Conscientização sobre a Esquistossomose Genital Feminina na RDC
Este estudo revela lacunas importantes no conhecimento sobre FGS em Kongo Central.
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Índice
Esquistossomose, também conhecida como bilharzia ou febre do caramujo, é uma doença causada por vermes parasitas. Ela é bastante comum em regiões com pouco acesso a água limpa e saneamento. A doença afeta mais de 240 milhões de pessoas no mundo todo, sendo a maioria dos casos na África. A esquistossomose é a segunda doença parasitária mais prevalente, depois da malária, e traz sérios desafios de saúde e econômicos em muitas comunidades africanas.
Três tipos principais de esquistossomose afetam os humanos na África:
- Schistosoma haematobium: Esse tipo causa problemas principalmente nas vias urinárias.
- Schistosoma mansoni: Esse tipo afeta principalmente os intestinos.
- Schistosoma intercalatum: Esse tipo também impacta os intestinos.
Esses parasitas são transmitidos através de caramujos de água doce. Quando as pessoas têm contato com água contaminada, as larvas podem penetrar na pele. Tanto a esquistossomose intestinal quanto a urinária podem levar a vários problemas de saúde, como anemia, crescimento retardado e dificuldades de aprendizagem em crianças.
As pessoas infectadas com esses parasitas podem nem sempre apresentar sintomas graves, mas infecções crônicas podem levar a complicações sérias. Por exemplo, a forma urinária da doença pode causar dor ao urinar, irritação na bexiga e até câncer na bexiga. A forma intestinal pode resultar em dor abdominal, diarreia com sangue e problemas no fígado.
Esquistossomose Genital Feminina (EGF)
A infecção crônica com Schistosoma haematobium também pode resultar em esquistossomose genital feminina (EGF). Essa condição envolve a presença de ovos de esquistossomos no sistema reprodutivo feminino, causando inflamação e vários problemas. Mulheres e meninas podem experimentar sintomas como sangramento, coceira, secreção incomum e dor durante a relação sexual. Infelizmente, esses sintomas muitas vezes podem ser confundidos com infecções sexualmente transmissíveis, o que leva a diagnósticos errados e estigmas.
A EGF costuma estar ligada a um maior risco de contrair HIV e câncer cervical. Infelizmente, a atenção à EGF tem sido ofuscada por formas mais comuns de esquistossomose, levando a uma pesquisa e conscientização limitadas. Muitos Profissionais de Saúde e membros da comunidade não têm conhecimento sobre EGF, o que dificulta os esforços de prevenção e tratamento.
Visão Geral do Estudo
Esse estudo teve como objetivo avaliar o conhecimento, atitudes e práticas (KAP) sobre EGF entre mulheres da comunidade e profissionais de saúde na província do Kongo Central, DRC. A região tem uma alta prevalência de esquistossomose, tornando essencial entender como essa doença é percebida e gerida dentro da comunidade.
Considerações Éticas
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de Kinshasa. Os participantes foram informados sobre os objetivos do estudo e sua confidencialidade foi garantida. O consentimento foi obtido de adultos e dos pais de menores de idade.
Área e Ambiente do Estudo
Realizado em janeiro de 2022, o estudo aconteceu na vila Kifua II e na cidade de Kimpese dentro da província do Kongo Central. Kifua II tem uma alta prevalência de esquistossomose, com muitos residentes dependendo do Rio Ngongo para água, o que aumenta o risco de infecção.
Desenho do Estudo
Um desenho de estudo transversal foi empregado, utilizando questionários semiestruturados para coletar dados de mulheres da comunidade e profissionais de saúde. Os questionários incluíam várias perguntas relacionadas a dados demográficos, conhecimento sobre EGF, atitudes em relação à doença e práticas relacionadas.
Tamanho e Seleção da Amostra
O estudo incluiu 262 participantes - 201 mulheres da comunidade, 20 enfermeiras e 41 médicos. As mulheres da comunidade foram selecionadas por amostragem aleatória, enquanto os profissionais de saúde foram escolhidos de forma intencional com base em seus papéis.
