Simple Science

Ciência de ponta explicada de forma simples

# Biologia# Biologia molecular

Repetições Genéticas: Entendendo a Distrofia Miotônica Tipo 1

Pesquisas mostram o papel das repetições de DNA na variabilidade e gravidade da DM1.

― 7 min ler


Dentro da DistrofiaDentro da DistrofiaMiotônica Tipo 1genéticas nos sintomas da DM1.Investigando o papel dos repetições
Índice

As repetições curtas de DNA, conhecidas como STRs, são trechos do DNA que se repetem várias vezes. Elas podem ter um impacto grande nas diferenças genéticas e características entre as pessoas, influenciando tanto a saúde quanto a doença. Mas entender como essas repetições afetam os distúrbios genéticos humanos pode ser bem complicado.

Um tipo específico de STR, famoso por sua instabilidade, tá ligado a mais de sessenta doenças, incluindo a distrofia miotônica tipo 1 (DM1). A DM1 é uma condição complicada que surge de um padrão específico de repetições em um gene chamado DMPK. Os sintomas da DM1 podem variar bastante de pessoa pra pessoa. Geralmente, repetições maiores estão associadas a sintomas mais graves e ao início mais cedo da doença. Em estudos com famílias afetadas pela DM1, foi observado que mais de 90% das vezes, essas repetições aumentam de tamanho de pai pra filho, enquanto só cerca de 10% das transmissões levam a uma diminuição de tamanho.

Insights de Sistemas Modelos

Pesquisas usando diferentes sistemas modelos ajudaram os cientistas a entender como essas repetições de DNA instáveis podem se formar. A instabilidade dessas repetições depende do comprimento delas e da sequência específica dos nucleotídeos no DNA. Essas repetições também podem criar estruturas incomuns, como "hairpins", durante o processo de transcrição do gene, o que pode levar a mais expansões de repetições.

Esses processos complexos envolvem a replicação e reparo do DNA, além de mudanças que podem não envolver alteração da sequência de DNA em si. Por exemplo, em certos tipos de células afetadas pela DM1, foi encontrado que a presença de repetições específicas pode desacelerar a replicação do DNA. Além disso, proteínas que ajudam a corrigir erros no DNA são cruciais pra estabilidade dessas repetições. Se essas proteínas de reparo não funcionarem direito, pode levar a uma maior instabilidade nas repetições.

Descobertas recentes também sugerem que a maneira como o DNA é modificado durante o processo de Metilação do DNA pode influenciar a estabilidade dessas repetições. Mudanças na metilação do DNA podem ter efeitos sobre como os genes são expressos e podem ter um papel na variabilidade dos sintomas em pacientes com DM1.

Interrupções na Sequência e Seus Efeitos

Na maioria dos pacientes com DM1, a repetição de DNA é totalmente composta por repetições de CTG. Mas cerca de 10% dos pacientes com DM1 têm interrupções nessa sequência, como CCG ou CGG. Essas interrupções podem estabilizar a estrutura geral da repetição, resultando muitas vezes em sintomas mais leves. Pesquisas mostraram que certas interrupções podem impactar como o DNA é estruturado e como os genes são expressos, afetando a saúde geral do indivíduo.

Vários estudos sugeriram que a presença de certas interrupções pode levar a diferenças na replicação e reparo do DNA, o que poderia alterar a gravidade dos sintomas em indivíduos com DM1. Curiosamente, enquanto muitos estudos focaram em como essas interrupções afetam a estabilidade, ainda há muito a aprender sobre como elas contribuem para a progressão e manifestação da doença.

Avanços em Tecnologias de Sequenciamento de DNA

Os avanços recentes em tecnologia de sequenciamento de DNA abriram novas oportunidades pra estudar as regiões complexas do DNA humano e identificar variações estruturais que podem ter importância clínica. Especificamente, a tecnologia de sequenciamento de long-read tem se mostrado eficaz em medir o tamanho das repetições de DNA e em estimar o nível de variação genética entre os pacientes.

Os pesquisadores dessa área utilizaram um método avançado chamado sequenciamento em Tempo Real de Molécula Única (SMRT) pra analisar o comportamento das interrupções de CCG em pessoas com DM1. Com esse método, eles descobriram que o número de interrupções de CCG pode variar entre diferentes tecidos do corpo e também entre gerações.

Estudo de Pacientes Atypicos com DM1

Pra investigar melhor o comportamento das interrupções de CCG, os pesquisadores analisaram uma família com sintomas atípicos de DM1, especialmente aqueles sem problemas severos relacionados ao coração ou músculos. Eles estudaram amostras de sangue dos membros da família e encontraram diferentes quantidades de interrupções de CCG dentro das expansões de repetição de CTG.

Nessa família, a presença de interrupções de CCG parecia impedir um aumento no tamanho do alelo mutado entre as gerações e parecia evitar que os sintomas piorassem. Isso sugere que as interrupções de CCG podem desempenhar um papel protetor na progressão da doença.

