Influência Fúngica no Comportamento de Insetos e Saúde Cerebral
Pesquisas mostram como os fungos impactam a saúde dos insetos e levantam questões sobre a saúde do cérebro humano.
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Índice
- O Impacto dos Fungos nos Insetos
- Imunidade Inata em Drosophila
- A Via Toll e a Saúde Cerebral
- O Estudo do Beauveria bassiana
- Efeitos na Vida e Movimento
- Presença Fúngica no Cérebro da Mosca
- Ativação da Resposta Imune
- Efeitos nos Neurônios e Glia
- Dependência do Toll-1 na Perda Celular
- Papel de Wek e Sarm
- Experimentos de Superexpressão
- Conclusão
- Fonte original
Fungos podem ter efeitos surpreendentes no comportamento e na saúde dos insetos. Um fungo em particular, o Beauveria bassiana, é conhecido por infectar várias espécies de insetos, manipulando seu comportamento, levando a uma vida mais curta e outros problemas de saúde. Isso levanta preocupações sobre como mecanismos similares podem afetar a saúde humana, especialmente em relação a doenças neurodegenerativas.
O Impacto dos Fungos nos Insetos
Certos fungos, como o Ophiocordyceps unilateralis e o Entomopthora muscae, são conhecidos por controlar o comportamento de seus hospedeiros insetos. Eles podem causar mudanças drásticas, incluindo a morte. Estudos mostraram que até o cheiro desses fungos pode reduzir a vida das moscas das frutas e afetar seus sistemas nervosos. A exposição a substâncias químicas dos fungos pode causar problemas como movimento reduzido e alterações na função cerebral.
Essas descobertas não são limitadas apenas aos insetos. A presença de esporos de fungo e seus subprodutos tem sido notada em ambientes internos úmidos. Fungos costumam ser encontrados nos cérebros de pacientes com doenças neurodegenerativas, como Parkinson e Alzheimer. Isso sugere uma possível ligação entre infecções fúngicas e problemas de saúde cerebral, embora os mecanismos exatos por trás dessa conexão ainda não sejam claros.
Imunidade Inata em Drosophila
Em moscas-das-frutas (Drosophila), um tipo de imunidade inata protege contra infecções fúngicas. Esse mecanismo de defesa envolve a via de sinalização Toll, que é crucial para reconhecer e responder a esses invasores. Os receptores Toll, especialmente o Toll-1, desempenham um papel fundamental nessa resposta imune.
Os receptores Toll podem ser encontrados tanto em insetos quanto em mamíferos, servindo funções similares na imunidade. Nas moscas-das-frutas, o reconhecimento dos fungos é feito de uma maneira diferente do que em mamíferos. Em vez de se ligar diretamente aos patógenos, as moscas utilizam uma proteína chamada GNBP3. Esse reconhecimento inicia uma série de processos que ativam a resposta imune.
Quando a via de sinalização Toll é ativada, leva à produção de péptidos antimicrobianos, que ajudam a proteger as moscas de infecções fúngicas. Embora essa resposta imune seja benéfica, ela também parece ter consequências para a saúde do cérebro da mosca.
A Via Toll e a Saúde Cerebral
Pesquisas revelaram que vários receptores Toll estão ativos no cérebro da mosca adulta. Esses receptores não apenas participam das respostas imunes, mas também desempenham papéis no desenvolvimento e manutenção das funções cerebrais. Por exemplo, eles estão envolvidos em processos que afetam as conexões entre neurônios e a estrutura geral do cérebro.
O Toll-1, em particular, pode levar à morte celular em certas situações. A sinalização desses receptores pode resultar em diferentes desfechos, como promover a sobrevivência celular ou levar à morte celular, dependendo do contexto. Isso é crucial porque mudanças na sobrevivência celular podem afetar a saúde cerebral geral.
