Mutualismo e Evolução: Um Estudo Completo
Pesquisas mostram como relacionamentos mutualísticos influenciam as taxas de evolução das espécies.
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Índice
- A Relação Legume-Rizóbio
- Evolução Genética em Relações Mutualistas
- Objetivo do Estudo
- Amostras de Plantas e Coleta de Dados
- Amostragem e Análise de Bactérias
- Identificando Genes e Avaliando Evolução
- Resultados em Leguminosas
- Resultados em Rizóbios
- Padrões de Mutação em Genes de Simbiose
- Genes Sob Seleção Positiva
- Discussão
- Conclusão
- Fonte original
Uma pergunta chave pra entender a Evolução é como as diferentes espécies interagem entre si e como isso afeta suas mudanças genéticas ao longo do tempo. Uma ideia, conhecida como hipótese da Rainha Vermelha, sugere que espécies que têm relações hostis, como predadores e presas ou parasitas e hospedeiros, evoluem mais rápido. Elas precisam se adaptar constantemente às mudanças umas das outras pra sobreviver. Isso significa que uma espécie sob ataque precisa desenvolver novas defesas, enquanto seu inimigo precisa superar essas defesas.
Por outro lado, não está claro como as espécies que trabalham juntas pra benefício mútuo, como plantas e algumas bactérias, impactam a evolução uma da outra. Alguns cientistas acham que essas relações amigáveis também podem levar a uma evolução mais rápida, porque essas espécies precisam se adaptar às mudanças no ambiente e com seu parceiro. Em contrapartida, algumas ideias sugerem que em relações mutuamente benéficas, a espécie que evolui mais devagar é a que mais ganha, o que é chamado de hipótese do Rei Vermelho.
Quando as espécies trabalham juntas, como leguminosas (um tipo de planta) e rizóbios (um tipo de bactéria), a situação pode ser complexa. Essas plantas muitas vezes precisam evoluir a uma certa velocidade pra manter relações efetivas com as bactérias. Se elas chegam a um ponto em que param de evoluir, podem manter uma parceria estável, levando a pouquíssimas mudanças no DNA ao longo do tempo.
Na nossa pesquisa, queríamos descobrir como a relação entre leguminosas e rizóbios afeta suas mudanças genéticas. Olhamos pra várias pares de leguminosas e seus rizóbios associados pra ver se evoluem rápido ou devagar.
A Relação Legume-Rizóbio
Leguminosas e rizóbios têm uma relação especial onde as leguminosas fornecem carbono, e em troca, os rizóbios dão nitrogênio fixo, que as plantas precisam pra crescer. Essa parceria é especialmente útil em ambientes onde o nitrogênio é escasso. As leguminosas têm estruturas nas raízes chamadas nódulos, onde os rizóbios vivem e trabalham.
Leguminosas são uma grande família de plantas com cerca de 19.500 espécies, mas nem todas têm essa relação com os rizóbios. Alguns pesquisadores acreditam que a capacidade de formar esses nódulos evoluiu apenas uma vez nessa família e depois foi perdida em algumas espécies ao longo do tempo.
Os rizóbios, por outro lado, podem viver livres no solo ou se associar a uma planta. Eles podem adquirir a habilidade de formar nódulos através de um processo chamado transferência horizontal de genes, onde podem pegar genes de outras bactérias.
Evolução Genética em Relações Mutualistas
À medida que as espécies mudam para um modo de vida mutualista, mudanças genéticas são frequentemente observadas. Por exemplo, as bactérias que vivem próximas a um hospedeiro frequentemente têm genomas muito menores porque dependem de seus hospedeiros pra muitas funções. Com cada novo hospedeiro, essas bactérias passam por períodos onde suas populações ficam muito pequenas, reduzindo a variação genética. Isso pode levar a mudanças genéticas mais rápidas ao longo do tempo.
No entanto, os rizóbios também têm um estágio livre e podem adquirir novas habilidades através da transferência de genes de outras bactérias. Isso torna mais difícil identificar como as relações mutualistas afetam sua evolução.
Em termos de plantas, achamos que a evolução da Nodulação nas leguminosas poderia envolver muitas adaptações, resultando em sinais de mudanças evolutivas positivas nessas espécies. Se a habilidade de nodular evoluiu apenas uma vez e foi perdida muitas vezes desde então, talvez não vejamos esses sinais hoje. A perda de nodulação também poderia levar a uma Seleção relaxada em certos genes, resultando em mudanças mais rápidas nas sequências de DNA dessas plantas.
