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# Biologia# Biologia molecular

O Papel das Proteínas Adaptadoras de RNA na Regulação do mRNA

Proteínas adaptadoras de RNA ajudam a controlar a estabilidade do mRNA e a produção de proteínas.

Lori A Passmore, J. A. Stowell, C. W. Yu, Z. Chen, G. Lee, T. Morgan, L. Sinn, S. Agnello, F. O'Reilly, J. Rappsilber, S. M. Freund

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mRNA, ou RNA mensageiro, tem um papel chave em traduzir informações genéticas em proteínas. A estabilidade e eficiência do mRNA são influenciadas por vários fatores, um deles é o comprimento da sua cauda poli(A). Essa cauda, feita de bases de adenina, é crucial para a vida útil do mRNA na célula. Se a cauda for muito curta, o mRNA pode se descompor rapidamente, o que afeta a produção de proteínas. O comprimento dessa cauda é controlado por complexos proteicos específicos, principalmente Ccr4-Not e Pan2-Pan3, que ajudam a encurtar a cauda quando necessário.

O Complexo Ccr4-Not

Ccr4-Not é um grupo de múltiplas proteínas que consiste em vários componentes importantes. Entre eles, estão dois tipos principais chamados deadenilasas que realmente encurtam a cauda poli(A). O complexo Ccr4-Not tem várias subunidades, incluindo Ccr4, Caf1 e outras que trabalham juntas. Esse complexo é guiado a mRNAs específicos por outras proteínas chamadas proteínas adaptadoras de RNA. Esses adaptadores reagem a diferentes sinais da célula, o que ajuda a determinar quando e quanto mRNA deve ser decomposto.

Papel das Proteínas Adaptadoras de RNA

As proteínas adaptadoras de RNA são essenciais para ligar mRNAs ao complexo Ccr4-Not. Elas têm regiões que podem se ligar a partes específicas das sequências de RNA, além de regiões flexíveis que ajudam a conectá-las ao Ccr4-Not. Essa conexão acelera o processo de encurtamento da cauda poli(A).

Nesse modelo, seções curtas dessas proteínas adaptadoras, conhecidas como motivos lineares curtos (SLiMs), se ligam a locais específicos no complexo Ccr4-Not, o que melhora o processo de deadenilação. As interações entre esses motivos e o complexo Ccr4-Not são cruciais para a degradação eficiente do mRNA. Por exemplo, certos motivos em proteínas como UnKempt e Roquin mostraram-se diretamente ligados ao complexo Ccr4-Not.

Interrupção de SLiMs e Suas Consequências

Quando os SLiMs nas proteínas adaptadoras de RNA são interrompidos, a capacidade delas de se ligar ao complexo Ccr4-Not é diminuída. Isso leva a uma menor rotatividade do mRNA, ou seja, o mRNA permanece por mais tempo do que deveria. No entanto, um único SLiM interrompido muitas vezes não para completamente a função repressiva do adaptador. Por exemplo, a proteína Tristetraprolin interage com o Ccr4-Not através de uma região específica, e remover apenas essa região estabiliza parcialmente seus alvos de mRNA.

Identificar SLiMs em todos os adaptadores de RNA pode ser desafiador devido ao seu tamanho e à baixa conservação de suas sequências. Proteínas como Drosophila Pumilio e humano PUM1 têm longas regiões flexíveis que também podem se ligar ao complexo Ccr4-Not, mas estudar essas regiões não é tão simples.

Métodos de Pesquisa Utilizados

Para investigar como as proteínas adaptadoras de RNA funcionam e interagem com Ccr4-Not, os cientistas usaram vários métodos. Eles empregaram reconstituição in vitro, que envolve recriar processos biológicos em um ambiente controlado fora de células vivas. Técnicas de biologia estrutural também foram usadas para ver como essas proteínas se encaixam. Através desses métodos, os pesquisadores descobriram que os adaptadores de RNA usam múltiplos sítios de ligação para se ligar ao complexo Ccr4-Not, e a Fosforilação-adição de um grupo fosfato a certos aminoácidos-pode afetar essas interações.

Importância da Proteína Puf3

Um foco chave dessa pesquisa foi a proteína Puf3 da levedura de fissão. Essa proteína é crucial para direcionar mRNAs específicos para deadenilação. Os pesquisadores descobriram que a primeira seção de Puf3, que é uma região intrinsecamente desordenada (IDR), é vital para aumentar a deadenilação.

Diferentes versões de Puf3 foram testadas para ver como truncar partes da proteína impactava sua atividade. Eles descobriram que cortar seções em ambas as extremidades reduz a eficácia da proteína em promover a deadenilação. O uso de espectroscopia por ressonância magnética nuclear (NMR) ajudou a fornecer insights estruturais sobre como Puf3 interage com o Ccr4-Not.

Mecanismos de Ligação Entre Puf3 e Ccr4-Not

Usando técnicas avançadas, os pesquisadores descobriram que a IDR de Puf3 interage com o Ccr4-Not em várias regiões. Um motivo específico que contém triptofano foi especialmente importante para a ligação. Essa interação foi analisada em detalhe, mostrando como diferentes regiões influenciaram a função geral de Puf3 em promover a degradação do mRNA.

Mutar certos resíduos cruciais em Puf3 reduziu sua capacidade de estimular a atividade do Ccr4-Not, indicando que várias partes de Puf3 trabalham juntas para se ligar e guiar o complexo Ccr4-Not ao mRNA alvo.

