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# Biologia# Neurociência

Como escolhas passadas moldam nossa percepção

Pesquisas mostram que experiências passadas influenciam muito como percebemos as informações sensoriais.

Carina Forster, T. Stephani, M. Grund, E. Panagoulas, E. Al, S. M. Hofmann, V. V. Nikulin, A. Villringer

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A nossa percepção do mundo ao nosso redor é muitas vezes influenciada pelo que já sabemos ou esperamos. Isso é especialmente verdade quando se trata de interpretar sinais sensoriais fracos, como dicas visuais ou táteis sutis. Quando esses sinais não estão claros, nosso cérebro tende a confiar mais nas crenças ou experiências anteriores. Essa dependência pode levar a Preconceitos na maneira como percebemos os estímulos.

Pesquisas mostraram que quando as pessoas recebem informações sobre a probabilidade de um estímulo ocorrer, isso pode afetar como elas relatam ter experienciado esse estímulo. Por exemplo, se alguém sabe que um estímulo é muito provável de aparecer, pode relatar vê-lo mais vezes, mesmo que o estímulo seja fraco ou difícil de detectar. Em situações onde há incerteza, nossas decisões são influenciadas não só pela entrada sensorial atual, mas também pelo que vivemos no passado. Essa experiência passada pode criar o que chamamos de preconceitos implícitos.

Contexto

Estudos recentes analisaram como nossas escolhas passadas influenciam nossas decisões atuais. Por exemplo, se alguém fez uma escolha específica antes, essa pessoa pode estar mais propensa a fazer a mesma escolha de novo, especialmente em situações incertas. Esse efeito é chamado de viés de histórico de escolhas.

Quanto a entender a atividade cerebral que fundamenta esses preconceitos, a pesquisa ainda está em andamento. Embora saibamos que nossas expectativas e escolhas passadas moldam o que percebemos, ainda temos muito a aprender sobre a estrutura cerebral para esses processos.

Em uma das abordagens sobre esse tema, os pesquisadores estudaram como as ondas cerebrais eram afetadas pelas expectativas. Especificamente, eles focaram em dois tipos de ondas cerebrais: alfa e beta. Essas ondas cerebrais podem fornecer insights sobre como nosso cérebro está se preparando para processar informações sensoriais. Estudos mostraram que quando as pessoas esperavam um estímulo, houve mudanças perceptíveis em suas ondas cerebrais antes mesmo do estímulo aparecer.

O Papel do Cérebro na Percepção

Nosso cérebro funciona de duas maneiras principais para nos ajudar a interpretar informações sensoriais: usa tanto o processamento de cima para baixo quanto de baixo para cima. O processamento de cima para baixo envolve usar o conhecimento e as expectativas passadas para influenciar nossa percepção. O processamento de baixo para cima depende da informação sensorial que chega.

Por exemplo, se você está em um quarto pouco iluminado e ouve um som, seu cérebro pode inicialmente confiar em experiências passadas que sugerem que o som é apenas o vento. No entanto, se você foi informado de que uma tempestade está chegando, pode interpretar o som como algo mais preocupante. Essa interação entre o que esperamos e o que realmente sentimos é vital para a percepção.

No contexto de tarefas de detecção sensorial, os participantes muitas vezes precisam determinar se perceberam um sinal. As adaptações que fazem em relação às suas decisões podem depender muito das informações que receberam sobre a probabilidade do sinal aparecer.

Estudos sobre Detecção Sensorial

Dois estudos foram realizados para entender melhor como a probabilidade de estímulos e escolhas passadas influenciam a percepção. No primeiro estudo, os participantes foram informados sobre a probabilidade de estímulos no início de cada bloco de testes, criando um ambiente estável. No segundo estudo, a probabilidade dos estímulos foi apresentada de forma diferente, com atribuições aleatórias para cada teste, criando um ambiente mais volátil.

Ambos os estudos analisaram como os participantes ajustaram suas respostas com base nas probabilidades que receberam. O objetivo era ver se as expectativas sobre a probabilidade do estímulo afetariam com que frequência os participantes relataram detectar um estímulo.

