Desafios na Prevenção da Malária: O Dilema das Redes Mosquiteiras
Entendendo as barreiras para o uso eficaz de redes mosquiteiras na prevenção da malária.
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Índice
A malária é uma doença perigosa causada por parasitas que são transmitidos pelas picadas de mosquitos infectados. Ela afeta milhões de pessoas, especialmente em países onde a malária é comum. Em 2021, foram registrados cerca de 247 milhões de casos no mundo todo, com a maioria na África Subsaariana. Só essa região respondeu por mais de 90% dos casos. A taxa de mortalidade pela malária pode variar, mas em casos graves, pode ser alarmantemente alta.
Impacto da Malária na Vida
Ter malária pode ter efeitos sérios na vida cotidiana e na situação financeira de uma pessoa. Muitas pessoas que moram em áreas onde a malária é comum já estão enfrentando dificuldades financeiras. Quando alguém fica doente, pode ter que comprar remédios e pagar transporte para centros de saúde ou clínicas. Esse custo extra pode ser um grande peso em recursos financeiros já limitados. Além disso, ficar doente pode significar faltar ao trabalho, resultando em perda de renda. Para as crianças, doenças frequentes podem atrapalhar a educação, já que elas podem faltar à escola.
Prevenindo a Malária
Tem formas eficazes de prevenir a malária, especialmente usando redes de proteção. Existem dois tipos principais de redes: as não tratadas, que só oferecem proteção básica contra picadas de mosquito, e as tratadas com inseticida (RPI). As RPI não só protegem quem dorme embaixo delas, mas também podem matar mosquitos, beneficiando toda a comunidade. Entre 2004 e 2019, campanhas que promoviam o uso das RPI ajudaram a evitar cerca de 1,2 bilhão de casos de malária e salvaram cerca de 7,1 milhões de vidas na África Subsaariana.
Uso de Redes de Mosquito
A distribuição de redes de mosquito aumentou bastante ao longo dos anos. Em 2010, cerca de 436 milhões de redes foram distribuídas, e em 2021, esse número subiu para cerca de 2,6 bilhões. Embora o acesso às RPI possa ter melhorado, isso não significa que todo mundo as use regularmente. Por exemplo, em 2018, muitas casas na África Subsaariana tinham pelo menos uma RPI, mas apenas metade das pessoas em risco de malária dormiu embaixo de uma rede na noite anterior.
Apesar das orientações de organizações de saúde recomendando que as pessoas durmam embaixo das RPI todas as noites, muitos não seguem esse conselho. Esforços continuam para promover o uso das RPI nas Comunidades em risco de malária.
Razões para Não Usar Redes de Mosquito
Pesquisas mostraram que algumas pessoas não usam redes de mosquito por várias razões. Um estudo anterior identificou desconforto por causa do calor e a crença de que há menos mosquitos como as principais razões. No entanto, pesquisas mais recentes na última década sugerem que fatores mais complexos estão em jogo.
Fatores Humanos
Muitas razões pelas quais as pessoas não usam redes de mosquito estão relacionadas às suas crenças e experiências. Um número significativo de estudos apontou que algumas pessoas não acham que as RPI funcionam bem. Por exemplo, se não veem mosquitos mortos ao redor da rede, podem acreditar que a rede é ineficaz. A limpeza também é uma preocupação, já que algumas pessoas preferem redes que são lavadas regularmente.
Muitas pessoas relataram desconforto ao dormir embaixo das redes, especialmente quando o tempo está quente ou quando têm medo de uma reação alérgica aos inseticidas usados para tratar as redes.
Atitudes sazonais também impactam o uso das redes. Algumas pessoas assumem que durante as estações quentes, quando acham que há menos mosquitos, não é necessário usar as redes. Além disso, as famílias costumam priorizar crianças mais novas e mulheres grávidas para o uso das redes, deixando de lado membros mais velhos da família.
Algumas pessoas também encontram usos alternativos para as redes, como cobrir animais de fazenda ou janelas, resultando em menos redes usadas para dormir.
Práticas sociais e culturais também podem influenciar o uso das redes. Por exemplo, durante funerais, algumas pessoas podem achar inadequado usar uma rede.
