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Impacto da Clozapina nas Mudanças de DNA na Esquizofrenia

Estudo investiga como a clozapina afeta o DNA no tratamento da esquizofrenia.

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Clozapina e MudançasClozapina e MudançasGenéticasDNA de pacientes com esquizofrenia.Analisando os efeitos da clozapina no
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A esquizofrenia é um transtorno sério de saúde mental que afeta como a pessoa pensa, sente e se comporta. Frequentemente, é marcada por episódios de psicose, que podem incluir alucinações ou delírios que causam grande sofrimento. As pessoas lidando com esquizofrenia podem também ter dificuldades cognitivas e sintomas negativos, como falta de emoção ou motivação. Apesar de muita pesquisa e esforços para encontrar tratamentos eficazes ao longo dos anos, as opções disponíveis para ajudar pessoas com esquizofrenia não melhoraram muito. Muitos dos medicamentos prescritos não funcionam bem para cerca de um quarto das pessoas com essa condição.

Para quem não responde aos tratamentos típicos, a Clozapina é frequentemente recomendada. A clozapina é um tipo especial de medicamento antipsicótico. Estudos mostram que ela tende a funcionar melhor do que outros antipsicóticos, especialmente para quem não responde a outros tratamentos. Essa eficácia foi notada em vários estudos que analisaram tanto Ensaios Clínicos quanto situações do mundo real. No entanto, a clozapina tem efeitos colaterais significativos, como ganho de peso e sedação, e pode levar a riscos de saúde sérios, como queda na contagem de glóbulos brancos. Por causa desses riscos, geralmente é prescrita apenas para aqueles que têm esquizofrenia resistente ao tratamento. Infelizmente, mesmo com clozapina, mais da metade das pessoas que a tentam não obtêm o alívio esperado de seus sintomas, resultando em efeitos colaterais desnecessários. Por isso, há uma necessidade urgente de investigar mais a fundo como a clozapina atua no tratamento da esquizofrenia, tanto de forma geral quanto para aqueles resistentes ao tratamento.

O que causa a esquizofrenia?

Entender o que leva à esquizofrenia é complicado. Pesquisas sugerem que a genética desempenha um papel crucial, junto com uma variedade de fatores ambientais. Há um crescente interesse no campo da epigenética, que estuda como a atividade dos genes pode mudar sem alterar a sequência do DNA. Isso pode envolver várias modificações que afetam como os genes são expressos. Uma modificação bem conhecida é chamada de Metilação do DNA. Ela desempenha um papel importante na regulação da atividade gênica e pode influenciar como o corpo e o cérebro de uma pessoa funcionam.

Estudos recentes examinaram como a metilação do DNA pode variar em pessoas com esquizofrenia. Estudos em larga escala descobriram diferenças notáveis nos padrões de metilação do DNA ao comparar indivíduos com esquizofrenia com aqueles sem a condição. É importante notar que algumas dessas diferenças estavam particularmente presentes em indivíduos tratados com clozapina, mas não está claro se essas mudanças são devido à própria clozapina ou a outros aspectos ligados à resistência ao tratamento.

O papel da clozapina

Estudos preliminares, especialmente em animais, mostraram que a clozapina pode alterar como certos genes são expressos no cérebro. No entanto, estudos envolvendo humanos têm sido menos claros, muitas vezes limitados por fatores como diferenças na biologia individual e a falta de controles rigorosos.

Estudos tradicionais que comparam pessoas com esquizofrenia que tomaram clozapina versus aquelas que não tomaram geralmente não apresentam uma visão completa. Esses estudos podem ignorar as mudanças relacionadas ao tempo que podem ocorrer e as conexões causais entre o medicamento e as mudanças no DNA. Uma abordagem mais eficaz seria observar os mesmos indivíduos ao longo do tempo enquanto iniciam o tratamento com clozapina, permitindo que os pesquisadores acompanhem mudanças no DNA e tipos celulares.

Design da pesquisa

O estudo em questão se concentrou em entender como a clozapina afeta mudanças no DNA ao longo do tempo, reunindo dados de dois centros europeus diferentes. Os participantes eram adultos que estavam prestes a iniciar o tratamento com clozapina e não a haviam tomado por pelo menos três meses antes do início do estudo. O objetivo era coletar amostras de sangue em vários momentos durante o período de tratamento para analisar quaisquer mudanças na metilação do DNA.

Recrutamento de participantes

Os participantes foram recrutados de dois locais: King’s College London no Reino Unido e o Centro Médico Universitário em Utrecht, Países Baixos. Para se qualificar, os participantes tinham que ter diagnóstico de esquizofrenia ou transtornos relacionados e ter tentado pelo menos dois outros medicamentos antipsicóticos sem sucesso. Após obter consentimento informado, esses participantes foram solicitados a fornecer amostras de sangue ao longo de vários meses enquanto iniciavam a clozapina.

Coleta e processamento de amostras

Durante os seis meses do estudo, os participantes compareceram a até cinco visitas. Amostras de sangue foram coletadas em cada visita para análise do DNA. Amostras iniciais de sangue foram coletadas antes do início da clozapina, seguidas de amostras tomadas após terem estado no medicamento por períodos variados. Um aspecto chave do estudo foi garantir que as amostras dos mesmos indivíduos fossem processadas no mesmo lote para minimizar inconsistências nos resultados causadas por variações no manuseio.

