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Resistência à Daptomicina e Virulência em Staphylococcus aureus

Estudo revela como a resistência à daptoicina afeta a gravidade das infecções por S. aureus.

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Staphylococcus aureus é uma bactéria comum que pode causar infecções sérias em humanos. Um dos grandes problemas com essa bactéria é que ela pode invadir a corrente sanguínea, causando bacteremia. A ocorrência dessa condição é relativamente alta, com estimativas sugerindo que entre 9,3 e 65 casos ocorrem para cada 100.000 pessoas a cada ano. A taxa de mortalidade em 30 dias após a infecção pode chegar a 29%.

Certas infecções causadas por essa bactéria, como endocardite infecciosa (uma infecção do coração) e osteomielite (infecções ósseas), podem ser particularmente difíceis de tratar. Quando os médicos escolhem um plano de tratamento, eles olham principalmente para a suscetibilidade da bactéria a vários antibióticos.

Quando S. aureus é suscetível à meticilina (um tipo de antibiótico), geralmente é tratado com medicamentos específicos semelhantes à penicilina. No entanto, quando a bactéria é resistente à meticilina, os médicos precisam usar outros medicamentos, como vancomicina ou Daptomicina. Infelizmente, a resistência a esses tratamentos pode se desenvolver durante a terapia, complicando ainda mais a situação.

Há uma ligação entre a maneira como as bactérias resistem aos antibióticos e sua capacidade de causar doenças. Por exemplo, algumas cepas de S. aureus que resistem à vancomicina podem acabar se tornando menos aptas à sobrevivência devido a mudanças em sua estrutura celular. Isso pode incluir uma parede celular mais espessa e um aumento na produção de substâncias que protegem a bactéria do sistema imunológico. No entanto, ainda há muito a aprender sobre como a resistência à daptomicina afeta a capacidade da bactéria de causar doenças.

A daptomicina age danificando a estrutura externa da bactéria, o que pode levar a mudanças em como elas aparecem na superfície. Essas mudanças podem dificultar o reconhecimento e a luta do sistema imunológico contra a infecção. Daptomicina e certas partes do sistema imunológico compartilham ações semelhantes, tornando possível que as bactérias se tornem resistentes a ambos.

Alguns estudos sugeriram que cepas de S. aureus que resistem à daptomicina são menos prejudiciais em modelos animais. Isso levanta perguntas sobre como essas cepas resistentes interagem com o sistema imunológico e como isso pode impactar as opções de tratamento.

O Papel de Drosophila melanogaster

Drosophila melanogaster, conhecida como a mosca da fruta, é um modelo útil para estudar como o sistema imunológico age contra as bactérias. Quando S. aureus entra no corpo, uma parte do sistema imunológico detecta sua presença e ativa uma resposta para controlar a infecção.

Um caminho envolvido nessa resposta imunológica é a via de sinalização Toll. Essa via ajuda a produzir peptídeos antimicrobianos que combatem infecções. Além disso, um processo chamado Melanização ocorre, que é crítico para defender contra infecções causadas por S. aureus. Durante a melanização, uma enzima específica trabalha para transformar certos compostos em melanina, um pigmento protetor.

Embora se saiba muito sobre as respostas imunológicas em moscas da fruta, os pesquisadores ainda estão tentando entender como a conexão entre resistência a antibióticos e a capacidade de causar doenças opera nas bactérias.

Investigando a Resistência à Daptomicina

Sabe-se que algumas cepas de S. aureus podem desenvolver resistência à daptomicina durante o tratamento. Esta pesquisa teve como objetivo examinar a relação entre resistência à daptomicina e virulência, ou a capacidade de causar doenças, usando cepas clínicas isoladas de pacientes antes e depois do desenvolvimento da resistência. O estudo também utilizou o modelo da mosca da fruta para avaliar o impacto da resistência à daptomicina na interação entre bactérias e o sistema imunológico.

O principal objetivo era ver se a resistência à daptomicina resultava em maior vulnerabilidade às defesas imunológicas da mosca da fruta. Vários amostras clínicas foram analisadas para ver como a resistência à daptomicina afetou sua virulência.

Análise de Cepas Clínicas

Onze pares de isolados de pacientes que tiveram endocardite por S. aureus forneceram os dados para este estudo. Os primeiros isolados retirados dos pacientes eram todos sensíveis à daptomicina, enquanto os últimos mostraram resistência.

Os resultados mostraram que a resistência à daptomicina frequentemente veio acompanhada de concentrações inibitórias mínimas (CIM) aumentadas, o que significa que a quantidade de medicamento necessária para impedir o crescimento da bactéria era maior. Mudanças em outros tipos de antibióticos também foram observadas, com muitas cepas resistentes mostrando menor suscetibilidade à oxacilina.

