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Estudo de Isótopos de Nitrogênio nas Baías do Norte do Chile

Pesquisas sobre isótopos de nitrogênio revelam informações importantes sobre os ecossistemas marinhos no norte do Chile.

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Na natureza, muito da matéria orgânica não é encontrada em seres vivos, mas em pequenos pedaços de materiais Orgânicos em decomposição no oceano, conhecidos como matéria orgânica particulada (POM). Essa POM é super importante porque fornece Nitrogênio, carbono e outros elementos essenciais para os Ecossistemas tanto do mar aberto quanto do fundo do oceano. Os processos que criam, mudam e decompõem a POM são partes-chave dos ciclos de carbono e nitrogênio em vários ambientes, como águas costeiras, profundezas oceânicas, sedimentos marinhos e solos.

No oceano aberto, as partículas suspensas na água ou que afundam até o fundo são compostas principalmente por plantas minúsculas e material nitrogenado em decomposição. Os aminoácidos, que são os blocos de construção das proteínas, formam uma parte significativa desse nitrogênio orgânico. Estudando como os Isótopos de carbono e nitrogênio estão distribuídos nesses aminoácidos, os pesquisadores conseguem entender processos metabólicos importantes, de onde vêm os nutrientes e como eles se movem pela cadeia alimentar.

Medir os isótopos de nitrogênio e carbono nos aminoácidos pode ajudar a determinar como a matéria orgânica é criada e como ela se decompõe através de vários processos biológicos. Isso também pode fornecer informações detalhadas sobre as mudanças nas teias alimentares. Diferentes aminoácidos são feitos por caminhos específicos tanto em plantas quanto em animais, e isso pode indicar de onde vem o nitrogênio e como a matéria orgânica mudou.

A Área de Estudo

A Península de Mejillones, no norte do Chile, é uma característica geográfica marcante criada pela atividade tectônica. Ela se estende por 50 quilômetros de comprimento e 20 quilômetros de largura, formando duas cadeias montanhosas e uma planície costeira. Essa península altera a costa, criando a Baía de Mejillones, que fica voltada para o norte, e a Baía de Antofagasta, que fica voltada para o sul. Essas áreas fazem parte do Sistema da Corrente de Humboldt, um dos ecossistemas marinhos mais produtivos do mundo.

As condições oceânicas na Baía de Mejillones são afetadas por vários processos que acontecem em diferentes escalas de tempo. A ressurgência costeira impulsionada pelo vento traz água rica em nutrientes das profundezas para a superfície, criando, muitas vezes, condições de baixa oxigenação ou até mesmo sem oxigênio. A orientação da baía influencia seus padrões de ressurgência, levando à formação de frentes térmicas que ajudam a manter a água na baía e contribuem para a alta produtividade.

A Baía de Antofagasta, por outro lado, também é influenciada pela Corrente de Humboldt, mas tem uma estrutura hidrodinâmica diferente. Aqui, a ressurgência cria frentes térmicas que atuam como barreiras, retendo água perto da costa. Esse processo ajuda a reter partículas orgânicas e inorgânicas, bem como plâncton.

Apesar de a Baía de Mejillones ser bem estudada, a Baía de Antofagasta recebeu menos atenção, com pesquisas focando principalmente em aspectos oceanográficos como mudanças de temperatura, dinâmica sazonal do zooplâncton e ecologia do fitoplâncton.

Objetivos da Pesquisa

Esse estudo teve como objetivo analisar as assinaturas isotópicas de nitrogênio em aminoácidos da matéria orgânica particulada suspensa e que afunda nas duas baías de ressurgência do norte do Chile. Os pesquisadores queriam entender os padrões de distribuição e comportamentos desses isótopos de nitrogênio para determinar suas fontes e como eles se transferem pela teia alimentar e se decompõem.

Metodologia

Nove estações de amostragem foram escolhidas nas Baías de Mejillones e Antofagasta em março de 2023. Amostras de água foram coletadas de diferentes profundidades usando frascos especiais. Essas amostras foram, então, filtradas e armazenadas para análise posterior de vários componentes, incluindo carbono orgânico, clorofila e nutrientes.

Cuidado especial foi tomado para medir propriedades físicas e químicas da água, como temperatura, salinidade, oxigênio dissolvido e pH. Amostras de água também foram coletadas para análises específicas dos isótopos de nitrogênio.

Traps de sedimento foram montadas para coletar matéria orgânica que afunda da coluna de água, permitindo que os pesquisadores medisse quanto carbono orgânico estava se movendo para o fundo do oceano.

Condições Oceanográficas

As estruturas físicas e químicas das colunas de água nas Baías de Mejillones e Antofagasta eram similares, embora existissem variações. Uma camada de água quente, menos salgada e bem oxigenada foi encontrada na superfície, com temperaturas variando de 14 °C a 22 °C e níveis de oxigênio entre 4 e 10 mg/L. Abaixo dessa camada superficial, a temperatura caiu e os níveis de oxigênio diminuíram significativamente, indicando condições hipóxicas nas partes mais profundas de ambas as baías.

As medições de nutrientes e clorofila mostraram que as maiores concentrações de clorofila estavam nas camadas superiores da água. É aqui que ocorre a maior parte da produção primária, impulsionada pela luz solar e nutrientes.

Na Baía de Mejillones, os compostos de nitrogênio eram mais variáveis do que na Baía de Antofagasta. Em ambas as baías, os níveis de nitrogênio mostraram padrões claros de mudança com a profundidade, refletindo o grau de decomposição da matéria orgânica e do ciclo de nutrientes.

