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Proteínas CRISP e seu papel no desenvolvimento de espermatozoides e embriões

Pesquisas mostram que as proteínas CRISP são essenciais para a função do esperma e sucesso do embrião.

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Quando os espermatozoides de mamíferos saem dos testículos, eles não conseguem fertilizar um óvulo imediatamente. Eles precisam passar por duas etapas principais para ganhar a habilidade de fertilizar. Primeiro, eles viajam por um tubo chamado epidídimo, onde amadurecem e ficam armazenados em um lugar seguro. Esse ambiente ajuda eles a desenvolverem a capacidade de fertilizar óvulos. Depois disso, os espermatozoides passam por outra mudança chamada capacitação enquanto se movem pelo trato reprodutivo feminino. Essa mudança é essencial para que eles consigam penetrar e fertilizar um óvulo.

Assim que os espermatozoides chegam na tuba uterina, onde a Fertilização acontece, eles precisam romper as camadas que cercam o óvulo. Isso envolve passar pelo cumulus oophorus e pela zona pelúcida (ZP) antes de conseguir se unir à superfície do óvulo. Quando isso acontece, se forma um zigoto de uma única célula, que então começa sua jornada de desenvolvimento em um organismo multicelular. Embora saibamos muito sobre como os espermatozoides amadurecem após saírem dos testículos, ainda temos várias dúvidas sobre como o tempo que passam no epidídimo afeta o desenvolvimento do embrião.

O Epidídimo e a Maturação dos Espermatozoides

O epidídimo é a principal área onde os espermatozoides amadurecem. Ele tem um tipo especial de tecido que ajuda no transporte de íons, formação de proteínas e secreção de diferentes substâncias. Entre essas proteínas secretadas estão as proteínas CRISP, que são encontradas principalmente na área reprodutiva masculina. Em mamíferos, quatro proteínas CRISP foram identificadas e ajudam os espermatozoides enquanto eles passam pelos tratos reprodutivos masculino e feminino.

As proteínas CRISP têm uma estrutura única com vários resíduos de cisteína conservados e dois domínios funcionais. A parte N-terminal das proteínas CRISP ajuda nas interações entre células e está envolvida em vários processos, enquanto a parte C-terminal regula os canais iônicos. Essas proteínas têm papéis essenciais na maturação, capacitação e fertilização dos espermatozoides.

Papel das Proteínas CRISP na Fertilização

A CRISP2 é produzida nos testículos, enquanto outras, como a CRISP1, são produzidas no epidídimo e dependem de hormônios masculinos. Sabe-se que a CRISP1 previne a fertilização precoce inibindo um canal de Cálcio crucial chamado CatSper, que é vital para a função do espermatozoide. Além disso, a CRISP1 ajuda os espermatozoides a interagirem com a zona pelúcida e se fundirem ao óvulo. A CRISP4 é semelhante à CRISP1, pois também é feita no epidídimo e ajuda durante a maturação e o processo de fertilização dos espermatozoides. A CRISP3 tem uma distribuição mais ampla e é encontrada em várias áreas, incluindo glândulas que ajudam nas funções imunes.

Apesar de vermos que as proteínas CRISP são essenciais para a fertilização, estudos em camundongos machos que não têm proteínas CRISP individuais mostram que eles ainda conseguem ter filhotes. Isso sugere que outras proteínas CRISP podem compensar a falta de uma. Porém, quando vários genes CRISP são alterados, isso pode impactar significativamente a fertilidade.

Pesquisas com camundongos machos que não têm a CRISP1 e a CRISP3 mostram que, mesmo conseguindo fertilizar óvulos, o desenvolvimento subsequente dos Embriões é prejudicado. Os embriões não atingem o estágio de blastocisto, indicando que defeitos no desenvolvimento inicial do embrião podem ocorrer mesmo que a fertilização em si seja bem-sucedida. Além disso, esses camundongos tinham espermatozoides que tinham dificuldade em se mover corretamente no trato reprodutivo feminino, tornando mais difícil para os espermatozoides sobreviverem e chegarem ao óvulo.

