Aumento nos Casos de Febre Oropouche Levanta Preocupações
Casos crescentes de febre Oropouche ligados a nova cepa de vírus no Brasil.
― 7 min ler
Índice
O Vírus Oropouche (OROV) é um vírus que se espalha principalmente na América Central e do Sul. Ele causa uma doença conhecida como Febre Oropouche. Essa febre geralmente traz sintomas leves, como dor de cabeça, dor nas articulações, dor muscular, náuseas, vômitos, calafrios e sensibilidade à luz. Embora a maioria das pessoas se recupere sozinha, algumas podem ter complicações sérias, como sangramentos ou inflamação do cérebro.
Como o Vírus Oropouche se Espalha?
A principal forma do OROV se espalhar é através de pequenos insetos mordedores chamados midge, especialmente uma espécie conhecida como Culicoides paraensis. Esses midges vivem em áreas onde certos animais, como preguiças e macacos, estão presentes. Nas cidades, o OROV também pode ser transmitido dos midges para os humanos e, possivelmente, por alguns mosquitos. No momento, não existem vacinas ou medicamentos para prevenir ou tratar a febre Oropouche.
A Estrutura do Vírus Oropouche
O OROV pertence a uma família de vírus chamada Peribunyaviridae. Seu material genético é composto por três pedaços de RNA, que não estão em linha reta, mas em segmentos. Como muitos vírus, o OROV pode mudar sua composição genética. Quando dois vírus semelhantes infectam a mesma célula, eles podem misturar seus segmentos de RNA, gerando novos tipos de vírus. Essas mudanças genéticas podem afetar a facilidade com que o vírus se espalha e a gravidade da doença que ele causa.
Casos Recentes de Febre Oropouche
A febre Oropouche foi relatada na América Central e do Sul desde os anos 1950. Embora seja difícil saber exatamente quantos casos ocorrem, alguns especialistas acreditam que mais de meio milhão de pessoas foram infectadas desde que o vírus foi identificado pela primeira vez. Uma alta notável em casos aconteceu entre novembro de 2023 e junho de 2024, especialmente no Brasil, Bolívia, Colômbia e Peru. Pela primeira vez, também houve casos em Cuba. Este estudo investiga mais a fundo o que pode ter feito a febre Oropouche ressurgir no Brasil de 2015 a 2024.
Como o Estudo Foi Conduzido
Os pesquisadores reuniram informações de várias fontes sobre o OROV, incluindo números de casos confirmados em laboratório, testes de sangue e testes genéticos, focando em dados do Brasil entre 1 de janeiro de 2015 e 29 de junho de 2024. Eles receberam dados do Ministério da Saúde do Brasil, que incluía o número de casos confirmados de febre Oropouche e quantos ocorreram em cada estado. A equipe de pesquisa também usou amostras de sangue remanescentes de 93 pacientes que não tinham malária, mas estavam com febre no início de 2024. Todos os dados coletados seguiram diretrizes éticas.
Informações básicas sobre os pacientes, como idade e sexo, também foram coletadas. As amostras de sangue foram testadas para OROV usando um tipo específico de teste conhecido como RT-qPCR. Os pesquisadores então isolaram o vírus e verificaram seu material genético. Eles também compararam a nova cepa do vírus de 2024 com uma cepa anterior para ver se houve mudanças ao longo do tempo.
Resultados do Estudo
De 1 de janeiro de 2015 a 29 de junho de 2024, foram relatados 8.284 casos confirmados de febre Oropouche no Brasil. Impressionantes 84,2% desses casos ocorreram apenas de janeiro a junho de 2024, mostrando um aumento incrível em relação à média anual de 35 casos reportados entre 2015 e 2023. A maioria dos casos ocorreu entre novembro e março, afetando principalmente o Norte do Brasil.
No estado do Amazonas, onde o vírus era mais prevalente, uma taxa cumulativa de incidência foi relatada em 93,8 casos por 100.000 pessoas. Em 2024, os casos de febre Oropouche se espalharam para todas as regiões do Brasil, incluindo áreas que não tinham visto muitos casos antes. Isso elevou a incidência nessas novas áreas de 0,03 a até 9,8 casos por 100.000 pessoas. O estudo descobriu que indivíduos entre 20 e 49 anos, independentemente do sexo, foram os mais afetados.
Investigando a Circulação Ativa do Vírus
Para entender se o vírus ainda estava se espalhando, os pesquisadores testaram 93 pacientes com febre aguda para OROV no final de 2023 e início de 2024. Eles descobriram que 10,8% desses pacientes tinham OROV em seu sangue. A equipe também isolou o vírus em células de laboratório, confirmando sua presença.
Eles então sequenciaram os genomas de duas cepas de OROV isoladas de pacientes e descobriram que essas novas cepas estavam intimamente relacionadas a vírus de anos anteriores. A análise genética mostrou que as cepas provavelmente vieram de um evento de mistura entre vírus mais antigos, levando a novas variantes. Essa mudança genética pode ter contribuído para o aumento no número de casos de febre Oropouche.
