Padrões de Disparo Neuronal no Hipocampo
Estudo revela como as correntes iônicas influenciam os padrões de disparo dos neurônios no hipocampo.
― 9 min ler
Índice
Os neurônios na parte CA1 do hipocampo têm diferentes maneiras de disparar. Esse disparo pode ser em forma de picos únicos ou rajadas de picos. Pesquisadores usaram várias ferramentas, como imagem de voltagem e gravações de patch clamp, para ver como esses padrões de disparo acontecem na prática. Descobriu-se que as rajadas de picos costumam acontecer depois de períodos em que o neurônio está quieto, ou seja, não disparou por um tempo.
Quando olhamos para grupos de neurônios, percebemos que dois tipos de ondas cerebrais, chamadas de oscilações gama e teta, trabalham juntas nessa área. As ondas gama ocorrem a uma frequência de 30 a 100 Hz, enquanto as ondas teta têm uma frequência mais baixa de 3 a 12 Hz. Uma coisa interessante sobre essas ondas é que, durante tarefas que exigem memória de trabalho, as ondas gama podem ser influenciadas pelas ondas teta. Como esses dois tipos de ondas interagem é importante para o funcionamento da memória de trabalho.
Estudos recentes mostraram que, quando observamos o mesmo neurônio durante diferentes padrões de ondas cerebrais, conseguimos ver mudanças em como eles disparam. Por exemplo, quando um neurônio experimenta ondas teta, pode disparar picos únicos, mas durante ondas gama, pode ter rajadas.
O jeito que os neurônios disparam é pensado para ajudar a codificar informações sobre onde um animal está no ambiente. Por exemplo, uma rajada de picos poderia sinalizar que um animal está entrando em um novo local, enquanto um pico único poderia significar que o animal está saindo desse lugar.
Para realmente entender como esses padrões de disparo mudam, precisamos entender o movimento de partículas carregadas, conhecidas como íons, através da membrana do neurônio. Quando os neurônios recebem entrada, o equilíbrio desses íons muda, o que pode fazer o neurônio disparar de forma diferente. Por exemplo, correntes específicas de íons podem levar a padrões de disparo únicos ou em rajadas.
Existem diferentes correntes iônicas em ação no neurônio. Algumas dessas correntes estão associadas ao sódio, enquanto outras estão ligadas ao potássio. A maneira como essas correntes interagem pode levar a mudanças em como um neurônio dispara.
Efeitos das Oscilações no Disparo de Neurônios
Quando ondas cerebrais ocorrem, elas podem mudar com que frequência um neurônio dispara. Alguns neurônios reagem mais fortemente a frequências específicas dessas ondas. Isso é chamado de ressonância supralimite. Foi observado em várias partes do cérebro, incluindo o hipocampo CA1.
Também existe algo chamado ressonância subilimite, que se refere a uma mudança na voltagem do neurônio quando recebe frequências específicas de entrada. Certas correntes iônicas desempenham um papel significativo em ambas as formas de ressonância. Por exemplo, existem correntes iônicas que amplificam sinais e outras que são ressonantes.
A complexidade surge de como diferentes correntes iônicas podem tanto aumentar quanto diminuir a resposta do neurônio a sinais que chegam. Neurônios na região CA1 podem aproveitar essa ressonância para transmitir informações de forma eficaz quando recebem tipos específicos de entrada oscilatória.
Investigando Modelos de Neurônios
Neste estudo, olhamos como a ressonância dos picos em um modelo de neurônio CA1 responde a diferentes tipos de estimulação. Descobrimos que quando esse modelo foi estimulado com entradas teta e gama, seus padrões de disparo mudaram com base nas correntes iônicas presentes.
Ao ajustar os níveis das correntes de sódio e potássio, observamos como essas mudanças afetaram os padrões de disparo. Por exemplo, variar a corrente de sódio levou a diferentes quantidades de ressonância dependendo se o neurônio estava disparando picos únicos ou rajadas.
A interação entre essas correntes iônicas não só influencia como o neurônio dispara, mas também determina o tipo de informação codificada nesses padrões de disparo.
Correntes Iônicas e Padrões de Disparo
As células piramidais CA1 mostram transições de picos únicos para rajadas em certas condições. Quando o neurônio recebe estimulação contínua, os padrões de disparo mudam com base nas correntes iônicas específicas envolvidas.
