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Estratégias de sobrevivência de Zymoseptoria tritici no trigo

Pesquisas mostram como a Zymoseptoria tritici sobrevive e continua infecciosa em condições difíceis.

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Zymoseptoria Tritici é um tipo de fungo que infecta trigo e causa uma doença chamada mancha de Septoria tritici. Essa doença pode causar perdas econômicas grandes na produção de trigo. Os pesquisadores estudam esse fungo há muito tempo, mas ainda existem muitas perguntas sem resposta sobre como ele obtém os nutrientes que precisa para sobreviver e crescer.

Quando Z. tritici infecta o trigo, ele não cria nenhuma estrutura especial para extrair nutrientes da planta. Esse comportamento o classifica como um patógeno "furtivo", porque consegue evitar a detecção pela planta de trigo. Ele cresce devagar no início, o que ajuda a não ser notado pelos mecanismos de defesa da planta. No entanto, ainda há certa incerteza sobre se essa descrição é totalmente precisa.

Alguns estudos mostraram que uma linhagem bastante pesquisada desse fungo pode existir na superfície da folha de trigo por mais de dez dias antes de começar a invadir o tecido. Durante esse tempo, ele não está apenas parado; em vez disso, estende suas hifas, se reproduz e pode formar biofilmes. O processo de germinação, crescimento e eventual penetração da folha não é uniforme; diferentes estágios acontecem de forma assíncrona.

Depois de uma fase inicial de inatividade que pode durar 15 dias, o fungo continua a crescer na superfície da folha por um período que varia de 2 a 17 dias, dependendo das condições. Esse longo e variável período de sobrevivência e crescimento na superfície da folha é bem diferente de muitos outros patógenos fúngicos de plantas, que têm menos energia armazenada em suas esporas e, portanto, precisam entrar na folha rapidamente.

O Estilo de Vida Único de Zymoseptoria tritici

A forma como Z. tritici se comporta na superfície da folha levanta questões importantes. Uma grande pergunta é como esse fungo consegue sobreviver longos períodos em um ambiente com poucos nutrientes. Quando as esporas de Z. tritici caem em uma folha de trigo, elas podem ser levadas pela chuva e frequentemente perdem a substância rica em nutrientes que precisam para germinar. Essa perda repentina de nutrientes dificulta a sobrevivência.

Pesquisas anteriores mostraram que quando os blastósporos (uma forma de esporas) de Z. tritici são movidos de um ambiente rico em nutrientes para água, sua capacidade de se reproduzir e sobreviver cai significativamente, a menos que estejam protegidos por substâncias especiais. Essa descoberta parece contraditória, pois as condições na água são semelhantes às da chuva quando as esporas são dispersas.

Muitas esporas não caem no trigo, mas acabam em superfícies não hospedeiras ou no solo. Os pesquisadores se perguntaram se a queda na sobrevivência indicava o início de um processo que permitiria que algumas esporas suportassem longos períodos sem nutrientes. Neste estudo, eles testaram se as esporas de Z. tritici poderiam sobreviver por períodos prolongados sem nutrientes externos. Eles descobriram que algumas esporas podiam permanecer viáveis e infecciosas por pelo menos 49 dias na água.

Sobrevivência de Zymoseptoria tritici em Condições de Baixa Disponibilidade de Nutrientes

Depois de serem dispersas pela chuva, as esporas fúngicas caem em superfícies hospedeiras ou não hospedeiras e muitas vezes ficam suspensas na água da chuva, que normalmente contém poucos nutrientes. Para avaliar como as esporas de Z. tritici sobrevivem nessas condições, os pesquisadores analisaram sua sobrevivência em água destilada, que representa uma fome extrema.

Durante um período de 49 dias, várias avaliações foram feitas para monitorar a saúde das esporas. Inicialmente, o número de esporas vivas caiu lentamente nos primeiros cinco dias, depois caiu mais rapidamente entre os dias cinco e sete. Após sete dias, a taxa de declínio diminuiu, e a proporção de esporas vivas se estabilizou em cerca de 10% após 20 dias.

