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Câncer Cervical: O Papel do HPV e do Microbioma

Estudo explora conexões entre HPV, doenças cervicais e microbioma em mulheres porto-riquenhas.

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O câncer cervical (CC) é um problema de saúde bem sério pra mulheres no mundo todo. Ele é o quarto câncer mais comum entre as mulheres e é uma das principais causas de mortes relacionadas ao câncer entre elas. Embora as taxas de câncer cervical tenham diminuído em alguns lugares como os EUA, a maioria dos casos e mortes acontece em áreas com poucos recursos. Na verdade, uma grande porcentagem das mortes por câncer cervical ocorre na América Latina e no Caribe. Porto Rico tem a maior taxa de câncer cervical nos Estados Unidos, enfrentando um aumento de casos ao longo dos anos. Infelizmente, a taxa de triagem para câncer cervical em Porto Rico não atinge os níveis recomendados, o que coloca uma pressão extra no sistema de saúde de lá.

A principal causa do câncer cervical é a infecção persistente por certos tipos de Papilomavírus Humano (HPV). O HPV é encontrado em quase todos os casos de anormalidades cervicais e está ligado à progressão do câncer cervical. No entanto, nem toda mulher com HPV vai desenvolver problemas graves. Muitos fatores contribuem pra saber se a doença cervical avança, incluindo escolhas de estilo de vida, genética, atividade sexual precoce e gravidezes. Uma área que pode ajudar a explicar por que algumas mulheres desenvolvem infecções persistentes por HPV enquanto outras não é o microbioma cervicovaginal- a comunidade de bactérias presente na área vaginal. Estudos recentes indicam uma possível ligação entre tipos específicos de bactérias vaginais e a presença de HPV, além da doença cervical.

A composição do microbioma cervicovaginal pode variar bastante entre mulheres de diferentes origens étnicas. Pesquisadores classificaram esses Microbiomas em cinco tipos com base na presença de espécies de Lactobacillus, que são bactérias comuns na vagina. Por exemplo, um tipo, CST-I, é dominado por L. crispatus, enquanto outros são caracterizados por diferentes espécies de Lactobacillus ou uma mistura diversificada de bactérias sem Lactobacillus. Mulheres de origens hispânicas e negras tendem a ter um microbioma mais variado, mostrando menos dominância de Lactobacillus em comparação com mulheres brancas.

Um estudo anterior mostrou que mulheres hispânicas em Porto Rico têm um perfil microbiano distinto em comparação com mulheres brancas. Aqueles com HPV de alto risco e lesões cervicais graves tendem a ter níveis mais altos de certas bactérias. No entanto, pesquisas anteriores usando swabs cervicais podem ter perdido aspectos importantes relacionados à resposta do corpo a essas bactérias. Estudos mais recentes sugerem que coletar lavagens cervicais (amostras de água do colo do útero) pode fornecer melhores insights sobre a interação entre micróbios e a resposta imunológica do hospedeiro.

Neste estudo, os pesquisadores queriam examinar como o microbioma cervicovaginal se relaciona com a doença cervical e infecções por HPV. Eles também pretendiam explorar quaisquer ligações entre marcadores de Inflamação e a presença de Lactobacillus e desequilíbrio microbiano geral. Com essa abordagem, eles esperavam entender melhor como essas variáveis interagem.

Desenho do Estudo e Metodologia

Mulheres que visitavam clínicas para cuidados médicos de rotina em Porto Rico foram recrutadas para o estudo. Pra garantir dados precisos, os pesquisadores estabeleceram critérios específicos de elegibilidade. Por exemplo, mulheres com infecções urinárias ativas, histórico de incontinência urinária, doenças sexualmente transmissíveis, uso recente de antibióticos, candidíase ou síndrome do choque tóxico no passado foram excluídas do estudo.

As participantes deram seu consentimento informado, e os pesquisadores coletaram informações detalhadas usando um questionário. Entre novembro de 2017 e fevereiro de 2020, um total de 91 mulheres com idades entre 21 e 60 anos consentiram em participar. Durante exames ginecológicos, amostras cervicais foram coletadas com swabs, e 10mL de lavagens cervicais foram coletadas usando água estéril. Todas as amostras foram armazenadas corretamente pra garantir que pudessem ser analisadas depois.