O Estudo do Beauveria bassiana
Na nossa pesquisa, tentamos ver se a exposição ao Beauveria bassiana poderia danificar o cérebro da mosca-das-frutas e se isso poderia estar ligado à via de sinalização Toll. Sabemos que esse fungo pode causar infecções em muitos artrópodes e estimular a resposta imune Toll em Drosophila.
Nossas descobertas mostraram que a exposição ao B. bassiana não só encurtou a vida das moscas, mas também prejudicou seu movimento. Isso foi um sinal claro de Neurodegeneração. Criamos câmaras especiais para simular a exposição natural ao fungo, permitindo observar seus efeitos nas moscas ao longo do tempo.
Efeitos na Vida e Movimento
Em experimentos controlados, as moscas-das-frutas expostas ao B. bassiana viveram vidas significativamente mais curtas do que as moscas de controle não infectadas. Depois de apenas uma semana de exposição, muitas das moscas infectadas já tinham morrido. Além disso, realizamos testes de escalada para avaliar o movimento das moscas. Embora sua capacidade de escalar não tenha sido afetada inicialmente, observamos prejuízos significativos após uma semana de exposição ao fungo.
Esses resultados indicam que o B. bassiana não só afeta a saúde geral das moscas, mas também tem impactos específicos nas funções motoras delas, refletindo mudanças neurodegenerativas.
Presença Fúngica no Cérebro da Mosca
Em seguida, tentamos determinar se o B. bassiana poderia penetrar no cérebro da mosca-das-frutas. Usando corantes específicos, conseguimos visualizar a presença do fungo dentro do cérebro. Descobrimos que esporos de B. bassiana estavam de fato presentes nos lobos ópticos e regiões centrais do cérebro das moscas infectadas. Isso sugere que o fungo pode entrar no cérebro e potencialmente interromper seu funcionamento normal.
Para investigar mais, testamos a integridade da barreira hematoencefálica, que normalmente protege o cérebro de substâncias prejudiciais. Nas moscas infectadas, essa barreira estava comprometida, permitindo que corantes vazassem para o tecido cerebral, confirmando a ideia de que o B. bassiana danifica a barreira.
Ativação da Resposta Imune
Nosso próximo foco foi examinar se as infecções por B. bassiana ativam a via de sinalização Toll dentro do cérebro. Descobrimos que o fungo desencadeia a produção de péptidos antimicrobianos, o que indica que a resposta imune foi de fato ativada. Notavelmente, também observamos aumento na expressão de certas proteínas associadas à resposta imune, como Wek e Sarm, que são vias de sinalização que podem levar à morte celular.
Efeitos nos Neurônios e Glia
O próximo passo foi investigar o impacto do B. bassiana em células cerebrais específicas, incluindo neurônios e células gliais. Observamos uma perda significativa de certos tipos de neurônios e células gliais de suporte após a exposição ao fungo. Essa perda estava associada a níveis reduzidos de proteínas cruciais envolvidas na produção de dopamina, que é essencial para as funções motoras nas moscas.
A diminuição dos neurônios dopaminérgicos se alinha com as deficiências de movimento observadas, reforçando a conexão entre infecção fúngica e neurodegeneração.
Dependência do Toll-1 na Perda Celular
Para obter mais insights, realizamos experimentos para determinar se a perda de células dependia do receptor Toll-1. Utilizamos técnicas genéticas específicas para reduzir a expressão do Toll-1 em moscas adultas. Nossas descobertas indicaram que quando o Toll-1 foi reduzido, a perda de células imunes e neurais causada pela infecção por B. bassiana foi significativamente reduzida. Isso sugere que a sinalização via Toll-1 é crucial para os efeitos neurodegenerativos observados após a exposição fúngica.
Papel de Wek e Sarm
Um aspecto importante do nosso estudo envolveu avaliar os papéis de Wek e Sarm, duas proteínas que interagem com a sinalização do Toll-1. Descobrimos que diminuir a expressão de Wek ou Sarm no cérebro da mosca recuperou a perda de células induzida pela infecção. Isso destacou o papel crítico que essas proteínas desempenham no processo de neurodegeneração associado ao B. bassiana.