Analisando mudanças no DNA

Os pesquisadores queriam medir como a metilação do DNA mudava ao longo do tempo com o tratamento com clozapina. Eles usaram várias etapas para garantir a qualidade e a precisão de seus dados. Havia várias verificações em andamento para garantir que as amostras de DNA fossem processadas corretamente e que quaisquer fatores que afetassem as amostras fossem identificados.

Controle de qualidade

Os pesquisadores realizaram verificações rigorosas nos dados de DNA para remover qualquer amostra que não atendesse aos padrões de qualidade. Isso incluiu filtrar amostras com baixa intensidade de sinal e garantir que todas as amostras fossem de indivíduos geneticamente idênticos, quando aplicável. No final, eles analisaram dados de um número substancial de locais de DNA nos genomas dos participantes.

Principais descobertas

O estudo teve como objetivo compreender como a clozapina impacta a metilação do DNA e a composição celular em pacientes com esquizofrenia resistente ao tratamento. Eles queriam ver se havia mudanças consistentes e se os padrões observados se sobrepunham aos achados de estudos anteriores sobre esquizofrenia.

Mudanças nos tipos de células do sangue

Uma descoberta interessante foi em relação às Células Sanguíneas. Os pesquisadores olharam para como as proporções de diferentes tipos de células do sangue mudaram ao longo do tratamento. Especificamente, observaram uma diminuição temporária nas células B, um tipo de glóbulo branco, durante a primeira parte do tratamento com clozapina, seguida por um retorno gradual aos níveis basais.

Mudanças na metilação do DNA

Em termos de metilação do DNA, os pesquisadores identificaram vários locais específicos onde os níveis mudaram significativamente durante o tratamento com clozapina. Eles descobriram que algumas mudanças nos padrões de metilação do DNA eram semelhantes às vistas em estudos anteriores de esquizofrenia.

Comparação com estudos anteriores

O estudo comparou suas descobertas com dados existentes sobre esquizofrenia de outros esforços de pesquisa, demonstrando que muitas das mudanças no DNA observadas poderiam estar relacionadas ao uso de clozapina, e não apenas ao diagnóstico. As descobertas sugerem que a clozapina pode causar mudanças em certos genes que já foram ligados à esquizofrenia.

Implicações para o tratamento

As descobertas deste estudo têm implicações importantes para entender como a clozapina funciona e como pode afetar pessoas com esquizofrenia. Como muitos pacientes não respondem a tratamentos típicos, a clozapina oferece uma opção potencialmente transformadora, embora com seus próprios riscos.

Direções futuras

Pesquisas futuras poderiam se concentrar em como melhorar o tratamento com clozapina, especialmente para aqueles que não respondem bem a ela. Ao entender as mudanças biológicas associadas ao tratamento, é possível identificar novas estratégias para gerenciar a esquizofrenia de maneira mais eficaz.

Conclusão

Em resumo, este estudo traz à tona a relação entre o tratamento com clozapina e as mudanças na metilação do DNA e na composição celular em pacientes com esquizofrenia resistente ao tratamento. Enfatiza a importância de observar essas mudanças ao longo do tempo, em vez de confiar apenas em comparações transversais. Os resultados implicam que o papel da clozapina em modificar o DNA pode contribuir para sua eficácia no tratamento de certos indivíduos com esquizofrenia, ressaltando a necessidade de pesquisas contínuas para entender totalmente essas relações e melhorar as opções de tratamento.

Fonte original

Título: Longitudinal changes in DNA methylation associated with clozapine use in treatment-resistant schizophrenia from two international cohorts

Resumo: The second-generation antipsychotic clozapine is used as a medication for treatment-resistant schizophrenia. It has previously been associated with epigenetic changes in pre-clinical rodent models and cross-sectional studies of treatment-resistant schizophrenia. Cross-sectional studies are susceptible to confounding, however, and cannot disentangle the effects of diagnosis and medication. We therefore profiled DNA methylation in sequential blood samples (n=126) from two independent cohorts of patients (n=38) with treatment-resistant schizophrenia spectrum disorders who commenced clozapine after study enrolment and were followed up for up to six months. We identified significant non-linear changes in cell-type proportion estimates derived from DNA methylation data - specifically B-cells - associated with time on clozapine. Mixed effects regression models were used to identify changes in DNA methylation at specific sites associated with time on clozapine, identifying 37 differentially methylated positions (DMPs) (p < 5x10-5) in a linear model and 90 DMPs in a non-linear quadratic model. We compared these results to data from our previous epigenome-wide association study (EWAS) meta-analysis of psychosis, finding evidence that many previously identified DMPs associated with schizophrenia and treatment-resistant schizophrenia might reflect exposure to clozapine. In conclusion, our results indicate that clozapine exposure is associated with changes in DNA methylation and cellular composition. Our study shows that medication effects might confound many case-control studies of neuropsychiatric disorders performed in blood.

Autores: Amy Gillespie, E. M. Walker, E. Hannon, G. McQueen, K.-V. Sendt, A. Avila, J. Lally, C. Okhuijsen-Pfeifer, M. Van der Horst, A. Hasan, E. Dempster, J. Burrage, J. Bogers, D. Cohen, M. Boks, A. Egerton, J. Luykx, J. Mill, J. MacCabe

Última atualização: 2023-11-17 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.11.17.23298669

Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.11.17.23298669.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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