Neuroinflamação Remota em Pacientes com Glioblastoma
Estudo revela que inflamação cerebral remota tá ligada à gravidade do glioblastoma e à sobrevivência.
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Índice
- Neuroinflamação no Glioblastoma
- O Objetivo do Estudo
- Seleção de Pacientes
- Descobertas: Sinais de TSPO-PET
- Correlação com Características do Tumor
- Relevância Clínica: Epilepsia e Sobrevivência
- Modelo Animal: Estudo de Retrotradução
- Caracterizando a Resposta Imunológica
- Resumo das Principais Descobertas
- Implicações para o Tratamento
- Direções Futuras
- Fonte original
- Ligações de referência
O Glioblastoma é um tipo sério e agressivo de tumor no cérebro que afeta principalmente adultos. Ele é conhecido por causar problemas de saúde significativos e tem um prognóstico ruim para quem é diagnosticado. Pesquisas mostram que as células ao redor do tumor, chamadas de microglia/macrófagos associados a tumores (TAMs), têm um papel importante em como esse câncer se desenvolve e responde ao tratamento. Diferentes tipos de TAMs parecem ter um impacto claro sobre quanto tempo os pacientes sobrevivem, e outras células imunológicas como neutrófilos e células T também contribuem para a gravidade do glioblastoma. Isso sugere que mirar nessas células imunológicas poderia oferecer novas opções de tratamento.
Neuroinflamação no Glioblastoma
Uma área interessante de pesquisa envolve a neuroinflamação, que se refere à inflamação no cérebro. Embora muito se saiba sobre a inflamação que ocorre perto do tumor, menos se entende sobre a inflamação em partes do cérebro que não estão diretamente ao lado do tumor, conhecida como neuroinflamação remota. Alguns estudos sugerem que alterações podem ser detectadas em outras partes do corpo quando um paciente tem glioma, indicando que o impacto do tumor vai além das suas proximidades imediatas.
Em estudos com animais, pesquisadores encontraram um aumento no número de células imunológicas do lado oposto do cérebro em camundongos com glioblastoma. Essas células mostraram semelhanças com os TAMs encontrados nos tumores, sugerindo uma resposta imunológica mais ampla influenciada pelo tumor. No entanto, poucos estudos examinaram diretamente a neuroinflamação remota em humanos, especialmente em pessoas vivendo com glioblastoma.
O Objetivo do Estudo
O objetivo do estudo era investigar a neuroinflamação remota em pacientes com glioma. Os pesquisadores usaram um método chamado tomografia por emissão de positrões (PET) para olhar para a proteína translocadora de 18 kDa (TSPO), que atua como um marcador de ativação glial no cérebro. Eles queriam medir especificamente os níveis de TSPO no lado do cérebro oposto ao tumor em pacientes com glioblastoma e comparar esses níveis com indivíduos saudáveis. Também queriam avaliar como os níveis de TSPO se relacionam com características do tumor, como tamanho e localização, e com desfechos clínicos como sobrevivência geral e presença de epilepsia.
Seleção de Pacientes
O estudo envolveu 344 pacientes diagnosticados com glioma que passaram por imagens de TSPO-PET. Desses, 119 pacientes foram diagnosticados recentemente. Após aplicar critérios para excluir certos casos, 41 pacientes com glioblastoma recém-diagnosticado e nove com um tipo específico de glioma foram selecionados para uma análise mais aprofundada. Os pesquisadores focaram no hemisfério contralateral, ou seja, o lado do cérebro afastado do tumor, para avaliar os níveis de TSPO.
Descobertas: Sinais de TSPO-PET
Os resultados indicaram que pacientes com glioblastoma apresentaram sinais de TSPO-PET significativamente mais altos no lado não tumoroso do cérebro em comparação com os controles saudáveis. Por outro lado, pacientes com o outro tipo de glioma não mostraram mudanças notáveis nos níveis de TSPO. Isso sugere que os sinais elevados de TSPO podem ser uma característica única do glioblastoma.
Ao olhar para regiões cerebrais específicas, pacientes com glioblastoma exibiram sinais de TSPO-PET elevados em várias áreas, especialmente no lobo mesiotemporal. A falta de elevação no outro grupo de glioma fortalece a ideia de que as mudanças vistas nos níveis de TSPO estão realmente ligadas à natureza mais agressiva do glioblastoma.
Correlação com Características do Tumor
Os pesquisadores então exploraram como os níveis de TSPO no hemisfério contralateral se relacionavam com as características do tumor. Eles encontraram uma forte associação entre os níveis de TSPO e o volume do tumor, bem como com outros marcadores de gravidade tumoral. Os resultados revelaram que tumores maiores estavam ligados a uma neuroinflamação remota mais significativa, o que aponta para a ideia de que um tumor maior pode provocar uma resposta imunológica mais forte em todo o cérebro.
Relevância Clínica: Epilepsia e Sobrevivência
O estudo também avaliou como os sinais elevados de TSPO-PET se correlacionam com desfechos clínicos, focando especificamente na epilepsia e nas taxas de sobrevivência. Curiosamente, enquanto não houve diferença significativa nos níveis de TSPO em pacientes com convulsões iniciais, aqueles que continuaram a ter convulsões mesmo após o tratamento mostraram níveis mais altos de TSPO no hemisfério contralateral. Isso sugere que convulsões persistentes poderiam estar ligadas às mudanças inflamatórias ocorrendo em áreas do cérebro distantes do tumor.
Em termos de sobrevivência, pacientes com sinais de TSPO-PET mais altos tiveram taxas de sobrevivência geral mais curtas. Esse efeito se manteve mesmo quando controlados para vários fatores, indicando que a neuroinflamação remota pode ser um preditor significativo de quanto tempo os pacientes com glioblastoma sobrevivem.