Ao analisar os genomas das cepas, foi notado que muitas das cepas resistentes tinham apenas mutações menores em um gene específico relacionado à resistência à daptomicina. Isso permitiu que os pesquisadores se concentrassem nos impactos da resistência à daptomicina sem outros fatores complicadores.

Teste de Virulência em Drosophila

Os pesquisadores testaram quão virulentas cada cepa era nas moscas da fruta. A maioria das cepas resistentes apresentou uma queda notável em sua capacidade de matar as moscas em comparação com suas cepas sensíveis correspondentes. Apenas alguns pares não mostraram diferença significativa na virulência.

Para entender melhor por que as cepas resistentes eram menos virulentas, a equipe observou como as bactérias cresciam dentro das moscas. Ficou evidente que as cepas resistentes tendiam a ser controladas de forma mais eficaz pela defesa imunológica da mosca em comparação com as cepas sensíveis.

Efeitos da Resistência à Daptomicina nas Características da Superfície Celular

O estudo também analisou propriedades específicas da superfície celular bacteriana que poderiam ser alteradas devido à resistência à daptomicina. Essas incluíam fluidez da membrana, carga da superfície celular e espessura da parede. Surpreendentemente, os pesquisadores não encontraram diferenças significativas nessas propriedades entre cepas resistentes e sensíveis.

Além disso, a produção de um pigmento protetor chamado estafiloxantina também foi avaliada, mas novamente, nenhuma diferença notável foi observada. Assim, a menor virulência das cepas resistentes não pôde ser atribuída a mudanças na interação das bactérias com o sistema imunológico por meio de suas propriedades de superfície.

Exame da Produção de Fatores de Virulência

S. aureus produz vários fatores que ajudam a causar doenças, incluindo toxinas. Os pesquisadores avaliaram se as cepas resistentes produziam menos desses fatores, o que poderia explicar a virulência reduzida.

A equipe mediu a atividade hemolítica, um marcador da produção de toxinas das bactérias, nas culturas de cepas resistentes e sensíveis. Os resultados indicaram que, embora os níveis de atividade hemolítica variem entre diferentes pares, não houve diferenças claras entre os isolados no mesmo par.

A análise se estendeu à produção de outras proteínas secretadas pelas cepas, mas novamente não foram encontradas diferenças consistentes entre os pares resistentes e sensíveis. Isso sugere que a redução da virulência das cepas resistentes não se deve à deficiência na produção de fatores de virulência.

Ativação Imunológica e a Conexão com a Resistência à Daptomicina

Entender se o sistema imunológico reagiu de forma diferente às cepas resistentes e sensíveis também foi fundamental. O estudo mediu a expressão de genes de resposta imunológica em moscas da fruta após a infecção. Ambos os tipos de cepas geraram um nível semelhante de ativação imunológica.

Essa descoberta implica que as diferenças na virulência não se devem ao fato de as bactérias evitarem a detecção pelo sistema imunológico.

Estudos de Co-infecção

Os pesquisadores também realizaram experimentos de co-infecção, onde cepas resistentes e sensíveis foram introduzidas juntas nas mesmas moscas, para ver se a presença de cepas sensíveis poderia ajudar as cepas resistentes a sobreviver. No entanto, os resultados mostraram que mesmo com a presença de cepas sensíveis, as bactérias resistentes ainda tinham dificuldade em prosperar no hospedeiro.

Suscetibilidade à Morte Imunológica

Como os resultados indicaram que as cepas resistentes não estavam se beneficiando da colocalização com cepas sensíveis, novas investigações se concentraram em entender como essas cepas resistentes poderiam ser mais vulneráveis ao sistema imunológico. Foi hipotetizado anteriormente que as cepas resistentes poderiam ser mais suscetíveis a certos peptídeos antimicrobianos produzidos pelo sistema imunológico.

No entanto, o estudo mostrou que a ausência de vias imunológicas específicas não mudou os resultados de sobrevivência, sugerindo que os peptídeos antimicrobianos não foram responsáveis pelas diferenças na virulência.

Melanização e Virulência

Baseando-se em descobertas anteriores, a pesquisa postulou que as diferenças em como as cepas eram mortas pelo sistema imunológico da mosca poderiam estar ligadas ao processo de melanização. É aqui que uma enzima desempenha um papel fundamental na formalização de uma resposta defensiva que envolve a ativação de compostos específicos para matar bactérias.

