Saúde Mental em Pacientes com Doença Febril Aguda

A doença febril aguda (DFA) é uma razão comum para internação em regiões tropicais e subtropicais. Estudos mostram que muita gente internada com DFA também enfrenta problemas de saúde mental, especialmente Ansiedade e Depressão. Algumas doenças que causam DFA, como Dengue, Ebola e COVID-19, estão ligadas a taxas mais altas dessas condições de saúde mental. A gravidade de doenças como a dengue pode levar a um estresse psicológico considerável, afetando tanto os pacientes quanto suas famílias durante e após a recuperação.

#Propósito do Estudo

O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência e intensidade de ansiedade e depressão em pacientes internados com DFA. Além disso, a pesquisa analisou vários fatores, como idade, gênero e sintomas, que podem contribuir para esses problemas de saúde mental. A meta é ajudar a criar melhores sistemas de apoio para pacientes lidando com ansiedade e depressão por causa da DFA.

#Grupo de Estudo

A pesquisa foi realizada no Hospital de Ensino Karapitiya em Galle, no Sri Lanka, que é um grande centro médico. Pacientes a partir de 12 anos que tinham febre dentro de uma semana de terem sido internados foram incluídos no estudo. A pesquisa ocorreu de 1º de julho a 30 de setembro de 2017. Os médicos envolvidos confirmaram a elegibilidade dos pacientes e obtiveram consentimento deles ou de seus responsáveis se fossem menores de idade. A aprovação ética foi concedida pelo comitê de revisão do hospital.

Como a dengue é a causa mais comum de DFA nesse local, os pacientes foram divididos em dois grupos: os com dengue e os com DFA não-dengue. Um teste positivo para dengue indicou que o paciente tinha a doença, enquanto os que testaram negativo ou tinham outras doenças confirmadas foram colocados na categoria não-dengue.

#Ferramentas Usadas no Estudo

Para medir ansiedade e depressão, os pesquisadores usaram uma ferramenta chamada Escala de Ansiedade e Depressão Hospitalar (HADS). Essa escala foi traduzida para o cingalês e é validada para uso no Sri Lanka. A HADS consiste em 14 perguntas-sete para ansiedade e sete para depressão-com pontuações que variam de 0 a 21 para ambas as condições. Uma pontuação de 8 ou mais indica a presença de ansiedade ou depressão, com níveis categorizados como leve, moderado ou severo.

O estudo também investigou o quanto os pacientes entendiam sobre sua doença, perguntando sobre seu conhecimento do diagnóstico, causas, sintomas, opções de tratamento, complicações e medidas preventivas. Uma pontuação foi dada com base nas respostas deles. Além disso, os pesquisadores mediram a satisfação dos pacientes em relação aos cuidados médicos, enfermagem e instalações do hospital.

#Análise Estatística

A equipe de pesquisa calculou o número de pacientes com dengue em comparação com aqueles com DFA não-dengue. Eles avaliaram as pontuações dos pacientes na HADS e nas escalas de conhecimento e satisfação. Os pesquisadores usaram testes estatísticos para identificar ligações entre as características sociais e clínicas dos pacientes e a presença de ansiedade ou depressão. Informações que mostraram significância foram analisadas mais detalhadamente para encontrar fatores relacionados à ansiedade e depressão.

#Características dos Pacientes

Um total de 193 pacientes participou do estudo, com 44,6% sendo homens e uma idade média de 35 anos. Desses pacientes, 121 foram confirmados com dengue. Os demais tinham várias outras doenças, incluindo febre viral, infecções do trato urinário e pneumonia. A maioria dos pacientes relatou ter apoio familiar durante a doença, e os sintomas comuns incluíam perda de apetite, dores de cabeça e dores no corpo.

Características sociais e médicas não mostraram diferenças significativas entre os grupos de dengue e não-dengue, exceto em relação ao estado de emprego. Pacientes com dengue eram menos propensos a estar desempregados ou aposentados. Além disso, aqueles com dengue relataram mais dores de cabeça e dores no corpo do que os com outras doenças.

#Conhecimento e Compreensão

A maioria dos pacientes com dengue estava ciente de sua doença, e um número considerável também entendia sua condição entre aqueles com DFA não-dengue. A pontuação média de conhecimento foi de cerca de 5 de um total possível de 12. O grupo de dengue teve pontuações melhores em comparação com o grupo não-dengue. As fontes de informação sobre a doença eram principalmente a mídia e profissionais de saúde.

#Resultados sobre Ansiedade e Depressão

No grupo do estudo, a pontuação média para ansiedade foi de 7 e para depressão também foi de 7. Uma parte significativa dos pacientes-cerca de 41,4%-tinha ansiedade, e 42,5% apresentaram depressão. Mais da metade tinha ansiedade ou depressão, e cerca de um quarto sofria de ambas. Entre os que tinham ansiedade, a maioria tinha formas leves, enquanto alguns enfrentaram níveis moderados a severos. Da mesma forma, um número considerável de pacientes com depressão tinha formas leves a severas.

#Links Entre Características e Saúde Mental

Pacientes com ansiedade eram mais frequentemente de origens de baixa renda. Certos sintomas físicos, como perda de apetite e diarreia, estavam ligados a taxas mais altas de ansiedade e depressão. Curiosamente, estar ciente do diagnóstico estava relacionado a um aumento da ansiedade.

Em uma análise mais profunda, um status socioeconômico mais baixo, conhecimento sobre a doença e menor satisfação com o cuidado estavam associados à ansiedade. Sintomas como perda de apetite e diarreia estavam especificamente relacionados a sentimentos de depressão.

#Comparação Entre Grupos

O estudo não encontrou diferenças significativas entre pacientes com dengue e aqueles com outras DFAs em relação às taxas de ansiedade ou depressão. Os níveis de gravidade dos problemas de saúde mental também foram similares entre os dois grupos.

#Resumo dos Resultados

Os resultados deste estudo indicam uma alta ocorrência de ansiedade e depressão entre pacientes internados com DFA no Sri Lanka. Tanto a dengue quanto outras causas de DFA estavam associadas a esses desafios de saúde mental. A maioria dos pacientes apresentou ansiedade e depressão leves a moderadas, mas um número significativo experimentou formas severas.

Sintomas gastrointestinais estavam particularmente ligados à depressão, e uma renda mais baixa estava associada a um aumento da ansiedade. Curiosamente, estar informado sobre o diagnóstico não levou a menos ansiedade, o que contraria o que alguns estudos anteriores sugeriram.

#Implicações e Recomendações

Dada a alta taxa de ansiedade e depressão encontrada entre esses pacientes, há uma necessidade de estratégias de enfrentamento que possam ajudar a lidar com esses problemas de saúde mental. Estratégias úteis podem incluir promover pensamento positivo, aceitar a situação e encontrar humor em momentos difíceis para melhorar a qualidade dos cuidados prestados a esses pacientes.

#Limitações do Estudo

Essa pesquisa foi realizada em um único hospital, o que pode limitar como os achados podem ser aplicados em outros contextos. No entanto, como as causas de DFA eram diversas, os resultados ainda podem ser relevantes em outros ambientes. Uma força deste estudo é o uso de uma ferramenta validada para medir a saúde mental, junto com a coleta sistemática de dados.

#Conclusão

A pesquisa destaca os níveis significativos de ansiedade e depressão entre pacientes internados com DFA. Fatores como sintomas gastrointestinais, status socioeconômico, consciência do diagnóstico e satisfação do paciente com o cuidado estavam ligados a um aumento dos problemas de saúde mental. Prestar atenção a esses achados é crucial para desenvolver melhores sistemas de apoio para pacientes com DFA.