UPF1: Uma Proteína com um Papel Duplo nas Células
A UPF1 tem um papel chave na degradação de mRNA e na função mitocondrial.
― 10 min ler
Índice
- Descoberta e Nomeação do UPF1
- Investigando o Papel do UPF1 nas Mitocôndrias
- Papel do UPF1 nas Funções Mitocondriais
- Impacto da Redução do UPF1 na Expressão Gênica Mitocondrial
- Visualizando UPF1 nas Mitocôndrias
- UPF1 e Dinâmica Mitocondrial na Espermatogenese
- Consequências da Redução do UPF1 Durante o Desenvolvimento Espermático
- Resultados de Fertilidade Ligados à Redução do UPF1
- Retenção do DNA Mitocondrial na Redução do UPF1
- Conclusão
- Fonte original
UPF1 é uma proteína que a gente encontra em vários organismos vivos, principalmente nas células dos eucariotos, que incluem plantas, animais e fungos. Essa proteína atua como uma helicase de RNA, ou seja, ela ajuda a desenrolar as fitas de RNA. O UPF1 consegue se ligar tanto ao RNA quanto ao DNA de fita simples quando testado em laboratório. Ele usa a energia das moléculas de ATP pra realizar suas funções, como desenrolar estruturas complexas de RNA e afastar proteínas do RNA.
Normalmente, o UPF1 tá no citoplasma, a parte da célula fora do núcleo, onde costuma estar ligado ao RNA mensageiro (mRNA) que é necessário pra produzir proteínas. Ele tá especialmente presente na região do mRNA chamada região não traduzida 3′ (3′-UTR). Um dos papéis conhecidos do UPF1 é em um processo chamado degradação de mRNA mediada por nonsense (NMD), que é crucial pra manter os níveis de mRNA funcional sob controle, embora como isso funciona exatamente ainda não esteja totalmente claro.
Em estudos recentes, os pesquisadores descobriram que o UPF1 também tem um papel dentro do núcleo, onde interage com RNA recém-formado. Isso sugere que o UPF1 pode influenciar não apenas a degradação do mRNA defeituoso no citoplasma, mas também as etapas iniciais da Expressão Gênica.
O funcionamento correto do UPF1 é vital pra saúde celular. Quando o UPF1 não funciona direito, isso tá relacionado a sérios problemas de saúde, incluindo neurodegeneração e vários tipos de câncer. Mas ainda não se sabe se esses problemas de saúde são causados diretamente pelo papel do UPF1 na degradação de mRNA ou por outras funções que não envolvem esse processo.
Descoberta e Nomeação do UPF1
O gene UPF1 foi descoberto pela primeira vez durante estudos genéticos focados em entender como as células lidam com erros na produção de proteínas, especialmente por meio da supressão do tRNA e outros processos relacionados à tradução. O nome UPF1 significa "Up-Frameshift-1," que veio da sua identificação como um fator que podia suprimir um tipo específico de mutação em leveduras.
Curiosamente, o UPF1 foi inicialmente chamado de NAM7, que se referia ao seu papel em ajudar certas células a recuperar a capacidade de usar Mitocôndrias de forma eficaz. As mitocôndrias são as estruturas que produzem energia nas células, e o NAM7 foi visto como um jogador chave pra garantir que essas estruturas funcionem corretamente.
Pesquisas mostram que deletar o UPF1 e algumas proteínas relacionadas pode causar problemas respiratórios em leveduras. No entanto, apenas aumentar os níveis de UPF1 pode ajudar a consertar problemas específicos nas mitocôndrias. Ainda não tá claro se uma quantidade pequena de UPF1 consegue chegar às mitocôndrias pra afetar a expressão gênica lá.
Investigando o Papel do UPF1 nas Mitocôndrias
Em um estudo recente, os cientistas ficaram surpresos ao descobrir que certas áreas do DNA mitocondrial (mtDNA) tinham altos níveis de UPF1 em células de Drosophila, uma mosca-fruta que é muito estudada. Eles confirmaram essa associação através de testes específicos, mostrando que o UPF1 provavelmente interage com o RNA novo que vem do mtDNA.
Eles usaram várias técnicas pra visualizar o UPF1 nas mitocôndrias, incluindo rotular a proteína com marcadores fluorescentes em diferentes tecidos da mosca. Eles descobriram que durante as fases de desenvolvimento das células espermáticas, o UPF1 estava tão presente nas mitocôndrias quanto no citoplasma.
