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Nova abordagem para combater a resistência a antibióticos

Pesquisas revelam o composto C26 que desestabiliza a invasão de Salmonella sem prejudicar as células humanas.

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A resistência a antibióticos é um baita problema pra saúde global. Todo ano, um monte de gente morre por causa de infecções causadas por bactérias que não respondem aos antibióticos. Só em 2019, cerca de 1,27 milhão de mortes foram ligadas a infecções resistentes em todo o mundo. À medida que as bactérias evoluem, elas encontram formas de sobreviver aos remédios que deveriam matá-las.

Pra encarar essa questão, os pesquisadores estão buscando novas estratégias. Uma abordagem promissora é desenvolver medicamentos que atacam fatores específicos que permitem que as bactérias causam doenças sem matá-las diretamente. Diferente dos antibióticos tradicionais, que visam matar as bactérias ou parar seu crescimento, esses novos remédios focam em desativar a capacidade das bactérias de causar danos, o que pode ajudar a diminuir as chances de resistência.

O Problema com a Salmonela Não Tifoide

Um exemplo de bactéria nociva é a salmonela não tifoide, especificamente um tipo chamado Salmonella enterica subspecies enterica serovar Typhimurium. Essa bactéria pode causar diarreia e, em alguns casos, pode invadir mais fundo no corpo, levando a infecções graves e até potencialmente fatais. O jeito que essa bactéria invade as células humanas envolve processos complexos e proteínas especiais que ela usa pra se grudar nas células e inserir seus componentes prejudiciais.

O primeiro passo pra Salmonella Typhimurium invadir o corpo é se grudar nas células do intestino. Ela faz isso usando uma proteína grande que ajuda a ficar colada. Depois, as bactérias usam um sistema diferente pra entrar nas células do hospedeiro. Uma vez dentro, elas conseguem sobreviver e se reproduzir em uma área especializada dentro das células, permitindo que se espalhem mais pelo corpo e potencialmente causem infecções severas.

O Papel da Regulação Gênica na Patogenicidade Bacteriana

Pra conseguir invadir o hospedeiro com sucesso, as bactérias precisam controlar com precisão a expressão dos seus genes de virulência. A Salmonella Typhimurium tem sistemas de sinalização complexos pra regular esses genes. Três proteínas chave chamadas HilD, HilC, e RtsA trabalham juntas pra garantir que os genes certos sejam ativados na hora e na quantidade certas em resposta ao ambiente.

HilD é particularmente importante, pois ajuda a regular a expressão de outros genes que são necessários pra invasão. Quando HilD não funciona direito, as bactérias não conseguem ativar os genes necessários pra invadir os tecidos do hospedeiro. Pesquisas já mostraram o quão crucial é a proteína HilD pra capacidade da Salmonella de causar doença.

Mirando nos Sistemas de Secreção Bacteriana

Dada a importância desses processos de regulação gênica, os cientistas têm buscado maneiras de desenvolver medicamentos que possam interferir nesses sistemas, especialmente aqueles relacionados à capacidade das bactérias de secretar proteínas necessárias pra infecção. Vários compostos já foram identificados que podem inibir esses sistemas de secreção, mas a maioria deles ainda não avançou para o desenvolvimento de medicamentos reais pra tratar infecções.

Em estudos recentes, os pesquisadores combinaram triagem virtual, ou seja, usaram modelos de computador pra prever como novos compostos poderiam interagir com os sistemas bacterianos, com experimentos em laboratório pra encontrar compostos que pudessem efetivamente inibir um sistema de secreção específico conhecido como T3SS-1. Eles descobriram uma pequena molécula, chamada C26, que mostrou potencial em impedir que a bactéria injetasse proteínas prejudiciais nas células do hospedeiro.

Como o C26 Funciona Contra a Salmonella Typhimurium

O C26 é um composto que mira na proteína reguladora HilD. Ao interagir com HilD, o C26 reduz a expressão dos genes envolvidos na capacidade das bactérias de se grudar e invadir as células do hospedeiro. O tratamento com C26 na Salmonella Typhimurium resulta em uma diminuição significativa na sua capacidade de invadir células efetivamente. Essa descoberta é importante porque mostra que o C26 pode prejudicar o processo de invasão da bactéria sem matá-la completamente, o que pode ajudar a reduzir a pressão seletiva para a resistência a antibióticos.

