Fumar tabaco e sua ligação com a depressão
O estudo analisa como fumar afeta a saúde mental, especialmente a depressão.
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Índice
O consumo de tabaco é uma das principais causas de doenças e mortes evitáveis no mundo. Cerca de 1,14 bilhão de adultos fuma produtos de tabaco regularmente. Enquanto as taxas de fumar diminuíram nos países ricos, pessoas com problemas de saúde mental costumam fumar em taxas mais altas. O Transtorno Depressivo Maior (TDM) é uma das condições de saúde mental mais comuns, afetando cerca de 14,6% dos adultos em países ricos. Mesmo sabendo que fumar está ligado a problemas de saúde mental, ainda sabemos pouco sobre como prevenir a Depressão em relação ao tabagismo.
A Conexão Entre Fumar e Saúde Mental
Ainda rola um debate sobre como fumar e saúde mental estão conectados. Alguns acreditam que fumar pode levar a problemas de saúde mental. Outros pensam que pessoas com problemas de saúde mental podem fumar para se sentir melhor, o que é conhecido como automedicação. Por fim, é possível que tanto o tabagismo quanto os problemas de saúde mental venham de fatores de risco semelhantes, como genética ou influências ambientais. Cada uma dessas ideias tem implicações diferentes sobre como entendemos o tabagismo e a saúde mental e quais políticas podem ajudar.
Estudos mostram que fumar pode piorar a saúde mental, incluindo a depressão, mas ainda é incerto quais partes da fumaça do tabaco são prejudiciais. A Nicotina, a substância viciante do tabaco, e outros componentes nocivos são potenciais culpados.
Mecanismos Biológicos
Várias ideias existem sobre como fumar pode levar à depressão. Uma teoria principal foca em como a nicotina afeta o cérebro. Quando a nicotina é absorvida, ela estimula certos caminhos cerebrais, levando à liberação de neurotransmissores, como dopamina e serotonina, que têm um papel na regulação do humor. Alguns estudos descobriram que o uso de cigarros eletrônicos, que muitas vezes contêm nicotina, está ligado a maiores riscos de transtornos de humor. Curiosamente, os benefícios de parar de fumar para a saúde mental parecem ser menores em quem usou cigarros eletrônicos recentemente.
Estudos observacionais podem ser limitados porque podem não mostrar com precisão causa e efeito devido a vários vieses, como a causação reversa. Poucos nunca fumantes usam cigarros eletrônicos regularmente, o que pode complicar os resultados.
Métodos Alternativos de Pesquisa
Ensaios clínicos randomizados (RCTs) são a melhor forma de examinar relações de causa e efeito, mas conduzir um estudo de longo prazo sobre a exposição à nicotina em não fumantes seria antiético e impraticável. Em vez disso, os pesquisadores usam um método chamado randomização mendeliana (RM). A RM usa variações genéticas como ferramentas para estudar como certos fatores afetam os resultados de saúde. Esse método pode ajudar a reduzir o viés porque as variações genéticas são atribuídas aleatoriamente quando uma pessoa é concebida.
Pesquisas anteriores usaram a RM para avaliar o impacto do tabagismo na saúde mental. No entanto, atualmente não há grandes estudos examinando a exposição à nicotina sem fumar tabaco, dificultando a separação dos efeitos da nicotina dos de outras substâncias nocivas na fumaça do tabaco.
Novas Abordagens de Pesquisa
Uma abordagem recente chamada randomização mendeliana multivariável (RMM) permite que os pesquisadores analisem múltiplos fatores ao mesmo tempo. Esse método pode ajudar a esclarecer os efeitos individuais da nicotina e de outros componentes do tabaco na saúde. Os pesquisadores encontraram variantes genéticas ligadas ao comportamento de fumar e ao metabolismo da nicotina, que podem ser usadas como ferramentas em estudos de RMM.
A razão do metabolito da nicotina (NMR) mede com que rapidez a nicotina é processada pelo corpo. Fumantes com um NMR mais alto eliminam a nicotina mais rápido, mas também tendem a fumar mais cigarros. Entender como o NMR interage com a intensidade do tabagismo é importante para estudar seus efeitos na saúde mental.
Objetivo do Estudo
Identificar quais partes da fumaça do tabaco podem estar diretamente relacionadas a doenças mentais é uma área importante para pesquisa. Esse entendimento pode ajudar a informar políticas de tabaco e abordagens de saúde pública. Este estudo teve como objetivo avaliar os efeitos independentes dos compostos de nicotina e não-nicotina do tabaco no risco de TDM.
Metodologia
Os pesquisadores usaram dados resumidos de estudos genéticos existentes para identificar variantes genéticas relevantes para a intensidade do tabagismo e NMR. Eles se concentraram em uma grande coorte populacional, o UK Biobank, composta por quase 500.000 pessoas, para conduzir um GWAS do TDM, dividindo os participantes de acordo com seu status de fumante.
