O Papel do Cerebelo nos Sintomas da Esquizofrenia
Analisando a conexão entre o cerebelo e os sintomas negativos na esquizofrenia.
Indrit Begue, F. Delavari, J. Awada, D. Van De Ville, T. A. W. Bolton, M. Kaliuzhna, F. Carruzzo, N. Kuenzi, F. Schlagenhauf, F. Alouf, S. Eliez, S. Kaiser
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Índice
A esquizofrenia é uma condição de saúde mental que afeta cerca de 1% das pessoas. Ela pode causar uma variedade de sintomas, mas os Sintomas Negativos são particularmente difíceis. Esses sintomas negativos incluem coisas como falta de motivação, redução nas sensações de prazer e dificuldade nas interações sociais. Esses sintomas geralmente criam grandes desafios para as pessoas no dia a dia. Diferente de outros sintomas que podem ser controlados com medicação, os sintomas negativos são mais resistentes ao tratamento, criando uma necessidade significativa de melhor compreensão e novas opções de tratamento.
A Natureza dos Sintomas Negativos
Os sintomas negativos na esquizofrenia podem ser agrupados em duas categorias principais. A primeira inclui a apatia, que se refere à falta de motivação e ao interesse reduzido em atividades que antes traziam alegria. A segunda categoria envolve a expressão diminuída, onde a pessoa pode mostrar respostas emocionais limitadas ou ter dificuldades na comunicação verbal. A pesquisa indica que esses sintomas ocorrem em várias etapas do transtorno e impactam profundamente a capacidade de uma pessoa de funcionar socialmente.
Estudos recentes começaram a ligar os sintomas negativos, especialmente a apatia, a problemas no sistema de recompensa do cérebro. O sistema de recompensa é crucial para a motivação e para sentir prazer. Uma parte desse sistema é a Área Tegmental Ventral (VTA). Resultados sugerem que quando essa área não funciona corretamente, pode estar ligada à apatia e outros sintomas negativos.
Curiosamente, outra região do cérebro chamada Cerebelo, conhecida principalmente por controlar o movimento, também foi encontrada como desempenhando um papel em como processamos recompensas. Pesquisas mostraram mudanças na estrutura do cerebelo e como ele se conecta com outras partes do cérebro em pessoas com esquizofrenia. Essa conexão levanta a questão se o cerebelo poderia influenciar os sintomas negativos vistos na esquizofrenia.
Teorias sobre o Envolvimento do Cerebelo
Uma teoria que liga o cerebelo à esquizofrenia é chamada de Teoria da Dismetria Cognitiva. Essa teoria sugere que quando o cerebelo não funciona adequadamente, pode afetar o equilíbrio de químicos no cérebro, especialmente a Dopamina. Esse desequilíbrio pode levar ao que é conhecido como um "estado hiperdopaminérgico," que foi associado a sintomas da esquizofrenia. Estudos mostraram que pessoas com essa condição podem ter níveis mais baixos de inibição cerebral vindo do cerebelo, apoiando ainda mais essa teoria.
Essencialmente, acredita-se que o cerebelo ajuda a regular a atividade dos sistemas de recompensa do cérebro. Se ele não estiver funcionando corretamente, isso pode levar a dificuldades em motivação e prazer, contribuindo para os sintomas negativos vistos na esquizofrenia.
Foco da Pesquisa
Esse estudo teve como alvo explorar a conexão entre o cerebelo e a VTA em indivíduos com esquizofrenia ao longo do tempo. Os pesquisadores queriam ver se essas áreas do cérebro interagem de maneira diferente em quem experimenta sintomas negativos em comparação com indivíduos saudáveis. Eles mediram a atividade cerebral em três momentos diferentes ao longo de vários meses para acompanhar qualquer mudança.
Para analisar como essas regiões do cérebro trabalham juntas, os pesquisadores usaram um método que captura padrões de atividade cerebral durante períodos de descanso. Esse método ajudou a identificar padrões específicos de atividade e com que frequência aconteceram. Os pesquisadores focaram em como esses padrões poderiam se relacionar à gravidade dos sintomas negativos.
Participantes e Métodos
Um total de 146 indivíduos participaram do estudo, incluindo 90 pacientes diagnosticados com esquizofrenia e 56 controles saudáveis. Os participantes passaram por várias entrevistas e realizaram imagem cerebral no início do estudo. Aqueles com esquizofrenia estavam clinicamente estáveis, ou seja, não tiveram mudanças significativas em sua condição ou medicações antes do estudo.
Os pesquisadores buscaram especificamente sinais de sintomas negativos nos pacientes, usando entrevistas padronizadas para garantir que quaisquer outras condições que poderiam causar sintomas semelhantes fossem descartadas.
Resultados na Linha de Base
No início do estudo, os pesquisadores descobriram quatro padrões distintos de atividade entre o cerebelo e a VTA. Um desses padrões mostrou que enquanto a VTA estava ativa, o cerebelo mostrava atividade reduzida. Esse padrão era menos estável em indivíduos com esquizofrenia em comparação com participantes saudáveis.
