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Principais Descobertas na Saída do Parasita da Malária

Pesquisas destacam o papel do cálcio e das proteínas na saída do parasita da malária.

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Os Apicomplexa são um grupo de parasitas conhecidos por causar várias doenças que afetam tanto humanos quanto animais. Alguns exemplos importantes incluem Plasmodium falciparum, que causa malária, Toxoplasma gondii, famoso pela toxoplasmose, e Cryptosporidium, que provoca problemas gastrointestinais, especialmente em países em desenvolvimento. A malária, causada principalmente pelo P. falciparum, ainda é um grande problema de saúde pública, com centenas de milhares de mortes registradas a cada ano.

Entender o ciclo de vida do P. falciparum é fundamental. O parasita alterna entre dois hospedeiros: o mosquito Anopheles e os humanos. A infecção começa quando os esporozoítos (a fase infectante) entram na corrente sanguínea pela picada de um mosquito infectado. Depois de um período de desenvolvimento tranquilo no fígado, o parasita se multiplica e libera milhares de merozoítos na corrente sanguínea. Isso marca o início da fase sintomática da doença, onde os merozoítos invadem as células vermelhas do sangue.

Ciclo de Vida do P. falciparum

Uma vez na corrente sanguínea, os merozoítos invadem as células vermelhas do sangue (RBCs) e ficam encapsulados em um compartimento especial chamado vacúolo parasitóforo (PV). Dentro desse vacúolo, os merozoítos se replicam e podem gerar até 32 novos merozoítos. Essas novas formas então saem da célula hospedeira em um processo conhecido como egressão, entrando na corrente sanguínea para invadir mais células vermelhas do sangue. Esse ciclo de invasão e egressão é o principal mecanismo pelo qual a malária se espalha.

O processo de egressão é altamente regulado e envolve várias etapas para garantir que os merozoítos sejam liberados no momento e lugar certos. Começa com o enfraquecimento das paredes do vacúolo parasitóforo, levando a uma mudança de forma, onde o vacúolo se torna redondo. Depois, o vacúolo estoura, permitindo que os merozoítos escapem para a corrente sanguínea.

Componentes Chave do Processo de Egressão

Um jogador crítico na egressão do P. falciparum é a proteína quinase G (PKG). Essa enzima é responsável por iniciar as reações em cadeia necessárias para uma egressão bem-sucedida. O processo começa com um aumento em uma molécula sinalizadora chamada cGMP. Essa molécula é regulada pelas guanilil ciclases (GCs), que criam cGMP, e pelas fosfodiesterases (PDEs), que a quebram. O P. falciparum tem GCs específicas que são vitais para a egressão.

Quando os níveis de cGMP aumentam, a PKG é ativada, enviando sinais que levam à liberação de íons de Cálcio (Ca2+) dos estoques dentro do parasita. Apesar de Plasmodium não ter receptores tradicionais de cGMP, ele ainda consegue mobilizar cálcio, graças a proteínas que interagem com a PKG.

O aumento nos níveis de cálcio desencadeia várias reações. Uma proteína específica, a quinase de proteína dependente de cálcio 5 (CDPK5), ativa a descarga de organelas secretoras. Essas organelas liberam fatores que preparam a RBC para a ruptura, facilitando a escapada dos merozoítos.

O Papel da Fosfatase PP1

Um jogador essencial na regulação do processo de egressão é uma fosfatase conhecida como PP1. Essa enzima remove grupos fosfato das proteínas, que podem ativá-las ou desativá-las. No contexto do P. falciparum, a PP1 é crucial tanto durante as fases de replicação (esquizogonia) quanto de egressão.

Pesquisas mostram que quando a PP1 é esgotada, o processo de egressão é atrapalhado; os merozoítos não conseguem sair efetivamente da RBC. Esse defeito está ligado a uma acumulação de GCα fosforilada, indicando que sem a de-fosforilação adequada pela PP1, a via de sinalização que leva à egressão fica comprometida.

Investigando a Egressão no P. falciparum

Para entender melhor como a PP1 funciona no processo de egressão, os cientistas criaram uma linha especial de parasitas que permitiu monitorar as etapas da egressão com mais clareza. Usando técnicas avançadas de imagem, eles puderam ver como os parasitas mudavam de forma e se soltavam da RBC. Essa abordagem deu uma visão sobre o tempo e a regulação da egressão.

Comparando os efeitos de diferentes produtos químicos que estimulam a egressão, os pesquisadores puderam revelar a complexa interação entre a via de sinalização de egressão e a função da PP1. Eles notaram que a influência da PP1 começa na primeira etapa-o arredondamento do PV.

A Importância do Cálcio na Egressão

O cálcio desempenha um papel vital no processo de egressão. Os estudos mostraram que a ausência de PP1 levou a defeitos na sinalização de cálcio, que, por sua vez, afetou todo o processo de egressão. Quando usaram um ionóforo de cálcio, um composto que aumenta os níveis de cálcio, os pesquisadores observaram que ele poderia restaurar o processo de egressão mesmo em parasitas sem PP1. Isso indica que o cálcio é um fator crítico na egressão do P. falciparum.

Em experimentos com diferentes compostos indutores de cálcio, descobriram que enquanto alguns medicamentos podiam aumentar os níveis de cGMP, eles não resolviam a questão de mobilização de cálcio causada pela falta de PP1. A egressão só poderia ser totalmente restaurada quando os níveis de cálcio eram diretamente aumentados.

