores de desnutrição; e exames de sangue medindo micronutrientes. Eles estabeleceram critérios específicos pra quais estudos incluir com base nos métodos, populações analisadas e resultados medidos.
Critérios de Inclusão e Exclusão
A revisão incluiu estudos que focaram em indivíduos com menos de 25 anos, independentemente da nacionalidade, gênero ou etnia. Os pesquisadores procuraram estudos que mediram desnutrição usando indicadores de peso. Cada estudo tinha que incluir um teste de sangue ou soro que medisse os níveis dos micronutrientes de interesse ou relatasse o risco de deficiências.
Vários tipos de estudos foram excluídos. Relatórios que não estavam em inglês, comunicações curtas, estudos de caso e resumos de conferências não foram considerados. Estudos que não mediram resultados específicos relacionados a micronutrientes também foram excluídos, assim como aqueles que focaram apenas em intervenções de tratamento.
Processo de Seleção de Estudos
Os pesquisadores usaram um software pra gerenciar e avaliar os estudos que encontraram. Dois revisores independentes avaliaram os estudos quanto à relevância e qualidade. Desacordos foram resolvidos através de discussão, com um terceiro revisor envolvido se necessário.
Extração de Dados
Os pesquisadores usaram um formulário padrão pra coletar informações dos estudos selecionados, incluindo autores, ano de publicação, desenho do estudo e detalhes dos participantes. Eles coletaram dados sobre exposição à desnutrição (como peso corporal) e os resultados relacionados a deficiências de micronutrientes.
Avaliando o Risco de Viés
Dois revisores usaram uma lista de verificação pra avaliar a qualidade dos estudos. Os estudos foram classificados como positivos, neutros ou negativos com base em critérios como métodos de recrutamento de participantes e clareza dos achados. A maioria dos estudos foi considerada de boa qualidade, enquanto só alguns foram considerados de má qualidade.
Análise de Dados
As relações entre os níveis de micronutrientes e o estado de peso foram resumidas em tabelas. Os estudos relataram vários resultados, indicando se níveis mais altos de micronutrientes estavam ligados a maiores ou menores indicadores de peso. Eles também categorizaram os participantes com base em seu estado nutricional usando escores z padrão.
Resultados do Estudo
A busca rendeu milhares de artigos, e após a triagem, 83 estudos foram selecionados pra revisão. Juntos, esses estudos incluíram mais de 190.000 participantes de 44 países. A maioria eram estudos transversais, ou seja, olharam os dados de pontos específicos no tempo em vez de longos períodos. Os pesquisadores descobriram que o ferro era o micronutriente mais estudado.
Associações Entre Deficiência de Ferro e Estado de Peso
Quarenta e seis estudos examinaram a conexão entre níveis de ferro e estado de peso. Muitos desses estudos encontraram uma ligação direta entre deficiência de ferro e obesidade. Uma meta-análise determinou um risco significativamente maior de deficiência de ferro entre crianças e jovens com sobrepeso ou obesidade.
Os achados entre diferentes estudos mostraram um quadro inconsistente. Enquanto alguns indicaram que crianças abaixo do peso tinham níveis mais baixos de ferro, outros não mostraram relação alguma. Os dados sugeriram uma possível relação em forma de U invertido, onde tanto o baixo peso quanto a obesidade aumentavam o risco de deficiência de ferro.
Associações Entre Zinco e Estado de Peso
Vinte e oito estudos se aprofundaram na relação entre o estado de zinco e o estado nutricional. Embora a maioria dos estudos medisse níveis de zinco plasmático ou sérico, a forma como relataram seus achados variou bastante. Alguns estudos sugeriram uma ligação clara entre baixos níveis de zinco e desnutrição, enquanto os achados para obesidade foram mais variáveis.
No geral, parecia que a desnutrição severa estava correlacionada com um risco maior de deficiência de zinco, mas não havia evidência forte ligando a deficiência de zinco à obesidade.
