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# Biologia# Neurociência

Repensando o Papel do Cerebelo na Função Cerebral

Novos modelos mostram a ativação seletiva do cerebelo em tarefas de movimento e memória.

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Por mais de trinta anos, cientistas estudam como o cérebro funciona usando um método chamado neuroimagem. Uma área que recebe muita atenção é o Cerebelo, uma parte do cérebro que é importante para várias Tarefas. Essas tarefas incluem mover nossos corpos, falar, lembrar das coisas, focar nossa atenção, interações sociais e ver imagens. Na maior parte do tempo, quando fazemos diferentes Atividades, alguma parte do cerebelo está ativa. Isso fez muitos acreditarem que o cerebelo tem um papel nessas tarefas.

No entanto, tem um problema significativo com essa ideia. Os sinais que medimos no cerebelo vêm principalmente de entradas chamadas fibras musgosas. Essas fibras enviam informações de outras partes do cérebro, especialmente de áreas que controlam funções mais altas, como pensar e planejar. Por causa disso, as mudanças que vemos no cerebelo podem apenas mostrar que a informação está sendo passada por suas conexões fixas, ao invés de indicar que o cerebelo está diretamente envolvido na tarefa. Então, sempre que uma área específica do cérebro é ativada, podemos ver a área correspondente no cerebelo se acendendo, independente de o cerebelo estar contribuindo ativamente para o comportamento.

Isso leva à conclusão de que precisamos olhar para a atividade do cerebelo junto com as áreas do cérebro que enviam informações para ele. Recentemente, pesquisadores criaram modelos para entender melhor como o cerebelo se conecta com o restante do cérebro. Esses modelos mostram como a informação flui do córtex para o cerebelo de uma maneira consistente em várias tarefas. As descobertas desses estudos sugerem duas coisas. Primeiro, estudos anteriores assumiram uma relação simples, um-a-um, entre essas áreas do cérebro. No entanto, os novos modelos indicam que múltiplas áreas no córtex podem enviar sinais para uma região específica no cerebelo. Em segundo lugar, quando analisaram os padrões de atividade cerebral, o melhor modelo conseguiu prever cerca da metade das mudanças de atividade no cerebelo.

O novo modelo serve como uma linha de base para ver se a atividade no cerebelo pode ser explicada apenas por esse fluxo normal de informação do córtex. Se as previsões baseadas nesses modelos forem precisas, isso levanta questões sobre se o cerebelo está desempenhando um papel especial. Uma ideia é que a informação do córtex pode mudar com base em quão importante o cerebelo é para uma tarefa específica. Os pesquisadores chamam isso de hipótese de recrutamento seletivo, sugerindo que o cerebelo recebe mais entradas quando é necessário.

Testando a Hipótese em Tarefas de Movimento

Para investigar essa ideia, os pesquisadores primeiro examinaram tarefas de movimento. Eles se concentraram em pacientes com danos no cerebelo, que costumam ter dificuldades para fazer movimentos rápidos e alternados, uma condição conhecida como disdiadococinesia. No entanto, esses pacientes ainda conseguem usar sua força de preensão tão bem quanto pessoas saudáveis. Com base na hipótese de recrutamento seletivo, os pesquisadores previram que, quando as pessoas eram pedidas para bater os dedos rapidamente, haveria mais atividade no cerebelo do que quando usavam os mesmos dedos para aplicar força, mesmo que a atividade cerebral em outras áreas permanecesse a mesma.

Os participantes foram convidados a realizar tarefas que envolviam pressionar os dedos alternadamente em diferentes velocidades e forças. Ambas as ações levaram a um aumento da atividade nas áreas motoras do cérebro, incluindo o cerebelo. Ao comparar os níveis de atividade, o cerebelo mostrou um aumento maior em resposta à velocidade do que à força. Essa descoberta sugere que o cerebelo está mais ativo quando movimentos rápidos são necessários em comparação a quando apenas força é exigida.

No entanto, os pesquisadores notaram que os padrões de atividade cerebral durante as tarefas de velocidade e força não eram exatamente os mesmos. A tarefa de velocidade ativou mais áreas do córtex motor em comparação à tarefa de força. Isso torna possível que as diferenças na atividade do cerebelo se devessem às informações adicionais que vinham de outras partes do cérebro durante a tarefa de velocidade, ao invés do cerebelo apenas se esforçando mais para aquela tarefa.

Para esclarecer essas descobertas, os pesquisadores utilizaram o modelo de conectividade, que prevê a atividade cerebral com base no fluxo normal de informação do córtex. Esse modelo ajuda a ver se o aumento observado na atividade do cerebelo é maior do que o que o modelo preveria. A análise mostrou que, embora houvesse uma correspondência geral entre a atividade do cerebelo prevista e a observada, as tarefas de velocidade levaram a uma atividade significativamente maior do que o previsto em comparação com as tarefas de força. Isso indica que o cerebelo é recrutado de forma seletiva para movimentos rápidos.