Acredita-se que relações mutualistas aumentem os tamanhos populacionais porque ajudam os organismos a prosperar, mesmo quando há desafios em seu ambiente. Portanto, podemos ver uma seleção natural mais efetiva em espécies mutualistas comparadas às suas contrapartes não mutualistas.
Objetivo do Estudo
Neste estudo, buscamos descobrir se espécies mutualistas evoluem mais rápido ou mais devagar que seus parentes não mutualistas. Observamos três cenários:
- Leguminosas que formam nódulos com rizóbios em comparação às que não formam.
- Rizóbios que podem formar nódulos em comparação aos que não podem.
- Diferentes grupos dentro de um único gênero de rizóbios, alguns dos quais são mutualistas e outros não.
Pra isso, coletamos dados Genéticos de várias espécies de leguminosas e rizóbios pra explorar suas taxas de evolução.
Amostras de Plantas e Coleta de Dados
Começamos investigando várias famílias de leguminosas e identificamos pares de espécies mutualistas e não mutualistas pra estudar. Categorizar alguns pares com base em seu histórico conhecido de nodulação, onde um era mutualista e o outro não.
Como não tínhamos genomas completos para as espécies de leguminosas em que focamos, coletamos sequências de RNA das plantas. Cultivamos cada espécie de planta em condições controladas e garantimos processar as sementes de um jeito que incentivasse a germinação enquanto preveníamos qualquer infecção bacteriana.
Uma vez que as plantas cresceram, colhemos tecidos das raízes pra extração de RNA e sequenciamento. Isso nos ajudou a reunir as informações genéticas que precisávamos pra analisar as taxas de evolução nessas leguminosas.
Amostragem e Análise de Bactérias
Além de estudar plantas, também coletamos dados genéticos de várias cepas de rizóbios. Focamos em pares de bactérias, algumas com genes de nodulação e outras sem, em diferentes famílias de bactérias. Baixamos dados genômicos de várias cepas pra analisar suas relações evolutivas.
Identificando Genes e Avaliando Evolução
Identificamos um grande número de genes compartilhados entre espécies e examinamos como mudanças nesses genes se compararam entre espécies mutualistas e não mutualistas. Ao focar em características específicas e realizar análises, pudemos estimar as taxas de evolução molecular tanto em leguminosas quanto em rizóbios.
Resultados em Leguminosas
Da nossa análise das espécies de leguminosas, descobrimos que a maioria dos pares mostrou taxas de evolução semelhantes. Apenas um par exibiu um aumento significativo nas taxas evolutivas para a espécie mutualista. Nos casos em que as leguminosas perderam seu mutualismo, conseguimos observar um aumento notável na taxa de mudanças genéticas.
Descobrimos que leguminosas invasivas normalmente evoluíram mais rápido que as não invasivas. Essa descoberta pode sugerir que espécies que crescem mais rápido podem se adaptar melhor a novos ambientes. Também pode significar que uma vez que uma planta se estabelece em uma nova área, pode se adaptar rapidamente ao seu entorno.
Resultados em Rizóbios
Ao examinar rizóbios, também descobrimos que pares com bactérias mutualistas geralmente mostraram taxas de evolução mais rápidas. Essa tendência foi consistente, com espécies simbióticas frequentemente tendo maiores taxas de mudanças genéticas. Algumas poucas pares mostraram diferenças significativas nas taxas evolutivas, com cepas simbióticas evoluindo mais rápido que suas contrapartes não simbióticas.
No gênero específico de Ensifer, comparamos as taxas de cepas simbióticas e não simbióticas. Novamente, encontramos que as cepas simbióticas tended a ter taxas mais altas de evolução molecular.
Padrões de Mutação em Genes de Simbiose
Nossa pesquisa também se concentrou em genes especificamente ligados à mutualismo entre leguminosas e rizóbios. Identificamos uma lista desses genes e comparamos suas taxas de evolução entre plantas mutualistas e não mutualistas. Geralmente, não encontramos um padrão claro sobre quais espécies tinham taxas mais altas de mudanças nesses genes específicos.
Nos rizóbios, também não observamos padrões consistentes nas taxas de evolução dos genes de simbiose. Isso indica que, enquanto espécies mutualistas evoluem mais rápido no geral, os genes que são importantes para o mutualismo não seguem a mesma tendência.
Genes Sob Seleção Positiva
Identificamos vários genes que mostraram sinais de seleção positiva em leguminosas e rizóbios. No entanto, não havia padrões claros demonstrando que espécies mutualistas ou não mutualistas exibiam consistentemente taxas mais altas de evolução nesses genes de seleção positiva.