Fatores Relacionados às Redes
Também existem razões relacionadas às próprias redes que afetam seu uso. Muitas pessoas têm preferências específicas em relação às características das redes, como cor, textura e tamanho. Alguns participantes de estudos expressaram que preferem redes mais antigas que acham mais confortáveis do que as novas.
Montar as redes também pode ser um desafio. Se as pessoas acham a instalação ou o acesso às redes difíceis, podem escolher não usá-las.
Fatores Ambientais e de Estilo de Vida
Fatores no estilo de vida e no ambiente de uma pessoa também influenciam se elas usam redes de mosquito. Pessoas que viajam frequentemente ou se envolvem em atividades noturnas muitas vezes acham difícil usar redes, especialmente quando dormem fora de casa.
O estilo e a construção das casas também podem impactar o uso das redes. Residentes em casas com buracos nos pisos podem ter dificuldade em manter os mosquitos afastados, mesmo com uma rede.
Fatores Administrativos e Econômicos
O acesso às redes de mosquito pode ser influenciado por questões econômicas e administrativas. Algumas pessoas dependem da distribuição gratuita de redes por parte de instituições de saúde. No entanto, relatos sugerem que, às vezes, essas distribuições não são justas, deixando algumas pessoas sem redes.
Para aqueles que não conseguem redes de graça, comprá-las pode ser um fardo financeiro, especialmente se os preços estiverem altos. Em alguns casos, as pessoas podem até vender as redes gratuitas que recebem devido a dificuldades econômicas.
Conclusão: A Importância da Pesquisa Contínua
Essa revisão destaca o número crescente de estudos que analisam por que as pessoas não usam redes de mosquito. Pesquisas recentes indicam que os problemas são complexos e variam entre diferentes comunidades. Embora muitos fatores tenham sido identificados, incluindo percepções humanas, características das redes, influências do estilo de vida e desafios econômicos, ainda há necessidade de pesquisa e educação contínuas.
É essencial abordar essas questões para promover o uso eficaz das redes de mosquito, já que elas continuam sendo uma ferramenta crítica na luta contra a malária. Compreendendo melhor as diversas razões para a não utilização, é possível criar intervenções em saúde que incentivem mais pessoas a dormirem embaixo de redes de mosquito, reduzindo, assim, a incidência de malária.
Título: Reasons for mosquito net non-use in malaria-endemic countries: A review of qualitative research published between 2011 and 2021.
Resumo: Mosquito nets, particularly insecticide-treated nets [ITNs], are the most recommended method of malaria control in endemic countries. However, many individuals do not use them as advised. The current paper expands on a previous review published in 2011 which highlighted a need for more qualitative research on the reasons for mosquito net non-use. We present a systematic review of qualitative research published in the past decade to assess the growth and quality of qualitative papers about net non-use and examine and update the current understanding. A comprehensive literature search was carried out in MEDLINE, CINAHL, and Global Health, in addition to a citation search of the initial review. Relevant papers were screened and discussed. The critical appraisal assessment tool was used to ensure quality. Thematic synthesis was used to extract, synthesise, and analyse study findings. Compared to the initial review, the results showed a ten-fold increase in qualitative research on the reasons for mosquito net non-use between 2011 and 2021. In addition, the quality of the research has improved, with more than 90% of the papers receiving high scores, using the critical appraisal assessment tool. The reported reasons for non-use were categorised into four themes Human factors, Net factors, Environmental/Lifestyle factors, and Administrative/Economic factors. More than two-thirds of the studies were carried out in Africa, with lead African researchers in African institutions. Despite the distribution of free mosquito nets in malaria-endemic countries, new challenges to their use continue to emerge. The most common reasons for net non-use across all regions of Malaria endemic countries were discomfort and perceived ineffectiveness of nets. Technical challenges and improper net use dominated East and South African regions, signifying the need for dedicated and region-specific measures and strategies to ensure the continued usage of mosquito nets, particularly ITNs.
Autores: Justin Pulford, H. I. Ladu, U. Shuaibu
Última atualização: 2023-05-21 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.05.16.23290037
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.05.16.23290037.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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