Propriedades de Transporte dos Cupratos em Supercondutividade
Esse artigo analisa como o doping afeta as propriedades de transporte e a supercondutividade dos cupratos.
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Índice
A supercondutividade é uma propriedade única de certos materiais que permite conduzir eletricidade sem resistência quando resfriados a temperaturas bem baixas. A descoberta da supercondutividade em 1911 foi inesperada e deu início a décadas de pesquisa. Um foco significativo tem sido os cupratos, uma classe de materiais que exibem supercondutividade em alta temperatura. Os supercondutores de alta temperatura, especialmente os cupratos, são conhecidos pelo seu comportamento incomum à medida que a quantidade de portadores de carga muda.
Este artigo discute as propriedades de transporte dos cupratos. Vamos explorar como a arrumação dos elétrons nesses materiais afeta sua capacidade de conduzir eletricidade, especialmente em relação à Superfície de Fermi, um conceito crucial para entender seu comportamento.
Entendendo a Superfície de Fermi
A superfície de Fermi é um limite no espaço de momento que separa estados eletrônicos ocupados de não ocupados a zero absoluto. É essencial para determinar as propriedades eletrônicas dos materiais. Nos cupratos, a superfície de Fermi pode ter formas complicadas que mudam com a dopagem, que é o processo de adicionar impurezas para alterar o número de portadores de carga, como elétrons ou buracos.
Quando falamos sobre a superfície de Fermi nos cupratos, costumamos nos referir a dois tipos de comportamento eletrônico: Elétrons Itinerantes, que podem se mover livremente, e Elétrons Localizados, que ficam parados. A interação entre esses dois tipos influencia o comportamento elétrico geral do material.
Propriedades de Transporte e Dopagem
As propriedades de transporte se referem a quão bem um material conduz eletricidade e como sua resistência muda com a temperatura e a concentração de portadores de carga. No contexto dos cupratos, duas medições importantes são a Resistividade e o Coeficiente de Hall.
A resistividade mede o quanto um material resiste ao fluxo de corrente elétrica. O coeficiente de Hall, por outro lado, dá uma ideia do tipo de portadores de carga no material - se são elétrons ou buracos - e sua densidade.
Nos cupratos, as propriedades de transporte mudam notavelmente à medida que o material é dopado. A dopagem aumenta o número de portadores de carga, fazendo com que o sistema transite de um estado subdopado (menos portadores) para um estado sobredopado (mais portadores). Essa evolução afeta significativamente a resistividade e a mobilidade de Hall, que mede quão rápido os portadores de carga podem se mover pelo material.
Elétrons Localizados e Itinerantes
Dentro dos cupratos, podemos classificar o comportamento dos elétrons em duas categorias: elétrons localizados e itinerantes. Os elétrons localizados estão principalmente associados aos orbitais 3d do Cu e ficam parados, enquanto os elétrons itinerantes podem se mover livremente, contribuindo para a condução.
À medida que os níveis de dopagem mudam, o equilíbrio entre esses dois tipos se altera. Com a metade da carga, onde há um número igual de elétrons e buracos, uma fração significativa dos elétrons se torna localizada. À medida que mais portadores de carga são adicionados através da dopagem, alguns portadores localizados se tornam itinerantes.
Essa transição é crucial, pois explica as mudanças observadas nas propriedades elétricas. O grau de localização afeta a capacidade do material de conduzir eletricidade. A presença de buracos localizados contribui para a formação de um pseudovazio, uma faixa de níveis de energia onde não se encontram estados eletrônicos, indicando uma transição no comportamento do material.
Tendências de Resistência e Coeficiente de Hall
Em muitos cupratos, um comportamento universal foi observado quanto à relação entre resistividade e coeficiente de Hall em uma variedade de materiais. Isso significa que, apesar das diferenças nos materiais específicos, existem tendências comuns em como essas propriedades evoluem com a dopagem e a temperatura.
Por exemplo, em uma ampla gama de cupratos, foi encontrado que a mobilidade de Hall é relativamente constante, o que significa que a facilidade com que os portadores de carga se movem não varia muito entre os diferentes materiais dessa classe. Essa universalidade sugere que mecanismos subjacentes comuns conduzem os comportamentos de transporte observados em toda a família dos cupratos.
O Papel da Temperatura
A temperatura desempenha um papel significativo no comportamento dos cupratos. À medida que a temperatura muda, também muda o nível de energia térmica disponível para os elétrons, afetando como eles se movem. A temperaturas baixas, as propriedades dos cupratos costumam se assemelhar às de supercondutores convencionais, onde o emparelhamento de elétrons leva à supercondutividade.