O Papel dos Indutores de Egressão

Nos experimentos, várias substâncias químicas foram testadas por sua capacidade de induzir a egressão. A23187, um ionóforo de cálcio, se destacou como o mais eficaz. Quando tratados com A23187, até mesmo os parasitas com deficiência de PP1 mostraram melhora em sua capacidade de egressão. Em contraste, outros compostos que aumentavam os níveis de cGMP mostraram sucesso apenas parcial.

Os experimentos mostraram que o processo de egressão começa com o arredondamento do PV, que depende muito da sinalização do cálcio. Essa primeira etapa é crítica porque prepara o vacúolo para a ruptura subsequente. Sem o correto arredondamento, as paredes do vacúolo permanecem intactas, impedindo que os merozoítos escapem.

Observando o Processo de Egressão

Para observar o processo de egressão em detalhes, os pesquisadores usaram técnicas de imagem de células vivas. Eles puderam visualizar como o PV mudava de forma ao longo do tempo. O processo normal de egressão era caracterizado por uma sequência de eventos, com o arredondamento do PV ocorrendo primeiro, seguido pela ruptura do vacúolo e finalmente pela liberação dos merozoítos.

Em parasitas não mutantes, a egressão geralmente ocorria de forma coordenada, permitindo a rápida liberação de merozoítos. Em contraste, parasitas sem PP1 mostraram um bloqueio na fase de arredondamento, resultando em tempos de egressão prolongados e liberação deficiente de merozoítos.

Conclusões

Essa pesquisa destacou o papel crítico da PP1 na regulação do processo de egressão no P. falciparum. As descobertas sugerem que a PP1 não apenas regula os níveis de cGMP, mas também desempenha um papel direto no controle das etapas iniciais da egressão. A dependência da mobilização de cálcio indica que direcionar as vias envolvidas na sinalização de cálcio poderia oferecer novas opções terapêuticas para o tratamento da malária.

A interação entre quinases e fosfatases, especialmente a PP1, sublinha a complexidade dos processos celulares nos parasitas. À medida que os pesquisadores continuam a desvendar essas vias moleculares, estratégias potenciais para interromper o ciclo de vida do P. falciparum podem ser desenvolvidas.

Resumindo, o trabalho revela as complexidades da biologia dos parasitas e aponta para futuras pesquisas focadas na PP1 e na sinalização de cálcio como potenciais alvos para combater a malária. O objetivo final é desenvolver estratégias terapêuticas inovadoras que possam salvar vidas e reduzir o impacto dessa doença devastadora.

Fonte original

Título: The malaria parasite PP1 phosphatase controls the initiation of the egress pathway of asexual blood-stages by regulating the rounding-up of the vacuole

Resumo: A sustained blood-stage infection of the human malaria parasite P. falciparum relies on the active exit of merozoites from their host erythrocytes. During this process, named egress, the infected red blood cell undergoes sequential morphological events: the rounding-up of the surrounding parasitophorous vacuole, the disruption of the vacuole membrane and finally the rupture of the red blood cell membrane. These events are coordinated by two intracellular second messengers, cGMP and calcium ions (Ca2+), that control the activation of their dedicated kinases, PKG and CDPKs respectively, and thus the secretion of parasitic factors that assist membranes rupture. We had previously identified the serine-threonine phosphatase PP1 as an essential enzyme required for the rupture of the surrounding vacuole. Here, we address its precise positioning and function within the egress signaling pathway by combining chemical genetics and live-microscopy. Fluorescent reporters of the parasitophorous vacuole morphology were expressed in the conditional PfPP1-iKO line which allowed to monitor the kinetics of natural and induced egress, as well as the rescue capacity of known egress inducers. Our results underscore a dual function for PP1 in the egress cascade. First, we provide further evidence that PP1 controls the homeostasis of the second messenger cGMP by modulating the basal activity of guanylyl cyclase alpha and consequently the PKG-dependent downstream Ca2+ signaling. Second, we demonstrate that PP1 also regulates the rounding-up of the parasitophorous vacuole, as this step is almost completely abolished in PfPP1-null schizonts. Strikingly, our data show that rounding-up is the step triggered by egress inducers, and support its reliance on Ca2+, as the calcium ionophore A23187 bypasses the egress defect of PfPP1-null schizonts, restores proper egress kinetics and promotes the initiation of the rounding-up step. Therefore, this study places the phosphatase PP1 upstream of the cGMP-PKG signaling pathway, and sheds new light on the regulation of rounding-up, the first step in P. falciparum blood stage egress cascade. AUTHOR SUMMARYMalaria caused by Plasmodium falciparum infections remains a major human threat in endemic countries. Its proliferation within the host relies on the iteration of red blood cell invasion, multiplication and release of newly formed parasites in the blood circulation. This last step, named egress, is tightly regulated by a signaling pathway controlled by phospho-regulation. The phosphatase PP1 is a conserved pleiotropic enzyme that regulates various biological processes in mammals and controls the replication and egress mechanisms in P. falciparum. Indeed, PP1-depleted parasites are unable to egress from the erythrocytes and remain trapped within a vacuole in the host cell. Here, using fluorescent reporters of the surrounding vacuole, and pharmacological inducers of the egress pathway, we analyzed natural and induced egress by time-lapse video-microscopy. Our results underscore a dual function of PP1 during egress and identify the phosphatase as an early regulator of this essential process.

Autores: Mauld H. Lamarque, M. Seveno, M. N. Loubens, L. Berry, A. Graindorge, M. Lebrun, C. Lavazec

Última atualização: 2024-07-30 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.07.30.605770

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.07.30.605770.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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