Os pesquisadores usaram um método chamado teoria da detecção de sinal (SDT) para analisar os dados. Esse método é útil para entender as diferenças nas decisões feitas com base em vários estímulos e é projetado para separar a sensibilidade real aos sinais do processo de tomada de decisão.

Os resultados mostraram que os participantes ajustaram seus critérios de detecção de acordo com as probabilidades informadas. Quando a probabilidade de um sinal estar presente era alta, os participantes foram mais liberais em suas respostas, indicando que perceberam um estímulo com mais frequência. No entanto, a sensibilidade deles ao estímulo real não mudou significativamente.

Confiança nas Decisões

Um aspecto importante da tomada de decisão é a confiança. Nos estudos, os pesquisadores analisaram quão confiantes os participantes se sentiam sobre suas decisões com base na probabilidade do estímulo. Eles descobriram que os participantes estavam mais confiantes em suas respostas quando havia alinhamento entre suas expectativas e suas respostas reais.

Por exemplo, se o estímulo era provável de estar presente e um participante relatou detectá-lo, sua avaliação de confiança seria maior do que se ele o detectasse em uma situação onde não havia tal expectativa. Esse padrão sugere que nossa confiança na tomada de decisão é fortemente influenciada pela congruência de nossas respostas com nossas expectativas.

O Impacto das Escolhas Anteriores

Outro foco importante da pesquisa foi como escolhas anteriores influenciaram as respostas atuais. Os pesquisadores descobriram que as escolhas anteriores de um participante poderiam impactar como ele respondeu a estímulos subsequentes. Essa influência foi mais forte em situações onde as condições eram estáveis do que em ambientes voláteis.

Ao analisar os padrões de resposta dos participantes, ficou claro que eles tendiam a repetir suas decisões anteriores. No entanto, mesmo após considerar as escolhas anteriores, a probabilidade do estímulo ainda desempenhava um papel significativo em suas decisões atuais.

Correlatos Neurais dos Preconceitos

Para investigar mais a fundo o papel do cérebro nesses preconceitos, foram feitas gravações de EEG (eletroencefalografia) durante os experimentos. Os pesquisadores focaram nas mudanças nos padrões de ondas cerebrais, especialmente na faixa de frequência beta, antes do início dos estímulos. Eles queriam ver se a potência beta mais baixa ou mais alta poderia ser ligada aos preconceitos provenientes da probabilidade do estímulo e das escolhas anteriores.

Os achados indicaram que a potência beta pré-estímulo estava relacionada a ambos os tipos de preconceitos. Em situações com alta probabilidade de estímulo, os participantes mostraram potência beta mais baixa, que estava associada a uma mudança nos critérios de decisão. Em condições estáveis, a fonte dessa modulação era frequentemente encontrada na área somatossensória primária.

Além disso, as respostas anteriores dos participantes também afetaram sua atividade cerebral antes do próximo estímulo. Em ambientes estáveis, a atividade beta após uma resposta "sim" anterior era notavelmente mais baixa, sugerindo que escolhas anteriores podem modificar a função cerebral durante os testes subsequentes.

Interações Entre Potência Beta e Decisões

Os pesquisadores também estavam interessados em como a potência beta pré-estímulo interagia com a tomada de decisão em torno da probabilidade do estímulo e das escolhas passadas. Eles mediram se essa atividade cerebral poderia prever como os participantes responderiam aos estímulos.

Eles descobriram que a potência beta pré-estímulo mais baixa estava ligada a uma detecção mais frequente de estímulos tanto em testes de sinal quanto de ruído. Isso significa que quando os participantes tinham uma potência beta mais baixa antes de um estímulo aparecer, eram mais propensos a relatar que o detectavam.

Além disso, as interações envolvendo respostas anteriores e a probabilidade do estímulo tornaram-se evidentes. Em ambientes estáveis, a potência beta influenciava como as escolhas anteriores eram refletidas nas respostas subsequentes.

Potência Pré-Estímulo e Confiança

Outro aspecto interessante a ser explorado foi a conexão entre a potência beta pré-estímulo e os níveis de confiança. Os pesquisadores descobriram que a potência beta pré-estímulo poderia prever os efeitos de congruência nas avaliações de confiança. Essencialmente, quando as respostas dos participantes correspondiam às suas expectativas, as avaliações de confiança eram mais altas.

