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Avanços na Pesquisa de Ubiquitinação Usando Ub-POD

Um método novo pra estudar ligases E3 e as interações delas com substratos.

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A Ubiquitinação é um processo onde uma proteína pequena chamada ubiquitina se liga a outras proteínas. Esse vínculo pode sinalizar que a proteína alvo deve ser quebrada, modificada ou enviada para diferentes partes da célula. A ubiquitinação é crucial para várias funções celulares, incluindo como as células respondem ao estresse, repararam o DNA e controlam o ciclo celular.

O Processo de Ubiquitinação

O processo de ubiquitinação envolve três tipos principais de enzimas: E1, E2 e E3.

  1. Enzimas E1 (Enzimas Ativadoras de Ubiquitina): Essas enzimas ativam a ubiquitina se ligando a elas mesmas usando energia do ATP.

  2. Enzimas E2 (Enzimas Conjugadoras de Ubiquitina): Depois da ativação, a E1 transfere a ubiquitina para a E2. As enzimas E2 têm um papel em mover a ubiquitina para a proteína alvo.

  3. Enzimas E3 (Ligases de Ubiquitina): As enzimas E3 são essenciais porque ajudam a determinar qual proteína específica vai receber a ubiquitina. Elas se ligam à enzima E2 que carrega a ubiquitina e à proteína alvo, facilitando a transferência da ubiquitina.

Todo esse processo é como uma corrida de revezamento. A E1 começa ativando a ubiquitina, a E2 a transporta e a E3 garante que ela chegue ao lugar certo.

Importância das Ligases E3

As ligases E3 são vitais porque oferecem especificidade no processo de ubiquitinação. Existem mais de 600 ligases E3 diferentes em humanos, e elas podem direcionar milhares de proteínas diferentes. Essa diversidade permite que a célula gerencie muitos processos diferentes de forma eficiente.

As ligases E3 podem ser divididas em várias famílias com base em sua estrutura, sendo dois grupos significativos os tipos RING e U-box. As ligases E3 RING são as mais comuns, e elas facilitam diretamente a transferência da ubiquitina para a proteína alvo. As ligases U-box têm uma função semelhante, mas têm uma estrutura diferente.

Identificando os Substratos Certos

Para saber como as ligases E3 estão funcionando dentro da célula, é crucial identificar seus substratos. Métodos tradicionais para encontrar essas interações incluem técnicas que muitas vezes têm dificuldades com a natureza transitória das relações E3-substrato. Para resolver isso, métodos mais novos foram desenvolvidos para melhorar a identificação de substratos.

Uma abordagem eficaz é usar anticorpos que podem reconhecer restos deixados nas proteínas após serem ubiquitinadas. Por exemplo, um fragmento específico de ubiquitina que aparece quando as proteínas são cortadas pode ser alvo de análise. Outro método utiliza fusões de ubiquitina com ligases E3 para ajudar a "prender" substratos, permitindo que os pesquisadores puxem o complexo inteiro para estudo.

Um Novo Método: Ub-POD

Em pesquisas recentes, foi desenvolvida uma técnica nova chamada Ub-POD (Rotulagem Dependente da Proximidade de Ubiquitina) para rotular e identificar diretamente os substratos das ligases E3 nas células. Com o Ub-POD, os pesquisadores podem marcar ligases E3 de um jeito que elas interajam com os substratos durante o processo de ubiquitinação.

Como Funciona o Ub-POD

O método Ub-POD aproveita a conexão estável que as ligases E3 formam com seus substratos. Uma enzima especial chamada BirA é usada nesse processo:

  1. BirA é marcada na ligase E3.

  2. A ubiquitina é modificada com uma pequena tag peptídica (Peptídeo Aceitador, AP).

  3. Quando a ligase E3 se liga tanto à ubiquitina quanto ao substrato, a BirA pode marcar a ubiquitina vinculada ao AP com Biotina.

  4. Os substratos biotinilados podem ser extraídos da mistura celular usando esferas de estreptavidina.

  5. Por fim, os pesquisadores analisam essas proteínas biotiniladas para identificar os alvos da ligase E3.

Esse método reduz o ruído de fundo que normalmente aparece com outras técnicas e permite uma forma eficiente de visualizar onde a ubiquitinação está acontecendo na célula.

Testando o Ub-POD com Ligases E3

Para validar a abordagem Ub-POD, os pesquisadores a aplicaram em duas ligases E3 diferentes: RAD18 e TRAF6.

RAD18 e Reparação de DNA

RAD18 está envolvida na reparação do DNA quando ele fica danificado. Ela funciona adicionando ubiquitina a uma proteína chamada PCNA, que tem um papel na replicação do DNA. Usando o Ub-POD, os pesquisadores descobriram que RAD18 rotulava efetivamente a PCNA nas células depois que elas foram expostas à luz UV, que causa danos ao DNA.

Com esse método, puderam acompanhar como RAD18 modifica a PCNA e possivelmente identificar outros substratos que RAD18 mira em diferentes condições.

