Estrabismo em Pessoas com Síndrome de Down
Explorando a relação entre estrabismo e a prevalência da síndrome de Down no mundo.
Christopher S. von Bartheld, Avishay Chand, Lingchen Wang
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Índice
- A Prevalência do Estrabismo na Síndrome de Down
- O Fator Idade
- Diferenças Raciais e Étnicas
- O Mistério das Causas
- Resultados das Revisões Sistemáticas
- O Equilíbrio de Gênero
- Tipos de Estrabismo
- Entendendo a Relação Esotropia/Exotropia
- Expectativa de Vida e Estrabismo
- O Papel da Visão e da Saúde Ocular
- Estamos Perdendo Casos?
- Conclusão: O Quadro Maior
- Fonte original
Estrabismo, conhecido popularmente como "olhos tortos", é uma condição onde os olhos não ficam alinhados direitinho. Isso pode acontecer por várias razões e afeta pessoas de todos os tipos. Um grupo que teve uma ocorrência maior de estrabismo são os indivíduos com Síndrome de Down, também chamada de trissomia 21. Mas qual é a real situação do estrabismo entre pessoas com síndrome de Down?
A Prevalência do Estrabismo na Síndrome de Down
Pesquisas mostram que a prevalência de estrabismo em pessoas com síndrome de Down varia bastante. Alguns estudos dizem que entre 1,9% e até 100% das pessoas com síndrome de Down podem ter estrabismo. Essa variação enorme é, em parte, por conta das escolhas feitas ao selecionar os estudos para revisão. O número exato de pessoas com essa condição ainda tá em debate.
Além da taxa de estrabismo, rola a questão se quem tem síndrome de Down tem mais chance de ter esotropia (olhos cruzados) ou exotropia (olhos desviados pra fora). Em vários estudos, algumas regiões só relataram esotropia, enquanto outras disseram que pelo menos 25% dos casos eram exotropia. Essa discrepância pode ser por causa de preconceitos nos estudos ou diferenças regionais na forma como o estrabismo é relatado.
O Fator Idade
Curiosamente, a idade em que o estrabismo aparece em crianças com síndrome de Down é diferente da de crianças sem a condição. Estudos indicam que o estrabismo pode surgir mais tarde nas crianças com síndrome de Down. Por causa dessa aparição tardia, muitas crianças diagnosticadas com estrabismo nesse grupo podem não ter ambliopia, que é quando o cérebro ignora os sinais de um olho, causando visão ruim nesse olho.
Diferenças Raciais e Étnicas
Quando se olha pro estrabismo entre diferentes grupos étnicos, os pesquisadores encontraram diferenças significativas. Por exemplo, a maioria dos estudos europeus no século XX relatou principalmente esotropia, enquanto estudos da Ásia e África mostraram uma maior proporção de exotropia. Essas variações podem surgir da falta de acesso a estudos publicados em idiomas que não sejam inglês, resultando numa visão distorcida da realidade de diferentes grupos étnicos.
O Mistério das Causas
As causas do estrabismo em pessoas com síndrome de Down ainda são meio misteriosas. Várias razões foram sugeridas, como as órbitas mais estreitas de quem tem síndrome de Down, o risco de catarata e menos força nos músculos oculares. Também pode ser que fatores como acomodação mais fraca (a capacidade do olho de focar) e anormalidades na retina contribuam pro desenvolvimento do estrabismo. Essa situação parece ser diferente da população geral, onde as razões pro estrabismo podem ser mais simples.
Resultados das Revisões Sistemáticas
Pra ter uma visão mais clara, foi feita uma revisão sistemática, juntando estudos de vários lugares do mundo, alguns em idiomas como alemão, turco e espanhol. O objetivo era coletar informações sobre a prevalência de estrabismo globalmente em pessoas com síndrome de Down. O resultado foi que um número significativo de relatos focou apenas em sujeitos europeus, levando a uma visão eurocêntrica da prevalência do estrabismo.
Analisando dados de mais de 140 estudos, os pesquisadores estimaram que cerca de 1,81 milhão de pessoas no mundo com síndrome de Down têm estrabismo. Desse total, aproximadamente 1,42 milhão têm esotropia, enquanto cerca de 370 mil têm exotropia.
O Equilíbrio de Gênero
Quando se analisa a distribuição de gênero entre quem tem estrabismo na síndrome de Down, os estudos mostram uma leve inclinação pros meninos. Parece que geralmente tem mais meninos do que meninas com essa condição, o que pode ser atribuído a fatores genéticos. No entanto, a prevalência do estrabismo não difere significativamente entre meninos e meninas nessa população.
Tipos de Estrabismo
Existem diferentes tipos de estrabismo, sendo esotropia e exotropia os mais comuns. Entre os estudos revisados, também apareceram casos de estrabismo vertical, embora esses fossem relativamente raros. Quando se olhar pros números, o estrabismo vertical foi encontrado em cerca de 1% das pessoas com síndrome de Down.
