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# Biologia# Neurociência

Novas ideias sobre o processamento visual em camundongos

Descobertas recentes desafiam as visões tradicionais sobre o processamento visual no cérebro.

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Pesquisas recentes começaram a questionar crenças antigas sobre como certas áreas do cérebro funcionam ao processar informações visuais. Tradicionalmente, os cientistas achavam que o Córtex Visual Primário (V1) em camundongos reagia principalmente aos sinais diretos dos olhos, com áreas vizinhas apenas ajudando a modificar essas reações. Essa ideia foi bastante apoiada por muitos estudos feitos em outros animais como primatas e gatos. No entanto, estudos mais novos focados em camundongos descobriram que o V1 pode ser ativado por informações visuais da área ao redor, mesmo quando a parte central do campo visual está bloqueada. Isso significa que a compreensão de como as informações visuais são processadas no cérebro pode ser mais complexa do que se pensava.

Compreensão Tradicional do V1

O córtex visual primário, ou V1, é uma parte crucial do cérebro que ajuda a processar sinais visuais. Tradicionalmente, acreditava-se que a região apenas responde a sinais visuais que estão diretamente à sua frente, com estímulos ao redor tendo apenas um efeito modificador. Isso significa que se um objeto está no centro da visão de uma pessoa, os neurônios no V1 reagem a ele primeiro, enquanto aspectos da área em volta impactam essa resposta apenas um pouco.

Por anos, estudos em primatas e gatos reforçaram essa visão. Eles mostraram que os neurônios no V1 reagem principalmente a estímulos no centro e são influenciados por estímulos ao redor. Esse conceito foi amplamente aceito entre os cientistas que estudam o processamento visual no cérebro.

Novas Descobertas em Camundongos

Recentemente, no entanto, pesquisadores focados em camundongos reuniram evidências que mudam essa visão tradicional. Eles descobriram que mesmo quando uma mancha cinza cobre o centro do campo visual-bloqueando assim a entrada visual direta-os neurônios no V1 ainda podem reagir a estímulos apresentados na área ao redor. Essa descoberta levanta questões sobre como o processamento visual acontece no V1 e sugere que pode depender de mais do que apenas sinais visuais diretos.

Os pesquisadores usaram métodos específicos para isolar os estímulos ao redor enquanto bloqueavam o centro, e descobriram que os neurônios do V1 ainda disparavam em resposta a esses estímulos. Isso mostra que o V1 pode processar informações visuais que não estão diretamente em sua linha de visão.

Possíveis Explicações para as Descobertas

Entender esse novo comportamento no V1 levou a várias interpretações. Uma possível explicação é que o aumento na atividade dos neurônios em resposta aos estímulos ao redor indica um erro de previsão. Simplificando, isso significa que quando o sinal visual esperado não combina com o que é realmente visto, o cérebro pode reagir fortemente, levando a taxas de disparo elevadas.

Outra interpretação sugere que os neurônios no V1 estão preenchendo informações que faltam. Quando o centro está bloqueado, esses neurônios podem estar usando informações da área em volta para "adivinhar" ou "inferir" o que está atrás da mancha cinza. Esse conceito foi discutido no contexto de como percebemos formas e padrões, mesmo quando partes deles estão escondidas.

Uma terceira explicação pode ser que a própria mancha cinza age como um tipo de estímulo visual, fazendo com que os neurônios disparem mesmo quando bloqueia outras informações do centro do campo visual.

Por fim, também foi sugerido que as respostas vistas no V1 poderiam ser resultado de interações complexas entre diferentes camadas do córtex e feedback de outras áreas do cérebro. Nesse modelo, a influência dos estímulos ao redor pode modificar como o V1 reage, mostrando um processo mais interconectado e dinâmico.