Wek pode se ligar tanto ao Toll-1 quanto ao Sarm, levando a vias de sinalização complexas que promovem a sobrevivência ou levam à morte celular. Ao examinarmos as interações entre essas proteínas, conseguimos entender como a infecção impacta a saúde neuronal.
Experimentos de Superexpressão
Por fim, exploramos se aumentar os níveis de Wek ou Sarm poderia induzir perda celular mesmo na ausência de infecção fúngica. Nossos resultados mostraram que a superexpressão de Wek ou Sarm resultou em uma perda significativa de certos tipos de neurônios. Isso sugere que níveis elevados dessas proteínas podem ser prejudiciais à saúde neuronal, levando à neurodegeneração.
Conclusão
Resumindo, nosso estudo revela que o fungo B. bassiana induz neurodegeneração em moscas-das-frutas através de ações na via de sinalização Toll-1. O fungo infiltra o cérebro da mosca, compromete a barreira hematoencefálica e induz a morte celular através da ativação de Wek e Sarm. Essa interação complexa destaca um mecanismo novo pelo qual fungos poderiam afetar a saúde cerebral, levantando questões sobre processos semelhantes em humanos, especialmente no contexto de doenças neurodegenerativas.
As implicações das nossas descobertas podem se estender à compreensão do papel das infecções fúngicas na saúde humana, particularmente em relação à inflamação e neurodegeneração. Pesquisas em andamento podem descobrir os impactos mais amplos da exposição a fungos na função e saúde cerebral, oferecendo insights sobre possíveis estratégias terapêuticas para combater doenças relacionadas.
Título: Fungi activate Toll-1 dependent immune evasion to induce cell loss in the host brain
Resumo: Fungi evolve within the host, ensuring their own nutrition and reproduction, at the expense of host health. They intervene in hosts brain function, to alter host behaviour and induce neurodegeneration. In humans, fungal infections are emerging as drivers of neuroinflammation, neurodegenerative diseases and psychiatric disorders. However, how fungi alter the host brain is unknown. Fungi trigger an innate immune response mediated by the Toll-1/TLR receptor, the adaptor MyD88 and the transcription factor Dif/NF{kappa}B, that induce the expression of antimicrobial peptides (AMPs). However, in the nervous system, Toll-1/TLR could also drive an alternative pathway involving the adaptor Sarm, which causes cell death instead. Sarm is the universal inhibitor of MyD88 and could drive immune evasion. The entomopathogenic fungus Beauveria bassiana is well-known to activate Toll-1 signalling in innate immunity in Drosophila. In fruit-flies, the adaptor Wek links Toll-1 to Sarm. Thus, here we asked whether B. bassiana could damage the Drosophila brain via Toll-1, Wek and Sarm. We show that exposure to B. bassiana reduced fly lifespan and impaired locomotion. B. bassiana entered the brain and induced the up-regulation of AMPs, as well as wek and sarm, within the brain. Exposure to B. bassiana caused neuronal and glial loss in the adult Drosophila brain. Importantly, RNAi knockdown of Toll-1, wek or sarm concomitantly with infection prevented B. bassiana induced cell loss. By contrast, over-expression of wek or sarm was sufficient to cause dopaminergic neuron loss in the absence of infection. These data show that B. bassiana caused cell loss in the host brain via Toll-1/Wek/Sarm signalling driving immune evasion. We conclude that pathogens can benefit from an innate immunity receptor to damage the host brain. A similar activation of Sarm downstream of TLRs in response to fungal infections could underlie psychiatric and neurodegenerative diseases in humans.
Autores: Alicia Hidalgo, D. N. D. Singh, A. R. E. Roberts, E. Quesada Moraga, D. Alliband, E. R. Ballou, H.-J. Tsai
Última atualização: 2024-04-30 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.04.29.591341
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.04.29.591341.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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