Simple Science

Ciência de ponta explicada de forma simples

# Biologia# Microbiologia

Mapeando a Variabilidade em Genomas Microbianos com o iLund4u

Uma nova ferramenta analisa genomas microbianos pra encontrar e categorizar pontos quentes genéticos.

― 9 min ler


Pontos quentes genéticosPontos quentes genéticosdescobertos em micróbiospara a evolução microbiana.iLund4u revela pontos quentes cruciais
Índice

Os genomas microbianos são cheios de variedade. Eles mudam devido a diferentes processos que criam variação genética. Um dos principais processos se chama Transferência Horizontal de Genes, ou HGT. É quando genes se movem entre organismos em vez de serem passados de pai para filho. Esse movimento pode criar trechos de genes conhecidos como ilhas genômicas, que podem estar presentes ou ausentes em organismos próximos. Essas ilhas não estão espalhadas uniformemente; em vez disso, costumam ser encontradas em áreas específicas do genoma chamadas de hotspots. Hotspots são regiões com mudanças rápidas em genes e são cercadas por seções mais estáveis.

Elementos genéticos móveis, que incluem plasmídeos e vírus, também têm seus próprios hotspots onde ocorrem mudanças, influenciados por mecanismos como troca de genes. Alguns desses hotspots podem incluir regiões "moron", que são partes do genoma que têm genes extras que podem atuar de forma independente. Outro tipo de variabilidade é introduzido por retroelementos geradores de diversidade, que criam mudanças sem a necessidade de transferir genes de outros organismos. No geral, esses processos criam regiões dos genomas microbianos que são variáveis, com genes centrais mais estáveis nas proximidades.

Nesse contexto, podemos descrever um ponto em um genoma com muita variabilidade como uma "ilha variável". Um conjunto dessas ilhas variáveis que compartilham vizinhanças de genes estáveis pode ser chamado de "hotspot".

Workflow e Funções do iLund4u

O iLund4u é uma ferramenta feita para analisar genomas microbianos e encontrar esses hotspots. Ele tem três funções principais: anotação de hotspots, busca de proteínas e anotação de proteoma. O modo de anotação de hotspots é usado para encontrar áreas de variabilidade em genomas, enquanto os modos de busca de proteínas e anotação de proteoma permitem explorar e analisar funções de proteínas nesses hotspots.

Diferentes ilhas podem ser categorizadas com base nos tipos de genes que carregam, como aqueles relacionados a doenças, resistência a antibióticos ou defesa contra elementos genéticos. Essa categorização pode levar à descoberta de novas funções biológicas. Por exemplo, sistemas que defendem contra vírus costumam se agrupar em certos locais, permitindo que pesquisadores encontrem novos mecanismos de defesa através de padrões em suas localizações.

O processo de identificar hotspots geralmente envolve três abordagens principais: reconhecer regiões com genes conservados conhecidos, associá-los a cargas conhecidas e analisar o pool genético mais amplo entre múltiplos genomas. Por exemplo, os pesquisadores podem encontrar novos Sistemas de Defesa buscando genes conservados ao redor de hotspots conhecidos.

No entanto, os métodos existentes têm suas limitações. Eles podem ter dificuldade em analisar grandes conjuntos de dados ou podem não se estender bem a outros elementos genéticos, como os plasmídeos. Para resolver isso, o iLund4u foi desenvolvido como um método escalável para identificar e anotar hotspots em milhões de sequências genômicas.

O iLund4u constrói uma rede com base na similaridade do conteúdo proteico de diferentes genomas. Isso significa que ele pode analisar sequências de diferentes espécies, assim como de plasmídeos e vírus. Após encontrar grupos de sequências semelhantes, ele identifica ilhas variáveis e hotspots com base nesses grupos.

Identificando e Analisando Hotspots

O algoritmo do iLund4u foi aplicado a centenas de milhares de sequências de fagos e plasmídeos. Com essas análises, os pesquisadores encontraram muitos hotspots com uma ampla variedade de funções proteicas, muitas das quais ainda são desconhecidas. Em média, nove por cento do genoma de um fago é composto por essas ilhas de hotspot. Quanto mais funções as proteínas em um hotspot tiverem, maior tende a ser a ilha variável.

