Memória e Busca de Alimento nas Borboletas Heliconius
Estudo revela que borboletas Heliconius mandam bem na memória visual pra forragear.
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Os animais têm jeitos diferentes de perceber e lembrar as coisas ao seu redor. Essas habilidades estão bem ligadas às suas necessidades para sobreviver e se reproduzir. A forma como cada espécie desenvolveu suas habilidades de pensamento é um tema de debate. Alguns estudos se concentram em saber se os animais têm habilidades específicas para certas tarefas ou se têm habilidades de pensamento mais gerais. Outros analisam se partes específicas do cérebro dos animais se desenvolveram de maneiras distintas ou se o tamanho geral do cérebro importa.
Para os insetos, uma área importante do cérebro é chamada de corpo mushroom. Essa parte é crucial para processar informações sensoriais, aprendizado e memória. Os insetos têm células cerebrais especiais chamadas células Kenyon, que se conectam e formam estruturas que ajudam o inseto a aprender e lembrar informações. A forma como essas células Kenyon se conectam pode mostrar quão bem um inseto consegue formar memórias, especialmente relacionadas a diferentes sentidos.
Insetos de diferentes espécies têm jeitos variados de captar informações sensoriais, e essas diferenças aparecem na estrutura dos seus corpos mushroom. Alguns insetos recebem tipos mais variados de entradas sensoriais em áreas específicas dos seus corpos mushroom. Mudanças na forma como essas áreas se conectam estão ligadas à formação das memórias, mostrando que diferentes entradas sensoriais podem ter efeitos distintos na memória.
Os corpos mushroom são conhecidos por crescerem em tamanho em vários grupos de insetos. Entre as borboletas, as espécies Heliconius têm corpos mushroom significativamente maiores em comparação com espécies próximas. Esse aumento se deve principalmente ao aumento no número de células Kenyon e a uma área maior dedicada a entradas visuais.
As borboletas Heliconius se adaptaram para se alimentar de pólen, um comportamento que não é comum em outras borboletas. Ao coletar ativamente pólen de plantas específicas, essas borboletas obtêm nutrientes importantes. Esse novo comportamento alimentar está ligado a estratégias de forrageamento mais complexas e mudanças em seus ciclos de vida. As borboletas Heliconius podem criar rotas de longo prazo para buscar pólen de fontes confiáveis. Em outros insetos, o sucesso no forrageamento muitas vezes depende da lembrança de pistas visuais do ambiente.
Pesquisadores descobriram que as borboletas Heliconius são boas em lembrar espaços tanto em ambientes naturais quanto controlados. Essas borboletas vivem mais que suas parentes, permitindo que se beneficiem ainda mais de lembrar onde encontrar comida. Elas também mostram habilidades impressionantes para lembrar cores e pistas visuais, indicando que suas memórias podem funcionar de maneira diferente das de outras espécies.
Neste estudo, os pesquisadores compararam a memória olfativa de longo prazo entre quatro espécies de borboletas para ver como elas lembram cheiros. Duas dessas espécies eram borboletas Heliconius, e duas eram espécies próximas que não coletam pólen. Apesar das evidências de que as borboletas Heliconius têm melhores memórias visuais a longo prazo, os pesquisadores queriam ver se elas também se saíam melhor com cheiros e se havia diferença na memória com base nos sentidos.
Para se preparar para os experimentos, as borboletas foram criadas em ambientes controlados para garantir que fossem todas semelhantes em termos de histórico e oportunidades de aprendizado. Quando as borboletas atingiram a idade adulta, foram colocadas em gaiolas projetadas para testar suas preferências por diferentes aromas associados a recompensas, como comida.
Os pesquisadores usaram aromas de capim-limão e laranja que não tinham importância específica para as borboletas, mas eram neutros para fins de teste. Eles criaram estações de alimentação que eram codificadas por cores e preenchidas com uma solução de água com açúcar (estímulo positivo) ou uma solução amarga (estímulo negativo) para ver como bem as borboletas aprendiam a associar cheiros a recompensas.
