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A Revolução do Oxigênio: O Papel das Cianobactérias na Atmosfera da Terra

Explora como os primeiros organismos mudaram a atmosfera da Terra com a produção de oxigênio.

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Índice

A vida na Terra começou em condições com pouquíssimo oxigênio. Por muito tempo, as únicas coisas vivas eram organismos simples conhecidos como procariontes anaeróbicos que não precisavam de oxigênio pra sobreviver. A atmosfera era bem diferente na época; o oxigênio não estava disponível de forma livre. Isso mudou quando alguns organismos primitivos desenvolveram métodos pra produzir oxigênio através de um processo chamado fotossíntese.

A Ascensão do Oxigênio

Há cerca de 3.2 a 2.8 bilhões de anos, alguns dos primeiros organismos fotossintetizantes, conhecidos como Cianobactérias, apareceram. Esses organismos conseguiram dividir moléculas de água e liberar oxigênio como um subproduto. Esse processo ajudou a mudar a atmosfera e eventualmente levou a um evento chamado Evento da Grande Oxigenação. Durante esse período, que começou por volta de 2.45 bilhões de anos atrás, a quantidade de oxigênio livre na atmosfera começou a aumentar significativamente.

Esse aumento de oxigênio teve efeitos profundos na vida. Novas enzimas e vias metabólicas se desenvolveram pra ajudar as células a lidarem com esse oxigênio. Muitos organismos que não conseguiram se adaptar ao ambiente em mudança foram extintos. O oxigênio foi rapidamente consumido por outros elementos e compostos presentes no ambiente, mas em alguns lugares, os níveis de oxigênio alcançaram concentrações muito mais altas do que hoje.

Adaptando-se ao Oxigênio

Os organismos tiveram que mudar pra sobreviver nesse novo ambiente rico em oxigênio. Enzimas específicas eram necessárias pra proteger as células de danos causados pelo Superóxido, uma forma reativa de oxigênio. Essas enzimas incluem dismutases de superóxido (SODS) e redutases de superóxido. As SODs são únicas porque podem converter superóxido em oxigênio e peróxido de hidrogênio, que podem ser quebrados em água por outras enzimas como catalases.

A evolução dessas enzimas pode ser rastreada até o último ancestral comum universal (LUCA), sugerindo que formas primitivas de cianobactérias já estavam equipadas pra lidar com oxigênio.

Tipos de Dismutases de Superóxido

Existem quatro tipos principais de SODs, baseados nos elementos metálicos que usam: CuZnSOD (cobre e zinco), FeSOD (ferro), MnSOD (manganês) e NiSOD (níquel). As diferenças entre essas enzimas dificultam distinguir o FeSOD do MnSOD, indicando que podem ter evoluído de um ancestral comum.

O MnSOD é geralmente mais estável em condições oxidativas em comparação ao FeSOD, tornando-se comum nas cianobactérias. O CuZnSOD é encontrado com menos frequência. Os NiSODs são geralmente vistos em cianobactérias de água salgada.

Evolução das SODs nas Cianobactérias

Pesquisas mostram que o CuZnSOD estava presente antes do Evento da Grande Oxigenação, enquanto outras formas de SOD apareceram depois, durante a era Proterozóica, à medida que as cianobactérias expandiam seus habitats para o oceano.

Distribuição das SODs nas Células

A localização das SODs dentro de uma célula de cianobactéria é determinada pelas fontes de superóxido que elas encontram. Por exemplo, algumas cepas expressam diferentes tipos de SODs em resposta a mudanças no ambiente, como aumento de sal ou níveis de ferro.

Certas cepas expressam FeSOD no citoplasma em condições de luz, enquanto CuZnSOD é encontrado nas membranas de tilacoides. Também já foi mostrado que o MnSOD pode ser encontrado na membrana ou em diferentes compartimentos da célula, dependendo novamente de sinais específicos dentro do seu código genético.

