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Avanços em AAVs para Terapia Gênica

Uma olhada nos vírus adenoassociados e seu papel na terapia gênica.

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Vírus Adeno-Associados, ou AAVs, são vírus pequenos que pertencem a um grupo chamado Dependoparvovírus. Esses vírus não conseguem causar infecções por conta própria porque não conseguem se replicar sozinhos. Em vez disso, eles dependem de outros vírus para entrar nas células e entregar seu material genético. Essa característica única torna os AAVs ferramentas promissoras para terapia gênica, uma técnica usada para tratar distúrbios genéticos introduzindo genes novos ou modificados nas células da pessoa.

Os AAVs se tornaram populares como vetores de terapia gênica porque são considerados seguros para uso em humanos. Eles não causam doenças e têm baixas chances de provocar uma resposta imunológica. Pesquisadores desenvolveram várias terapias gênicas baseadas em AAV que já foram aprovadas para uso clínico, marcando um progresso significativo nessa área. No entanto, ainda existem desafios para tornar essas terapias mais eficazes e confiáveis.

Estrutura dos AAVs

Os AAVs são partículas pequenas, com cerca de 25 nanômetros de diâmetro, e têm uma estrutura distinta. Eles são compostos por uma cápsula de proteína, chamada capsídeo, feita de 60 unidades de proteína. Existem três tipos dessas proteínas, conhecidas como VP1, VP2 e VP3. A VP1 é a maior, seguida pela VP2, e a VP3 é a menor. A proporção desses tipos de proteínas varia, mas normalmente há mais proteínas VP3 do que as outras.

Dentro do capsídeo, os AAVs contêm uma fita de material genético chamada DNA de fita simples (SsDNA). Esse ssDNA contém as instruções necessárias para uma função ou terapia específica. O tamanho do ssDNA que os AAVs podem carregar é limitado, geralmente em torno de 4,8 quilobases. Como os AAVs conseguem infectar uma ampla gama de tipos celulares, mas têm baixa eficiência em entregar seu material genético, os pesquisadores estão trabalhando ativamente para melhorar como os AAVs visam células específicas e aumentar sua eficácia.

Pesquisa Atual e Desafios

Apesar do uso bem-sucedido dos AAVs na terapia gênica, muitos aspectos de como eles funcionam não são totalmente compreendidos. Depois que os AAVs entram em uma célula, seus capsídeos precisam liberar o ssDNA no núcleo, que é o centro de controle da célula, onde ele pode ser usado. No entanto, o processo exato para essa desnaturação (o processo de abertura do capsídeo para liberar o ssDNA) ainda não está completamente claro.

Os pesquisadores acreditam que uma vez que os AAVs estão dentro da célula, eles são absorvidos por estruturas chamadas endossomos. A partir daí, parece que os capsídeos se movem para o núcleo, geralmente intactos. Para que o ssDNA seja útil, ele deve ser liberado do capsídeo. Há uma teoria de que as proteínas do capsídeo mudam de forma e expõem sinais importantes que ajudam os AAVs a entrar no núcleo. No entanto, os detalhes de como isso acontece ainda são um mistério.

Um dos principais desafios é descobrir como produzir AAVs em grandes quantidades enquanto garantem que o ssDNA seja embalado corretamente, sem incluir subprodutos indesejados. Além disso, a estabilidade dos AAVs e os fatores que afetam sua capacidade de infectar células ainda precisam ser investigados mais a fundo.

Investigando a Desnaturação dos AAVs

Cientistas têm realizado experimentos em laboratório para simular as condições que os AAVs enfrentam ao entrar nas células. Uma forma de estudar isso é expor os AAVs ao calor. Descobriu-se que alguns AAVs conseguem resistir a altas temperaturas, tornando-os estáveis em várias condições. Ao aquecer os AAVs, os pesquisadores podem observar como os capsídeos mudam e como o ssDNA se torna acessível.

Diferentes ferramentas e técnicas, como microscopia eletrônica e métodos biofísicos avançados, têm sido usadas para observar de perto os AAVs durante a exposição ao calor. Esses métodos ajudam os cientistas a entender como os AAVs se comportam sob estresse e o que acontece durante o processo de desnaturação.

Monitorando AAVs com Fotometria de Massa

Para estudar o comportamento dos AAVs quando aquecidos, os pesquisadores usaram uma técnica chamada fotometria de massa. Esse método permite que os cientistas meçam a massa de partículas individuais, incluindo AAVs, em solução. Ao monitorar os AAVs enquanto são aquecidos, os pesquisadores puderam observar mudanças no número de AAVs preenchidos em comparação com os vazios.

Em um estudo, cápsulas de AAV8 contendo um gene para uma proteína fluorescente verde (GFP) foram examinadas. Os pesquisadores descobriram que, quando esses AAVs foram aquecidos a 65 °C, o número de AAVs preenchidos diminuiu significativamente, enquanto mais AAVs vazios foram detectados. Esse comportamento está alinhado com descobertas de outros métodos, confirmando que o aquecimento faz com que o ssDNA seja liberado do capsídeo.

