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# Ciências da saúde # Oftalmologia

Neuroprótese Visual: Unindo Tecnologia e Experiência do Usuário

Analisando a diferença entre as experiências dos usuários e as expectativas dos pesquisadores sobre implantes visuais.

Lucas Gil Nadolskis, L. M. Turkstra, E. Larnyo, M. Beyeler

― 8 min ler


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Próteses neurais visuais, muitas vezes chamadas de "olhos biônicos," são dispositivos criados pra ajudar pessoas com cegueira a recuperar alguma visão. Assim como os implantes cocleares ajudam na audição, esses dispositivos estimulam as células nervosas restantes no sistema visual pra criar alguma percepção visual, conhecida como fosfenos. Eles ajudam os usuários a identificar objetos brilhantes e a realizar tarefas básicas relacionadas ao deslocamento.

O Argus II é um dos primeiros implantes retinais a ter a aprovação das autoridades de saúde nos EUA, enquanto seu sucessor, Orion, tá em testes clínicos agora. Muita gente se beneficiou do Argus II, mas o Orion só foi testado com um número pequeno de usuários até agora.

A Importância da Experiência do Usuário

A maioria das pesquisas sobre esses dispositivos focou na tecnologia em si e em quão bem esses implantes conseguem criar experiências visuais. Porém, é super importante considerar as experiências dos usuários reais, conhecidos como implantados. A cegueira não é só uma questão médica; é também sobre como as pessoas se sentem e como interagem com o mundo ao redor.

Pra projetar tecnologias assistivas eficazes, é vital ouvir o que os usuários querem e precisam no dia a dia. Esse entendimento garante que a tecnologia faça mais do que apenas resolver um problema; ela realmente melhora a qualidade de vida dos usuários.

Lacunas na Pesquisa Atual

Embora existam pesquisas e avaliações pra coletar informações sobre como os usuários se sentem e funcionam com seus implantes, esse feedback geralmente vem depois do processo de design, o que limita sua eficácia. Essa falta de envolvimento dos usuários resultou em baixas taxas de adoção para os dispositivos atuais. Algumas empresas até pararam de operar porque os usuários não acharam seus produtos úteis no dia a dia.

Tem muitos estudos sobre quão bem os implantes funcionam, mas ainda precisamos de mais informações sobre como esses dispositivos se encaixam nas experiências reais dos usuários. Este estudo tem como objetivo preencher essa lacuna ao coletar insights tanto dos usuários dos dispositivos (implantados) quanto dos Pesquisadores que desenvolvem esses implantes.

Visão Geral do Estudo

Fizemos entrevistas com 12 pessoas: seis eram pesquisadores que trabalham com próteses neurais visuais, e seis eram usuários dos implantes Argus II ou Orion. Nosso objetivo era comparar com que frequência os usuários diziam que usavam seus dispositivos com as expectativas que os pesquisadores tinham para seu uso.

As entrevistas incluíram perguntas estruturadas relacionadas a atividades do dia a dia, permitindo que víssemos com que frequência os usuários contavam com seus implantes para diferentes tarefas. Também tivemos discussões abertas pra explorar o que funcionou, o que não funcionou e quais melhorias os usuários gostariam de ver em futuros dispositivos.

Todos os participantes deram consentimento informado, e o estudo não precisou de revisão adicional por comitês éticos porque foi considerado isento.

Perfis dos Participantes

Tivemos um total de 12 participantes no nosso estudo. Dentre os seis implantados, duas eram mulheres e dez eram homens. Todos receberam seus implantes há pelo menos cinco anos e não relataram complicações médicas. A maioria morava com familiares ou amigos, e todos tinham experiência usando várias tecnologias assistivas.

Os pesquisadores estavam afiliados ao projeto Orion ou tinham trabalhado recentemente com o Argus II. Nenhum dos pesquisadores tinha deficiências visuais, o que criou uma lacuna na compreensão das experiências dos usuários.

Procedimento da Entrevista

As entrevistas foram feitas usando software de videoconferência. Cada entrevista durou entre 30 e 90 minutos. Perguntamos aos implantados com que frequência usavam seus implantes para diferentes atividades diárias e o que funcionava pra eles.

Também perguntamos aos pesquisadores sobre suas expectativas de quão frequentemente achavam que os implantados usariam seus dispositivos. Assim, pudemos comparar o uso real com o que os pesquisadores achavam que aconteceria.

Análise de Dados

Pra avaliar com que frequência os implantes eram usados, usamos uma escala numérica pra categorizar as respostas. Isso nos permitiu analisar estatisticamente as diferenças entre quão frequentemente os usuários relataram usar seus dispositivos e quão frequentemente os pesquisadores esperavam que fossem usados.

Nós também examinamos as entrevistas qualitativamente, identificando temas nas respostas. Isso ajudou a entender quais questões e expectativas eram comuns entre usuários e pesquisadores.

Resultados: Uso Real vs. Expectativas

Os achados revelaram uma diferença significativa entre com que frequência os usuários disseram que contavam com seus implantes e quão frequentemente os pesquisadores esperavam que fossem usados. Muitos usuários relataram que raramente usavam seus dispositivos, com alguns afirmando que nunca os usavam para tarefas diárias. Por outro lado, os pesquisadores acreditavam que os implantes seriam mais utilizados regularmente, especialmente para atividades como socializar e navegar.

Por exemplo, um usuário mencionou que contava com seu implante todos os dias para certas tarefas ao ar livre, enquanto outro disse que só usava em ocasiões sociais, como ver velas de aniversário. A maioria dos usuários, no entanto, achou que os dispositivos eram inadequados para tarefas como preparar refeições, lavar roupas e gerenciar finanças.

