Simple Science

Ciência de ponta explicada de forma simples

# Biologia# Biologia evolutiva

Especiação Ecológica de Drosophila: Cactos e Adaptação

Estudo da evolução da Drosophila revela mecanismos de adaptação às plantas hospedeiras.

Claudia Marcia Carareto, D. S. d. Oliveira, A. Larue, W. V. B. Nunes, F. Sabot, A. Bodelon, M. P. G. Guerreiro, C. Vieira

― 9 min ler


Evolução da Drosophila eEvolução da Drosophila eCactosdas moscas em cactos.Investigação sobre a adaptação genética
Índice

A especiação ecológica rola quando diferentes populações da mesma espécie mudam ao longo do tempo porque se adaptam a ambientes ou nichos diferentes. Esse processo pode acontecer quando as populações mudam de uma planta hospedeira para outra, levando a mudanças nas características delas com base nos desafios únicos do novo ambiente.

Por exemplo, algumas moscas do gênero Drosophila se alimentam de cactos. Esses cactos têm níveis diferentes de nutrientes e defesas químicas, que criam desafios para as moscas. Algumas moscas preferem um tipo de cacto, enquanto outras conseguem sobreviver em variedades que são muito mais tóxicas. As espécies de Drosophila que são especializadas em cactos oferecem uma ótima oportunidade para estudar como essas adaptações acontecem e como elas afetam a evolução das moscas.

A Conexão entre Drosophila e Cactos

As espécies de Drosophila do grupo repleta se adaptaram para sobreviver em diferentes cactos. Dentre elas, o grupo repleta inclui cerca de 100 espécies que se alimentam principalmente de cactos. Um grande desafio para essas moscas é que os cactos geralmente faltam nutrientes essenciais como nitrogênio e fósforo, ao contrário de outras plantas. Além disso, muitos cactos têm químicos agressivos que podem ser tóxicos para as moscas.

No começo, as moscas repleta se adaptaram ao cacto Opuntia, que é menos tóxico. Com o tempo, algumas espécies mudaram para cactos colunares mais tóxicos. Em um complexo de espécies, D. buzzatii se alimenta principalmente do cacto Opuntia, enquanto seu parente próximo, D. koepferae, evoluiu para se dar bem com cactos colunares. As diferenças nas dietas influenciam como essas moscas se parecem e se comportam.

O Papel das Plantas Hospedeiras na Evolução das Moscas

Para se alimentar e reproduzir, as espécies de Drosophila precisam encontrar e aceitar a planta hospedeira certa. O processo acontece em três etapas principais:

  1. Localização: A mosca precisa encontrar sua planta hospedeira entre muitas outras. Ela faz isso usando órgãos sensoriais especiais que detectam cheiros e sabores.

  2. Aceitação: Depois que a mosca encontra uma planta, ela avalia seu valor nutricional e verifica se há outros seres como predadores e parasitas que podem ser prejudiciais.

  3. Utilização: Finalmente, as moscas devem consumir a planta e se reproduzir, mas frequentemente enfrentam substâncias tóxicas encontradas em sua fonte de alimento.

Cada uma dessas etapas requer características específicas, e a seleção natural geralmente favorece as moscas que desenvolvem as melhores adaptações para encontrar e usar suas plantas hospedeiras. Essas adaptações podem ser vistas em várias estruturas físicas e sensoriais, moldadas pelas diferenças genéticas entre as moscas.

Genética e Seleção Natural

Pesquisas mostram que cerca de 82 genes nas espécies de Drosophila estavam sob seleção positiva, o que significa que foram favorecidos porque ajudaram as moscas a se adaptarem melhor ao seu ambiente. Não é só a presença dos genes certos que importa, mas também como esses genes são ativados ou expressos em resposta às plantas que consomem. A expressão desses genes pode mudar dependendo da planta hospedeira e dos desafios que as moscas enfrentam, como alimentos que podem ser tóxicos.