Investigando o Desenvolvimento Inicial do Embrião

Ao estudar como a ausência da CRISP1 e da CRISP3 afeta o desenvolvimento do embrião, os pesquisadores queriam ver se os problemas eram causados por um atraso na fertilização. Para verificar isso, eles analisaram como os espermatozoides se moviam pelo trato reprodutivo feminino logo após a cópula. Descobriu-se que os espermatozoides mutantes conseguiam chegar à tuba uterina de forma eficiente, assim como os espermatozoides normais, sugerindo que os problemas no desenvolvimento inicial do embrião não eram devido a problemas de transporte do espermatozoide.

Apesar de não haver problemas com os espermatozoides chegando ao local da fertilização, os embriões resultantes tinham uma taxa de sucesso menor em desenvolver além do estágio de duas células. Essa descoberta levou à conclusão de que fatores além de apenas uma fertilização atrasada estavam causando os problemas no desenvolvimento inicial do embrião.

Coleta de Espermatozoides e Técnicas de Inseminação

Para explorar melhor os defeitos no desenvolvimento inicial, os cientistas inseminaram diretamente espermatozoides epididimários mutantes e de controle no trato reprodutivo feminino. Mesmo com taxas normais de fertilização, as porcentagens de embriões que atingiram o estágio de blastocisto a partir de espermatozoides mutantes foram menores. Isso mostra que os problemas com o desenvolvimento do embrião existiam nos espermatozoides mutantes antes de eles fazerem qualquer contato com o óvulo.

Estudos de fertilização in vitro (IVF) também foram conduzidos. Quando os espermatozoides foram misturados com óvulos que foram removidos de suas camadas protetoras, as taxas de fertilização para os espermatozoides mutantes ainda eram mais baixas. Isso sugere que a incapacidade de se desenvolver em um blastocisto estava relacionada a fatores diferentes da habilidade do espermatozoide em penetrar na cobertura do óvulo.

Investigando Eventos de Fertilização Inicial

Para entender melhor os mecanismos que afetam o desenvolvimento do embrião, os pesquisadores analisaram o DNA dos óvulos fertilizados. Os óvulos fertilizados por espermatozoides mutantes mostraram que muitos ainda estavam em um estado conhecido como Metáfase II, indicando que havia problemas com a retomada da meiose após a fertilização. Isso significa que os óvulos fertilizados estavam atrasados em progredir pelas primeiras etapas de desenvolvimento.

Ao monitorar os níveis de cálcio nos óvulos após a fertilização, não foram encontradas diferenças entre os espermatozoides de controle e os mutantes em relação aos padrões de oscilações de cálcio. Isso indicou que os problemas observados com os espermatozoides mutantes não eram devido a problemas nas dinâmicas de cálcio durante o processo de ativação do óvulo.

Analisando a Integridade do DNA nos Espermatozoides

Como as falhas no desenvolvimento do embrião podem também surgir de DNA danificado, os pesquisadores examinaram os níveis de fragmentação do DNA nos espermatozoides mutantes. Eles descobriram que os espermatozoides mutantes apresentavam níveis de fragmentação do DNA consideravelmente mais altos em comparação com os espermatozoides de controle. Isso sugere que danos no DNA dos espermatozoides poderiam levar a problemas nos processos de fertilização e desenvolvimento inicial.

A relação entre a alta fragmentação do DNA dos espermatozoides e o insucesso no desenvolvimento do embrião foi notada em vários estudos. Espermatozoides com DNA danificado podem ainda fertilizar um óvulo, mas o embrião resultante frequentemente encontra dificuldades para se desenvolver normalmente.

O Papel do Cálcio na Função dos Espermatozoides

Os pesquisadores consideraram como a ausência da CRISP1 e da CRISP3 poderia levar a níveis mais altos de fragmentação do DNA nos espermatozoides. Como essas proteínas não são produzidas nos testículos, mas desempenham papéis no epidídimo, é provável que os defeitos estivessem ocorrendo ali. O aumento de danos no DNA nos espermatozoides mutantes sugere que essas proteínas podem ser necessárias para manter a integridade do DNA dos espermatozoides durante sua passagem pelo epidídimo.

