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# Biologia # Biofísica

Investigando a Separação de Fases Líquido-Líquido em Proteínas

Pesquisas mostram como as proteínas se comportam durante a separação de fases líquido-líquido.

Enrica Bordignon, D. Gendreizig, A. Kalarikkal, S. L. Holtbrügge, S. Mukherjee, L. Galazzo, S. Kucher, A. Rosspeintner, L. V. Schäfer

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Comportamento de Comportamento de Proteínas na Separação de Fases líquido-líquido. cruciais na separação de fase Estudo revela dinâmicas de proteína
Índice

A separação de fase líquido-líquido (LLPS) é um processo bem interessante na biologia, onde certas moléculas se juntam e formam regiões separadas dentro de uma solução. Isso pode resultar na criação de pequenas estruturas semelhantes a gotículas, que têm papéis importantes nas funções celulares. Por exemplo, as células podem criar compartimentos que não têm membranas, permitindo que realizem tarefas específicas de maneira mais eficiente. Um exemplo famoso é a formação de Organelas Sem Membrana, que são vitais para muitos processos celulares.

Entender como as moléculas se comportam durante a LLPS é fundamental. O equilíbrio entre os diferentes tipos de interações entre moléculas influencia como e quando a separação de fase acontece. Misturas simples de solventes e pequenas moléculas geralmente têm um comportamento previsível, mas à medida que as moléculas ficam maiores e mais complexas, fica mais difícil desvendar todas as forças em jogo.

Estudos recentes mostraram que a forma como certas moléculas de cadeia longa e proteínas se separam em diferentes fases depende da sua composição. Por exemplo, polímeros carregados geralmente se separam de um jeito que exige temperaturas mais altas, enquanto polímeros não polares ou hidrofóbicos tendem a se separar em temperaturas mais baixas. Da mesma forma, muitas proteínas naturalmente desordenadas mostram um comportamento de separação de fase comparável, que pode ser previsto por modelos existentes usados para analisar polímeros carregados.

No entanto, o comportamento de separação de fase de proteínas dobradas, que são mais rígidas na estrutura, é menos compreendido. Essas proteínas têm menos liberdade para interagir com o ambiente, o que significa que a separação de fase pode acontecer de maneira diferente em comparação com proteínas e polímeros mais flexíveis. A presença de outras moléculas na solução, conhecidas como Cosolutos, também pode afetar como as proteínas interagem entre si e com o ambiente.

O Papel dos Cosolutos

Cosolutos, como sais ou polímeros, podem alterar significativamente o comportamento das proteínas durante a LLPS. Por exemplo, substâncias como trimetilamina N-óxido (TMAO), que é comum em organismos de águas profundas, ou polietileno glicol (PEG), podem mudar como as proteínas se comportam ao formar gotículas. Essas mudanças são pensadas para vir de como esses cosolutos afetam a energia geral e o movimento do solvente, influenciando as interações entre as proteínas.

Durante a LLPS, as proteínas existem em duas regiões distintas: uma fase densa e uma fase diluída. Essas regiões têm propriedades diferentes devido aos seus ambientes. Por exemplo, em uma fase densa, as proteínas podem experimentar interações intermoleculares mais fortes, levando a um aumento da viscosidade, que é uma medida de quão espesso é um fluido. Isso, por sua vez, pode afetar como as proteínas se movem e interagem dentro da célula.

Foco na γD-Cristalina Humana

Uma proteína específica de interesse nos estudos de LLPS é a γD-cristalina, que é encontrada em grande quantidade no cristalino do olho humano. Ela é crucial para manter a clareza e o índice de refração do cristalino. Essa proteína tem uma estrutura bem definida e é conhecida por formar concentrações densas dentro do cristalino. A proteína γD-cristalina é bem estável, especialmente considerando a baixa renovação de proteínas no ambiente do cristalino.

Quando a γD-cristalina passa pela separação de fase, isso acontece em concentrações muito mais altas em comparação com outras proteínas que normalmente experimentam LLPS. Por exemplo, foi determinado que a γD-cristalina começa a se separar em diferentes fases a partir de uma concentração de cerca de 190 mg/mL. A temperatura em que isso ocorre também pode mudar dependendo da presença de cosolutos.