Inicialmente, as borboletas puderam explorar essas estações de alimentação para ver suas preferências naturais antes de serem treinadas. Cada borboleta foi monitorada para avaliar quão bem aprendeu a associar cheiros específicos a recompensas alimentares. Após quatro dias de treinamento, as borboletas foram testadas novamente para ver como lembravam das associações que aprenderam.
Após esse teste de memória, outro experimento examinou como essas borboletas usavam seus sentidos em situações onde pistas visuais e olfativas estavam em conflito. As borboletas foram treinadas para preferir uma combinação de cor e aroma, mas depois as associações foram trocadas para ver como reagiam quando as opções antes preferidas foram combinadas com as menos preferidas.
Os resultados mostraram que as borboletas Heliconius conseguiam lembrar bem suas associações aprendidas, indicando uma Memória de Longo Prazo forte tanto para pistas olfativas quanto visuais. Porém, as borboletas Heliconius se saíram melhor com a memória visual do que com a olfativa, enquanto suas espécies próximas tinham memórias olfativas mais fortes do que visuais.
No experimento de conflito, as borboletas foram testadas para ver se preferiam pistas visuais ou olfativas quando ambas eram apresentadas juntas. As espécies Heliconius mostraram uma tendência a confiar mais nas pistas visuais, mas essa preferência não foi totalmente consistente em todos os testes e espécies. Os resultados mostraram certa variabilidade nas suas respostas, sugerindo que ambos os sentidos desempenham um papel importante na tomada de decisões durante o forrageamento.
No geral, essas descobertas apoiam a ideia de que as borboletas Heliconius desenvolveram habilidades de memória visual mais fortes, provavelmente devido às adaptações específicas ligadas ao seu comportamento alimentar único e às demandas ecológicas que enfrentam. O aumento no tamanho dos seus corpos mushroom se correlaciona com a sua dependência de informações visuais para navegar e lembrar suas rotas de forrageamento.
Esse estudo contribui para nossa compreensão de como a memória funciona em diferentes animais e como essas funções podem ser ajustadas para atender a necessidades ecológicas específicas. Os resultados enfatizam como certas espécies podem desenvolver capacidades de memória aprimoradas que se alinham com seus comportamentos e estilos de vida.
À medida que os pesquisadores continuam estudando como diferentes espécies aprendem e lembram de seus ambientes, as borboletas Heliconius se destacam como um caso único. Suas adaptações fornecem insights valiosos sobre a evolução da memória e da cognição no reino animal.
Entender esses mecanismos ajuda a avançar nosso conhecimento sobre as conexões entre ambiente, comportamento e funções cerebrais, proporcionando uma imagem mais clara de como os animais se adaptam e prosperam em seus habitats. Essas informações podem ajudar em esforços de conservação e na compreensão dos impactos mais amplos das mudanças ambientais no comportamento e na sobrevivência dos animais.
Título: Modality specific memory enhancement in Heliconius butterflies
Resumo: How animals perceive, process and respond to environmental cues is tightly tuned to the species-specific demands, and reflected by the structure of neural systems. In the Neotropical butterflies, Heliconius, the mushroom bodies, insect learning and memory centres, are significantly expanded compared to their closest relatives. This expansion coincided with the evolution of a novel diet, pollen feeding, and a spatial foraging behaviour consistent with trap-lining. Previous research has shown that Heliconius have more accurate visual long-term memory than other Heliconiini. Here, we tested whether this enhanced memory stability is specific to visual cues by conducting a long-term olfactory memory assay in two Heliconius species and two outgroup species. We found no differences in the long-term olfactory memory between Heliconius species and the outgroup species. Combining data from olfactory and visual memory trials confirms a significant shift in performance among sensory modalities between Heliconius and outgroup genera. In contrast, tests of how Heliconiini prioritise olfactory and visual cues when in presented in conflict also show no consistent shift in attentiveness to sensory cues between species. Our data provide a rare case where memory performance has been compared across species and sensory modalities, to identify evidence of a modality specific shift.
Autores: Stephen H Montgomery, E. Hodge, A. Alcalde Anton, L. Bestea, G. Hernandez, J. M. Aguilar, M. S. Farnworth, D. D. Dell'Aglio, W. O. McMillan
Última atualização: 2024-09-15 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.09.14.612954
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.09.14.612954.full.pdf
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