Comportamento de Fumar e Saúde Mental
Os dados genéticos desses estudos incluíam informações sobre quantos cigarros as pessoas fumavam e quão rápido metabolizavam a nicotina. Esses dados foram usados para criar uma imagem mais clara da relação entre fumar e saúde mental.
Resultados
Os resultados não mostraram evidências claras ligando NMR e TDM, o que significa que variações na rapidez com que a nicotina é processada não afetaram significativamente o risco de depressão. No entanto, havia evidências fortes de que uma maior intensidade do tabagismo está ligada a um maior risco de TDM. Mesmo ao considerar o metabolismo da nicotina, a intensidade do tabagismo ainda mostrou uma relação significativa com a depressão.
Possíveis Explicações
Se a exposição à nicotina não afeta significativamente o risco de depressão, outros mecanismos podem estar em jogo. Um fator potencial é a Inflamação causada por substâncias nocivas na fumaça do cigarro. Essas toxinas podem levar à neuroinflamação, que está ligada ao aumento dos sintomas de depressão.
Outra explicação pode ser fatores sociais. Fumar pode levar ao isolamento social ou solidão, que são conhecidos por contribuir para a depressão. Quando alguém fuma, pode desenvolver problemas de saúde, enfrentar estigmas ou encontrar restrições que afetam sua vida social, levando a sentimentos de isolamento.
Limitações do Estudo
Embora este estudo forneça insights úteis, há limitações. O viés de seleção pode ocorrer se aqueles com hábitos de fumar também tiverem problemas de saúde mental, levando a resultados distorcidos. Os participantes do UK Biobank podem diferir significativamente da população geral, afetando o resultado das associações genéticas.
Além disso, fatores genéticos ligados ao tabagismo também podem se relacionar a traços cognitivos e físicos conectados à saúde mental, o que pode introduzir ainda mais viés. Estudos futuros devem buscar usar populações mais diversas para melhorar a generalização das descobertas.
Conclusão
Este estudo oferece evidências de que fumar tabaco tem um efeito causal na depressão, independente da exposição à nicotina. Isso implica que fatores não relacionados à nicotina presentes na fumaça do tabaco, assim como influências sociais, também podem desempenhar papéis significativos na relação entre fumar e saúde mental. Os resultados ressaltam a importância de prevenir o início do tabagismo e encorajar esforços de cessação para ajudar a reduzir a ocorrência de depressão.
Pesquisas futuras devem incluir populações diversas e explorar o efeito do tabaco na saúde mental sob múltiplos ângulos para aprofundar nosso entendimento sobre essa importante questão de saúde pública.
Título: Disentangling the effects of nicotine versus non-nicotine constituents of tobacco smoke on major depressive disorder: A multivariable Mendelian randomization study
Resumo: Background and aimsThere is growing evidence that tobacco smoking causes depression, but it is unclear which constituents of tobacco smoke (e.g., nicotine, carbon monoxide) may be responsible. We used Mendelian randomisation (MR) to examine the independent effect of nicotine on depression, by adjusting the effect of nicotine exposure (via nicotine metabolite ratio [NMR]) for the overall effect of smoking heaviness (via cigarettes per day [CPD]) to account for the non-nicotine constituents of tobacco smoke. DesignUnivariable MR and multivariable MR (MVMR) were used to explore the total and independent effects of genetic liability to NMR and CPD on major depressive disorder (MDD). Our primary method was inverse variance weighted (IVW) regression, with other methods as sensitivity analyses. Setting and participantsFor the exposures, we used genome-wide association study (GWAS) summary statistics among European ancestry individuals for CPD (n=143,210) and NMR (n=5,185). For the outcome, a GWAS of MDD stratified by smoking status was conducted using individual-level data from UK Biobank (n=35,871-194,881). MeasurementsGenetic variants robustly associated with NMR and CPD. FindingsUnivariable MR indicated a causal effect of CPD on MDD (odds ratio [OR]IVW=1.13, 95% confidence interval [CI]=1.04-1.23, P=0.003) but no clear evidence for an effect of NMR on MDD (ORIVW=0.98, 95% CI=0.97-1.00, P=0.134). MVMR indicated a causal effect of CPD on MDD when accounting for NMR (ORMVMR-IVW=1.19, 95% CI=1.03-1.37, P=0.017; ORMVMR-EGGER=1.13, 95% CI=0.89-1.43, P=0.300) and weak evidence of a small effect of NMR on MDD when accounting for CPD (ORMVMR-IVW=0.98, 95% CI=0.96-1.00, P=0.056; ORMVMR-EGGER=0.98, 95% CI=0.96-1.00, P=0.038). ConclusionsThe causal effect of tobacco smoking on depression appears to be largely independent of nicotine exposure, which implies the role of alternative causal pathways.
Autores: Chloe Burke, G. M. Taylor, T. P. Freeman, H. Sallis, R. E. Wootton, M. R. Munafo, C. Dardani, J. Khouja
Última atualização: 2024-06-25 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2024.06.25.24309292
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2024.06.25.24309292.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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