Em nossa pesquisa, primeiro analisamos os efeitos das correntes de sódio e potássio no disparo do neurônio durante a despolarização sustentada. Descobrimos que aumentar os níveis de sódio levou a uma mudança de disparos únicos para rajadas e, eventualmente, para um tipo de platô em que o neurônio para de disparar.
Por outro lado, aumentar os níveis de potássio fez com que o disparo voltasse de rajadas para picos únicos. Isso mostra como diferentes correntes iônicas podem ter efeitos opostos no comportamento do neurônio.
Nós também exploramos como esses padrões de disparo são afetados por entradas oscilatórias, que variam de frequências baixas para frequências mais altas. Quando o neurônio recebeu esses sinais oscilatórios, mostrou diferentes respostas de disparo com base nos níveis de correntes de sódio e potássio.
Altos níveis de corrente de sódio fizeram o neurônio disparar em rajadas quando sob estimulação de frequência teta, enquanto níveis mais baixos permitiram picos únicos. Basicamente, o neurônio pode ajustar sua resposta com base na frequência de estimulação que recebe.
Ressonância em Neurônios
Em nossa investigação mais aprofundada, descobrimos que a presença de um tipo de corrente iônica, chamada Ih, que é ativa nas dendrites das células piramidais CA1, também desempenha um papel vital em como esses neurônios respondem a entradas oscilatórias.
Quando testamos várias frequências oscilatórias, vimos que tanto picos únicos quanto rajadas de picos mostraram ressonância em diferentes amplitudes e frequências. A ressonância se comportou de forma diferente com base nos níveis de correntes de sódio, potássio e Ih.
Notamos que à medida que mudamos os níveis dessas correntes, as frequências de ressonância para disparos únicos e em rajadas não se sobrepuseram, o que significa que o neurônio pode carregar informações diferentes com seu disparo dependendo do seu estado.
Sincronização de Picos
Nós também exploramos como os padrões de disparo poderiam estar sincronizados com as entradas oscilatórias. As descobertas mostraram que diferentes valores de correntes de sódio e potássio influenciaram como o neurônio disparou em relação às frequências teta e gama.
Por exemplo, com baixa corrente de sódio, o neurônio tendia a produzir rajadas quando estimulado com oscilações teta. À medida que a corrente de sódio aumentava, o neurônio mudava para disparar mais picos únicos. Por outro lado, níveis mais baixos de potássio incentivavam rajadas em frequências gama, enquanto níveis mais altos faziam o oposto.
Essa sincronização revela como os neurônios podem sincronizar seus disparos com as ondas cerebrais em andamento, fornecendo mais insights sobre a complexidade da comunicação neuronal.
Impacto de Intervalos de Silêncio
Ao observar o comportamento desses neurônios em condições naturais, vimos que períodos de silêncio entre eventos de disparo influenciaram muito a probabilidade de um neurônio disparar picos únicos ou rajadas.
Períodos de silêncio mais longos, normalmente mais de 100 milissegundos, pareciam favorecer a atividade de rajadas. Por outro lado, intervalos silenciosos mais curtos aumentavam a probabilidade de picos únicos. Esse comportamento permaneceu consistente em variações nos níveis de condutância iônica.
Curiosamente, quando apenas entradas teta ou gama foram usadas, observamos algumas diferenças em como os neurônios disparavam. A entrada gama estava ligada a maiores probabilidades de rajadas durante intervalos silenciosos curtos, enquanto a entrada teta incentivava rajadas após períodos silenciosos mais longos.
A relação entre intervalos silenciosos e padrões de disparo nos dá pistas sobre como os neurônios processam informação.
Observações do Mundo Real
Comparamos nossos achados do modelo com dados do mundo real coletados de neurônios piramidais CA1 usando técnicas avançadas de imagem. Esses dados apoiaram nossos resultados de simulação, mostrando que rajadas são mais prováveis depois de períodos silenciosos mais longos, enquanto picos únicos ocorrem com mais frequência durante períodos silenciosos mais curtos.
Essa correlação entre dados experimentais e nosso modelo sublinha a importância de entender como os neurônios codificam informações com base em seus padrões de atividade.