Clorofila e Condições de Crescimento

A clorofila a desempenha um papel vital em medir o crescimento das culturas de cianobactérias. Ela é usada pra acompanhar a saúde e o progresso desses microrganismos em várias condições. Diferentes níveis de luz e nutrientes podem afetar significativamente as taxas de crescimento dessas células.

Experimentando com Pseudanabaena

No estudo de um tipo específico de cianobactéria chamado Pseudanabaena sp. PCC7367, diferentes condições de crescimento foram testadas pra ver como elas reagiriam aos níveis atmosféricos modernos de CO2 e O2 em comparação a um ambiente simulado da Terra primitiva sem oxigênio.

Pseudanabaena sp. PCC7367 foi cultivada em condições controladas por várias semanas. O crescimento, o conteúdo de clorofila e outros marcadores vitais foram acompanhados. O objetivo era ver como essa espécie poderia se adaptar e prosperar em um ambiente modelado similar ao que existia antes do Evento da Grande Oxigenação, em comparação com as condições atuais.

Métodos Usados no Estudo

Condições de Cultura

Pseudanabaena sp. PCC7367 foi cultivada em várias configurações: condições atmosféricas normais, altos níveis de CO2 e uma atmosfera anóxica pra refletir as configurações da Terra primitiva. Múltiplas culturas foram mantidas, e amostras foram regularmente coletadas pra avaliar seu crescimento e composição química.

Medindo o Crescimento

Os níveis de clorofila a foram medidos regularmente pra avaliar as taxas de crescimento. Outros fatores como níveis de carotenoides, conteúdo de proteína e armazenamento de glicogênio também foram avaliados como indicadores de saúde e vitalidade geral.

Analisando os Níveis de Oxigênio

A quantidade de oxigênio produzida nas culturas foi monitorada ao longo do tempo, tanto em condições paradas quanto agitadas. Isso foi feito pra entender melhor como esses organismos primitivos teriam interagido com o oxigênio em seu ambiente.

Resultados do Experimento

Desempenho de Crescimento

Pseudanabaena sp. PCC7367 mostrou taxas de crescimento significativamente melhores em condições anóxicas em comparação às cultivadas em níveis modernos de oxigênio. As quantidades mais altas de glicogênio e proteína nas culturas crescidas nessas condições indicaram maior vitalidade celular, sugerindo que esses organismos poderiam prosperar em um ambiente semelhante à Terra primitiva.

Impacto do Oxigênio na Atividade da SOD

Os níveis de oxigênio dissolvido nas culturas afetaram como as enzimas SOD funcionavam. Nas culturas cultivadas sob condições anóxicas, a atividade da SOD foi maior, o que implica que esses organismos estavam bem preparados pra lidar com espécies reativas de oxigênio, apesar da falta de oxigênio em seu entorno.

Níveis de Expressão Gênica

Os genes responsáveis pela produção de SODs mostraram diferentes expressões sob níveis variados de oxigênio. O estudo indicou uma relação entre os níveis de oxigênio e a expressão dessas enzimas protetoras. À medida que os níveis de oxigênio flutuavam, assim também a atividade das SODs, demonstrando como esses organismos se adaptaram ao longo do tempo.

Conclusão

Esse estudo esclarece como as cianobactérias primitivas, como a Pseudanabaena sp. PCC7367, não apenas sobreviveram, mas prosperaram em ambientes que careciam de oxigênio. A capacidade de produzir e gerenciar oxigênio de forma eficaz enquanto se adaptam a condições em mudança é essencial pra entender a evolução da vida na Terra.

Em resumo, estudar esses organismos antigos pode oferecer insights valiosos sobre como a vida se adaptou à nossa atmosfera rica em oxigênio e como a jornada da vida se desenrolou em nosso planeta. Investigações futuras nas funções específicas dessas enzimas protetoras aumentarão ainda mais nosso conhecimento sobre como as formas de vida primitivas navegaram pela transição para um mundo rico em oxigênio, preparando o terreno para as diversas comunidades biológicas que vemos hoje.

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