Os pesquisadores testaram as amostras para vários citocinas - substâncias produzidas pelo sistema imunológico que podem indicar níveis de inflamação. Eles usaram um sistema especializado pra medir essas citocinas, focando em fatores chave envolvidos nas respostas imunológicas.

Além disso, os pesquisadores analisaram o material genético das amostras pra identificar os diferentes tipos de bactérias presentes. Essa análise envolveu a extração de DNA das amostras e a amplificação de regiões específicas pra exame posterior. Eles categorizaram as comunidades microbianas em tipos pra facilitar a análise.

Resultados sobre a População Participante e Tipos de Estado da Comunidade

Entre as participantes, a maioria tinha entre 21 e 60 anos, com uma idade média de 39. O nível médio de pH encontrado nas amostras era em torno de 5.49. As mulheres foram categorizadas com base na saúde cervical, variando de negativa para lesões intraepiteliais a casos mais graves, como lesões de baixo e alto grau. No total, 67% das mulheres apresentaram infecções por HPV, com taxas mais altas em mulheres com lesões de baixo ou alto grau.

O estudo também destacou os vários tipos de comunidades bacterianas presentes nas amostras cervicais. Os pesquisadores notaram uma tendência distinta onde certos grupos bacterianos eram mais comuns entre mulheres com lesões de alto grau. Os achados sugeriram uma mudança de comunidades saudáveis dominadas por Lactobacillus para perfis bacterianos mais diversos e potencialmente prejudiciais em mulheres com problemas cervicais mais sérios.

Inflamação e Seu Papel na Saúde Cervical

A análise dos níveis de citocinas revelou diferenças significativas entre participantes saudáveis e aquelas com lesões de alto grau. Especificamente, certas citocinas pró-inflamatórias como IL-1β e IFNγ estavam notavelmente elevadas em mulheres com doença cervical grave comparadas a indivíduos saudáveis. Embora outros tipos de citocinas não mostraram diferenças significativas, foi observada uma tendência indicando níveis mais altos naquelas com doença cervical.

Ao examinar a relação entre citocinas e tipos de estado da comunidade, os pesquisadores descobriram que certos perfis bacterianos estavam intimamente ligados a concentrações mais altas de citocinas pró-inflamatórias. Por exemplo, um tipo de estado da comunidade, CST IV-B, estava particularmente associado a níveis aumentados de IL-1β e IL-6.

Essas observações sugerem que a inflamação pode desempenhar um papel significativo no ambiente cervical, impactando o equilíbrio entre bactérias benéficas e prejudiciais presentes. Os pesquisadores concluíram que mudanças no microbioma e nas respostas inflamatórias poderiam ser fatores cruciais que ligam infecções por HPV, doença cervical e saúde geral.

A Conexão Entre HPV e Composição da Comunidade Microbiana

O estudo analisou como as infecções por HPV impactaram a composição da comunidade bacteriana presente no colo do útero. Por exemplo, mulheres que testaram positivo para HPV de alto risco mostraram diferenças marcantes em seus perfis microbianos em comparação com aquelas que eram negativas para HPV. A diversidade da comunidade bacteriana foi significativamente maior em mulheres com lesões cervicais mais severas e aquelas que tinham co-infecções por HPV.

Curiosamente, em mulheres com condições cervicais não cancerígenas, a composição bacteriana era principalmente dominada por espécies benéficas de Lactobacillus. No entanto, nas que tinham lesões de alto grau, houve uma mudança notável em direção ao Lactobacillus iners e outros micróbios associados à disbiose, indicando um desequilíbrio no microbioma.

Essa descoberta reforça a ideia de que um microbioma cervicovaginal saudável é essencial para manter a saúde reprodutiva geral. Quando o equilíbrio é interrompido, pode aumentar a probabilidade de desenvolver doença cervical e criar um ambiente fértil para o HPV prosperar.