Conclusão
Em resumo, nossa pesquisa lança luz sobre como a interação das correntes iônicas afeta a forma como os neurônios piramidais CA1 disparam. Diferentes contextos de estimulação-seja através de oscilações ou períodos de silêncio-podem levar a vários padrões de disparo, que por sua vez ajudam a codificar informações vitais para navegação e memória em animais.
Compreender esses mecanismos pode abrir novas maneiras de explorar como o cérebro processa informações, potencialmente levando a avanços no tratamento de condições neurológicas ou no aumento das funções cognitivas.
No fim das contas, as descobertas indicam que esses neurônios operam de forma complexa, capazes de codificação dupla através da ressonância de diferentes padrões de disparo, o que é crítico para como funcionam dentro das redes mais amplas do cérebro.
Título: Interleaved single and bursting spiking resonance in neurons
Resumo: Under in vivo conditions, CA1 pyramidal cells from the hippocampus display transitions from single spikes to bursts. It is believed that subthreshold hyperpolarization and depolarization, also known as down and up-states, play a pivotal role in these transitions. Nevertheless, a central impediment to correlating suprathreshold (spiking) and subthreshold activity has been the technical difficulties of this type of recordings, even with widely used calcium imaging or multielectrode recordings. Recent work using voltage imaging with genetically encoded voltage indicators has been able to correlate spiking patterns with subthreshold activity in a variety of CA1 neurons, and recent computational models have been able to capture these transitions. In this work, we used a computational model of a CA1 pyramidal cell to investigate the role of intrinsic conductances and oscillatory patterns in generating down and up-states and their modulation in the transition from single spiking to bursting. Specifically, the emergence of distinct spiking resonances between these two spiking modes that share the same voltage traces in the presence of theta or gamma oscillatory inputs, a phenomenon we call interleaved single and bursting spiking resonance. We noticed that these resonances do not necessarily overlap in frequency or amplitude, underscoring their relevance for providing flexibility to neural processing. We studied the conductance values of three current types that are thought to be critical for the bursting behavior: persistent sodium current (INaP) and its conductance GNaP, delayed rectifier potassium (IKDR) and its conductance GKDR, and hyperpolarization-activated current (Ih) and its conductance Gh. We conclude that the intricate interplay of ionic currents significantly influences the neuronal firing patterns, transitioning from single to burst firing during sustained depolarization. Specifically, the intermediate levels of GNaP and GKDR facilitate spiking resonance at gamma frequency inputs. The resonance characteristics vary between single and burst firing modes, each displaying distinct amplitudes and resonant frequencies. Furthermore, low GNaP and high GKDR values lock bursting to theta frequencies, while high GNaP and low GKDR values lock single spiking to gamma frequencies. Lastly, the duration of quiet intervals plays a crucial role in determining the likelihood of transitioning to either bursting or single spiking modes. We confirmed that the same features were present in previously recorded in vivo voltage-imaging data. Understanding these dynamics provides valuable insights into the fundamental mechanisms underlying neuronal excitability under in vivo conditions. Author summarySince discovering that neurons in the hippocampus can encode spatial position through phase precession, many experiments have explored how specific theta and gamma oscillations influence location specificity in the brain. However, the individual neuronal properties and dynamics behind these behaviors are still being uncovered. Previously, we found that stereotypical bursting and single-spike firing in pyramidal neurons are linked to these oscillations and further associated with an animal entering or leaving a place field. Advances in voltage-imaging techniques have enabled us to assess these properties more precisely. Our study shows that different frequencies can independently trigger these stereotypical spikes, demonstrating a complex pattern where the same cell can be double-coded: a phenomenon we called interleaved resonance. Additionally, we found that this coding can be modulated by persistent sodium and delayed-rectifier potassium currents. Moreover, these neurons are more likely to burst following long periods of silence. These findings provide new insights into the mechanisms underlying neural coding in the hippocampus and how it relates to behavior.
Autores: Rodrigo FO Pena, C. Ceballos, N. Chadly, E. Lowet
Última atualização: 2024-06-30 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.06.24.600479
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.06.24.600479.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/publicdomain/zero/1.0/
Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.
Obrigado ao biorxiv pela utilização da sua interoperabilidade de acesso aberto.