Por exemplo, moscas que se alimentam de cactos colunares podem expressar genes desintoxicantes diferentes das moscas que se mantêm no menos tóxico Opuntia. Os genes envolvidos em detectar cheiros, sabores e desintoxicar substâncias nocivas são particularmente importantes nesse processo.

A Importância da Variedade Genética

A variedade genética desempenha um papel crucial em quão bem as moscas podem se adaptar a novos hospedeiros. Existem elementos no DNA delas chamados Elementos Transponíveis (TEs) que podem se mover dentro do genoma, causando mudanças na composição genética. Embora muitas mutações causadas por TEs possam ser prejudiciais, algumas podem ser benéficas, ajudando as moscas a desenvolver novas características que permitem uma melhor Adaptação a novos ambientes.

Mesmo que os TEs fiquem menos ativos com o tempo, eles podem deixar partes de suas sequências para trás que podem influenciar como os genes vizinhos funcionam. Com o tempo, mudanças benéficas podem levar a novas características que melhoram a sobrevivência em um ambiente específico.

Investigando as Espécies de Drosophila

As espécies de Drosophila mencionadas antes são modelos excelentes para estudar adaptação. Seus diferentes hábitos alimentares permitem que os cientistas vejam como mudanças rápidas podem ocorrer em resposta a novas pressões ambientais.

Um dos grupos específicos estudados é o complexo mulleri, que inclui várias espécies que prosperam em diferentes tipos de cactos. Diferenças na Expressão Gênica dão uma visão de como elas se adaptam com base no que comem.

Analisando a Expressão Gênica e os Elementos Transponíveis

Descobrimos que certos genes são expressos de forma diferente, o que significa que funcionam de maneira diferente dependendo se as moscas se alimentam de Opuntia ou de cactos colunares. Muitos desses genes ajudam a localizar, aceitar e usar seus hospedeiros de forma eficaz.

Em termos de elementos transponíveis, observamos que eles podem ser encontrados perto de muitos genes-chave. Essa localização sugere que eles podem afetar como esses genes são expressos, possivelmente dando às moscas uma vantagem na adaptação aos seus ambientes.

O Papel dos TEs na Adaptação

Nas Drosophila cactofílicas, os TEs contribuem para a diversidade genética e variabilidade na expressão gênica. A presença de TEs pode levar à criação de novas sequências genéticas, o que pode ajudar as moscas a se adaptarem a diferentes plantas.

Encontramos evidências de TEs perto de genes ligados à capacidade das moscas de detectar sabores, cheiros ou desintoxicar substâncias nocivas. Isso sugere que os TEs podem ajudar essas espécies a se adaptarem ao longo do tempo às suas preferências de hospedeiros.

Montagem e Anotação Gênica

Para entender melhor essas espécies, pesquisadores sequenciaram os genomas de várias espécies de Drosophila. Montagens de genoma de alta resolução revelaram uma riqueza de informações genéticas. Os genes foram anotados para entender suas funções, revelando os caminhos potenciais que permitiram que as moscas se adaptassem eficientemente a seus respectivos ambientes.

Comparando as anotações, os pesquisadores conseguiram ver quantos genes eram semelhantes ou diferentes entre as espécies. Essa abordagem possibilitou uma compreensão mais profunda dos aspectos genéticos que impulsionam a adaptação e a especiação nessas moscas.

Seleção Positiva nos Genes HLAU

Focando especificamente em genes envolvidos na localização e uso de hospedeiros, os pesquisadores descobriram que um pequeno número de genes HLAU mostrava sinais de seleção positiva, o que pode apontar para como as espécies se especializam em suas preferências de hospedeiros. Essa pressão seletiva provavelmente impulsionou a evolução dessas moscas em resposta aos desafios apresentados por suas fontes principais de alimento.

Elementos Transponíveis e Seleção Gênica

Depois que os pesquisadores analisaram os genes sob seleção positiva, exploraram se os TEs estavam presentes nas proximidades. Eles encontraram alguns genes associados à localização de plantas hospedeiras com elementos transponíveis inseridos próximos, indicando uma possível ligação entre a atividade dos TEs e a função gênica.