Desafios no Estudo da γD-Cristalina

Um dos maiores obstáculos na pesquisa da γD-cristalina e proteínas semelhantes é que o comportamento delas sob diferentes condições pode variar bastante. Enquanto proteínas com regiões desordenadas podem passar pela separação de fase facilmente, a γD-cristalina requer concentrações muito mais altas. Isso torna necessário empregar várias técnicas experimentais para entender totalmente suas dinâmicas durante a LLPS.

À medida que as proteínas experimentam mudanças em seu ambiente-especificamente em relação à aglomeração e concentração-várias técnicas podem ser úteis para estudar essas dinâmicas. Métodos como ressonância magnética nuclear (NMR), espectroscopia de fluorescência e ressonância paramagnética eletrônica (EPR) podem fornecer insights sobre como as proteínas se comportam e interagem.

Design da Pesquisa

Para observar as dinâmicas da γD-cristalina durante a LLPS, foi adotada uma abordagem de pesquisa combinada. Isso inclui simulações de dinâmica molecular (MD) para prever o comportamento da proteína, juntamente com métodos experimentais como EPR e espectroscopia de fluorescência para coletar dados em tempo real sobre as dinâmicas da proteína.

Para começar, os pesquisadores configuraram simulações usando coordenadas atômicas de estudos anteriores. Eles prepararam dois ambientes diferentes para a proteína: um simulando uma solução diluída e outro representando um condensado com uma concentração mais alta de γD-cristalina.

Simulações de Dinâmica Molecular

As simulações de MD oferecem um ambiente virtual onde os pesquisadores podem observar como as proteínas se comportam em estados diluídos e condensados. Nessas simulações, os pesquisadores podem controlar fatores como temperatura e concentração, permitindo que estudem como essas variáveis influenciam as dinâmicas da proteína.

Uma observação chave das simulações é que no ambiente diluído, a Dinâmica Rotacional da γD-cristalina é relativamente rápida. No entanto, à medida que a concentração aumenta e a proteína entra no estado condensado, sua dinâmica rotacional desacelera significativamente devido aos efeitos de aglomeração.

Essa desaceleração é especialmente importante porque pode ter implicações reais para a função da proteína dentro das células. As simulações mostram que proteínas em ambientes aglomerados, como aqueles encontrados em condensados líquidos, exibem comportamentos muito diferentes do que quando estão em soluções mais diluídas.

Métodos Experimentais

Para apoiar as descobertas das simulações, uma série de experimentos foram realizados usando técnicas de fluorescência e EPR para medir a dinâmica rotacional da γD-cristalina em ambientes diluídos e condensados.

Preparação da Proteína

Para realizar esses experimentos, os pesquisadores primeiro prepararam o tipo selvagem da γD-cristalina usando técnicas de engenharia genética. Isso incluiu a introdução de mutações específicas para criar variantes da proteína para estudos mais detalhados. Depois disso, as proteínas foram purificadas para garantir medições precisas.

Rotulagem por Spin

Para acompanhar as dinâmicas da proteína, foi realizado um processo chamado rotulagem por spin. Isso envolve anexar um rótulo especial que pode ser detectado usando EPR. As proteínas rotuladas fornecem um meio para medir seu comportamento sob diferentes condições, revelando como cada proteína responde a mudanças em seu ambiente.

EPR de Onda Contínua

Com as proteínas rotuladas em mãos, o próximo passo foi realizar experimentos de EPR de onda contínua. Ao analisar os espectros de EPR, os pesquisadores podem determinar mudanças na dinâmica rotacional da proteína em diferentes temperaturas e concentrações. Isso foi crucial para identificar o início da LLPS.

Anisotropia Resolvida no Tempo

Os pesquisadores também empregaram uma técnica chamada anisotropia resolvida no tempo para obter insights adicionais sobre as dinâmicas da proteína. Isso envolve medir quão rápido as proteínas rotuladas giram e como isso é afetado por condições ambientais como temperatura e concentração.