Os pesquisadores realizaram testes rigorosos pra garantir que o C26 não prejudica as células humanas enquanto reduz efetivamente a capacidade da Salmonella de infectar. Os dados coletados indicaram que o C26 mantém um bom perfil de segurança, sem efeitos adversos nos estudos iniciais com animais em doses mais altas.

A Busca por Compostos que Miram o T3SS-1

Pra encontrar o composto C26, os cientistas montaram um framework experimental que primeiro envolveu monitorar um processo específico de secreção de proteínas nas bactérias. Eles triaram computacionalmente uma grande biblioteca de compostos disponíveis comercialmente pra encontrar aqueles que poderiam se encaixar bem com a proteína alvo SctV, que é essencial para a atividade do T3SS-1.

Depois de filtrar os compostos, os pesquisadores testaram os candidatos mais promissores no laboratório pra ver quais poderiam inibir efetivamente a secreção de proteínas. Entre os 49 compostos selecionados, o C26 se destacou como o mais efetivo. Ele não só inibiu a secreção de proteínas chave, mas também não afetou negativamente o crescimento das bactérias.

Entendendo o Impacto do C26 na Expressão Gênica

Os pesquisadores então investigaram mais a fundo como o C26 afeta a expressão dos genes controlados por HilD. Eles descobriram que o tratamento com C26 leva a uma diminuição dependente da dose na expressão de vários genes nas bactérias, particularmente aqueles que permitem que as bactérias se adiram e invadam as células do hospedeiro. Essa regulação negativa dos genes sugere que o C26 é eficaz em mirar na rede regulatória das bactérias.

Essa pesquisa indica que o C26 impacta a expressão de múltiplos genes essenciais para a patogenicidade das bactérias, fazendo dele um candidato potencial para futuras terapias contra infecções por Salmonella.

O Efeito do C26 na Salmonela Dentro das Células do Hospedeiro

Estudos adicionais avaliaram como o C26 se comporta uma vez que as bactérias conseguem invadir as células do hospedeiro. Depois que as bactérias entraram nas células, o tratamento com C26 ainda resultou em uma secreção menor de proteínas necessárias pra sobrevivência e replicação das bactérias dentro dessas células do hospedeiro. Isso significa que o C26 pode potencialmente dificultar a capacidade das bactérias de prosperar mesmo depois de invadirem.

No geral, as evidências mostram que o C26 consegue prejudicar efetivamente a capacidade da Salmonella Typhimurium de invadir células do hospedeiro enquanto preserva a saúde das células humanas. Esse mecanismo distinto é bem diferente dos antibióticos padrão, já que pode ter potencial pra funcionar bem mesmo em casos onde a resistência a antibióticos é uma preocupação.

Potencial do C26 no Tratamento de Infecções

Diante dos resultados positivos tanto em estudos in vitro (no laboratório) quanto in vivo (em organismos vivos), o C26 demonstra potencial pra um desenvolvimento futuro. Como ele mira numa proteína reguladora chave envolvida no processo de invasão bacteriana ao invés de matar as bactérias diretamente, pode reduzir o risco de resistência. Essa estratégia é uma mudança significativa na forma como infecções podem ser tratadas no futuro.

Os cientistas acreditam que esse composto pode oferecer uma nova linha de defesa contra infecções por salmonela, especialmente à medida que a resistência aos antibióticos continua a aumentar. Os próximos passos incluem refinar o composto, testar seus efeitos em uma escala maior e garantir que ele possa ser usado de forma segura em humanos.

Entendendo o Mecanismo de Ação do C26

Pra entender como o C26 funciona em detalhes, os pesquisadores avaliaram seu efeito no nível molecular. Eles descobriram que o C26 se liga especificamente ao HilD, prejudicando sua capacidade de se ligar ao DNA e regular a expressão gênica. Esse mapeamento detalhado das interações entre C26 e HilD pode informar a criação de compostos ainda mais eficazes no futuro.