Experiências dos Usuários com Atividades do Dia a Dia

Quando perguntados sobre suas atividades diárias, os usuários deram uma visão de como atualmente interagiam com seus implantes, e essas informações muitas vezes entravam em conflito com as expectativas dos pesquisadores.

Transporte

Tanto os usuários quanto os pesquisadores concordaram que navegar pelo transporte público poderia ser uma área benéfica pra os implantes. Usuários em ambientes urbanos relataram usar seus dispositivos pra ajudar na orientação e pra lidar com obstáculos, mas notaram que ainda preferiam usar suas ajudas à mobilidade, como bengalas ou cães-guia. Alguns usuários mencionaram que seus implantes eram intensos, com um usuário sentindo que a estimulação do dispositivo tornava difícil navegar pelas ruas movimentadas com confiança.

Socialização

Alguns usuários acharam que seus implantes os ajudavam a entender situações sociais, como reconhecer quando alguém estava se aproximando. Essa capacidade os fazia se sentir mais incluídos em conversas e eventos sociais. Porém, a maioria dos usuários relatou usar seus implantes apenas para funções sociais específicas, notando que os dispositivos não atendiam suas necessidades diárias.

Preparação de Refeições

Curiosamente, apesar de os pesquisadores esperarem que os dispositivos fossem úteis na preparação de refeições, nenhum dos usuários achou eles úteis nesse contexto. Os usuários preferiam contar com familiares ou outras ferramentas assistivas em vez dos implantes para tarefas de cozinha, citando preocupações com segurança como um grande problema.

Limpeza

Tarefas de limpeza apresentaram desafios similares. Embora alguns usuários tentassem usar seus implantes pra tarefas como lavar roupa, frequentemente achavam os dispositivos incômodos ou inúteis. Para muitos usuários, rotinas estabelecidas e a ajuda de outros eram bem mais eficazes do que a tecnologia do implante.

Desafios Diários

Os usuários frequentemente mencionavam que usavam seus implantes pra localizar itens perdidos em vez de atividades mais complexas como ler ou gerenciar finanças. Suas preferências indicavam uma compreensão limitada de como o dispositivo poderia ajudá-los em várias tarefas diárias, refletindo uma desconexão entre a experiência do usuário e as expectativas da pesquisa.

Insights dos Pesquisadores

Os pesquisadores geralmente eram otimistas sobre as potenciais aplicações dos implantes visuais. Eles acreditavam que os dispositivos seriam usados mais frequentemente na vida cotidiana, mas muitos reconheceram que algumas tarefas, especialmente leitura, poderiam não ser adequadas para implantes. Eles reconheceram que os usuários frequentemente desenvolveram técnicas eficazes para gerenciar a cegueira, tornando os implantes menos impactantes em suas rotinas diárias.

Os pesquisadores expressaram o desejo de entender melhor a perspectiva do usuário, revelando que suas experiências em campo poderiam melhorar os designs futuros dos dispositivos.

Desejos para Futuros Implantes

Tanto os usuários quanto os pesquisadores compartilharam suas ideias de melhorias que poderiam tornar os implantes mais úteis. Os usuários expressaram o desejo por melhorias na qualidade da visão e integrações inteligentes, como compatibilidade com tecnologias assistivas existentes, como leitores de código de barras ou identificadores de cores. Eles desejavam dispositivos que pudessem ajudá-los a se tornarem mais independentes e a auxiliarem em várias tarefas do dia a dia.

Conclusão

Nosso estudo encontrou uma lacuna significativa entre o uso real dos implantes visuais pelos usuários e as expectativas dos pesquisadores. A maioria dos usuários não usou seus implantes com frequência, enquanto os pesquisadores acreditavam que os dispositivos fariam parte regular da vida diária. Isso destaca a necessidade de uma integração mais eficaz das experiências dos usuários no processo de design e desenvolvimento.

À medida que as próteses neurais visuais continuam a evoluir, será crucial priorizar o feedback dos usuários e criar dispositivos que realmente melhorem a qualidade de vida das pessoas com deficiências visuais. Alinhando as necessidades dos usuários com os avanços tecnológicos, podemos ajudar a garantir que esses dispositivos ofereçam benefícios significativos e práticos.

Fonte original

Título: Aligning visual prosthetic development with implantee needs

Resumo: PurposeVisual prosthetics are a promising assistive technology for vision loss, yet research often overlooks the human aspects of this technology. While previous studies focus on the perceptual experiences or attitudes of implant recipients (implantees), a systematic account of how current implants are being used in everyday life is still lacking. MethodsWe interviewed six recipients of the most widely used visual implants (Argus II and Orion) and six leading researchers in the field. Through thematic analyses, we explored the daily usage of these implants by implantees and compared their responses to the expectations of researchers. We also sought implantees input on desired features for future versions, aiming to inform the development of the next generation of implants. ResultsAlthough implants are designed to facilitate various daily activities, we found that implantees use them less frequently than researchers expect. This discrepancy primarily stems from issues with usability and reliability, with implantees finding alternative methods to accomplish tasks, reducing the need to rely on the implant. For future implants, implantees emphasized the desire for improved vision, smart integration, and increased independence. ConclusionsOur study reveals a significant gap between researcher expectations and implantee experiences with visual prostheses. Although limited by access to a small population of implantees, this study highlights the importance of focusing future research on usability and real-world applications. Translational relevanceThis retrospective qualitative study advocates for a better alignment between technology development and implantee needs to enhance clinical relevance and practical utility of visual prosthetics.

Autores: Lucas Gil Nadolskis, L. M. Turkstra, E. Larnyo, M. Beyeler

Última atualização: 2024-10-28 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2024.03.12.24304186

Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2024.03.12.24304186.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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