Replicação do Vírus e Neutralização de Anticorpos
Os pesquisadores compararam como a nova cepa poderia se replicar em várias linhagens celulares em comparação com uma cepa mais antiga. Eles descobriram que a nova cepa se replicava significativamente mais rápido e produzia placas maiores em células infectadas, indicando que pode ser mais virulenta.
Para explorar mais isso, eles testaram se os anticorpos de indivíduos previamente infectados com OROV poderiam neutralizar a nova cepa. Os resultados mostraram uma queda considerável na capacidade desses anticorpos de neutralizar a nova cepa em comparação com a cepa mais antiga. Essa diminuição sugere que aqueles que foram infectados anteriormente podem não estar protegidos contra essa nova forma do vírus.
Implicações do Estudo
Os achados indicam que o recente aumento de casos de febre Oropouche no Brasil está ligado a uma nova cepa de OROV. Essa cepa parece se replicar mais eficazmente em células humanas e pode não ser neutralizada bem por anticorpos de infecções passadas. Isso representa um risco de reinfecção e destaca a necessidade de melhores estratégias de saúde pública.
Os pesquisadores apontam que o aumento nos casos coincide com a temporada de chuvas, que pode levar a uma maior população de midges, facilitando assim a disseminação do vírus. Entender essas dinâmicas é crucial para se preparar para surtos futuros, especialmente à medida que a febre Oropouche chega a novas regiões onde a população pode estar despreparada.
O estudo também enfatiza a importância de monitorar continuamente o vírus OROV e desenvolver vacinas que possam oferecer proteção contra todas as formas do vírus. À medida que o vírus se espalha e muda, continua sendo fundamental acompanhar esses desenvolvimentos para proteger a saúde pública nas regiões afetadas.
Conclusão
Resumindo, o vírus Oropouche representa uma preocupação crescente em saúde pública, especialmente no Brasil. O recente aumento nos casos de febre Oropouche aponta para a necessidade de mais pesquisas e melhores medidas de controle de infecções. Ao entender o comportamento do vírus, sua transmissão e a resposta imunológica do corpo, as autoridades de saúde podem se preparar melhor para potenciais surtos e proteger comunidades em risco.
Título: Reemergence of Oropouche virus between 2023 and 2024 in Brazil
Resumo: BackgroundOropouche virus (OROV; species Orthobunyavirus oropoucheense) is an arthropod-borne virus that has caused outbreaks of Oropouche fever in Central and South America since the 1950s. This study investigates virological factors contributing to the reemergence of Oropouche fever in Brazil between 2023 and 2024. MethodsIn this study, we combined OROV genomic, molecular, and serological data from Brazil from 1 January 2015 to 29 June 2024, along with in vitro and in vivo characterization. Molecular screening data included 93 patients with febrile illness between January 2023 and February 2024 from the Amazonas State. Genomic data comprised two genomic OROV sequences from patients. Serological data were obtained from neutralizing antibody tests comparing the prototype OROV strain BeAn 19991 and the 2024 epidemic strain. Epidemiological data included aggregated cases reported to the Brazilian Ministry of Health from 1 January 2014 to 29 June 2024. FindingsIn 2024, autochthonous OROV infections were detected in previously non-endemic areas across all five Brazilian regions. Cases were reported in 19 of 27 federal units, with 83.2% (6,895 of 8,284) of infections in Northern Brazil and a nearly 200-fold increase in incidence compared to reported cases over the last decade. We detected OROV RNA in 10.8% (10 of 93) of patients with febrile illness between December 2023 and May 2024 in Amazonas. We demonstrate that the 2023-2024 epidemic was caused by a novel OROV reassortant that replicated approximately 100-fold higher titers in mammalian cells compared to the prototype strain. The 2023-2024 OROV reassortant displayed plaques earlier than the prototype, produced 1.7 times more plaques, and plaque sizes were 2.5 larger compared to the prototype. Furthermore, serum collected in 2016 from previously OROV-infected individuals showed at least a 32-fold reduction in neutralizing capacity against the reassortment strain compared to the prototype. InterpretationThese findings provide a comprehensive assessment of Oropouche fever in Brazil and contribute to a better understanding of the 2023-2024 OROV reemergence. The recent increased incidence may be related to a higher replication efficiency of a new reassortant virus that also evades previous immunity.
Autores: William M de Souza, G. C. Scachetti, J. Forato, I. M. Claro, X. Hua, B. B. Salgado, A. Vieira, C. L. Simeoni, A. R. C. Barbosa, I. L. Rosa, L. C. N. Fernandes, A. C. H. de Sena, S. C. Oliveira, C. M. L. Singh, S. T. de Lima, R. de Jesus, M. A. Costa, R. B. Kato, J. F. Rocha, L. C. Santos, J. T. Rodrigues, M. P. Cunha, E. C. Sabino, N. R. Faria, S. C. Weaver, C. M. Romano, P. Lalwani, J. L. Proenca-Modena
Última atualização: 2024-07-30 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2024.07.27.24310296
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2024.07.27.24310296.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/
Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.
Obrigado ao medrxiv pela utilização da sua interoperabilidade de acesso aberto.