A equipe também notou que, quando os capsídeos de AAV8 foram tratados com uma enzima DNase após o aquecimento, o número de AAVs preenchidos caiu ainda mais. Isso sugere que alguns AAVs, mesmo após serem aquecidos, permaneciam intactos, mas não eram mais funcionais devido à liberação de seu material genético.

Uso de um Plasmídeo de Referência para Medições

Para melhorar a precisão de suas medições, os pesquisadores usaram um plasmídeo estável ao calor chamado pBR322 como padrão de referência. Esse plasmídeo não se degrada em altas temperaturas e fornece uma maneira consistente de quantificar o número de partículas antes e depois do aquecimento. Ao combinar os dados dos AAVs e do plasmídeo de referência, os cientistas puderam avaliar com mais precisão o comportamento dos AAVs durante o processo de aquecimento.

Em experimentos onde os capsídeos de AAV8 e o pBR322 foram misturados, os pesquisadores observaram consistentemente uma queda no número de partículas AAV preenchidas após o aquecimento. Isso forneceu informações valiosas sobre como os AAVs respondem ao estresse térmico e como a presença de ssDNA pode afetar sua estrutura.

Tratamento com DNase e Suas Implicações

O uso de DNase para analisar os AAVs revelou descobertas interessantes. Quando a DNase foi adicionada após o aquecimento, não apenas o ssDNA desapareceu, mas também houve uma queda notável no número de AAVs preenchidos. Isso sugere que podem haver partículas de AAV desnaturadas parcialmente associadas ao ssDNA, que ainda podem estar ligadas aos seus capsídeos.

Para validar essa observação, os pesquisadores testaram AAVs produzidos em diferentes fontes. Por exemplo, eles analisaram AAVs feitos tanto em células de insetos quanto em células de mamíferos. Cada tipo apresentou respostas diferentes quando aquecidos e tratados com DNase.

Os AAVs produzidos em células de insetos mostraram sinais de degradação mais cedo do que aqueles provenientes de células de mamíferos. Isso indica que o método de produção pode ter um papel significativo na estabilidade e no comportamento dos AAVs sob estresse.

Curiosamente, enquanto o tipo AAV2 foi menos afetado pelo tratamento com DNase, o tipo AAV9 respondeu de forma semelhante ao AAV8, apresentando uma queda nas partículas preenchidas após a exposição ao calor seguida pela adição de DNase.

Conclusão: A Importância dos AAVs

Os AAVs são ferramentas importantes na terapia gênica, oferecendo uma maneira promissora de tratar várias condições genéticas. Entender como os AAVs se comportam, especialmente durante o processo de desnaturação, é essencial para aprimorar seu uso nas terapias.

Pesquisas indicam que AAVs vazios são geralmente mais estáveis do que aqueles que carregam material genético, o que é crucial para desenvolver terapias eficazes. Embora avanços tenham sido feitos na compreensão dos AAVs, ainda há muito a ser explorado sobre seu comportamento e respostas durante a produção e administração.

Técnicas inovadoras como a fotometria de massa e o uso de plasmídeos de referência prometem aprimorar nossa compreensão da estabilidade e funcionalidade dos AAVs. À medida que mais se aprende sobre esses vírus, o potencial para terapias gênicas eficazes continua a crescer, abrindo caminho para novos tratamentos para várias doenças.

Fonte original

Título: Probing recombinant AAV capsid integrity and genome release under thermal stress by single-molecule interferometric scattering microscopy

Resumo: Adeno-associated viruses (AAVs) are gaining traction as delivery vehicles for gene therapy although the molecular understanding of AAV-transgene release is still limited. Typically, the process of viral uncoating is investigated (in vitro) through thermal stress, revealing capsid disintegration at elevated temperatures. Here, we used single-molecule interferometric scattering microscopy to assess the (in)stability of different empty and filled AAV preparations. By introducing a heat-stable DNA plasmid as an internal standard, we quantitatively probed the impact of heat on AAVs. Generally, empty AAVs exhibited greater heat resistance than genome-filled particles. Our data also indicate that upon DNA release, the capsids do not transform into empty AAVs, but seem to aggregate or disintegrate. Strikingly, some AAVs exhibited an intermediate state with disrupted capsids but preserved bound genome, a feature that experimentally only emerged following incubation with a nuclease. Our data demonstrate that the thermal uncoating process is highly AAV specific (i.e., can be influenced by serotype, genome, host system). We argue that nuclease treatment in combination with mass photometry can be used as an additional analytical tool for assessing structural integrity of recombinant and/or clinical AAV vectors.

Autores: Albert J.R. Heck, E. H. T. M. Ebberink, A. Ruisinger, M. Nuebel, H. Meyer-Berg, I. R. S. Ferreira, M. Thomann

Última atualização: 2024-03-07 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.03.07.583968

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.03.07.583968.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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