Quando os pesquisadores testaram cepas em moscas que não tinham as enzimas necessárias para a melanização, as diferenças nas taxas de sobrevivência entre as moscas infectadas se tornaram menos dramáticas. Além disso, o crescimento de cepas resistentes nessas moscas mutantes era comparável ao das cepas sensíveis.

Essas observações sugerem que a resistência à daptomicina torna as bactérias mais suscetíveis ao processo de melanização no modelo da mosca da fruta.

Investigando Mecanismos de Morte

As maneiras específicas pelas quais a fenoloxidase mata bactérias ainda não são totalmente compreendidas. Compostos reativos produzidos durante o processo de melanização provavelmente desempenham um papel em suas propriedades antimicrobianas. O estudo visava ver se as cepas resistentes eram mais vulneráveis a esses compostos em testes laboratoriais controlados.

No entanto, os pesquisadores não encontraram diferenças nas concentrações mínimas necessárias para matar cepas resistentes e sensíveis quando expostas a compostos relacionados. Isso indica que as cepas sensíveis e resistentes não diferem significativamente em como respondem a esses compostos, sugerindo que os mecanismos de morte não se baseiam apenas na suscetibilidade a agentes reativos.

Conclusão

As evidências sugerem que quando Staphylococcus aureus desenvolve resistência à daptomicina, isso muitas vezes leva a uma diminuição da virulência e a um aumento da suscetibilidade a certas respostas imunológicas. O estudo enfatiza as interações complexas entre o desenvolvimento da resistência a antibióticos e a capacidade da bactéria de causar doenças.

Entendendo essas relações, é possível encontrar novas estratégias para combater infecções estafilocócicas, possivelmente atacando os mecanismos que permitem que as bactérias evitem o sistema imunológico. As percepções obtidas a partir desta pesquisa podem abrir caminho para novos tratamentos visando restaurar a sensibilidade aos antibióticos ou reduzir a capacidade de cepas resistentes de causar doenças.

Fonte original

Título: Acquisition of daptomycin resistance in patients results in decreased virulence in Drosophila

Resumo: Staphylococcus aureus can acquire antimicrobial resistance which in turn may affect its pathogenic potential. Using a panel of paired clinical isolates collected before and after daptomycin resistance acquisition, most frequently through single mprF mutation, we show a relationship between increasing daptomycin minimum inhibitory concentration and reduced virulence in a Drosophila systemic infection model. Analysing toxin production, in vitro bacterial growth characteristics, and cell surface properties, we failed to link daptomycin resistance-related attenuated virulence to either reduced virulence factor production, reduced fitness or to any of the cell surface characteristics investigated. Competition assays in Drosophila also did not support any altered ability in immune evasion. Instead, using a panel of mutant flies defective for various immune components, we show that this daptomycin resistance-related attenuated virulence is mostly explained by greater susceptibility to activity of Drosophila prophenoloxidase, a tyrosinase involved in melanization, but not to antimicrobial peptides or to Bomanin antimicrobial effectors. Further investigation could not link daptomycin resistance-related attenuation of virulence to a differential susceptibility to reactive oxygen species or to quinones prominently associated with phenoloxidase bacterial-killing activity. Taken together, it appears that daptomycin resistance attenuates Staphylococcus aureus virulence through an enhanced sensitivity to phenoloxidase based on a complex mechanism. Our study provides new insights in the understanding of the crosstalk between antimicrobial resistance, escape from immune killing, and virulence. Author summaryAcquiring antimicrobial resistance can increase or decrease bacterial virulence. However, the mechanisms causing these resistance-virulence linked effects are unclear. Here, we bring new insights on the crosstalk between antimicrobial resistance and virulence. We characterized a panel of Staphylococcus aureus strains isolated from patients before and after resistance acquisition to the antibiotic daptomycin. Relative to the parental strain, resistant isolates most often varied by one single mutation, in a gene involved in the composition of the bacterial membrane, and these strains were much less virulent when fruit-flies were infected. Our results indicate that the difference of virulence is unrelated to changes in bacterial toxin production, bacterial growth, immune evasion or cell surface properties. Instead, resistant strains were more vulnerable to a host proenzyme involved in the antibacterial melanization response, an important response deployed throughout the arthropods. We predict that daptomycin resistance forces staphylococci to alter the composition of their cell surface. This alteration causes the bacteria to become more vulnerable to killing by melanization. Our results contribute to our understanding of the link between antimicrobial resistance and pathogenicity.

Autores: Brigitte Lamy, F. Laurent, C. J. Simoes Da silva, A. J. Wadhawan, E. V. K. Ledger, C. Kolenda, P. Martins Simoes, A. Edwards, M. S. Dionne

Última atualização: 2024-10-07 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.10.07.616954

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.10.07.616954.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

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