No caso de leguminosas não invasivas, apenas alguns genes foram encontrados sob seleção positiva, e eles tendiam a ter taxas mais altas de mudanças nas espécies mutualistas.
No estudo das bactérias, identificamos numerosos genes sob seleção positiva também, mas novamente, não havia um padrão consistente nas taxas de evolução entre espécies simbióticas e não simbióticas.
Discussão
Descobrimos que as relações mutualistas entre leguminosas e rizóbios geralmente levam a taxas mais altas de evolução molecular. Nosso estudo destaca que espécies mutualistas frequentemente evoluem mais rápido no geral, embora isso não se reflita em seus genes de simbiose, que permanecem relativamente estáveis.
Uma possível explicação para as taxas mais altas de evolução poderia ser a coevolução em curso entre leguminosas e rizóbios. No entanto, a falta de sinais fortes nos genes de simbiose sugere que esses genes são mantidos através de seleção purificadora em vez de mudanças positivas.
Além disso, diferentes leguminosas podem ter se adaptado de várias maneiras de formar relações mutualistas, levando a diferentes caminhos evolutivos. Nossos achados indicam que algumas leguminosas podem ter conjuntos distintos de genes-chave para essa relação, o que pode impactar suas taxas de evolução.
Fatores alternativos, como características de história de vida e tamanhos populacionais, também podem moldar essas dinâmicas evolutivas. Populações maiores tendem a experimentar uma seleção mais efetiva, o que poderia contribuir para os padrões observados em espécies mutualistas.
Nossos achados também sugerem que condições e desafios ambientais desempenham um papel importante na evolução de espécies mutualistas. Plantas que conseguem prosperar em ambientes diversos ou limitados em nutrientes podem passar por mudanças rápidas, mantendo taxas mais altas de evolução molecular.
No geral, enquanto identificamos tendências claras nas taxas de evolução molecular entre espécies mutualistas e não mutualistas, as dinâmicas em genes específicos de simbiose permanecem complexas e requerem exploração adicional.
Conclusão
Em resumo, nosso estudo contribui pra compreensão de como as interações entre espécies influenciam a evolução genética. Descobrimos que relações mutualistas frequentemente levam a taxas mais rápidas de evolução, especialmente em nível genômico. No entanto, essa tendência não se traduz nos genes especificamente ligados ao mutualismo, que tendem a ser estabilizados através de seleção purificadora.
Esses achados enfatizam o equilíbrio intrincado entre cooperação e competição na natureza. Enquanto parceiros mutualistas evoluem rapidamente em resposta ao seu ambiente e interações, os genes críticos que mantêm sua parceria permanecem relativamente estáveis ao longo do tempo. Pesquisas futuras continuarão a desvelar as complexidades e mecanismos subjacentes que impulsionam esses processos evolutivos.
Título: Elevated rates of molecular evolution genome-wide in mutualist legumes and rhizobia
Resumo: Rates of molecular evolution vary greatly among even closely related species. Although theory predicts that antagonistic interactions between species increase rates of molecular evolution, predictions for how mutualism affects evolutionary rates are mixed. Here, we compared rates of molecular evolution between 1) mutualistic and non-mutualistic legumes, 2) an independent set of symbiotic rhizobia and their non-symbiotic close relatives, and 3) symbiotic and non-symbiotic clades within Ensifer, a diverse genus of bacteria with various lifestyles. We assembled transcriptomes de novo for 12 legume species and then calculated dN/dS ratios at orthologous genes in all species to determine if genes in mutualistic plants evolve faster or slower than in their non-mutualistic relatives. We also calculated dN/dS ratios in symbiosis genes known to be important for nodulation with rhizobia. We found that mutualists have higher rates of molecular evolution genome-wide compared to non-mutualist legumes. We next calculated dN/dS ratios in 14 bacteria species across the proteobacteria phylogeny that differ in whether they associate mutualistically with plants, using previously published data. We found that in most pairs, symbiotic rhizobia show higher dN/dS values compared to their non-symbiotic relatives. Finally, within a bacterial genus with many well-characterized mutualist species (Ensifer), we calculated dN/dS ratios in symbiotic and non-symbiotic clades and found that symbiotic lineages have higher rates of molecular evolution genome-wide, but not at genes on the symbiotic plasmid pSymB. Our results suggest that although mutualism between legumes and rhizobia is associated with elevated rates of molecular evolution genome-wide, symbiosis genes may be evolutionarily stagnant.
Autores: Tia L Harrison, J. R. Stinchcombe, M. E. Frederickson
Última atualização: 2024-06-11 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.06.10.598267
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.06.10.598267.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/
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