Resultados
Características Sociodemográficas
A idade dos participantes variou de 15 a 59 anos. A maioria das mulheres da comunidade era casada, com um número significativo sem educação formal. Muitas dependiam da agricultura para viver, com rendas mensais baixas comuns na área. Em contraste, os profissionais de saúde eram geralmente mais jovens e predominantemente homens.
Conhecimento sobre EGF
Conhecimento das Mulheres da Comunidade
A maioria das mulheres da comunidade relatou estar ciente da esquistossomose; no entanto, mais da metade tinha conhecimento limitado sobre EGF especificamente. Embora muitas reconhecessem alguns sintomas e complicações, existiam muitas concepções erradas. Por exemplo, menos da metade sabia sobre os riscos associados à água contaminada.
Conhecimento dos Profissionais de Saúde
Os profissionais de saúde mostraram um melhor entendimento dos sintomas de EGF e reconheceram sua gravidade. A maioria dos médicos e enfermeiras identificou sintomas comuns e acreditou na importância do diagnóstico e tratamento. No entanto, algumas concepções equivocadas sobre as vias de transmissão permanecem, incluindo a ligação da EGF ao contato sexual.
Atitudes em Relação à EGF
Atitude das Mulheres da Comunidade
Muitas mulheres da comunidade expressaram uma atitude positiva em relação à EGF. No entanto, algumas viam a doença como não muito séria e hesitavam em buscar ajuda médica. Barreiras para discutir sintomas abertamente com membros da família eram prevalentes, já que muitos temiam o estigma social.
Atitudes dos Profissionais de Saúde
Os profissionais de saúde geralmente consideravam a EGF uma doença séria. A maioria acreditava que era essencial defender medidas de prevenção e tratamento. No entanto, preocupações sobre os custos do tratamento e recursos foram notadas.
Práticas Relacionadas à Água, Saneamento e Higiene
Os membros da comunidade frequentemente se envolviam em práticas de contato com água arriscadas devido à falta de acesso a instalações limpas. As principais fontes de água eram rios comumente contaminados, e muitos participantes defecavam ao ar livre por falta de banheiros. Essas práticas aumentavam significativamente o risco de transmissão da esquistossomose.
A maioria das mulheres da comunidade indicou que buscaria ajuda médica se sintomas surgissem, mas muitas tinham opções de tratamento ou informações limitadas sobre EGF.
Práticas dos Profissionais de Saúde
A maioria dos profissionais de saúde relatou ter encontrado casos de EGF em sua prática. No entanto, enfrentaram desafios para diagnosticar a doença devido a recursos e equipamentos limitados. Muitos confiavam em exames básicos em vez de testes diagnósticos abrangentes.
Discussão
Lacunas de Conhecimento e Concepções Erradas
Embora os membros da comunidade estivessem cientes da esquistossomose, seu entendimento sobre EGF era limitado. É necessário abordar as concepções erradas sobre como a EGF é transmitida por meio da educação. Melhorar o acesso a informações precisas é crucial para reduzir o estigma e incentivar o comportamento de busca por tratamento.
Importância da Educação e Conscientização
Há uma necessidade crítica de programas educativos voltados para aumentar a conscientização sobre EGF entre mulheres da comunidade e profissionais de saúde. Oficinas e sessões de informação poderiam ajudar a corrigir concepções erradas e promover práticas mais saudáveis.
Água, Saneamento e Higiene (WASH)
O acesso a água limpa e saneamento adequado continua sendo um problema significativo em Kifua II. Investimentos em infraestrutura de WASH poderiam reduzir drasticamente a transmissão da esquistossomose. Fornecer acesso a fontes de água limpa e construir banheiros provavelmente teria um impacto positivo na saúde da comunidade.
Abordando o Estigma e Barreiras Culturais
O medo do estigma relacionado à EGF contribui para a hesitação em buscar tratamento. Programas que promovem conversas abertas sobre a doença e seus sintomas ajudariam a quebrar essas barreiras culturais. Envolver líderes comunitários e usar abordagens culturalmente sensíveis pode melhorar os esforços de conscientização.