Associações Entre Vitamina A e Estado de Peso
Semelhante aos padrões encontrados com zinco, os estudos sobre vitamina A também tiveram resultados mistos. A maioria das investigações encontrou uma ligação clara entre desnutrição e baixos níveis de vitamina A. Estudos explorando a conexão entre obesidade e níveis de vitamina A foram mais variados, com alguns indicando níveis mais altos de vitamina A em crianças com sobrepeso, enquanto outros encontraram uma relação inversa.
Os pesquisadores concluíram que, assim como o zinco, a desnutrição severa representa um risco significativo para deficiências de vitamina A, mas a obesidade não se correlacionou com maiores riscos de deficiência de vitamina A.
Conclusão e Implicações
Essa revisão representa uma análise abrangente de como as deficiências de ferro, zinco e vitamina A afetam crianças e jovens em relação ao seu estado de peso. Destacou que as deficiências eram mais comumente encontradas na desnutrição, enquanto crianças com sobrepeso enfrentavam riscos aumentados, especialmente para deficiência de ferro.
As inconsistências entre os vários estudos podem ser atribuídas a diferenças nas populações participantes e em como os achados foram analisados. Além disso, muitos estudos não consideraram adequadamente a inflamação, que pode impactar a avaliação dos níveis de micronutrientes. Essa falha pode levar a uma sub-reconhecimento do verdadeiro peso das deficiências nutricionais em populações com sobrepeso.
Essa revisão enfatiza a necessidade de métodos de avaliação aprimorados em futuros estudos e uma melhor medição dos níveis de micronutrientes. Os pesquisadores destacaram a importância de usar limiares mais precisos para diagnosticar deficiências, especialmente em populações que enfrentam inflamação devido a outros problemas de saúde. Além disso, há uma necessidade clara de mais pesquisas focadas em regiões que enfrentam altas taxas de desnutrição e obesidade.
Em conclusão, enquanto a desnutrição continua sendo um problema crítico pra crianças e adolescentes, a relação entre sobrepeso, obesidade e deficiências de micronutrientes não pode ser ignorada. Evidências mostraram que a deficiência de ferro é particularmente preocupante entre aqueles com maior peso corporal, enquanto as deficiências de zinco e vitamina A estão mais ligadas à desnutrição. Compreender essas relações é fundamental pra desenvolver intervenções eficazes que apoiem o crescimento e desenvolvimento saudáveis em crianças e jovens.
Título: Overnutrition is a risk factor for iron deficiency in children and young people: a systematic review and meta-analysis of micronutrient deficiencies and the double burden of malnutrition
Resumo: IntroductionTraditionally associated with undernutrition, increasing evidence suggests micronutrient deficiencies can co-exist with overnutrition. Therefore, this work aimed to systematically review the associations between iron, zinc and vitamin A status and weight status (both under- and overweight) in children and young people. MethodsOvid Medline, Ovid Embase, Scopus, and Cochrane databases were systematically searched for observational studies assessing micronutrient status (blood, serum, or plasma levels of iron, zinc, or vitamin A biomarkers) and weight status (body mass index or other anthropometric measurement) in humans under 25 years of any ethnicity and gender. Risk of bias assessment was conducted using the American Dietetic Association Quality Criteria Checklist. Where possible, random effects restricted maximum likelihood (REML) meta-analyses were performed. PROSPERO (CRD42020221523). ResultsAfter screening, 83 observational studies involving 190,443 participants from 44 countries were identified, with many studies having reported on more than one micronutrient and/or weight status indicator. Iron was the most investigated micronutrient, with 46, 28, and 27 studies reporting data for iron, zinc, and vitamin A status, respectively. Synthesizing 16 records of odds ratio (OR) from 7 eligible studies, overnutrition (overweight and obesity) increased odds of iron deficiency (OR [95%CI]: 1.51 [1.20, 1.82], p
Autores: J Bernadette Moore, X. Tan, P. Y. Tan, Y. Y. Gong
Última atualização: 2024-01-23 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2024.01.22.24301603
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2024.01.22.24301603.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/
Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.
Obrigado ao medrxiv pela utilização da sua interoperabilidade de acesso aberto.