Quando os níveis de UPF1 foram reduzidos no início do desenvolvimento das células espermáticas, isso levou a várias mudanças anormais, como meiose disfuncional (o processo que cria óvulos e espermatozoides) e a formação inadequada de uma estrutura chamada nebenkern. Essa estrutura é essencial pra desenvolver espermatozoides maduros. Os poucos espermatozoides que se formaram não conseguiram se desenvolver completamente, levando à esterilidade masculina.
Curiosamente, as células espermáticas alongadas que foram produzidas ainda continham mtDNA, que normalmente deveria ser removido nesse estágio, indicando que o UPF1 desempenha um papel nesse processo de eliminação.
Papel do UPF1 nas Funções Mitocondriais
As descobertas mostraram que o UPF1 tá associado a lugares no genoma mitocondrial onde o RNA é feito. Os pesquisadores notaram que os níveis de UPF1 eram significativamente mais altos em regiões específicas ricas em adenina (A) e timina (T).
A área rica em A-T se parece com uma parte do DNA dos mamíferos que é conhecida por ajudar a iniciar a replicação do DNA e tá relacionada à produção de proteínas necessárias pra função mitocondrial. Essa área também é cercada por regiões importantes responsáveis por iniciar a transcrição de genes mitocondriais.
Testes adicionais indicaram que a conexão do UPF1 com o mtDNA era sensível à degradação do RNA, implicando que seu papel pode estar intimamente ligado às moléculas de RNA. Embora o estudo não tenha investigado se o UPF1 se liga diretamente a fitas únicas de DNA ou híbridos de RNA/DNA, essas formas não são esperadas de serem comuns na região rica em A-T do mtDNA de Drosophila.
Impacto da Redução do UPF1 na Expressão Gênica Mitocondrial
Pra entender o impacto do UPF1 na expressão gênica mitocondrial, os pesquisadores realizaram análises detalhadas. Em testes laboratoriais, quando o UPF1 foi reduzido em certas células, cerca de seis dos quinze genes mitocondriais estudados mostraram uma diminuição em seus níveis de expressão. Embora essa diminuição tenha sido moderada, a análise estatística sugeriu que essas mudanças eram significativas.
A diminuição foi observada tanto em células S2 quanto nas glândulas salivares das moscas-frutas, sugerindo que o UPF1 desempenha um papel essencial em manter níveis normais de expressão gênica mitocondrial. Em experimentos com outras proteínas relacionadas, não foi observada essa regulação negativa, indicando que o impacto do UPF1 na expressão gênica é único entre as proteínas estudadas.
Visualizando UPF1 nas Mitocôndrias
Através de técnicas de imagem celular, os cientistas confirmaram que podiam ver o UPF1 dentro das mitocôndrias. Os sinais fluorescentes indicaram que o UPF1 estava realmente presente e mais concentrado nas mitocôndrias de certos tecidos, especialmente nos músculos da mosca adulta.
A imagem também revelou que a distribuição do UPF1 dentro das mitocôndrias variava, com algumas áreas mostrando sinais fortes. Esses sinais geralmente apareciam junto a aglomerados de mtDNA conhecidos como nucleóides, que são essenciais pra manutenção do mtDNA.
Nos músculos de voo adultos, um padrão único de localização do UPF1 foi notado. Aqui, a proteína era encontrada em maiores quantidades dentro das mitocôndrias do que no citoplasma ao redor, levando os pesquisadores a examinar seus potenciais papéis mais a fundo.
UPF1 e Dinâmica Mitocondrial na Espermatogenese
Nos testículos de Drosophila, a localização do UPF1 mostrou um padrão dinâmico durante o desenvolvimento celular dos espermatozoides. Diferentes estágios do desenvolvimento dos espermatozoides apresentaram várias estruturas mitocondriais caracterizadas por mudanças substanciais. Nos estágios iniciais, o UPF1 foi encontrado distribuído por todas as regiões celulares, incluindo o mitoball, um aglomerado transitório de mitocôndrias.
No entanto, nos espermatídios completamente alongados, os sinais de UPF1 estavam ausentes, indicando uma possível conexão com a eliminação do mtDNA nesse estágio crucial. Isso sugere que o UPF1 provavelmente está envolvido tanto na presença quanto na remoção do mtDNA durante o desenvolvimento dos espermatozoides.
