Melhorando o Controle da Cólera Através de Testes Mais Eficazes
Testes melhorados podem dar um gás nos esforços de vacinação contra cólera e controlar surtos de forma eficaz.
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A Cólera continua sendo um grande problema de saúde pública em lugares onde a água segura e o saneamento não são fáceis de encontrar. Na África, um monte de gente tá em risco, com cerca de 87 milhões de pessoas vivendo em áreas com altas taxas de cólera. Mas esses números provavelmente estão subestimados porque eles dependem principalmente de relatórios de clínicas, que nem sempre confirmam os casos com testes de laboratório confiáveis.
Os casos de cólera podem variar bastante dependendo do tempo e do lugar. Entre 2010 e 2016, a maioria dos casos na África veio de menos de 5% da população, com muitos surtos concentrados em só alguns países. Até em regiões com altas taxas de cólera, a disseminação da doença pode ser imprevisível, com alguns anos tendo casos contínuos e outros com intervalos de vários anos. Essa inconsistência dificulta o trabalho das autoridades de saúde em monitorar a doença, já que elas podem precisar de definições e formas diferentes de relatar os casos com base em vários fatores. Quando a disseminação da cólera e os métodos de relato diferem muito, fica difícil implementar medidas de controle da doença de forma eficaz.
Pesquisas mostraram que direcionar os esforços de controle da cólera para áreas com histórico de altos casos pode aumentar a eficácia e a relação custo-benefício dessas intervenções. Isso é crucial para atividades como Vacinação, onde as vacinas limitadas precisam ser direcionadas para as áreas mais afetadas. Porém, muitos países africanos que enfrentam cólera não têm programas de vigilância robustos para ajudar nesse direcionamento. Embora existam sistemas para rastrear casos de cólera em clínicas, os métodos variam bastante, com diferenças nas definições, na qualidade dos dados e em como os casos são detectados. Além disso, os testes laboratoriais sistemáticos para confirmar casos Suspeitos de cólera enfrentam dificuldades devido à falta de recursos.
Em um estudo de 2010 a 2019, apenas um quarto dos surtos suspeitos na África tinham dados de teste laboratorial disponíveis, e ainda menos casos de cólera foram confirmados. Embora os testes rápidos estejam se tornando mais populares para detectar cólera, seu uso ainda é relativamente novo, e há muita variação em quão bem eles funcionam em diferentes lugares. Não existem padrões globais atualmente para o uso desses testes no monitoramento eficaz dos casos de cólera.
Uma análise recente descobriu que quase metade dos casos suspeitos de cólera eram, de fato, cólera verdadeira, mas esse número pode mudar bastante dependendo de onde e quando foi medido. Muitos casos suspeitos podem ser de outras doenças que causam diarreia. Então, usar suprimentos limitados de vacinas principalmente com base em casos suspeitos pode não ser a abordagem mais eficaz. Melhorar a capacidade laboratorial para confirmar casos aumentaria a eficiência dos esforços de vacinação e ampliaria seu impacto, além de reduzir o número de locais de vacinação necessários.
Para entender melhor o impacto potencial da melhoria nos testes, os pesquisadores analisaram áreas afetadas pela cólera na África onde existem estimativas detalhadas de incidência. Eles criaram um modelo para avaliar como mudanças na capacidade de testes poderiam melhorar os esforços de vacinação. O modelo avaliou diferentes cenários com base em como os testes eram realizados, os limiares para vacinação e a escala em que as campanhas eram realizadas.
Os pesquisadores usaram estimativas existentes de incidência de cólera de 2010 a 2016, refinando esses números para áreas geográficas menores. Eles assumiram que essas taxas permaneceriam estáveis nos próximos anos, a menos que a vacinação fosse modelada. Eles também consideraram que nem todos os casos suspeitos seriam infecções verdadeiras de cólera, usando uma abordagem estatística para estimar as taxas reais de cólera.
Em termos de propriedades da vacina, os pesquisadores assumiram que indivíduos totalmente vacinados teriam um efeito protetor direto que diminui com o tempo. Eles estimaram que uma parte significativa da população receberia duas doses da vacina nas áreas-alvo.
Para o modelo, eles examinaram vários cenários relacionados à capacidade de testes e os limites usados para direcionar as vacinações. No total, simularam 18 cenários diferentes de vacinação, além de um sem vacinação.
Sob diferentes condições de teste, os pesquisadores observaram quão bem as taxas de incidência correspondiam aos casos reais. Eles consideraram três configurações: baixa capacidade (onde apenas casos suspeitos eram relatados), testes descentralizados (onde os testes eram realizados sistematicamente em níveis locais) e testes centralizados (onde as amostras eram enviadas para laboratórios nacionais).