Quando os pesquisadores examinaram essas interrupções de CCG mais de perto, eles viram padrões distintos dependendo do tipo de tecido analisado. Por exemplo, variações nas interrupções de CCG foram observadas entre células sanguíneas e linhas celulares linfoblastóides, indicando que essas interrupções não são estáticas, mas podem mudar com base no tipo de célula.

A Conexão Entre Interrupções de CCG e Gravidade da Doença

Curiosamente, os pesquisadores analisaram como o número de interrupções de CCG se relaciona com o tamanho da expansão geral. Nas amostras de sangue dos indivíduos estudados, não foi encontrada uma relação clara entre o número de interrupções e o tamanho da expansão. No entanto, um indivíduo mostrou uma leve relação positiva, indicando que expansões maiores podem às vezes incluir mais repetições de CCG.

Pra entender melhor o impacto dessas interrupções, os pesquisadores também estudaram como a metilação do DNA é afetada nas proximidades dessas repetições. Eles descobriram que em certos indivíduos, as próprias interrupções de CCG estavam metiladas, o que significa que modificações ocorreram no nível do DNA que poderiam influenciar a expressão gênica.

Em uma análise separada de membros da família com uma alta porcentagem de repetições puras de CCG, os níveis de metilação variaram entre os indivíduos, sugerindo que fatores externos, como idade e tipo de amostra coletada, podem afetar os níveis de modificação do DNA.

O Papel da Metilação na DM1

Através de suas investigações, os pesquisadores observaram que os níveis de metilação associados às interrupções de CCG tendem a levar a mudanças na estrutura do DNA tanto a montante quanto a jusante das repetições. Em alguns casos, níveis mais altos de metilação foram encontrados correlacionados com menos variabilidade no tamanho das expansões de repetições, o que pode sugerir um efeito estabilizador.

A associação entre certas modificações do DNA e as características clínicas da DM1 foi documentada em vários estudos, com descobertas sugerindo que a metilação do DNA pode estar ligada a sintomas-chave, como fraqueza muscular e problemas respiratórios. Isso destaca a importância de entender como essas mudanças epigenéticas podem influenciar os resultados da doença em pacientes com DM1.

Conclusão e Direções Futuras

No geral, essa área de pesquisa destaca a complexidade da distrofia miotônica tipo 1 e a variabilidade significativa observada entre os indivíduos com a condição. As descobertas ressaltam a necessidade de estudos mais refinados pra explorar os mecanismos moleculares subjacentes e melhorar nosso entendimento de como fatores genéticos contribuem para os sintomas da DM1.

À medida que os pesquisadores continuam a utilizar tecnologias de sequenciamento avançadas pra analisar coortes maiores de pacientes com DM1, a esperança é esclarecer as relações genótipo-fenótipo e, em última análise, melhorar o aconselhamento genético e o prognóstico para aqueles afetados por essa condição. A relação intrincada entre a estrutura do DNA, variações genéticas e resultados clínicos apresenta uma avenida empolgante para futuras pesquisas, prometendo desvendar as complexidades da DM1 e distúrbios relacionados.

Fonte original

Título: CCG interruptions are unstable and hypermethylated in DM1 patients

Resumo: Myotonic dystrophy type 1 (DM1) exhibits highly heterogeneous clinical manifestations caused by an unstable CTG repeat expansion reaching up to 4,000 CTG. The dynamics of CTG repeats and clinical variability depends on the CTG repeat number, CNG repeat interruptions, DNA methylation, somatic mosaicism, but also gene modifiers. Around 10% of the DM1 population carries triplet repeat interruptions (CCG, CGG, CTC, CAG), which differ in number and nature between DM1 families. CCG interruptions have been associated with stabilization of the CTG repeat expansions and a milder phenotype in the DM1 population. However, the dynamics and precise role of interruptions in CTG repeat instability remain relatively underexplored due to the complexities of analyzing them. In this study, we showed that the number of CCG interruptions within the expansion varies within tissues and between generations using single-molecule real-time long-read sequencing. Although the interrupted expanded alleles showed global stabilization, the CCG interruptions themselves displayed variability across generations and within somatic tissues. Importantly, our findings reveal, for the first time, CCG hypermethylation within the CTG expansion, which is linked to downstream hypermethylation of the repeat. These results support the hypothesis that methylation of CCG interruptions within the expanded DMPK alleles may contribute to the stabilization of trinucleotide repeats.

Autores: Stephanie Tome, S. Lameiras, E. M. Lampraki, D. Kilburn, T. Alaeitabar, I. Jamail, N. Servant, S. Baulande, S. B. Kingan, S. Holt, V. Gaysinskaya, G. D. S. Brandine, D. Stucki, T. Stojkovic, G. Bassez, D. Furling, G. Gourdon

Última atualização: 2024-10-10 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.10.10.617614

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.10.10.617614.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

Obrigado ao biorxiv pela utilização da sua interoperabilidade de acesso aberto.

Mais de autores

Artigos semelhantes