Importância do Tamanho do Estímulo

Um fator importante observado nesses estudos é o tamanho da mancha cinza usada durante os experimentos. Os pesquisadores descobriram que manchas menores tendem a provocar uma resposta mais forte dos neurônios do V1, enquanto manchas maiores podem reduzir a resposta. Isso pode sugerir que a relação entre o tamanho de um estímulo visual e a reação do cérebro é bem intrincada.

Particularmente, quando são usadas manchas cinzas maiores, parece haver uma constatação consistente de que as taxas de disparo diminuem. Isso leva à questão de quão bem o cérebro pode interpretar sinais visuais quando enfrenta áreas maiores de cor uniforme bloqueando a entrada direta.

Configuração Experimental

Nos experimentos, os cientistas gravaram a Atividade Neural no V1 e no núcleo geniculado lateral (LGN) de camundongos acordados. Eles queriam ver como o V1 reagia quando cercado por diferentes tipos de estímulos visuais sob várias condições. Os pesquisadores empregaram uma variedade de padrões visuais, incluindo grades em movimento e texturas estacionárias, para analisar como isso afetava o disparo neural.

Os pesquisadores apresentaram padrões visuais tanto diretamente quanto com manchas bloqueando parte do campo visual. Depois, monitoraram mudanças nas respostas neurais, focando principalmente em condições onde as manchas cinzas tinham tamanhos diferentes.

Resultados dos Experimentos

Os achados foram impressionantes: os neurônios do V1 reagiram mais fortemente a estímulos na área ao redor, independentemente de os estímulos estarem em movimento ou parados. Os pesquisadores notaram que mesmo grandes manchas cobrindo o centro do campo visual podiam provocar uma reação nos neurônios do V1. Isso foi chamado de "resposta induzida pelo surround," indicando que sinais da área ao redor podem aumentar a atividade no V1.

Além disso, foi observado que as respostas no V1 eram mais rápidas e pronunciadas quando os estímulos estavam em movimento em comparação com quando estavam parados. Isso sugere que a natureza dinâmica das informações visuais desempenha um papel crucial em como o processamento visual ocorre.

Respostas do LGN

Em comparação, os neurônios no LGN, que é outra área crucial que retransmite informações visuais para o V1, não mostraram aumentos semelhantes nas taxas de disparo quando manchas maiores foram apresentadas. Em vez disso, os neurônios do LGN exibiram atividade reduzida com manchas cinzas maiores. Isso indica que, enquanto o V1 é capaz de processar estímulos ao redor, essa capacidade não vem de uma atividade aumentada no LGN. Em vez disso, destaca como o V1 interage com seus mecanismos de feedback para influenciar as taxas de disparo.

Descontinuidade do Estímulo

Os pesquisadores exploraram ainda se a continuidade dos estímulos afetava as respostas do V1. Eles descobriram que mesmo quando os estímulos ao redor eram interrompidos (ou seja, quebrados em segmentos separados), os neurônios do V1 ainda mostravam atividade significativa. Essa descoberta implica que o V1 não se baseia apenas em entradas contínuas para o processamento visual. Pode ser capaz de integrar informações de estímulos fragmentados de forma eficaz, mostrando sua natureza flexível no processamento de informações visuais.

Respostas a Texturas Ruins

Além de testar com padrões coerentes, os pesquisadores também usaram texturas caóticas. Descobriu-se que as respostas induzidas pelo surround ainda ocorriam mesmo quando os estímulos eram aleatórios ou caóticos, provando ainda mais que o V1 pode lidar com uma variedade de entradas visuais, sejam elas estruturadas ou não.

Respostas a Superfícies Acromáticas

A próxima parte do estudo envolveu apresentar manchas cinzas contra diferentes fundos (preto e branco). Esse experimento teve como objetivo investigar como o V1 responderia a superfícies acromáticas quando as manchas cinzas estavam posicionadas no centro do campo visual. Os resultados indicaram que as taxas de disparo no V1 aumentaram com a introdução de uma mancha cinza em um fundo preto ou branco.