Para as unidades administrativas onde as taxas de cólera ultrapassavam determinados limites, eles avaliaram como o direcionamento de vacinas funcionaria nessas várias condições de teste. O impacto geral das campanhas de vacinação foi medido em termos de quantos casos foram prevenidos e a relação custo-benefício dessas ações.
Os resultados mostraram que testes sistemáticos melhoraram significativamente a eficiência das campanhas de vacinação. Ao direcionar áreas de alta incidência, campanhas que usavam testes sistemáticos (seja descentralizados ou centralizados) sempre se saíram melhor do que aquelas que se baseavam apenas em definições de casos suspeitos. Em cenários com um alto limiar de incidência, testes descentralizados permitiram uma entrega mais focada das vacinas, garantindo que a maioria das pessoas vacinadas estivesse em áreas de alto risco.
Por exemplo, quando distritos com altas taxas de cólera foram alvo de testes descentralizados, foram necessárias muitas menos doses enquanto ainda se preveniam um número significativo de casos. Essa abordagem também tornou as campanhas mais econômicas, com menos dinheiro gasto por caso de cólera evitado.
Em cenários onde os testes foram utilizados, os custos dos testes foram menores, permitindo que os recursos fossem alocados de maneira mais eficaz. Os resultados sugeriram que a introdução de testes descentralizados sistemáticos poderia melhorar dramaticamente os resultados das campanhas de vacinação ao reduzir custos e permitir um melhor rastreamento dos casos de cólera.
Comparar os métodos de teste descentralizados e centralizados destacou que ambos têm suas vantagens. O teste centralizado atingiu menos indivíduos, mas teve uma eficiência um pouco melhor. O método descentralizado, no entanto, realizou mais testes, levando a taxas de positividade mais precisas.
Apesar dos avanços mostrados nos modelos, desafios significativos ainda existem na implementação de testes eficazes em muitas áreas afetadas pela cólera. A variabilidade no acesso aos cuidados de saúde, a qualidade dos dados e a capacidade de realizar testes afetam o funcionamento dos sistemas de vigilância.
Enquanto os testes rápidos de cólera estão se tornando mais disponíveis, eles ainda não receberam aprovação global e seu uso continua inconsistente. Melhorias nas práticas de teste e o desenvolvimento de protocolos de teste melhores são essenciais para expandir o uso das vacinas de forma eficaz.
Além disso, o modelo utilizou taxas médias de incidência de cólera de anos anteriores, o que pode não refletir com precisão as condições atuais. Além disso, o modelo não capturou as variações na transmissão da doença causadas por surtos ou emergências.
Fortalecer os sistemas de vigilância sempre foi reconhecido como vital para um direcionamento eficaz das vacinas e para monitorar o progresso. Atualizações recentes nas diretrizes das organizações de saúde enfatizam o uso de múltiplos fatores, incluindo resultados positivos de testes, para decidir onde alocar recursos de vacinação.
Investir nas capacidades laboratoriais, treinar profissionais de saúde e garantir que as cadeias de suprimentos estejam em funcionamento são críticos para desenvolver medidas eficazes de controle da cólera. Melhorar os testes não só apoia melhores estratégias de vacinação, mas também fortalece as respostas gerais de saúde pública à cólera e outras doenças.
Título: Enhanced cholera surveillance as a tool for improving vaccination campaign efficiency
Resumo: Systematic testing for Vibrio cholerae O1 is rare, which means that the worlds limited supply of oral cholera vaccines may not be delivered to areas with the highest true cholera burden. We modeled how expanding V. cholerae testing affected vaccine impact and cost-effectiveness across different bacteriological confirmation and vaccine targeting assumptions. Systematic testing yielded higher efficiency and cost-effectiveness and slightly fewer averted cases than status quo scenarios targeting suspected cholera. With a 10 per 10,000 incidence rate targeting threshold, testing and status quo scenarios averted 10.3 (95% PI: 8.3-13.0) and 5.6 (95% PI: 4.6-6.7) cases per 1,000 FVPs, respectively. Comparing these scenarios, testing costs increased by $37 (95% PI: 29-52) while vaccination costs reduced by $376 (95% PI: 275-556) per averted case. Introduction of systematic testing into cholera surveillance could improve efficiency and reach of global OCV supply for preventive vaccination.
Autores: Elizabeth C Lee, H. Xu, K. Zou, J. Dent, K. E. Wiens, E. M. Bwenge, L. M. Hampton, A. S. Azman
Última atualização: 2023-06-06 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2022.11.25.22282776
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2022.11.25.22282776.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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