Entendendo a Relação Esotropia/Exotropia
Um elemento interessante que os pesquisadores investigaram foi a relação entre esotropia e exotropia, conhecida como a razão ET/XT. Foi descoberto que os caucasianos com síndrome de Down tendem a ter uma razão de esotropia muito maior do que os de outros grupos étnicos. Isso significa que, enquanto esotropia é comum nesse grupo, outras etnias têm uma ocorrência mais equilibrada entre esotropia e exotropia.
Expectativa de Vida e Estrabismo
Os estudos revelam que, à medida que as crianças crescem, as chances de desenvolver estrabismo aumentam. A prevalência é baixa nos primeiros anos e aumenta bastante depois dos quatro anos. Quando as crianças chegam na adolescência, a prevalência de estrabismo pode chegar a cerca de 53%. Isso sugere que, embora o estrabismo pode não aparecer logo de cara, ele pode se desenvolver mais conforme a criança cresce.
O Papel da Visão e da Saúde Ocular
Outro fator a ser considerado é a saúde ocular geral. Muitas pessoas com síndrome de Down enfrentam problemas com acuidade visual e sensibilidade ao contraste. Esses problemas podem surgir por várias razões, incluindo diferenças anatômicas nos olhos e nas vias visuais. Alguns estudos sugeriram até que a lente do olho pode ser mais fina nessas pessoas, o que pode impactar a qualidade da visão.
Estamos Perdendo Casos?
Uma preocupação significativa é que muitas crianças com síndrome de Down não frequentam escolas regulares, onde muitos estudos sobre a prevalência do estrabismo são conduzidos. Isso pode levar a uma subcontagem de casos de estrabismo, já que muitas crianças com deficiência de desenvolvimento, incluindo aquelas com síndrome de Down, podem ser ignoradas. É importante considerar que essas crianças podem ter uma taxa de estrabismo muito maior do que a normalmente vista na população geral.
Conclusão: O Quadro Maior
Resumindo, estrabismo é um problema comum entre pessoas com síndrome de Down, e varia bastante entre diferentes grupos e regiões. Embora alguns fatores que contribuem pro estrabismo nessa população ainda sejam um mistério, os pesquisadores estão lentamente montando o quebra-cabeça. Entender a prevalência, os tipos e os fatores subjacentes é crucial pra desenvolver uma visão mais clara do impacto do estrabismo nas pessoas com síndrome de Down.
À medida que os pesquisadores continuam a explorar esse tema, fica cada vez mais claro que aumentar a conscientização, entender e relatar com precisão o estrabismo em indivíduos com síndrome de Down é fundamental. Os dados que temos até agora fornecem um bom ponto de partida, mas há muito espaço pra mais estudos, especialmente focando em grupos étnicos diversos e faixas etárias mais amplas.
No grande esquema das coisas, saber mais sobre como o estrabismo se manifesta entre aqueles com síndrome de Down ajudará na gestão da saúde ocular de forma eficaz e na melhoria da qualidade de vida dessas pessoas. Então, da próxima vez que você encontrar alguém com estrabismo, lembre-se que há mais na história deles do que aparenta!
Fonte original
Título: Prevalence and etiology of strabismus in Down syndrome: A systematic review and meta-analysis with a focus on ethnic differences in the esotropia/exotropia ratio
Resumo: PurposeWe sought to determine the prevalence of strabismus and the esotropia/exotropia ratio in Down syndrome. Wide ranges of an increased strabismus prevalence have been reported and it is unclear by how much esotropia exceeds exotropia in people with Down syndrome. MethodsWe compiled in a systematic review and meta-analysis the results of over 100 studies that report the strabismus prevalence and ratio of esotropia/exotropia in cohorts of Down syndrome. We calculated the pooled global prevalence and established the geographical distribution of the strabismus prevalence and the esotropia/exotropia ratio. ResultsThe ethnically-adjusted global prevalence of strabismus in Down syndrome is 30.2%. In subjects 15 years and older, the global prevalence is 53.2%, and the lifetime prevalence is 51.0%. In populations which normally have more esotropia than exotropia (e.g., Caucasians), Down syndrome subjects have a further increased bias towards esotropia. In populations which normally have more exotropia (e.g., West Africans, Asians and Hispanics), Down syndrome subjects have a significantly lower esotropia/exotropia ratio (3.21) than reported in Caucasians with Down syndrome (9.98). ConclusionWorldwide, about 1.81 million people with Down syndrome have strabismus: 1.42 million of them have esotropia, and 0.37 million have exotropia. Differences in the esotropia/exotropia ratio between ethnicities point to the orbital anatomy as a major contributing factor to the etiology of strabismus in Down syndrome. The narrow-set eyes (reduced orbital width) in Down syndrome favor esotropia over exotropia, especially in Caucasians, thus explaining why Down syndrome patients from different ethnicities have different prevalences of esotropia and exotropia.
Autores: Christopher S. von Bartheld, Avishay Chand, Lingchen Wang
Última atualização: 2024-11-29 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2024.11.28.24318156
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2024.11.28.24318156.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/
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