Essa descoberta ilustra a relação complexa entre como nosso cérebro se prepara para decisões perceptuais e quão confiantes nos sentimos sobre essas decisões. Isso vai além do nível de potência beta antes de um estímulo; em vez disso, depende de se essa resposta se alinha com o estímulo esperado.

Resumo dos Achados

Para resumir os achados, a pesquisa estabeleceu que tanto preconceitos explícitos (baseados em probabilidades fornecidas) quanto implícitos (baseados em escolhas anteriores) na percepção sensorial são refletidos na potência beta pré-estímulo em diferentes áreas do cérebro.

Os participantes conseguiram ajustar seus processos de tomada de decisão com base nas pistas de probabilidade que receberam. Eles também apresentaram preconceitos fortes com base em suas respostas anteriores, particularmente em ambientes estáveis.

As gravações de EEG mostraram que a potência beta em regiões específicas do cérebro poderia prever mudanças nos critérios dos participantes em resposta aos estímulos. Isso significa que o cérebro está se preparando ativamente sobre como responder com base no que esperamos e no que fizemos no passado.

Implicações da Pesquisa

Essa pesquisa tem implicações significativas para entender como nossos cérebros fazem sentido do mundo. A capacidade de prever e detectar estímulos com base em experiências passadas e expectativas atuais aponta para um mecanismo neural sofisticado em ação.

Os achados indicam que o cérebro trabalha duro para equilibrar experiências anteriores e entradas sensoriais, o que é crucial para um comportamento adaptativo. Isso mostra como nossos processos cognitivos dependem não só do que sentimos, mas também de uma rede de conhecimento e expectativas anteriores.

Além disso, esses insights podem contribuir para várias áreas, incluindo psicologia, neurociência e até inteligência artificial, onde entender a percepção e a tomada de decisão semelhantes às humanas pode informar o desenvolvimento de sistemas mais intuitivos.

Direções Futuras

Estudos adicionais poderiam expandir esse trabalho examinando como esses preconceitos mudam em diferentes contextos e indivíduos. Por exemplo, estudos longitudinais poderiam ajudar a determinar quão consistentes esses preconceitos são ao longo do tempo ou como eles podem mudar com diferentes tipos de treinamento ou influências ambientais.

Há também a necessidade de explorar as implicações dessas descobertas em configurações do mundo real, onde as pessoas enfrentam entradas sensoriais complexas regularmente. Entender como os preconceitos operam na vida cotidiana pode lançar luz sobre certos distúrbios cognitivos ou dificuldades na percepção.

Ao continuar estudando a relação entre a atividade cerebral, a tomada de decisão e a percepção, os pesquisadores podem aprimorar nosso conhecimento da mente humana e de como interagimos com o mundo ao nosso redor.

Fonte original

Título: Pre-stimulus beta power mediates explicit and implicit perceptual biases in distinct cortical areas

Resumo: Perception is biased by expectations and previous actions. Pre-stimulus brain oscillations are a potential candidate for implementing biases in the brain. In two EEG studies on somatosensory near-threshold detection, we investigated the pre-stimulus neural correlates of an (implicit) previous choice bias and an explicit bias. The explicit bias was introduced by informing participants about stimulus probability on a single-trial level (volatile context) or block-wise (stable context). Behavioural analysis confirmed adjustments in the decision criterion and confidence ratings according to the cued probabilities and choice history biases. Pre-stimulus beta power with distinct sources in sensory and higher-order cortical areas predicted explicit and implicit biases, respectively, on a subject level and partially mediated the impact of previous choice and stimulus probability on the detection response. We suggest pre-stimulus beta oscillations in distinct brain areas as a neural correlate of explicit and implicit biases in somatosensory perception.

Autores: Carina Forster, T. Stephani, M. Grund, E. Panagoulas, E. Al, S. M. Hofmann, V. V. Nikulin, A. Villringer

Última atualização: 2024-10-18 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.06.12.598458

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.06.12.598458.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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