Desvendando a Evolução do CAM em Tillandsia
Estudo revela a complexidade genética por trás das adaptações CAM em plantas de Tillandsia.
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O estudo de como características complexas evoluem nos seres vivos é um grande desafio para quem pesquisa evolução. Enquanto é esperado que características simples, causadas por apenas uma mudança em um gene, sejam comuns, descobrir como características mais complicadas surgem, que precisam de mudanças em várias partes de um organismo, não é fácil. Algumas características parecem aparecer repetidamente em diferentes tipos de plantas e animais, mesmo que os caminhos genéticos que levam a essas características possam ser diferentes.
Uma possibilidade para isso é que características físicas semelhantes possam surgir através de diferentes conjuntos de mudanças genéticas. Isso acontece porque algumas características são influenciadas por muitos genes diferentes, e esses genes podem ter funções sobrepostas. Existem muitos exemplos disso na natureza, incluindo certos tipos de camundongos e várias plantas, onde características semelhantes surgiram sem compartilhar o mesmo fundo genético.
CAM)
Metabolismo Ácido Crassuláceo (Uma dessas características complexas é conhecida como Metabolismo Ácido Crassuláceo (CAM). Esse é um jeito que algumas plantas capturam dióxido de carbono (CO2) para ajudar na fotossíntese. Em pelo menos 38 famílias de plantas, os cientistas descobriram que o CAM se desenvolveu de forma independente pelo menos 66 vezes. As plantas CAM têm um jeito único de armazenar CO2 à noite e usá-lo durante o dia, que é diferente de como a maioria das plantas, chamadas plantas C3, funcionam.
A principal diferença entre as plantas CAM e C3 é o processamento inicial do CO2. As plantas CAM usam uma enzima para transformar o CO2 em outro químico chamado malato, que é armazenado durante a noite e depois convertido de volta em CO2 durante o dia para ser usado na fotossíntese. Esse processo permite que as plantas CAM abram seus poros, ou estômatos, à noite quando está mais fresco e os mantenham fechados durante o dia, economizando água. Isso é especialmente útil para plantas em lugares quentes ou secos.
O CAM é considerado uma característica complexa. Não só envolve mudanças no momento em que certos genes são ativados ou desativados, mas também está ligado a características anatômicas específicas que ajudam a planta a funcionar de forma eficaz. Essas características incluem áreas de armazenamento maiores dentro das células e diferentes arranjos das células. No entanto, antes se pensava que as plantas poderiam ser classificadas apenas como C3 ou CAM, mas novos métodos mostraram que muitas plantas podem apresentar uma mistura dessas características.
O Papel de Tillandsia
O subgênero Tillandsia, parte da família Bromeliaceae, é um grupo interessante para estudar como diferentes características ecológicas evoluíram entre as plantas. Tillandsia contém mais de 250 espécies que se desenvolveram ao longo de 7 milhões de anos. Muitas dessas espécies se adaptaram aos seus ambientes de maneiras únicas, incluindo o desenvolvimento do CAM.
Este estudo busca explorar se as plantas CAM facultativas (aquelas que podem alternar entre C3 e CAM) e as plantas CAM constitutivas (aquelas que usam CAM constantemente) compartilham um fundo genético ou se alcançam suas características CAM através de diferentes mudanças genéticas. Para isso, os cientistas analisaram duas espécies de Tillandsia: T. leiboldiana e T. vanhyningii, que mostraram medições de isótopos de carbono muito diferentes. Uma é considerada uma planta CAM forte, enquanto a outra é vista como uma planta que opera principalmente como C3.
Configuração Experimental
Para responder às perguntas da pesquisa, foram desenhados experimentos para capturar mudanças na fisiologia e na Expressão Gênica relacionadas ao CAM e estresse hídrico. Ambas as espécies de Tillandsia foram cultivadas em condições controladas por 6 semanas antes de serem expostas a um ciclo de luz e escuridão de 12 horas por 14 dias. Algumas plantas ficaram em condições de seca por não serem regadas, enquanto outras foram mantidas em condições normais de irrigação.
Após 14 dias, amostras de folhas foram coletadas em diferentes horários ao longo do dia e da noite para evitar danos. A análise se concentrou em como cada espécie respondeu à seca, olhando especialmente para mudanças nos níveis de acidez nas folhas, que se relacionam com a atividade do CAM, além da expressão gênica através de sequenciamento de RNA.
Medindo Mudanças na Acidez
Os níveis de acidez nas amostras de folhas foram medidos para observar as mudanças que ocorreram ao longo do dia tanto em condições normais quanto em condições de seca. Esses níveis refletem a habilidade das plantas de realizar CAM, já que plantas CAM normalmente acumulam mais ácidos à noite e os usam durante o dia.
Os resultados mostraram que T. vanhyningii apresentou um padrão forte semelhante ao CAM, com mudanças significativas nos níveis de acidez entre o dia e a noite. Em contraste, T. leiboldiana mostrou pouca flutuação na acidez em condições normais, indicando que funcionava mais como uma planta C3 típica. No entanto, sob condições de seca, os níveis de acidez de T. leiboldiana começaram a mudar, sugerindo um possível ciclo CAM fraco.