Os pesquisadores utilizaram várias técnicas, incluindo simulações de dinâmica molecular, ensaios bioquímicos e imaging avançada, pra explorar como o C26 afeta a proteína alvo. Eles também conduziram experimentos pra ver se o C26 muda a estrutura do HilD ou sua capacidade de formar complexos com outras proteínas necessárias pra sua função.

Explorando o Futuro dos Medicamentos Anti-Virulência

O C26 representa um passo promissor na área de medicamentos anti-virulência. Diferente dos antibióticos tradicionais, que visam a sobrevivência das bactérias, o C26 procura neutralizar os efeitos nocivos das bactérias sem matá-las completamente. Essa nova classe de medicamentos pode ser crucial numa época onde a resistência a antibióticos ameaça opções de tratamento eficazes.

O mecanismo de ação distinto permite a possibilidade de usar esses compostos junto com antibióticos tradicionais, potencialmente melhorando os resultados do tratamento. Os pesquisadores estão otimistas que essa abordagem anti-virulência pode ser expandida pra atacar outras bactérias e infecções nocivas no futuro.

Implicações para a Saúde Animal

O sucesso do C26 não se limita apenas à saúde humana; também pode ter implicações para a saúde animal, especialmente em aves. Os mesmos mecanismos que permitem que a Salmonella cause doenças em humanos também se aplicam a pássaros. Esse composto pode ajudar a prevenir infecções invasivas de Salmonella em aves, indicando uma aplicação mais ampla na agricultura e segurança alimentar.

Usar o C26 ou compostos semelhantes pode potencialmente levar a um gado mais saudável e reduzir o risco de patógenos transmitidos por alimentos chegarem aos consumidores. Essa abordagem com duplo benefício aborda tanto a saúde humana quanto a produtividade agrícola, mostrando os potenciais impactos sociais dessa pesquisa.

Conclusão

O surgimento da resistência a antibióticos é um desafio formidável na saúde. No entanto, estratégias inovadoras como mirar em fatores específicos de virulência poderiam oferecer caminhos alternativos de tratamento. O C26 mostrou potencial como um inibidor de moléculas pequenas que interrompe a capacidade da Salmonella de invadir células do hospedeiro sem prejudicar as células humanas.

Mais pesquisas e desenvolvimento são cruciais pra realizar totalmente o potencial do C26 e compostos semelhantes. Isso destaca a importância da investigação contínua em agentes anti-virulência como uma abordagem complementar aos antibióticos tradicionais, abrindo caminho pra novos tratamentos que podem lidar efetivamente com a crescente questão da resistência.

Na luta contra infecções bacterianas, o C26 se destaca como um farol de esperança, representando a possibilidade de um futuro onde tratamentos eficazes continuam disponíveis mesmo à medida que as bactérias evoluem.

Fonte original

Título: Discovery of a synthetic small molecule targeting the central regulator of Salmonella pathogenicity

Resumo: The enteric pathogen Salmonella enterica serovar Typhimurium relies on the activity of effector proteins to invade, replicate, and disseminate into host epithelial cells and other tissues, thereby causing disease. Secretion and injection of effector proteins into host cells is mediated by dedicated secretion systems, which hence represent major virulence determinants. Here, we report the identification of a synthetic small molecule with drug-like properties, C26, which suppresses the secretion of effector proteins, and consequently hinders bacterial invasion of eukaryotic cells. C26 binds to and inhibits HilD, the transcriptional regulator of the major secretion systems. While sharing the same binding pocket as the previously described long-chain fatty acid ligands, C26 inhibits HilD with a unique binding mode and a distinct mechanism. We provide evidence for target engagement within infected eukaryotic cells and present analogs with improved potency and suitability as scaffolds to develop anti-virulence agents against Salmonella infections in humans and animals.

Autores: Samuel Wagner, A. Boudrioua, J. D. Joiner, I. Grin, T. Kronenberger, V. S. Korotkov, W. Steinchen, A. Kohler, S. Schminke, J.-C. Schulte, M. Pietsch, A. Naini, S. Kalverkamp, S.-K. Hotop, T. Coyle, C. Piselli, M. Coles, K. Rox, M. Marschal, G. Bange, A. Flieger, A. Poso, M. Bronstrup, M. D. Hartmann

Última atualização: 2024-04-29 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.04.29.591313

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.04.29.591313.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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