Curiosamente, o número total de esporas por mililitro de suspensão realmente aumentou durante a primeira semana, sugerindo que as esporas podem estar brotando ou se dividindo. Esse comportamento interessante indica que as esporas podem se reproduzir mesmo em condições de baixa disponibilidade de nutrientes.

Estratégias Nutricionais de Zymoseptoria tritici

Para entender como Z. tritici sobrevive à fome, os pesquisadores examinaram suas fontes de energia. Eles focaram em três tipos comuns de reservas nutricionais encontradas em fungos: Lipídios, Glicogênio e Trehalose.

Usando uma coloração fluorescente especial, os cientistas mediram o conteúdo lipídico das esporas. Eles descobriram que o conteúdo lipídico diminuía rapidamente nas duas primeiras semanas, mas depois estabilizava. Havia uma forte correlação entre o número de esporas vivas e o conteúdo lipídico, sugerindo que os lipídios são cruciais para a sobrevivência do fungo durante a fome.

Ao medir os níveis de glicogênio e trehalose, eles descobriram que os níveis de glicogênio caíram um pouco, indicando seu uso como fonte de nutrientes. No entanto, a trehalose não foi significativa, o que significa que não parece desempenhar um papel nas necessidades energéticas dos blastósporos de Z. tritici.

Isso sugere que os lipídios são provavelmente a principal fonte de energia para os blastósporos em condições de fome.

O Impacto das Condições Secas na Sobrevivência

Depois que as esporas foram dispersas, o ressecamento pode representar um sério desafio. Os pesquisadores queriam descobrir se o ressecamento afetaria a sobrevivência ou alteraria a taxa de uso dos lipídios durante a fome. Eles deixaram as esporas secarem em uma superfície estéril e depois as reidratavam periodicamente.

Os resultados mostraram que as esporas poderiam permanecer viáveis por pelo menos 56 dias após a secagem. Embora tenham experimentado algum declínio na viabilidade, não houve diferença nas taxas de sobrevivência entre células molhadas e secas após 28 dias, indicando que a secagem não impacta severamente a capacidade das esporas de sobreviver. Na verdade, houve uma taxa de depleção lipídica significativamente reduzida em células secas, sugerindo que as esporas de Z. tritici conservam suas reservas de energia durante períodos sem água.

Avaliando a Virulência Após a Fome

Depois de descobrir que as esporas de Z. tritici podiam sobreviver por 49 dias sem nutrientes, os pesquisadores avaliaram se essas esporas ainda seriam capazes de causar doenças. As plantas de trigo foram inoculadas com esporas retiradas diretamente de culturas ou com aquelas mantidas em água por 49 dias.

Os resultados mostraram que os picnidios (corpos de frutificação) produzidos pelas esporas famintas eram comparáveis aos produzidos pelas esporas frescas, mesmo em concentrações mais baixas. Isso significa que a capacidade de causar doenças não foi perdida durante o longo período de fome.

Sobrevivência em Condições de Solo

Para entender melhor a sobrevivência de Z. tritici, os pesquisadores analisaram como as esporas se comportavam no solo-um ambiente que simula as condições naturais do campo. As esporas inoculadas no solo foram encontradas sobrevivendo por pelo menos 49 dias. Testes confirmaram que mesmo após um período tão longo, as esporas ainda podiam infectar plantas após simulação de chuva.

Essas descobertas sugerem que Z. tritici pode sobreviver não apenas na água, mas também em condições de solo, aumentando assim as chances do fungo persistir entre as safras.

Mudanças na Atividade Gênica Durante a Fome

Os pesquisadores estavam curiosos sobre as mudanças que aconteciam dentro das esporas de Z. tritici quando enfrentavam a fome. Eles realizaram experimentos para ver quais genes estavam ativos quando as esporas estavam crescendo normalmente em comparação com quando estavam suspensas em água.