Os pesquisadores também notaram que a redução da estabilidade nesse padrão de atividade estava associada a níveis aumentados de apatia nos pacientes. Em outras palavras, quanto menos estável era a conexão entre essas regiões cerebrais, mais severos eram os sintomas negativos, especialmente a apatia.
Resultados de Acompanhamento em Três Meses
Três meses depois, os pesquisadores encontraram padrões semelhantes de atividade cerebral, indicando que a conexão entre o cerebelo e a VTA permaneceu estável ao longo do tempo. No entanto, os pacientes com esquizofrenia continuaram a mostrar uma redução significativa na estabilidade de um padrão particular de atividade. Esse padrão estava novamente ligado a maiores níveis de apatia.
O estudo também analisou se mudanças na força dessa conexão ao longo do tempo poderiam prever a gravidade futura dos sintomas. No fim das contas, níveis mais baixos de estabilidade na atividade cerebral no marco de três meses estavam associados a uma apatia mais severa no acompanhamento de nove meses.
Implicações da Pesquisa
Esses achados sugerem que o cerebelo tem um papel importante na regulação do humor e motivação em indivíduos com esquizofrenia. Os pesquisadores acreditam que entender como o cerebelo interage com o sistema de recompensa pode ajudar a desenvolver novos tratamentos para os sintomas negativos da esquizofrenia.
A capacidade do cerebelo de gerenciar o equilíbrio entre diferentes tipos de atividade cerebral é essencial para o sentido de motivação e prazer de uma pessoa. Se o cerebelo não estiver funcionando bem, isso pode levar a uma capacidade diminuída de experimentar alegria ou motivação, contribuindo significativamente para os desafios enfrentados por quem tem esquizofrenia.
Conclusão
Esta pesquisa joga luz sobre a complexa relação entre o cerebelo e a VTA em indivíduos com esquizofrenia, especialmente em relação a sintomas negativos como a apatia. À medida que os pesquisadores continuam a explorar essa relação, há potencial para novas estratégias de tratamento voltadas a melhorar a função do cerebelo ou sua conexão com o sistema de recompensa. Esses insights podem abrir caminho para um manejo mais eficaz dos sintomas negativos, melhorando, em última análise, a qualidade de vida de quem é afetado pela esquizofrenia. Entender essas conexões cerebrais será crucial no desenvolvimento de terapias direcionadas no futuro.
Fonte original
Título: A Longitudinal and Reproducible Anti-coactivation Pattern Between the Cerebellum and the Ventral Tegmental Area Relates to Apathy in Schizophrenia
Resumo: BackgroundNegative symptoms of schizophrenia lack effective treatments. Anomalies in the reward system and cerebellum have been linked to negative symptom The cerebellum modulates reward circuitry via the ventral tegmental area (VTA). The "cognitive dysmetria theory" posits that reduced cerebellar inhibition in schizophrenia may underlie striatal hyperdopaminergia. However, cerebellum-VTA connectivity and its impact on negative symptoms in schizophrenia remains unclear. MethodsFrom 427 individuals screened, 146 participants were recruited: 90 with schizophrenia (SZ) and 56 healthy controls (HC). At 3 months (T2), 65 individuals (36 SZ, 29 HC) completed follow-up. SZ participants were invited for clinical interviews at 9 months (T3; 33 SZ). After quality check, 105 participants were retained at T1, 41 at T2, and 21 at T3. The validation cohort consisted of 53 individuals (28 SZ, 25 HC). The Brief Negative Symptom Scale was used to quantify negative symptoms. Dynamic functional connectivity of the cerebellum and VTA was analyzed using state-of-the-art coactivation patterns analysis. ResultsA reproducible cerebellum-VTA anti-coactivation pattern was found across T1 and T2 (r = 0.98) in bilateral paravermal Crus I/II. Lower anti-coactivation emergence at T1 correlated with worse apathy, particularly asociality and avolition. At T2, lower anti-coactivation persistence related to worse apathy, especially anhedonia, and correlated with worse anhedonia at T3. Similarly, reduced anti-coactivation emergence at T2 linked to worse asociality at T3. In the validation cohort, we replicated the anti-coactivation pattern (r = 0.93) and the correlation of its emergence with apathy, in particular, asociality. ConclusionReduced cerebellum-VTA anti-coactivation is a reproducible neural marker of apathy in schizophrenia, highlighting its potential as a target for therapeutic intervention.
Autores: Indrit Begue, F. Delavari, J. Awada, D. Van De Ville, T. A. W. Bolton, M. Kaliuzhna, F. Carruzzo, N. Kuenzi, F. Schlagenhauf, F. Alouf, S. Eliez, S. Kaiser
Última atualização: 2024-12-07 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2024.07.11.24310281
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2024.07.11.24310281.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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