O Mecanismo de Ação

Ao examinar como Puf3 se liga ao Ccr4-Not, os pesquisadores usaram espectrometria de massa por crosslinking para descobrir quais partes do complexo Ccr4-Not estavam envolvidas. Muitas das interações foram descobertas com a subunidade Not9 do Ccr4-Not. Isso sugeriu que Not9 pode atuar como um hub principal para se ligar a diferentes proteínas adaptadoras de RNA.

Os padrões de ligação indicaram que Puf3 poderia interagir com vários sítios no complexo Ccr4-Not, especialmente ao redor de sua região de ligação de peptídeos. Essa multivalência-ter várias maneiras de se ligar-provavelmente aumenta a força e especificidade da interação.

Papel da Fosforilação em Puf3

A fosforilação é uma modificação comum que pode alterar como as proteínas se comportam. A proteína Puf3 contém muitos resíduos de serina e treonina que podem ser fosforilados, influenciando sua função. Os pesquisadores mostraram que, quando Puf3 foi fosforilado, isso alterou sua capacidade de se ligar ao Ccr4-Not. Especificamente, essa modificação parecia diminuir a afinidade de Puf3 pelo complexo Ccr4-Not, reduzindo assim sua atividade de deadenilação.

Experimentos de NMR com resolução temporal revelaram que a fosforilação ocorria em uma sequência específica, o que afetava a flexibilidade da proteína e sua capacidade de promover a degradação do mRNA.

Investigando Outros Adaptadores de RNA

O estudo também analisou outras proteínas adaptadoras de RNA como PUM1 humano e TTP. Semelhante ao Puf3, essas proteínas também utilizam regiões flexíveis para se ligar ao complexo Ccr4-Not. O desempenho do PUM1 em promover a deadenilação foi reduzido quando sua IDR foi truncada, confirmando a importância dessas regiões flexíveis.

Para o TTP, que regula mRNAs relacionados à inflamação, a capacidade de estimular o Ccr4-Not foi influenciada pelo seu estado de fosforilação. Versões mais fosforiladas do TTP levaram a uma resposta graduada em quão efetivamente ele poderia estimular a deadenilação, semelhante ao comportamento observado com Puf3.

Resumo das Principais Descobertas

Essa pesquisa destaca alguns pontos significativos sobre as proteínas adaptadoras de RNA e suas interações com o complexo Ccr4-Not:

  1. Proteínas adaptadoras de RNA como Puf3, PUM1 e TTP empregam múltiplos sítios de ligação através de suas regiões flexíveis para interagir com o complexo Ccr4-Not.
  2. As interações são moduladas por fosforilação, que pode aumentar ou reduzir a eficiência do processo de deadenilação.
  3. Diferentes adaptadores de RNA exibem comportamentos de ligação semelhantes, sugerindo que esse mecanismo multivalente e regulatório é uma estratégia comum para a regulação da expressão gênica nas células.

Entender como essas proteínas trabalham juntas fornece insights sobre os mecanismos mais amplos da degradação de mRNA e regulação gênica. Esse conhecimento pode eventualmente ajudar a desenvolver terapias que visem caminhos semelhantes em doenças, especialmente aquelas relacionadas à inflamação e câncer.

Conclusão

A regulação do mRNA através do complexo Ccr4-Not e de vários adaptadores de RNA é um processo complexo, mas altamente coordenado. A interação dos sítios de ligação, regiões flexíveis e fosforilação cria um sistema bem ajustado que desempenha um papel essencial na controle da expressão gênica e na manutenção da função celular. Entender essas interações abre portas para mais pesquisas sobre regulação gênica e suas implicações na saúde e na doença.

Fonte original

Título: Phosphorylation-dependent tuning of mRNA deadenylation rates

Resumo: mRNA decay is a major determinant of gene regulation that is controlled through shortening of mRNA poly(A) tails by the Ccr4-Not complex. The specificity of deadenylation can be mediated through RNA adaptors - RNA-binding proteins that tether substrate mRNAs to Ccr4-Not in a regulated and context-specific manner. Interaction with Ccr4-Not is mediated by intrinsically disordered regions (IDRs) within the RNA adaptors. Due to the difficulty in studying large IDR-containing complexes, the determinants of specificity and their regulation remain unclear. Here we use structural biology and biochemical reconstitution to show that dispersed segments within IDRs of RNA adaptors bind to several distinct binding sites on Ccr4-Not through multivalent interactions. We further demonstrate that binding can be modulated by phosphorylation, altering the consequent deadenylation rate in a continuously tunable manner. This mechanism is broadly applicable in evolutionarily divergent IDRs from multiple RNA adaptors including fission yeast Puf3, and human Pumilio/PUM1 and Tristetraprolin/TTP. Together, our work suggests that multivalent interactions and phosphorylation represent conserved strategies for regulating gene expression. Thus, in response to cellular cues, mRNA decay can be regulated by a graded mechanism, rather than a bistable on/off switch, rationalizing how post-transcriptional gene expression is fine-tuned.

Autores: Lori A Passmore, J. A. Stowell, C. W. Yu, Z. Chen, G. Lee, T. Morgan, L. Sinn, S. Agnello, F. O'Reilly, J. Rappsilber, S. M. Freund

Última atualização: 2024-10-19 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.10.18.618793

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.10.18.618793.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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