Os resultados indicaram que muitos genes envolvidos em atividades metabólicas regulares foram regulados para baixo logo após a transferência para a água. Em contraste, alguns genes relacionados ao metabolismo de lipídios e ácidos graxos foram regulados para cima, apoiando a ideia de que as esporas dependem dos lipídios armazenados para energia durante a fome.

A Importância dos Citocinas e Comportamento Celular

Uma observação interessante foi a redução no número médio de células por espora ao longo do tempo. Esse declínio parecia resultar de uma mistura de morte celular e brotamento. À medida que as células dentro das esporas morriam, as células restantes, mais saudáveis, tinham a oportunidade de crescer e possivelmente se dividir.

Isso levanta questões fascinantes sobre como as células em uma espora se relacionam entre si. Embora as células compartilhem recursos devido à sua interconexão, ainda não está claro por que certas células morrem enquanto outras sobrevivem.

O comportamento das esporas parece complexo; elas podem passar por brotamento ou divisão, e a perda de certas células não leva imediatamente à morte das células restantes. Isso sugere algum nível de compartilhamento de nutrientes entre células, ainda que seja um mecanismo mal compreendido.

Resumo das Descobertas

A pesquisa fornece evidências fortes de que as esporas de Z. tritici podem sobreviver sem nutrientes por longos períodos. O fungo demonstra uma notável adaptabilidade, permitindo que ele suporte condições adversas que poderiam levar à sua morte. A capacidade de usar lipídios armazenados como fonte primária de energia é crucial para sua sobrevivência.

O fungo também mostrou manter a virulência mesmo após longos períodos de fome, o que significa que as esporas existentes podem contribuir para surtos de doenças mesmo meses após a dispersão. Seja na água ou no solo, essas esporas demonstram resiliência e adaptabilidade que podem ter implicações significativas para o manejo de doenças do trigo.

Conclusão

O trabalho realizado sobre Z. tritici ilumina as estratégias de sobrevivência desse patógeno importante no trigo. Entender como ele sobrevive e como pode permanecer infeccioso após longos períodos sem nutrientes tem implicações para a agricultura e estratégias de manejo de doenças. Esse conhecimento pode ajudar no desenvolvimento de controles mais eficazes contra a mancha de Septoria tritici, ajudando na proteção das safras de trigo contra essa doença economicamente prejudicial.

Fonte original

Título: Long-term survival of asexual Zymoseptoria tritici spores in the environment

Resumo: The fungal phytopathogen Zymoseptoria tritici, causal agent of the economically damaging Septoria tritici blotch of wheat, is different from most foliar fungal pathogens in that its germination occurs slowly and apparently randomly after arrival on the leaf surface and is followed by a potentially prolonged period of epiphytic growth and even reproduction, during which no feeding structures are formed by the fungus. Thus, understanding the cues for germination and the mechanisms that underpin survival in low-nutrient environments could provide key new avenues for disease control. In this work, we examine survival, culturability, and virulence of spores following transfer from a high nutrient environment to water. We find that a sub-population of Z. tritici spores can survive and remain virulent for at least 7 weeks in water alone, during which time multicellular structures split to single cells. The fungus relies heavily on stored lipids; however, if cell suspensions in water are dried, the cells survive without lipid utilisation. Changes in gene expression in the first hours after suspension in water reflect adaptation to stress, while longer term starvation (7 days) induces changes particularly in primary metabolism and cytochrome P450 (CYP) gene expression. Importantly, we also found that Z. tritici spores are equally or better able to survive in soil as in water, and that rain-splash occurring 49 days after soil inoculation can transfer cells to wheat seedlings growing in inoculated soil and cause Septoria leaf blotch disease.

Autores: Helen N Fones, W. T. Kay, P. O'Neill, S. J. Gurr

Última atualização: 2024-02-29 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.02.29.582720

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.02.29.582720.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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