Nitrogênio e Matéria Orgânica

A pesquisa destacou como os isótopos de nitrogênio em compostos dissolvidos e matéria orgânica particulada podem nos informar sobre as fontes de nitrogênio nessas baías. Em ambas as baías, níveis mais altos de isótopos de nitrogênio-15 foram encontrados, indicando processos como desnitrificação, onde compostos de nitrogênio são alterados ou perdidos através de atividade microbiana.

O estudo descobriu que a matéria orgânica em ambas as baías vem principalmente de fontes locais, ou autóctones. Isso significa que a maior parte do material orgânico encontrado nas baías foi produzida in situ, em vez de ser carregada de fontes externas.

As assinaturas isotópicas dos aminoácidos também indicaram que a matéria orgânica passou por mudanças significativas enquanto se movia pela coluna de água, especialmente em áreas onde os níveis de oxigênio eram baixos.

Entendendo a Dinâmica Trófica

Os padrões observados nos isótopos de nitrogênio mostraram que a transferência trófica e a reciclagem de matéria orgânica estavam ocorrendo ativamente na água. Em profundidades menores, o estudo encontrou evidências de que o fitoplâncton estava sendo consumido pelo zooplâncton, com carbono sendo transferido pela teia alimentar.

À medida que a água ficava mais profunda, os valores isotópicos indicaram uma enriquecimento de nitrogênio, sugerindo que a matéria orgânica estava sendo processada pela teia alimentar e que a atividade microbiana estava aumentando. Esse processamento fez com que mais nitrogênio fosse retido nas partículas à medida que afundavam.

Os resultados também mostraram que as taxas de transferência trófica e reprocessamento microbiano da matéria orgânica variaram entre as duas baías. A Baía de Mejillones teve valores mais altos para esses processos em comparação com a Baía de Antofagasta, indicando uma atividade microbiana mais intensa e processamento de matéria orgânica na Baía de Mejillones.

Fatores Ambientais que Influenciam os Ecossistemas

As diferenças observadas nas duas baías podem ser atribuídas a fatores como sua orientação geográfica e topografia do fundo. Na Baía de Mejillones, temperaturas da água mais quentes e níveis de oxigênio mais baixos foram registrados, enquanto a Baía de Antofagasta teve temperaturas de superfície mais altas e níveis de oxigênio variáveis.

Essas diferenças nas condições físicas provavelmente afetam como a matéria orgânica é processada e transferida pelo ecossistema. O estudo sugere que padrões de circulação em escala local, tempos de residência e frentes térmicas podem desempenhar um papel nessa variabilidade.

Implicações para Gestão

As descobertas dessa pesquisa ressaltam a importância de considerar cada baía como uma unidade ecológica única. As condições locais e os processos em cada baía influenciam significativamente o ciclo da matéria orgânica e a dinâmica de nutrientes.

Entender essas dinâmicas é crucial para a gestão e conservação eficaz dos ambientes marinhos, especialmente em áreas impactadas por atividades humanas como mineração, pesca e poluição.

As assinaturas isotópicas fornecem ferramentas valiosas para avaliar a saúde e a produtividade desses ecossistemas costeiros. Ao focar nas características específicas de cada baía, estratégias de gestão melhores podem ser desenvolvidas para proteger e sustentar esses recursos marinhos vitais.

Conclusão

Este estudo ilumina as interações complexas entre matéria orgânica, fontes de nitrogênio e processos microbianos em ecossistemas marinhos costeiros. A pesquisa ilustra como as condições locais influenciam o ciclo de nutrientes e a dinâmica da matéria orgânica, enfatizando a necessidade de estratégias de gestão adaptadas que considerem as características únicas de cada baía.

À medida que as atividades humanas continuam afetando esses ambientes, entender o delicado equilíbrio desses ecossistemas se torna cada vez mais urgente, destacando a importância de pesquisas e esforços de monitoramento contínuos.

Fonte original

Título: Origin, Trophic Transfer And Recycling Of Particulate Organic Matter In The Waters Of Two Upwelling Bays Of Humboldt Current System: Insights From Compound-Specific Isotopic Compositions Of Amino Acids

Resumo: Particulate organic matter (POM) is considered the primary source of N and C in the ocean. In pelagic marine environments, POM consists of algae and detrital nitrogen, with amino acids representing the largest chemical fraction. Currently, measurements of the isotopic distributions of N atoms in amino acids are considered powerful tools for exploring and determining the metabolic sources involved in the synthesis and degradation of organic matter. In this study, we measured the {delta}15N of amino acid signatures ({delta}15N-AA) in suspended and sinking POM collected from two upwelling bays in northern Chile, to examine isotopic enrichment patterns and gain insights into the origins, trophic transfer, and heterotrophic reworking of this organic fraction. At Mejillones Bay, the {delta}15N-AA values of suspended POM ranged from 5 {per thousand} to 27 {per thousand}, while at Antofagasta Bay, these values oscillated between 9 {per thousand} and 24 {per thousand}. The sinking POM collected from sediment traps exhibited values and isotopic fractionation patterns similar to those observed in the deeper layers of the water columns in both bays. The enrichment patterns of {delta}15N-phenylalanine and {delta}15N-NO - demonstrated the autochthonous character of the POM and its predominantly marine origin at both bays. The parameters trophic transfer ({Delta}Tr) and heterotrophic reworking ({Sigma}V) indicated that the heterotrophic recycling of POM occurs more intensively at through the oxyclines. Furthermore, these parameters revealed an enhanced trophic transfer magnitude and higher heterotrophic re-synthesis of POM in the waters of Mejillones Bay, resulting in a lower flux of exported POM than that observed in Antofagasta Bay. These differences highlight the spatial heterogeneous nature of organic matter transfer and reworking processes in this upwelling system.

Autores: Benjamin Srain, J. Valdes, A. Camano

Última atualização: 2024-06-27 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.06.24.600486

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.06.24.600486.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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