TRAF6 e Respostas Imunes

TRAF6 é outra ligase E3 que desempenha um papel significativo nas respostas imunes. Os pesquisadores usaram o método Ub-POD para estudar TRAF6 e descobriram que ele poderia identificar uma variedade de proteínas envolvidas em vias de sinalização relacionadas à inflamação e sobrevivência celular.

Esse processo permitiu que confirmassem substratos conhecidos de TRAF6 e também levou à descoberta de novos potenciais substratos ligados às respostas imunes.

Aplicação a Outras Ligases: CHIP

Outra ligase E3, conhecida como CHIP, é vital para manter a qualidade das proteínas dentro da célula. Assim como RAD18 e TRAF6, os pesquisadores aplicaram o método Ub-POD ao CHIP para identificar seus substratos.

Ao modificar a abordagem para incluir CHIP com diferentes ligadores e condições, os pesquisadores descobriram não apenas substratos conhecidos do CHIP, mas também novos alvos potenciais. Essa adaptabilidade do método Ub-POD demonstra sua força em identificar vários substratos de ligases E3.

Vantagens do Ub-POD sobre Outros Métodos

Existem várias razões pelas quais o método Ub-POD se destaca na identificação de substratos de ligases de ubiquitina:

  1. Especificidade: Diferente dos métodos tradicionais de rotulagem por proximidade que podem marcar muitas proteínas não relacionadas, o Ub-POD é projetado para rotular especificamente proteínas que estão diretamente envolvidas no processo de ubiquitinação.

  2. Controle sobre Condições: O método permite que os pesquisadores controlem fatores como o tempo de adição de biotina e a duração da exposição a diferentes condições, ajudando a otimizar a identificação de substratos para várias ligases.

  3. Versatilidade: O Ub-POD pode ser aplicado a várias ligases E3, incluindo aquelas que têm diferentes estruturas e funcionalidades. Essa natureza universal faz dele uma ferramenta valiosa na biologia.

  4. Visualização: O método também facilita a visualização de onde a ubiquitinação está acontecendo dentro da célula, fornecendo insights sobre as funções celulares de várias ligases E3.

Conclusão

A ubiquitinação é um processo celular essencial que influencia uma ampla gama de funções. Entender como as ligases E3 identificam e modificam seus substratos é fundamental para decifrar seus papéis na saúde e na doença. O método Ub-POD oferece uma nova e poderosa maneira de estudar essas interações, melhorando nossa compreensão sobre proteostase, reparo de DNA, respostas imunes e muito mais.

Os avanços nessa área podem levar a melhores insights sobre doenças relacionadas ao mal dobramento de proteínas, deficiências na reparação de danos ao DNA e disfunções imunológicas, potencialmente guiando estratégias terapêuticas no futuro.

Fonte original

Título: A ubiquitin-specific, proximity-based labeling approach for the identification of ubiquitin ligase substrates

Resumo: Ubiquitination of proteins is central to protein homeostasis and other cellular processes including DNA repair, vesicular transport, cell-division etc. The process of ubiquitination is conserved from yeast to humans and is carried out by the sequential action of three enzymes: E1, E2 and E3. There are an estimated >600 E3 ligases in humans that execute ubiquitination of specific target proteins in a spatio-temporal manner to elicit desired signaling effects. Here, we developed a ubiquitin-specific proximity-based labeling method to selectively biotinylate substrates of a given ubiquitin ligase. Our method exploits the proximity and the relative orientation of the E3-ligase catalytic domain with respect to ubiquitin observed in the enzymatic intermediate-state structures of E3-E2[~]Ub. By fusing the biotin ligase BirA and an Avi-tag variant to the candidate E3 ligase and ubiquitin, respectively, we were able to specifically enrich bona fide substrates and potential new substrates of a ligase using a one-step streptavidin pulldown under denaturing conditions. As proof-of-principle, we applied our method, which we named Ub-POD, to the RING E3 ligase RAD18. RAD18 ubiquitinates DNA-sliding clamp PCNA upon UV-induced DNA damage. We identified PCNA and several other critical players in the DNA damage repair pathway in a single RAD18 Ub-POD experiment. We went on to validate DNA replicase POLE as a possible new substrate of RAD18. Through RAD18 Ub-POD, we were also able to pin down the cellular localization of RAD18-mediated ubiquitination to the damaged DNA nuclear puncta using streptavidin immunofluorescence. Furthermore, we applied Ub-POD to TRAF6, another RING ubiquitin ligase involved in NF-{kappa}B signaling and successfully identified known and potentially new TRAF6 substrates. Finally, we adapted our method to the U-box-type E3 ubiquitin ligase CHIP to demonstrate that we can identify substrates of two major classes of mammalian ubiquitin ligases. We anticipate that our method and principle could be widely adapted to all classes of ubiquitin ligases to identify substrates and localize the cellular site(s) of ubiquitination.

Autores: Sagar Bhogaraju, U. Mukhopadhyay, S. Levantovsky, S. Gharbi, F. Stein, C. Behrends

Última atualização: 2024-02-29 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2023.09.04.556194

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2023.09.04.556194.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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