No entanto, à medida que a temperatura aumenta, o comportamento desses materiais pode apresentar desvios da supercondutividade tradicional. A resistência pode aumentar linearmente com a temperatura em certos regimes de dopagem, um fenômeno muitas vezes referido como comportamento de "metal estranho". Essa resposta incomum enfatiza as interações complexas entre portadores localizados e itinerantes nos cupratos.
Transição de Lifshitz
Um conceito crítico para entender o comportamento dos cupratos é a transição de Lifshitz. Essa transição ocorre quando a forma da superfície de Fermi muda devido à dopagem. Especificamente, pode mudar de um comportamento semelhante a buracos para um comportamento semelhante a elétrons ou vice-versa.
Quando essa transição acontece, mudanças notáveis nas propriedades eletrônicas ocorrem, incluindo alterações na resistividade e no coeficiente de Hall. Essas mudanças têm profundas implicações para o comportamento de transporte eletrônico do material. Entender essa transição é essencial para esclarecer a relação complexa entre dopagem e as propriedades eletrônicas resultantes.
O Surgimento da Supercondutividade
A supercondutividade nos cupratos é particularmente intrigante devido à sua ocorrência em temperaturas relativamente altas em comparação aos supercondutores convencionais. O estado supercondutor nesses materiais emerge quando a densidade de portadores de carga está otimizada, o que geralmente cai na faixa entre subdopado e sobredopado.
A temperatura de transição supercondutora máxima observada nos cupratos é mais alta do que em muitos outros materiais. Essa observação indica uma forte conexão entre a natureza dos portadores de carga itinerantes e o comportamento supercondutor. À medida que alteramos a densidade de portadores por meio da dopagem, vemos efeitos significativos nas propriedades supercondutoras.
Comportamento Não-Líquido de Fermi
Muitas investigações sobre cupratos sugeriram que suas propriedades de transporte não se conformam às teorias tradicionais de líquido de Fermi. Em um líquido de Fermi, os elétrons se comportam como quasipartículas com propriedades bem definidas. No entanto, os cupratos frequentemente apresentam características de não-líquido de Fermi, especialmente quando estão próximos às bordas do diagrama de fase.
Esse comportamento não-líquido de Fermi leva a dinâmicas de transporte incomuns, incluindo a dependência linear da temperatura na resistividade, que geralmente é atribuída a interações com portadores localizados. A compreensão nessa área continua sendo um tópico ativo de pesquisa, à medida que os cientistas se esforçam para reconciliar o comportamento dos cupratos com teorias existentes.
Conclusão
As propriedades de transporte dos cupratos são complexas e dependem fortemente da interação entre portadores de carga localizados e itinerantes. A dopagem desempenha um papel crucial na formação dessas propriedades, levando a mudanças na resistividade e nos coeficientes de Hall.
O surgimento da supercondutividade nesses materiais está intimamente ligado à sua estrutura eletrônica e à natureza dos portadores de carga. À medida que a pesquisa avança, uma compreensão mais clara dessas propriedades ajudará a desvendar os mistérios em torno da supercondutividade e a melhorar nossa capacidade de manipular esses materiais para aplicações práticas. A investigação em andamento dos cupratos oferece insights valiosos não apenas sobre a supercondutividade, mas também sobre o comportamento fundamental dos materiais em níveis atômicos e eletrônicos.
Título: Transport properties and doping evolution of the Fermi surface in cuprates
Resumo: Measured transport properties of three representative cuprates are reproduced within the paradigm of two electron subsystems, itinerant and localized. The localized subsystem evolves continuously from the Cu 3d$^9$ hole at half-filling and corresponds to the (pseudo)gapped parts of the Fermi surface. The itinerant subsystem is observed as a pure Fermi liquid (FL) with material-independent universal mobility across the doping/temperature phase diagram. The localized subsystem affects the itinerant one in our transport calculations solely by truncating the textbook FL integrals to the observed (doping- and temperature-dependent) Fermi arcs. With this extremely simple picture, we obtain the measured evolution of the resistivity and Hall coefficients in all three cases considered, including LSCO which undergoes a Lifshitz transition in the relevant doping range, a complication which turns out to be superficial. Our results imply that prior to evoking polaronic, quantum critical point, quantum dissipation, or even more exotic scenarios for the evolution of transport properties in cuprates, Fermi-surface properties must be addressed in realistic detail.
Autores: Benjamin Klebel-Knobloch, Wojciech Tabis, Mateusz A. Gala, Osor S. Barišić, Denis K. Sunko, Neven Barišić
Última atualização: 2023-09-07 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://arxiv.org/abs/2303.05254
Fonte PDF: https://arxiv.org/pdf/2303.05254
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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