Consequências da Redução do UPF1 Durante o Desenvolvimento Espermático
Reduzir os níveis de UPF1 nos espermatídios produziu anomalias significativas, especialmente na formação do nebenkern. Em moscas do tipo selvagem, cada espermatídio redondo tinha uma estrutura de nebenkern distinta adjacente ao núcleo. No entanto, em moscas com UPF1 reduzido, muitos núcleos não tinham essa estrutura, e em vez disso, um único e grande nebenkern foi formado ao lado de um núcleo.
Essa estrutura anormal provavelmente surgiu da fusão de mitocôndrias através de vários espermatídios. Tal fusão pode levar a complicações durante a divisão celular (cocitação), que normalmente resultaria em quatro espermatídios distintos. A presença de núcleos anormais aponta ainda mais para potenciais problemas com a segregação cromossômica.
Medições quantitativas indicaram que as dimensões do nebenkern nos espermatídios com redução de UPF1 eram significativamente maiores em comparação com espermatídios típicos. Problemas decorrentes da depleção do UPF1 levaram a mudanças estruturais notáveis no nebenkern e à emergência de corpos que pareciam se assemelhar a vacúolos, sugerindo uma função celular anormal.
Resultados de Fertilidade Ligados à Redução do UPF1
Devido aos desenvolvimentos anormais nas células espermáticas, os pesquisadores investigaram como a depleção do UPF1 afetou a fertilidade masculina. Os estudos mostraram que a redução do UPF1 levou à esterilidade masculina completa, enquanto reduções de outras proteínas relacionadas não impactaram a fertilidade.
Em moscas saudáveis, o esperma preenche a vesícula seminal, mas nas moscas com redução do UPF1, a vesícula estava vazia, indicando uma falta de esperma maduro. Isso sugeriu que as poucas células espermáticas que se formaram foram eliminadas em um estágio posterior de desenvolvimento.
Retenção do DNA Mitocondrial na Redução do UPF1
Uma observação impressionante dos testículos com depleção de UPF1 foi a retenção de mtDNA nos espermatídios alongados, que não é típico em condições de tipo selvagem. Aqui, aglomerados de sinais de DNA estavam uniformemente distribuídos por toda a cauda dos espermatídios, enquanto os espermatídios do tipo selvagem não tinham tais sinais nesse estágio.
Usando um marcador específico de mtDNA, os pesquisadores puderam confirmar que o DNA retido consistia de fato em mtDNA, indicando possíveis defeitos nos processos destinados a eliminar o mtDNA paterno durante a formação das células espermáticas.
Conclusão
Essa pesquisa destaca o papel crucial do UPF1 na função mitocondrial e no desenvolvimento espermático. A proteína parece estar envolvida não apenas em processos de degradação de mRNA, mas também em manter a expressão gênica mitocondrial e remover mtDNA durante a formação de espermatozoides maduros.
As descobertas sugerem que o UPF1 pode afetar uma expressão gênica mais ampla além do que se conhecia anteriormente, com possíveis implicações para entender doenças ligadas à disfunção do UPF1. Explorações adicionais do papel do UPF1 em processos celulares podem iluminar novas avenidas de pesquisa tanto na biologia básica quanto em aplicações médicas.
Título: UPF1 is required for gene expression in mitochondria and paternal mtDNA clearance during spermatogenesis
Resumo: UPF1 is a conserved RNA helicase in eukaryotes which is crucial for the correct expression of nuclear genes. This study presents ChIP-seq evidence indicating its RNA-dependent interaction with mtDNA transcription sites in Drosophila S2 cells. Mitochondrial and frequent co-localisation with nucleoids were validated by immunostaining and GFP-tagging of UPF1 in various fly tissues and cell types. Depletion of UPF1, but not other NMD factors, during spermatogenesis, causes severe meiosis and cytokinesis defects, leading to sterility. RNA-seq indicates that these phenotypes could be primarily due to the reduced expression of genes essential for chromosome segregation. Yet also shows that spermatids depleted of UPF1 exhibit a widespread downregulation of mtDNA transcription and, unlike in wild type, fail to eliminate their mtDNA at the elongation stage. Cumulatively, this study indicates a crucial requirement of UPF1 in the expression of both nuclear and mtDNA genes during spermatogenesis.
Autores: Saverio Brogna, M. T. Wright, A. K. Singh, H. L. Dixon, E. M. Price, E. C. Connolly, A. di Maio, J. P. Barlow, M. Catoni, Y. Fan
Última atualização: 2024-07-10 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.05.10.591322
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.05.10.591322.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.
Obrigado ao biorxiv pela utilização da sua interoperabilidade de acesso aberto.