Novas Descobertas sobre o Córtex Motor na Doença de Parkinson
Pesquisas mostram que mudanças no córtex motor estão ligadas à alfa-sinucleína na doença de Parkinson.
― 8 min ler
Índice
A Doença de Parkinson (DP) é um transtorno sério do cérebro que afeta o movimento. Uma característica chave dessa condição é a perda de células nervosas específicas em uma área do cérebro chamada substantia nigra. Isso leva a uma redução de uma substância química chamada Dopamina, que é importante para controlar o movimento. Quando os níveis de dopamina caem, isso afeta como diferentes partes do cérebro se comunicam, especialmente aquelas que controlam funções motoras.
As ideias tradicionais sobre como a doença de Parkinson funciona sugerem que a forma como os gânglios da base influenciam outras partes do cérebro, como o tálamo, muda de um jeito que dificulta o movimento. Essa mudança leva ao que é conhecido como sintomas hipocinéticos, onde as pessoas se sentem lentas e têm problemas para se mover. No entanto, estudos recentes mostram que o Córtex Motor-área do cérebro responsável pelo planejamento e controle dos movimentos-também tem seus próprios problemas em pessoas com Parkinson. Esses problemas podem estar ligados a mudanças nas células nervosas dessa área.
Entendendo o Córtex Motor na Doença de Parkinson
Em cérebros saudáveis, o córtex motor consegue se comunicar bem com outras áreas do cérebro, incluindo os gânglios da base. Porém, em modelos animais de Parkinson, os pesquisadores encontraram interrupções em como o córtex motor funciona. Especificamente, descobertas recentes indicam que as células nervosas no córtex motor mostram mudanças na estrutura e função quando há acúmulo de uma proteína chamada Alfa-sinucleína, que é comumente associada à doença de Parkinson.
Quando os pesquisadores analisaram de perto as células nervosas de modelos de camundongos com Parkinson, descobriram não só mudanças na aparência dessas células, mas também na forma como elas agem. Essas mudanças incluem alterações nas conexões entre as células nervosas e uma diminuição no número de certos tipos de terminações nervosas, que são importantes para a comunicação entre as células. Essas descobertas sugerem que os problemas no córtex motor podem desempenhar um papel significativo nas dificuldades motoras enfrentadas na doença de Parkinson.
Contexto da Pesquisa
A maioria dos estudos realizados sobre o córtex motor utilizou modelos que envolvem a depleção de dopamina, que normalmente não leva ao acúmulo de alfa-sinucleína. No entanto, exames pós-morte de cérebros de pessoas que tiveram a doença de Parkinson mostram que há algum nível dessa proteína nas áreas motoras do cérebro. Isso sugere que a presença de alfa-sinucleína no córtex motor pode contribuir para as dificuldades de movimento e cognição.
Para explorar essa conexão mais a fundo, pesquisas recentes envolveram a injeção de fibrilas pré-formadas de alfa-sinucleína (PFFs) em áreas específicas do cérebro de camundongos. Esse método tinha como objetivo provocar o acúmulo de alfa-sinucleína e observar seus efeitos no sistema nervoso. Os resultados revelaram que a presença de alfa-sinucleína em certos Neurônios do córtex motor levou a um aumento da excitabilidade dessas células e mudanças em sua estrutura.
Materiais e Métodos
Os camundongos usados nesse estudo eram machos jovens de uma linhagem específica. Eles foram alojados em um ambiente controlado e tiveram acesso livre a comida e água. Os pesquisadores seguiram diretrizes rigorosas para o cuidado animal.
Os pesquisadores produziram e purificaram a proteína alfa-sinucleína de camundongos em condições laboratoriais controladas. Essa proteína foi então usada para criar as PFFs, que foram injetadas nos cérebros dos camundongos para induzir o modelo da doença. Após as injeções, diferentes procedimentos cirúrgicos foram feitos no cérebro e na medula espinhal para estudar como os neurônios reagiram.
Fatias de cérebro foram preparadas para exame detalhado, permitindo que os pesquisadores observassem a atividade elétrica dos neurônios. As fatias foram tratadas com várias soluções para mantê-las viáveis para o estudo.
Observações e Resultados
Os pesquisadores encontraram uma presença significativa de alfa-sinucleína fosforilada nos córtices motores primário e secundário dos camundongos que receberam injeções de PFF. Os níveis eram mais altos no córtex motor secundário em comparação ao primário, com certas camadas mostrando mais acúmulo do que outras. O estudo mostrou que certos tipos de neurônios no córtex motor secundário foram muito mais afetados pela presença de alfa-sinucleína do que outros.
O estudo também analisou como os neurônios do córtex motor se comportavam eletricamente. Neurônios com mais alfa-sinucleína mostraram excitabilidade aumentada-eles tinham mais chances de disparar potenciais de ação em resposta à estimulação, em comparação com aqueles sem essa proteína. Essas mudanças sugerem que a presença de alfa-sinucleína pode tornar os neurônios do córtex motor mais ativos.
Além disso, os pesquisadores notaram mudanças físicas nos neurônios que continham alfa-sinucleína. Isso incluiu reduções na ramificação de seus dendritos-as partes dos neurônios que recebem sinais de outras células-e uma perda de pequenas protrusões chamadas espinhas que são essenciais para fazer conexões com outros neurônios. Essas mudanças podem afetar como os sinais são transmitidos pelo cérebro.