Apesar da identificação de um número limitado de genes HLAU sob seleção, as implicações dos TEs nessas adaptações sugerem oportunidades para mudanças rápidas em como essas moscas interagem com seus ambientes.

Dinâmicas Evolutivas entre as Espécies de Drosophila

O estudo de diferentes espécies de Drosophila mostrou dinâmicas variadas no conteúdo e na atividade dos TEs. Os pesquisadores notaram que os genomas dessas espécies continham diferentes tipos e quantidades de TEs, com algumas espécies mostrando atividades mais recentes do que outras.

A distribuição dos TEs variou significativamente com base na espécie e sua história evolutiva, demonstrando como as pressões ambientais podem moldar a composição genética ao longo do tempo.

Expressão Gênica Diferencial nas Drosophila Cactofílicas

Os pesquisadores observaram que, quando as moscas se alimentam de diferentes plantas hospedeiras, certos genes mostraram diferenças significativas nos níveis de expressão. Essas mudanças indicam que as moscas adaptaram suas respostas genéticas com base na composição nutricional e na toxicidade das plantas que consomem.

Ao comparar a expressão gênica das moscas que preferem Opuntia com aquelas que favoritam cactos colunares mais tóxicos, houve diferenças notáveis. As descobertas sugeriram que adaptações a várias plantas hospedeiras levam a mudanças genéticas e fisiológicas únicas nas moscas.

Conclusão: A Interação entre Genética e Ambiente

As espécies de Drosophila evoluíram uma relação complexa com suas plantas hospedeiras, moldada por seus históricos genéticos e pressões ambientais. As adaptações observadas nessas moscas destacam a importância de entender como a genética, particularmente a expressão gênica e os elementos transponíveis, contribuem para a especiação ecológica.

À medida que os pesquisadores continuam a explorar esses tópicos, as percepções obtidas podem fornecer implicações mais amplas para entender a adaptação e a evolução entre várias espécies enfrentando diferentes desafios ambientais. As interações entre TEs, expressão gênica e adaptação ecológica revelam um processo dinâmico e intrincado que continua a moldar as trajetórias evolutivas desses insetos fascinantes.

Fonte original

Título: Transposable elements as evolutionary driving force to host shift in cactophilic Drosophila species

Resumo: BackgroundThe host shift in insects has been considered a key process with potential to collaborate with reproductive isolation and speciation. Both genomics and transcriptomics variation has been attributed to such process, in which gene families with functions for host location, acceptance and usage have been proposed to evolve. In this context, cactophilic Drosophila species are an excellent model to study host shift evolution, since they use a wide-range of cacti as hosts, and many species have different preferences. Transposable elements are engines of genetic novelty between populations and species, driving rapid adaptive evolution. However, the extent of TEs contribution to host shift remains unexplored. ResultsWe performed genomic and transcriptomic analysis in seven genomes of cactophilic species/subspecies to investigate how TEs interact with genes associated with host shift. Our results revealed enrichment of TEs at promoter regions of host shift-related genes, with Helitrons representing [~]60% of the cases, demonstrating an unprecedented putative cis- regulatory role of Helitrons in Drosophila. Differential expression analysis between species with different preferred hosts demonstrated divergence on gene expression in head and larvae tissues. Although TEs presence does not affect overall gene expression, we observed 1.31% of genes generating gene-TE chimeric transcripts, including those with function affecting host preference. ConclusionsOur combined genomic and transcriptomic approaches provide evidence of TE-driven divergence between species, highlighting the evolutionary role of TEs in the context of host shift, a key adaptive process that can cause reproductive isolation.

Autores: Claudia Marcia Carareto, D. S. d. Oliveira, A. Larue, W. V. B. Nunes, F. Sabot, A. Bodelon, M. P. G. Guerreiro, C. Vieira

Última atualização: 2024-10-24 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.03.27.587021

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.03.27.587021.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

Obrigado ao biorxiv pela utilização da sua interoperabilidade de acesso aberto.

Artigos semelhantes