Análise da Expressão Gênica
O sequenciamento de RNA foi então usado para entender os genes responsáveis pelas mudanças observadas nas plantas. O procedimento envolveu extrair e sequenciar RNA das amostras de folhas. Os dados mostraram que a distribuição da expressão gênica variou significativamente entre as duas espécies, especialmente sob diferentes condições de irrigação.
A maioria dos genes em T. vanhyningii se manteve constante, enquanto T. leiboldiana mostrou uma resposta muito mais ampla ao estresse hídrico. Isso implica que T. vanhyningii, uma planta CAM constitutiva, mantém seus processos metabólicos mesmo durante a seca, enquanto T. leiboldiana parece mais sensível a mudanças na disponibilidade de água.
Respostas Sobrepostas
Uma análise mais aprofundada mostrou que havia uma sobreposição notável nas respostas de expressão gênica entre as duas espécies. Ao observar as respostas à seca, muitos genes foram expressos exclusivamente em T. vanhyningii ou T. leiboldiana, sugerindo que cada espécie desenvolveu suas próprias estratégias genéticas para lidar com o estresse ambiental.
Apesar de sua relação próxima, as diferenças significativas na expressão gênica sugerem caminhos evolutivos distintos em como cada planta se adapta ao seu ambiente. T. vanhyningii mantém um metabolismo estável sob estresse, enquanto T. leiboldiana mostra fortes sinais de ativação das características do CAM quando está em seca.
Comparando Respostas à Seca
A comparação também destacou que a resposta de T. leiboldiana parece mais alinhada com plantas C3 típicas que têm a capacidade de mudar para CAM sob estresse. Em contraste, T. vanhyningii retém em grande parte suas funções CAM sem alterações significativas sob estresse hídrico.
Isso sublinha a ideia de que diferentes estratégias CAM podem coexistir em espécies intimamente relacionadas, revelando como caminhos genéticos complexos podem levar a características semelhantes de maneiras diferentes. A descoberta de que T. leiboldiana pode funcionar como uma planta CAM fraca, em vez de uma verdadeira planta C3, demonstra a importância de estudar essas características em vários contextos ambientais e de desenvolvimento.
Discussão
O estudo ilustra como o CAM pode se manifestar de várias formas, levando a uma variedade de adaptações em diferentes espécies de plantas. Ele enfatiza a complexidade das respostas das plantas aos desafios ambientais e os fundamentos genéticos de tais adaptações.
Além disso, sugere que o CAM não é apenas uma característica única, mas sim um espectro de adaptações que diferentes plantas desenvolveram ao longo do tempo. Através da investigação do grupo Tillandsia, os pesquisadores conseguem coletar insights importantes sobre como essas plantas evoluíram para prosperar em ambientes diversos e muitas vezes desafiadores.
Conclusão
Em resumo, a pesquisa sobre as duas espécies de Tillandsia ajuda a lançar luz sobre os caminhos evolutivos associados ao CAM. As descobertas iluminam que, embora duas espécies possam parecer semelhantes na superfície e pertencer ao mesmo grupo, seus mecanismos genéticos subjacentes podem ser notavelmente diferentes. As respostas distintas de T. leiboldiana e T. vanhyningii ao estresse hídrico destacam a natureza complexa da adaptação das plantas. Compreender essas diferenças é crucial para apreciar a evolução das características das plantas e as relações intrincadas entre genética e pressões ambientais.
Estudos futuros podem construir sobre essa pesquisa, explorando uma gama mais ampla de espécies e condições ambientais para desvendar ainda mais as complexidades do CAM e seu papel na evolução das plantas.
Título: Closely related facultative and constitutive CAM phenotypes show little transcriptomic overlap in the subgenus Tillandsia
Resumo: 1.O_LIThe evolutionary trajectory of Crassulacean acid metabolism (CAM) remains elusive, as it has evolved repeatedly, yet represents a complex trait requiring changes on several organismal levels. It is debated whether distinct forms of CAM embody a single quantitative trait, or entirely separate, categorical phenotypes. The subgenus Tillandsia provides an excellent opportunity to compare the genetic basis of different forms of CAM, as species are closely related, yet display a broad range of CAM phenotypes. C_LIO_LIBy combining physiological and transcriptomic analyses of well-watered and drought-stressed accessions of a Tillandsia species pair, we achieved a comprehensive characterization of their photosynthetic phenotypes and the transcriptomic underpinnings and overlap of distinct CAM phenotypes in Tillandsia. C_LIO_LIWe found that a species previously identified as C3 displays an active CAM cycle under drought stress, yet the effect of drought was markedly increased compared to the constitutive CAM species. The CAM-specific transcriptomic response to day-night changes and to drought showed little overlap between the two species, with most DE genes showing distinct regulation patterns or being unique to one species. C_LIO_LIOur study reveals that the two species do not exhibit a shared transcriptomic basis of CAM expressed at distinct levels, but that different transcriptomic routes can lead to similar phenotypes, supporting the view that CAM is a highly polygenic trait. C_LI
Autores: Clara Groot Crego, S. Saadain, M. de La Harpe, J. Hess, M. H. J. Barfuss, W. Till, C. Lexer, O. Paun
Última atualização: 2024-05-10 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.05.09.593278
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.05.09.593278.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/
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