Impacto da Disbiose Microbiana na Resposta Imunológica

A pesquisa indicou que altos níveis de inflamação estavam associados à perda de espécies protetoras de Lactobacillus e ao surgimento de diversas bactérias anaeróbicas. Em condições cervicais mais severas, a população de espécies benéficas de Lactobacillus foi significativamente reduzida, enquanto bactérias prejudiciais como Atopobium e Gardnerella se tornaram mais prevalentes.

Essas mudanças na comunidade microbiana não impactam apenas o ambiente local do colo do útero, mas também influenciam a resposta imunológica do corpo. Por exemplo, os pesquisadores notaram que níveis mais altos de citocinas pró-inflamatórias corresponderam a níveis mais baixos de Lactobacillus e uma presença acentuada de bactérias potencialmente prejudiciais.

Além disso, certas espécies bacterianas foram ligadas a níveis elevados de citocinas específicas. Altas quantidades de Sneathia e Gardnerella correlacionaram-se com aumento de citocinas pró-inflamatórias, sugerindo seu papel na manutenção de um estado inflamatório que é prejudicial à saúde cervical.

Conclusão: A Necessidade de Mais Pesquisas

O câncer cervical continua sendo uma preocupação de saúde séria que é complexa e multifatorial. Este estudo destaca as conexões significativas entre infecções por HPV, doença cervical, inflamação e o microbioma. Os achados sugerem que um microbioma cervical diverso, dominado por bactérias prejudiciais, pode contribuir para o aumento da inflamação e piorar as condições cervicais.

Daqui pra frente, mais pesquisas são necessárias pra aprofundar nossa compreensão dessas interações, especialmente em relação ao papel do microbiota cervicovaginal no desenvolvimento do câncer cervical. Estudos futuros podem ajudar a descobrir estratégias potenciais para prevenção e tratamento, enfatizando a importância de manter um equilíbrio saudável de bactérias no colo do útero.

Fonte original

Título: Inflammatory cytokines and a diverse cervicovaginal microbiome are associated with cervical disease in Hispanics living in Puerto Rico

Resumo: Cervical cancer (CC) is womens fourth most common cancer worldwide. A worrying increase in CC rates in Hispanics suggests that besides Human Papillomaviruses infections, there may be other biological causes promoting the disease. We hypothesized that the cervical microbiome and the epithelial microenvironment favoring inflammation is conducive to disease progression. There is a lack of studies examining the part played by microbial populations in the development of precancerous lesions into cancer in Hispanic women. We aimed to investigate the relationship between the cervicovaginal microbiome and inflammation in Hispanic women living in PR while considering cervical neoplasia and HPV infection. Cervical samples collected from 91 participants coming to clinics in San Juan, underwent 16S rRNA genes (V4 region) profiling, and cytokines were measured using Luminex MAGPIX technology. Cytokines were grouped as inflammatory (IL-1{beta}, TNF, IFN{gamma}, IL-6), anti-inflammatory (IL-4, IL-10, TGF{beta}1), and traffic-associated (IL-8, MIP1a, MCP1, IP10). They were related to microbes via an inflammation scoring index based on the quartile and tercile distribution of the cytokines concentration. We found significant differences in the diversity and composition of the microbiota according to HPV risk, cervical disease, and cytokine abundance. The most dominant community state type (CST) was CST IV with [~] 90% dominance in participants with high-grade squamous intraepithelial lesions and high-risk HPV. The increasing concentration of pro-inflammatory cytokines was associated with a decrease in L. crispatus. In contrast, dysbiosis-associated bacteria such as Gardnerella, Prevotella, Atopobium concomitantly increased with pro-inflammatory cytokines. Our study highlights that the cervical microbiota of Hispanics living in PR is characteristically diverse, regardless of HPV status and that dysbiosis associated with a decrease in Lactobacillus marks inflammatory processes. Therefore, the joint host-microbe interaction analyses via cytokine signaling and microbiota in precancerous lesions is confirmed to have great translational potential.

Autores: Filipa Godoy-Vitorino, E. Tosado-Rodriguez, L. B. Mendez, A. M. Espino, S. Dorta-Estremera, E. E. Aquino, J. Romaguera

Última atualização: 2023-04-07 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.04.06.23288256

Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.04.06.23288256.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

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