Modelo Animal: Estudo de Retrotradução
Para entender melhor as razões subjacentes ao aumento dos sinais de TSPO-PET, os pesquisadores usaram camundongos com um tipo semelhante de glioblastoma. Eles descobriram que esses camundongos também mostraram sinais elevados de TSPO-PET no hemisfério oposto em comparação com camundongos controle. Ao examinar as fontes celulares desses sinais, encontraram um aumento significativo nas Células Mieloides, que são um tipo de célula imunológica que desempenha um papel na inflamação, no hemisfério contralateral dos camundongos com glioblastoma.
Imunohistoquímica confirmou que as células mieloides estavam não apenas presentes em maior número, mas também apresentavam expressão elevada de TSPO. Essa descoberta se alinha com os dados humanos, revelando que os sinais aumentados de TSPO-PET se originam principalmente dessas células mieloides, em vez de células tumorais no hemisfério contralateral.
Caracterizando a Resposta Imunológica
Para entender melhor a resposta imunológica, os pesquisadores analisaram a expressão gênica no hemisfério contralateral dos camundongos com glioblastoma. Eles encontraram uma expressão mais alta de vários marcadores de células imunológicas e genes associados à ativação e supressão imunológica. Isso sugere que a neuroinflamação no hemisfério oposto é caracterizada por uma resposta imunológica que pode contribuir para o processo geral da doença.
Resumo das Principais Descobertas
Deste estudo, várias conclusões importantes podem ser tiradas:
- A neuroinflamação remota ocorre no glioblastoma, como indicado pelos níveis elevados de TSPO no hemisfério contralateral.
- Níveis mais altos de TSPO se correlacionam com volumes de tumor maiores e podem refletir uma resposta imunológica à presença do tumor.
- Pacientes com glioblastoma e sinais de TSPO mais altos enfrentam piores desfechos clínicos, incluindo convulsões contínuas e taxas de sobrevivência mais curtas.
- Células mieloides são uma fonte significativa dos sinais aumentados de TSPO-PET nos cérebros de camundongos com glioblastoma.
- O perfil imunológico no hemisfério contralateral indica mudanças que podem impactar a progressão e o tratamento do glioblastoma.
Implicações para o Tratamento
Essas descobertas apoiam a ideia de que o glioblastoma deve ser visto como uma doença que afeta o cérebro como um todo, em vez de apenas um problema tumoral localizado. O estudo destaca o potencial de usar a imagem TSPO-PET para identificar pacientes que estão experimentando neuroinflamação global, que podem se beneficiar de imunoterapia ou outras abordagens de tratamento novas.
Direções Futuras
Mais pesquisas são necessárias para explorar como a neuroinflamação remota impacta não apenas a sobrevivência, mas também a qualidade de vida geral dos pacientes com glioblastoma. Estudos futuros poderiam investigar as conexões específicas entre a localização do tumor e a resposta imunológica no hemisfério contralateral, assim como os potenciais benefícios de abordar essas mudanças imunológicas nas estratégias de tratamento.
Compreender toda a extensão da resposta imunológica no glioblastoma tem potencial para melhorar os cuidados e os resultados dos pacientes, enfatizando a importância de abordagens abrangentes para tratar essa forma agressiva de câncer no cérebro.
Título: Remote Neuroinflammation in Newly Diagnosed Glioblastoma Correlates with Unfavorable Clinical Outcome
Resumo: Local therapy strategies still provide only limited success in the treatment of glioblastoma, the most frequent primary brain tumor in adults, indicating global involvement of the brain in this fatal disease. To study the impact of neuroinflammation distant of the primary tumor site on the clinical course of patients with glioblastoma, we performed translocator protein (TSPO)-PET in patients with newly diagnosed glioblastoma, glioma WHO 2 and healthy controls and compared signals of the non-lesion (i.e. contralateral) hemisphere. Back-translation in syngeneic glioblastoma mice was used to characterize PET alterations on a cellular level. Ultimately, multiplex gene expression analyses served to profile immune cells in remote brain. Our study revealed elevated TSPO-PET signals in contralateral hemispheres of patients with newly diagnosed glioblastoma compared to healthy controls. Contralateral TSPO was associated with persisting epilepsy and short survival independent of the tumor phenotype. Back-translation pinpointed myeloid cells as the source of TSPO-PET signal increases and revealed a complex immune signature comprised of joint myeloid cell activation and immunosuppression in distant brain regions. In brief, neuroinflammation within the contralateral hemisphere is associated with poor outcome in patients with newly diagnosed glioblastoma. TSPO-PET serves to detect patients with global neuroinflammation who may benefit from immunomodulatory strategies.
Autores: Matthias Brendel, L. M. Bartos, S. Quach, V. Zenatti, S. V. Kirchleitner, J. Blobner, K. Wind-Mark, Z. I. Kolabas, S. Ulukaya, A. Holzgreve, V. C. Ruf, L. H. Kunze, S. T. Kunte, L. Hoermann, H. Marlies, H. E. Park, M. Gross, N. Franzmeier, A. Zatcepin, A. Zounek, L. Kaiser, M. J. Riemenschneider, R. Perneczky, B.-S. Rauchmann, S. Stoecklein, S. Ziegler, J. Herms, A. Ertuerk, J. C. Tonn, N. Thon, L. von Baumgarten, M. Prestel, S. Tahirovic, N. L. Albert
Última atualização: 2024-04-29 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2024.04.23.24305825
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2024.04.23.24305825.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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