Impacto da Alfa-Sinucleína nos Neurônios
Nem todos os neurônios no córtex motor reagiram da mesma forma ao acúmulo de alfa-sinucleína. Enquanto alguns neurônios mostraram hiperatividade, outros não mostraram nenhuma mudança de comportamento. Os pesquisadores descobriram que a força de conexão dos inputs do tálamo para o córtex motor não foi alterada pela presença de alfa-sinucleína, indicando que a forma como essas conexões funcionam permaneceu intacta, mesmo que algumas partes dos neurônios estivessem danificadas.
Os resultados do estudo também sugeriram que os neurônios do córtex motor poderiam reagir de forma diferente, dependendo se estavam afetados pela alfa-sinucleína ou não. Isso aponta para um efeito sutil da proteína na função cerebral, indicando que ela pode tanto aumentar a atividade em algumas células quanto não influenciar outras.
Impacto nos Microcircuitos Corticais
A pesquisa também explorou como as mudanças no córtex motor poderiam afetar as funções motoras. Com o aumento da excitabilidade de certos neurônios, a produção geral do córtex motor pode mudar. À medida que a alfa-sinucleína se acumula, a capacidade do córtex motor de se comunicar de forma eficaz com outras regiões do cérebro pode ser comprometida, o que pode contribuir para as dificuldades de movimento vistas na doença de Parkinson.
Apesar dos sinais de aumento de excitabilidade em alguns neurônios, os pesquisadores descobriram que a produção geral para o estriado-uma área chave envolvida no movimento-não foi aumentada. Isso sugere que, enquanto alguns neurônios estão mais ativos, o efeito geral no controle motor pode não ser simples e pode levar a perturbações na função motora.
O estudo indicou que as mudanças estruturais nos neurônios, como a redução das espinhas dendríticas, podem não corresponder necessariamente a uma queda na comunicação entre as áreas do cérebro. Em vez disso, pode implicar que o equilíbrio de excitação e inibição dentro dos circuitos motores está alterado.
Implicações dos Resultados
As descobertas deste estudo oferecem novas perspectivas sobre como a doença de Parkinson pode desregular o controle motor. As mudanças no córtex motor sugerem que ele não atua apenas como um relé para sinais dos gânglios da base, mas também tem problemas intrínsecos que podem piorar os sintomas motores. Essas descobertas podem ter implicações sobre como os tratamentos são desenvolvidos para a doença de Parkinson e outros distúrbios do movimento.
Entender o papel da alfa-sinucleína no córtex motor pode levar a terapias direcionadas que abordem não apenas a perda de dopamina, mas também as mudanças específicas que ocorrem nos neurônios do córtex motor. Essa abordagem dupla pode ser essencial para gerenciar os sintomas e a progressão da doença de Parkinson.
Conclusão
A doença de Parkinson é uma condição complexa que afeta várias áreas do cérebro, não apenas aquelas envolvidas na produção de dopamina. O córtex motor, em particular, mostra mudanças significativas devido ao acúmulo de alfa-sinucleína, que pode aumentar a atividade de alguns neurônios enquanto causa danos estruturais em outros. Isso sugere que um tratamento eficaz para a Parkinson precisa considerar tanto a perda de dopamina quanto os problemas intrínsecos que surgem no córtex motor.
Ao examinar as interações entre o acúmulo de alfa-sinucleína e a função neuronal no córtex motor, os pesquisadores podem entender melhor as implicações mais amplas da doença de Parkinson e desenvolver estratégias terapêuticas mais abrangentes. Pesquisas futuras são necessárias para explorar mais essas relações e determinar como mitigar os impactos dessa condição devastadora.
Título: Motor Cortical Neuronal Hyperexcitability Associated with α-Synuclein Aggregation
Resumo: Dysfunction of the cerebral cortex is thought to underlie motor and cognitive impairments in Parkinson disease (PD). While cortical function is known to be suppressed by abnormal basal ganglia output following dopaminergic degeneration, it remains to be determined how the deposition of Lewy pathology disrupts cortical circuit integrity and function. Moreover, it is also unknown whether cortical Lewy pathology and midbrain dopaminergic degeneration interact to disrupt cortical function in late-stage. To begin to address these questions, we injected -synuclein (Syn) preformed fibrils (PFFs) into the dorsolateral striatum of mice to seed Syn pathology in the cortical cortex and induce degeneration of midbrain dopaminergic neurons. Using this model system, we reported that Syn aggregates accumulate in the motor cortex in a layer- and cell-subtype-specific pattern. Particularly, intratelencephalic neurons (ITNs) showed earlier accumulation and greater extent of Syn aggregates relative to corticospinal neurons (CSNs). Moreover, we demonstrated that the intrinsic excitability and inputs resistance of Syn aggregates-bearing ITNs in the secondary motor cortex (M2) are increased, along with a noticeable shrinkage of cell bodies and loss of dendritic spines. Last, neither the intrinsic excitability of CSNs nor their thalamocortical input was altered by a partial striatal dopamine depletion associated with Syn pathology. Our results documented motor cortical neuronal hyperexcitability associated with Syn aggregation and provided a novel mechanistic understanding of cortical circuit dysfunction in PD.
Autores: Hong-Yuan Chu, L. Chen, H. D. Chehade
Última atualização: 2024-08-14 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.07.24.604995
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.07.24.604995.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.
Obrigado ao biorxiv pela utilização da sua interoperabilidade de acesso aberto.