O iLund4u permite que os usuários busquem por proteínas em hotspots e fornece anotações com base em bancos de dados existentes. Isso expande a compreensão de como diferentes genes podem funcionar juntos. No modo de busca de proteínas, os usuários podem identificar proteínas semelhantes dentro dos hotspots, enquanto o modo de anotação de proteoma ajuda a identificar hotspots com base na similaridade da comunidade.

Identificação de Hotspots em Fagos e Plasmídeos

O iLund4u foi usado para analisar um grande número de sequências de fagos de um banco de dados específico. A equipe re-anotou as sequências de fagos para identificar comunidades de proteínas semelhantes. Os resultados mostraram que a maioria das proteínas nessas comunidades eram conservadas ou variáveis, com uma porção menor sendo intermediária.

Eles encontraram um grande número de ilhas variáveis e conectaram essas para criar numerosos hotspots. Cada hotspot normalmente continha muitos grupos de proteínas, com alguns contendo mais de cem. No geral, muitas das proteínas ainda estão sem funções conhecidas.

Os plasmídeos, que são pequenas moléculas de DNA que podem fornecer às bactérias características adicionais, também têm seus próprios hotspots. Quando os pesquisadores procuraram hotspots em plasmídeos, descobriram que, embora a composição dos plasmídeos difira dos fagos, ainda há muitas semelhanças. Isso sugere que ambos os tipos de elementos genéticos podem carregar genes acessórios importantes.

Diversidade Funcional em Hotspots

Para entender que tipos de funções estão associadas às ilhas variáveis, os pesquisadores examinaram de perto as proteínas encontradas nesses hotspots. A maioria das proteínas codificadas por hotspot permanece não anotada, indicando um verdadeiro tesouro de funções desconhecidas. Usando certas regras para classificação funcional, eles identificaram vários hotspots associados a defesa contra vírus e outros fatores.

Ao comparar os hotspots de fagos e plasmídeos, os pesquisadores notaram diferenças nos tipos de genes presentes, sugerindo que plasmídeos e fagos têm diferentes caminhos evolutivos e funções. Em particular, alguns genes únicos dos plasmídeos, como aqueles envolvidos na conjugação, mostraram padrões de hotspot diferentes.

Uma descoberta interessante envolveu a capacidade dos plasmídeos de carregar genes que poderiam proteger contra as defesas das bactérias, enquanto ainda continham hotspots que codificavam resistência a antibióticos.

A Estrutura das Ilhas Variáveis em Fagos

Os pesquisadores buscaram entender a estrutura geral e o conteúdo das ilhas variáveis. Eles calcularam quanto do genoma de um fago é composto por genes conservados e variáveis. Em média, as ilhas variáveis compuseram cerca de nove por cento dos genomas dos fagos, com um valor médio indicando que há uma quantidade consistente de espaço genômico dedicado a essas regiões diversas.

Ao analisar as funções diversas dentro dessas ilhas, os pesquisadores encontraram uma correlação entre o tamanho dos hotspots e a variedade de funções que eles contêm. Ilhas maiores geralmente tinham mais diversidade funcional em comparação com as menores. Além disso, eles exploraram como os genes nessas ilhas se alinham e interagem, levando a insights sobre como esses genes podem ser organizados para eficiência.

Hotspots de Fagos Tipo P2 e Sistemas de Defesa Conhecidos

Alguns fagos bem estudados, particularmente os do tipo P2, têm hotspots bem estabelecidos. A equipe de pesquisa usou o iLund4u para identificar e anotar esses hotspots em genomas conhecidos de fagos do tipo P2. Eles redescobriram com sucesso mecanismos de defesa previamente identificados, confirmando a eficácia do iLund4u em localizar essas regiões vitais.

Os hotspots encontrados carregavam uma mistura de genes associados a várias funções, incluindo sistemas de defesa conhecidos e fatores de virulência. Nesta análise, os pesquisadores observaram tanto consistência quanto variabilidade nas localizações dos genes, indicando que, enquanto algumas funções são conservadas, ainda há espaço para diversidade e evolução.