Integração de Serviços
Integrar o manejo da EGF nos serviços de saúde da mulher existentes também pode melhorar o acesso e a conscientização sobre tratamento. Uma abordagem holística para a saúde da mulher que inclua educação, triagem e tratamento para EGF poderia levar a melhores resultados de saúde.
Conclusão
Os achados destacam a necessidade de melhorar a conscientização e o entendimento sobre a esquistossomose genital feminina entre mulheres da comunidade e profissionais de saúde. Ao abordar as lacunas de conhecimento, promover práticas mais saudáveis e aumentar o acesso a recursos, a comunidade pode trabalhar para reduzir o impacto dessa doença tropical negligenciada. A educação contínua, o saneamento melhorado e discussões abertas sobre EGF são passos essenciais em direção a melhores resultados de saúde na província do Kongo Central.
Título: Knowledge, attitudes and practices toward female genital schistosomiasis among community women and healthcare professionals in Kimpese region, Democratic Republic of Congo
Resumo: BackgroundChronic infection with Schistosoma haematobium causes female genital schistosomiasis (FGS), which leads to diverse lesions in the female genital tract and several complications, including women infertility and a higher risk for HIV transmission. This study, therefore, aims to understand the knowledge, attitudes, and practices (KAP) toward FGS and associated factors among women and health professionals in the schistosomiasis endemic focus of Kimpese, western Democratic Republic of Congo (DRC). MethodsIn January 2022, a semi-quantitative questionnaire was administered to randomly selected community women in Kifua II village and health professionals (nurses and doctors) from Kimpese Health Zone. KAP statements were coded and summarized as frequencies and percentages. Association between the socio-demographic characteristics of respondents and KAP was assessed using Pearson chi-square ({chi}2) test, Cramers V ({varphi}) and gamma ({gamma}) coefficients. ResultsA total of 262 participants were included (201 community women, 20 nurses and 41 doctors). Overall, respondents had high knowledge of schistosomiasis in general but low FGS- specific knowledge (91% versus 45%). Some misconceptions regarding FGS transmission were even higher among healthcare professionals compared to the community women. Almost a third (30%) of the community women and 20% of the nurses believe that FGS is transmitted by drinking untreated water, while 27% of the doctors believe that sexual contact is a mode of FGS transmission. Additionally, 30% of the doctors do not link FGS with urinating in the water. Furthermore, many community women (60%) practice open defecation or urination and do not consider avoiding contact with contaminated water sources important (72%), especially the younger ones. Finally, diagnostic technologies for FGS are lacking, with only 57% of healthcare workers having a microscope in their facilities. ConclusionThis study reveals insufficient knowledge about FGS and existing negative attitudes toward FGS among community women associated with socio-demographic factors. Additionally, health professionals lack the means (equipment) and specialised knowledge to diagnose FGS correctly, which probably leads to underreporting as this region is endemic for urinary schistosomiasis. AUTHORS SUMMARYSchistosomiasis is a disease caused by parasitic worms and it is contracted through contact with contaminated water. Female genital schistosomiasis (FGS) is a form of the disease that affects the female reproductive organs and can lead to infertility, but also stigma and discrimination. This study used a quantitative research approach to explore community women and healthcare workers knowledge, attitudes and practices on and health-seeking behaviour of the women regarding FGS in Kongo Central, DRC. While both groups had high knowledge of schistosomiasis, they had a limited understanding of FGS specifically. Misconceptions about its cause and prevention were common, particularly among medical doctors. Many community members engaged in risky water contact and hygiene practices. Healthcare workers reported limited diagnostic tools and expressed interest in specialised training on FGS diagnosis, treatment, and prevention. Consequent to limited knowledge and ill- equipped laboratories, health workers are most likely underreporting the disease in the region. The study highlights the need to integrate FGS into public health education programs for both community members and healthcare workers in Kongo Central and underscores the importance of addressing misconceptions about the disease and the prevention measures.
Autores: Cecilia Wangari Wambui, J. Madinga, M. G. Ashepet, M. K. Anyolitho, P. Mitashi, T. Huyse
Última atualização: 2023-07-18 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.07.17.23292750
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.07.17.23292750.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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