Importância da Informação Contextual

Os resultados destacaram a importância da informação contextual em como os estímulos visuais são interpretados pelo V1. As descobertas sugerem que o cérebro usa efetivamente informações visuais circundantes para refinar sua resposta ao que está diretamente à sua frente.

Decodificando Respostas Neurais

Para obter insights mais profundos sobre os dados coletados, os pesquisadores analisaram os padrões de resposta neural usando métodos estatísticos avançados. Eles buscavam entender como diferentes estímulos visuais influenciavam o disparo do V1 e quais informações podiam ser decodificadas a partir da atividade neural.

Essas análises demonstraram que as taxas de disparo podiam ser classificadas de forma confiável com base no tipo de estímulo apresentado, fosse uma mancha, grade ou superfície acromática. Isso significa que mesmo quando o centro de um campo visual estava bloqueado, a atividade neural no V1 continha informações suficientes para inferir as propriedades dos estímulos ao redor.

Conceito de Respostas Induzidas pelo Surround

As evidências sugerem que as respostas induzidas pelo surround são crucialmente importantes para o processamento visual no cérebro. Essas respostas indicam que o V1 não é apenas um receptor passivo de informações, mas sim um processador dinâmico que integra e interpreta ativamente os dados visuais ao redor.

Essa descoberta aponta para uma compreensão mais complexa da percepção visual, onde o cérebro emprega uma variedade de estratégias para lidar com diferentes situações visuais. Em vez de simplesmente reagir ao que está diretamente visível, o cérebro processa e interpreta informações ao redor, preenchendo lacunas e fazendo sentido de entradas visuais incompletas.

Conclusão

Em resumo, estudos recentes em camundongos avançaram significativamente nossa compreensão de como o córtex visual primário processa informações visuais. Ao revelar que os neurônios do V1 podem responder a estímulos em suas áreas circundantes, mesmo quando o campo visual central está bloqueado, os pesquisadores abriram uma nova avenida para entender o processamento visual no cérebro.

Essas descobertas desafiam ideias tradicionais e destacam a importância de considerar informações contextuais na percepção visual. A capacidade do cérebro de integrar e interpretar estímulos ao redor sugere que o processamento visual é um sistema muito mais sutil e dinâmico do que se pensava anteriormente. Com a continuidade da pesquisa, será vital explorar como esses mecanismos funcionam em outras espécies e quais implicações eles têm para nossa compreensão mais ampla da percepção sensorial.

Fonte original

Título: Stimulus-specificity of surround-induced responses in primary visual cortex

Resumo: Recent studies in mice challenge the traditional notion of the V1 receptive field (RF) showing increases in V1 firing rates for stimuli presented in the surround, in the absence of a visual input into the classical RF. While this effect has been interpreted as a prediction of the occluded content or a prediction error, an alternative explanation is that it reflects the representation of the uniform achromatic (gray) surface itself. To study this, we systematically investigated the dependence of V1 rate increases on the properties of distal surround stimuli. We recorded V1 and LGN neurons using Neuropixels in awake mice and demonstrated surround-induced responses in V1. That is, V1 firing rates increase by presenting a grating stimulus in the distal surround, while the RF is covered by a large gray patch up to 90{degrees} of diameter. LGN firing rates decreased for the same stimuli. V1 response latencies showed a systematic increase with the size of the gray patch. Surround-induced responses did not require spatial continuity or motion coherence of the surround stimulus and generalized to noisy textures and black/white luminance surfaces. Responses to black/white surfaces on a gray background had a similar magnitude and response latency as surround-induced responses with a black/white background. Based on these findings, we suggest that surround-induced responses primarily reflect the representation of the achromatic surface itself, which can contribute to image segmentation.

Autores: Martin Vinck, N. Cuevas, B. Sotomayor-Gomez, A. Tzanou, A. Broggini, C. Uran

Última atualização: 2024-06-06 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.06.03.597080

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.06.03.597080.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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