Descobrindo Hotspots Diversos em Fagos do Intestino

Os pesquisadores também usaram o iLund4u para examinar fagos encontrados no intestino humano. Eles identificaram um hotspot complexo que era rico em genes diversos ligados a funções como resistência a antibióticos e virulência. Esse hotspot tinha muitos grupos de proteínas, indicando que desempenha um papel potencialmente crucial em como esses fagos interagem com seus hospedeiros bacterianos.

Em sua análise detalhada, eles descobriram que alguns genes relacionados à ligação de receptores estavam presentes, sugerindo que os fagos podem ter evoluído estratégias para uma melhor interação com o hospedeiro. Além disso, o estudo revelou que certos genes poderiam alternar funções dependendo da presença ou ausência de outros genes, acrescentando uma camada de complexidade a como esses genomas de fagos operam.

A Importância do iLund4u

O iLund4u serve como um método inovador para identificar sistematicamente hotspots e ilhas variáveis em genomas microbianos. As descobertas ressaltam a importância dessas regiões no mundo microbiano, particularmente na descoberta de novos sistemas imunológicos e outras características genéticas importantes.

Ao combinar diferentes abordagens analíticas, os pesquisadores podem melhorar seu poder preditivo sobre como os genes funcionam com base em suas localizações e relações dentro dos genomas. O iLund4u permite que os pesquisadores explorem as relações entre diferentes genes e ajuda a impulsionar a descoberta de novas funções e interações em populações microbianas.

Os pesquisadores acreditam que as ferramentas e bancos de dados construídos a partir do iLund4u beneficiarão muito o estudo dos genomas microbianos, especialmente nas anotações funcionais e na descoberta de novos mecanismos de defesa.

Conclusão

A diversidade dos genomas microbianos, moldada por vários mecanismos, abre um mundo de possibilidades para entender como esses organismos evoluem e interagem. Com ferramentas como o iLund4u, os cientistas podem identificar hotspots e ilhas variáveis que carregam informações genéticas significativas, abrindo caminho para futuras pesquisas e explorações em microbiologia. As descobertas feitas até agora destacam o vasto potencial para identificar novas funções e melhorar nossa compreensão da vida microbiana.

Fonte original

Título: Systematic annotation of hyper-variability hotspots in phage genomes and plasmids

Resumo: Bacterial and bacteriophage genomes contain genomic regions of hyper-variability (diversity hotspots) caused by insertions of mobile genetic elements (MGEs), non-homologous recombination events and non-horizontal hypermutation. Accessory genes encoded in the diversity hotspots are involved in anti-MGE defence and counter-defence, virulence and antimicrobial resistance (AMR), thus playing key roles in interactions amongst phages, MGEs, bacteria and eukaryotic hosts. To date the majority of research has been focused on either individual hotspots or on relatively limited sets of hotspots in a small set of genomes, typically from a single species. A global understanding of hotspot diversity and dynamics still lacking. To address this gap, we developed iLund4u, an algorithm for the systematic annotation of hotspots across millions of sequences. Using a proteome composition approach, iLund4u detects proteome communities, annotates accessory proteins and identifies hotspots. By analysing 873K phage genomes and 696K plasmid sequences we identified 13.7K hotspots and 171K diverse protein families encoded there as cargo. Furthermore, iLund4u allows for protein search and proteome annotation functions versus a precomputed iLund4u database. In the protein search mode iLund4u identifies all hotspots that encode homologues of a query protein. In the proteome annotation mode iLund4u annotates hotspots by searching for communities of similar proteomes. Detailed documentation, user guide and the source code are available at the iLund4u home page: art-egorov.github.io/ilund4u.

Autores: Artyom A. Egorov, V. Hauryliuk, G. C. Atkinson

Última atualização: 2024-10-16 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.10.15.618418

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.10.15.618418.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

Obrigado ao biorxiv pela utilização da sua interoperabilidade de acesso aberto.

Artigos semelhantes