Observações dos Experimentos

Os resultados experimentais confirmaram as previsões feitas pelas simulações. Em particular, as dinâmicas da γD-cristalina mostraram uma diferença marcante entre condições diluídas e condensadas.

Na fase diluída, as proteínas rotuladas exibiram dinâmicas rotacionais mais rápidas, refletindo um ambiente mais fluido. No entanto, na fase condensada, onde as proteínas estavam aglomeradas, as dinâmicas desaceleraram significativamente. Isso foi ainda mais apoiado por descobertas adicionais dos dados de EPR, que indicaram que a presença de outras proteínas na fase condensada restringe o movimento da γD-cristalina.

Implicações das Descobertas

As descobertas desta pesquisa são importantes para entender como as proteínas se comportam em ambientes aglomerados, que podem se assemelhar muito aos encontrados em células vivas. Os insights obtidos ao estudar a γD-cristalina e proteínas semelhantes podem ajudar a informar nossa compreensão de vários processos celulares, incluindo a formação de organelas sem membrana.

Além disso, a pesquisa destaca a importância de considerar tanto a aglomeração molecular quanto a temperatura ao estudar a separação de fase. As interações entre proteínas e seu entorno podem ter efeitos significativos sobre sua função e comportamento.

Entender essas dinâmicas pode levar a melhorias em como abordamos doenças relacionadas ao desdobramento ou agregação de proteínas, como cataratas, onde a γD-cristalina desempenha um papel crítico.

Conclusão

Resumindo, essa pesquisa fornece insights valiosos sobre as dinâmicas da γD-cristalina e os fatores que influenciam seu comportamento durante a separação de fase líquido-líquido. Ao combinar técnicas de simulação com métodos experimentais, os pesquisadores conseguiram desvendar as interações complexas em jogo nas proteínas sob diferentes condições.

Essas descobertas abrem caminho para mais pesquisas sobre o comportamento das proteínas em ambientes celulares, potencialmente levando a avanços em nossa compreensão dos processos celulares e doenças relacionadas. A abordagem colaborativa deste estudo enfatiza o valor de usar múltiplas técnicas para obter uma visão mais abrangente de como as proteínas funcionam em um contexto biológico.

Fonte original

Título: A combined approach to extract rotational dynamics of globular proteins undergoing liquid-liquid phase separation

Resumo: The formation of protein condensates (droplets) via liquid-liquid phase separation (LLPS) is a commonly observed phenomenon in vitro. Changing the environmental properties with cosolutes, molecular crowders, protein partners, temperature, pressure, etc. was shown to favour or disfavour the formation of protein droplets by fine-tuning the water-water, water-protein and protein-protein interactions. Therefore, these environmental properties and their spatiotemporal fine-tuning are likely to be important also in a cellular context at the existing protein expression levels. One of the key physicochemical properties of biomolecules impacted by molecular crowding is diffusion, which determines the viscoelastic behaviour of the condensates. Here we investigate the change in the rotational diffusion of {gamma}D-crystallin, undergoing LLPS in vitro in aqueous solutions in absence and presence of cosolutes. We studied its rotational dynamics using molecular dynamics simulations (MD), electron paramagnetic resonance (EPR) spectroscopy and fluorescence spectroscopy. MD simulations performed under dilute and crowded conditions show that the rotational diffusion of crystallin in water is retarded by one to two orders of magnitude in the condensed phase. To obtain the rotational dynamics in the dilute phase we used fluorescence anisotropy and to extract the retardation factor in the condensed phase we used spin-labeled {gamma}D-crystallin proteins as EPR viscosity nanoprobes. Aided by a viscosity nanoruler calibrated with solutions at increasing sucrose concentrations, we validate the rotational diffusion retardation predicted by MD simulations. This study underlines the predictive power of MD simulations and showcases the use of a sensitive EPR nanoprobe to extract the viscosity of biomolecular condensates.

Autores: Enrica Bordignon, D. Gendreizig, A. Kalarikkal, S. L. Holtbrügge, S. Mukherjee, L. Galazzo, S. Kucher, A. Rosspeintner, L. V. Schäfer

Última atualização: 2024-12-03 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.09.17.613388

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.09.17.613388.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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