Além disso, relatórios indicaram que a exposição a certos cátions poderia induzir a fragmentação do DNA nos espermatozoides. Portanto, os níveis mais altos de cálcio nos espermatozoides mutantes poderiam contribuir para a degradação do seu DNA, aumentando a probabilidade de problemas no desenvolvimento do embrião mais tarde.

Importância das Descobertas

No geral, essa pesquisa apoia a ideia de que o epidídimo faz mais do que apenas ajudar os espermatozoides a ganharem a capacidade de fertilizar. Ele contribui significativamente para o desenvolvimento inicial do embrião. A presença das proteínas CRISP1 e CRISP3 no epidídimo parece ser essencial para manter a integridade do DNA dos espermatozoides, influenciando o sucesso do desenvolvimento inicial do embrião.

Essas descobertas têm implicações também para entender a infertilidade humana. Dado que os humanos têm proteínas CRISP comparáveis, é possível que elas também desempenhem um papel nos resultados reprodutivos. A incidência de fragmentação do DNA dos espermatozoides está associada a várias questões de infertilidade masculina, destacando a relevância dessas proteínas e seus efeitos no desenvolvimento embrionário.

Conclusão

Essa pesquisa ilumina a relação complexa entre a função dos espermatozoides e o desenvolvimento do embrião. Destaca a importância dos fatores presentes no epidídimo, particularmente as proteínas CRISP, que desempenham um papel em manter a qualidade dos espermatozoides e apoiar resultados embrionários saudáveis no início. Entender esses mecanismos contribuirá para melhores abordagens no diagnóstico e tratamento da infertilidade em humanos.

Fonte original

Título: Contribution of the epididymis beyond fertilization: relevance of CRISP1 and CRISP3 for sperm DNA integrity and early embryo development

Resumo: Numerous reports show that the epididymis plays a key role in the acquisition of sperm fertilizing ability but less information exists on its contribution to embryo development. Evidence from our laboratory showed that mammalian CRISP (Cysteine-Rich Secretory Proteins), known to be expressed in the epididymis, to regulate calcium (Ca2+) channels and to participate in fertilization, may also be relevant for embryo development. More specifically, we found that males with simultaneous mutations in Crisp1 and Crisp3 genes exhibited normal in vivo fertilization but impaired embryo development. In the present work, aimed to investigate the mechanisms underlying this reproductive phenotype, we observed that embryo development failure was not due to delayed fertilization as no differences in sperm transport within the female tract nor in in vivo fertilization were found shortly after mating. The observation that impaired embryo development was also found in eggs fertilized by epididymal sperm either after uterine insemination or in vitro fertilization, revealed that the defects were already present at epididymal level. Of note, eggs fertilized in vitro by mutant sperm exhibited impaired meiotic resumption not due to defects in Ca2+oscillations during egg activation, prompting us to examine potential sperm DNA defects. Interestingly, higher levels of both DNA fragmentation and intracellular Ca2+ were observed for mutant than for control epididymal sperm, supporting sperm DNA damage, likely linked to a Ca2+ dysregulation, as the main responsible for the early development failure of mutant males. Together, our results support the contribution of the epididymis beyond fertilization, identifying CRISP1 and CRISP3 as novel male factors relevant for DNA integrity and early embryo development. Given the existence of human functional homologues of CRISP and the incidence of DNA fragmentation in infertile men, we believe these findings not only provide relevant information on the impact of epididymal factors on embryonic development but will also contribute to a better understanding, diagnosis and treatment of human infertility.

Autores: Patricia S. Cuasnicu, V. Sulzyk, L. Curci, L. N. Gonzalez, A. Rebagliati Cid, M. Weigel Munoz

Última atualização: 2024-03-22 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.03.19.585807

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.03.19.585807.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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