Investigando Tarefas de Memória de Trabalho

Depois de examinar tarefas de movimento, os pesquisadores olharam para tarefas cognitivas, especificamente memória de trabalho. O cerebelo tem se mostrado ativo durante essas tarefas, com certas áreas no cerebelo mostrando mais atividade em comparação a outras. Pacientes com danos no cerebelo costumam ter dificuldades com memória verbal de trabalho, mas ainda não está claro exatamente como essa parte do cérebro contribui para essas tarefas.

Para investigar isso mais a fundo, os pesquisadores criaram uma tarefa de repetição de dígitos. Nessa tarefa, os participantes foram convidados a lembrar de uma sequência de números apresentados na tela. Eles tinham que recordar esses números em ordem ou em reverso, dependendo da tentativa. Essa tarefa permitiu aos pesquisadores avaliar como diferentes fatores como carga de memória (o número de dígitos a serem lembrados), fase da tarefa (quando estavam lembrando versus recordando) e a direção da recordação impactavam a atividade do cerebelo.

Como esperado, os pesquisadores observaram padrões de atividade que correspondiam a redes cerebrais conhecidas durante a execução da tarefa. Eles descobriram que, enquanto lembravam de seis números, especialmente em ordem reversa, houve um aumento da atividade no cerebelo, e o modelo de conexões permitiu prever esse nível de atividade. Curiosamente, durante a condição mais desafiadora-onde os participantes tinham que lembrar de mais dígitos- a atividade observada no cerebelo foi maior do que a prevista pelo modelo.

Isso sugere que, ao serem desafiados a recordar longas sequências de números, o papel do cerebelo é especialmente importante, levando a um nível mais alto de ativação do que o esperado. Os pesquisadores concluíram que se pode ver um recrutamento seletivo do cerebelo quando a carga de memória é alta, indicando um papel especial do cerebelo em tarefas de memória de trabalho.

Implicações e Direções Futuras

Essas descobertas levantam questões importantes sobre como vemos as contribuições do cerebelo tanto em tarefas motoras quanto cognitivas. A presença de atividade no cerebelo nem sempre significa que ele está desempenhando um papel ativo na tarefa que está sendo realizada. Os pesquisadores propõem uma nova maneira de interpretar a atividade do cerebelo, focando em se sua ativação é maior do que se esperaria com sua entrada normal do córtex. Assim, o recrutamento seletivo se torna uma medida mais forte do envolvimento do cerebelo em várias tarefas.

Pesquisas futuras devem focar em refinar os modelos usados para prever a atividade do cerebelo e explorar como diferentes tarefas podem engajar ainda mais o cerebelo. Entender como o cerebelo modula sua resposta com base nas demandas da tarefa vai fornecer insights sobre suas contribuições funcionais em várias atividades. Além disso, será fundamental determinar os processos exatos pelos quais o cerebelo ajusta sua atividade de maneira específica para cada tarefa, seja por meio de conexões com outras áreas do cérebro ou mecanismos internos.

No geral, essa pesquisa abre novas avenidas para entender melhor o papel importante do cerebelo tanto em funções cognitivas quanto motoras, ajudando a esclarecer suas contribuições e interações na vasta rede do cérebro.

Fonte original

Título: Selective recruitment: Evidence for task-dependent gating of inputs to the cerebellum

Resumo: fMRI studies have documented cerebellar activity across a wide array of tasks. However, the functional contribution of the cerebellum within these task domains remains unclear because cerebellar activity is often studied in isolation. This is problematic, as cerebellar fMRI activity may simply reflect the transmission of neocortical activity through fixed connections. Here we present a new approach that addresses this problem. Rather than focus on task-dependent activity changes in the cerebellum alone, we ask if neocortical inputs to the cerebellum are gated in a task-dependent manner. We hypothesize that input is upregulated when the cerebellum functionally contributes to a task. We first validated this approach using a finger movement task, where the integrity of the cerebellum has been shown to be essential for the coordination of rapid alternating movements but not for force generation. While both neocortical and cerebellar activity increased with increasing speed and force, the speed-related changes in the cerebellum were larger than predicted by an optimized cortico-cerebellar connectivity model. We then applied the same approach in a cognitive domain, assessing how the cerebellum supports working memory. Enhanced gating was associated with the encoding of items in working memory, but not with the manipulation or retrieval of the items. Focusing on task-dependent gating of neocortical inputs to the cerebellum offers a promising approach for using fMRI to understand the specific contributions of the cerebellum to cognitive function.

Autores: Ladan Shahshahani, M. King, C. Nettekoven, R. Ivry, J. Diedrichsen

Última atualização: 2024-05-11 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2023.01.25.525395

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2023.01.25.525395.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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