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Estresse e Tomada de Decisão: Insights de Estudos com Ratos

Pesquisas mostram como o estresse afeta as escolhas em ratos e possivelmente em humanos.

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Na vida diária, a gente muitas vezes faz escolhas sem ter todas as informações necessárias. Às vezes, essas escolhas envolvem riscos, onde precisamos comparar opções seguras com outras incertas que podem levar a grandes ganhos ou grandes perdas. Esse comportamento não é só humano, mas também observado em animais. Geralmente, tanto humanos quanto animais tendem a evitar riscos. Essa tendência pode ser vista em várias espécies, incluindo peixes, pássaros e abelhas.

Uma razão pra esse comportamento avesso ao risco é algo chamado "aversão à perda." A aversão à perda significa que a sensação de perder algo é mais forte e intensa do que o prazer de ganhar algo do mesmo valor. Esse conceito foi encontrado em humanos, onde a experiência de Estresse pode tornar a aversão à perda ainda mais evidente. Pessoas que sofrem de certos transtornos cerebrais podem ser especialmente sensíveis aos efeitos negativos do estresse, levando-as a fazer escolhas que podem ter consequências ruins a longo prazo.

Os pesquisadores decidiram estudar como o estresse afeta a Tomada de decisão em ratos, especialmente observando como certos químicos no cérebro podem mudar as respostas à perda.

Estresse e Química do Cérebro

Quando animais, incluindo ratos, passam por estresse, isso pode levar ao aumento de dois químicos importantes no cérebro: Norepinefrina (NE) e Dopamina (DA). Esses químicos têm um papel grande em como as decisões são tomadas e quão motivado um animal se sente para buscar recompensas. O estresse pode ativar neurônios que liberam esses químicos, impactando o comportamento.

Duas regiões do cérebro são particularmente importantes ao considerar como o estresse afeta a tomada de decisão: a amígdala e o núcleo accumbens. A amígdala está envolvida em processar respostas emocionais, enquanto o núcleo accumbens é fundamental para entender recompensas. Quando o estresse é introduzido, os níveis de NE na amígdala aumentam, o que pode levar a mudanças na percepção das recompensas. De maneira semelhante, os níveis de DA sobem no núcleo accumbens durante o estresse, influenciando a motivação para buscar recompensas.

Ratos sob estresse podem escolher opções menos recompensadoras porque se sentem menos motivados, possivelmente devido ao impacto do estresse em seu estado emocional. Geralmente, o estresse faz com que os ratos sejam menos propensos a ir atrás de opções alimentares arriscadas e mais inclinados a optar por escolhas mais seguras.

O Design do Estudo

Neste estudo, os pesquisadores analisaram como o estresse impacta a tomada de decisão em ratos usando tanto tratamentos com drogas quanto monitoramento em tempo real da atividade cerebral. Eles usaram uma droga chamada FG7142 para induzir estresse nos ratos e depois observaram como isso afetou suas escolhas quando enfrentavam diferentes opções de recompensa.

Dois tipos de drogas foram testadas. Uma delas foi um antagonista do receptor α2A chamado yohimbina, que bloqueia certos caminhos no cérebro. A outra foi a guanfacina, que atua como um agonista do receptor α2A. Ao dar essas drogas aos ratos antes de induzir estresse, os pesquisadores queriam ver como esses medicamentos influenciavam o comportamento de decisão sob estresse.

Para avaliar o comportamento, os ratos foram treinados para escolher entre dois tipos de recompensas apresentadas numa tela sensível ao toque. Uma opção era uma opção "segura" que sempre dava uma pequena recompensa, enquanto a outra era uma opção "arriscada" que poderia oferecer uma recompensa maior ou menor com base na probabilidade.

Após o treinamento, os ratos foram testados sob várias condições, incluindo tratamentos com drogas e indução de estresse, para ver como suas escolhas mudavam.

Observação do Comportamento de Tomada de Decisão

Depois de várias semanas de treinamento, os ratos mostraram preferências consistentes. Alguns eram indiferentes em suas escolhas, enquanto outros tendiam a evitar riscos. A velocidade com que tomaram suas decisões foi igual tanto para as opções seguras quanto arriscadas. No entanto, o resultado de suas escolhas afetou sua motivação. Por exemplo, ratos que sofreram uma perda após escolher uma opção arriscada foram mais lentos a coletar recompensas depois e eram menos propensos a participar do próximo teste.

Quando testados com yohimbina e guanfacina, os pesquisadores descobriram que nenhuma das drogas alterou significativamente os padrões de escolhas dos ratos. No entanto, elas impactaram as respostas dos animais aos resultados das recompensas. A guanfacina fez com que os ratos respondessem mais devagar, particularmente quando perdiam uma recompensa, enquanto a yohimbina aumentou a velocidade de suas escolhas, mas os deixou menos atentos ao valor das recompensas que estavam coletando.

Curiosamente, embora a yohimbina e a guanfacina não tenham mudado significativamente as estratégias de escolha dos ratos, seus efeitos na motivação foram notáveis. A guanfacina diminuiu a motivação em resposta a perdas, enquanto a yohimbina parecia deixar os ratos indiferentes aos resultados de suas escolhas.

Efeitos do Estresse na Tomada de Decisão

Os pesquisadores então investigaram como o estresse, induzido pelo FG7142, afetou o processo de tomada de decisão. Os ratos mostraram uma clara preferência por escolhas mais seguras e foram mais lentos a responder quando estavam estressados. Eles tendiam a evitar riscos onde poderiam perder, confirmando descobertas anteriores que indicam que tanto o estresse agudo quanto o crônico tornam os animais mais cautelosos.

Quando a yohimbina foi dada junto com o estressor, parecia amenizar o impacto negativo do estresse na tomada de decisão dos ratos. Eles se tornaram mais responsivos e mostraram uma porcentagem maior de escolhas arriscadas, sugerindo que a yohimbina contrabalançou os efeitos do estresse.

Essa reação indica uma interação complexa entre estresse e tomada de decisão, onde as drogas usadas podem alterar como o estresse influencia as escolhas. Curiosamente, enquanto as drogas sozinhas não mudaram dramaticamente a estratégia de seleção, suas combinações mostraram benefícios em termos de velocidade de resposta e motivação.

Análise da Química do Cérebro

Para entender melhor como esses processos funcionavam, os pesquisadores monitoraram a atividade cerebral dos ratos usando ferramentas especiais. Eles focaram nos níveis de NE na amígdala e nos níveis de DA no núcleo accumbens.

O sinal de NE foi encontrado em um pico notável durante certas ações, especialmente antes e logo após a coleta de recompensas. Porém, se os ratos sofriam uma perda de recompensa, os níveis de NE não pareciam reagir da mesma forma, indicando que, embora o estresse ative certos caminhos, ele nem sempre sinaliza aversão à perda.

A liberação de DA no núcleo accumbens destacou como a motivação desempenha um papel na tomada de decisão. Após vitórias, os sinais de DA aumentaram, correlacionando-se com respostas mais rápidas e níveis mais altos de motivação. Por outro lado, se houve uma perda, os níveis de DA caíram, levando a respostas mais lentas.

Esse entendimento de como NE e DA interagem durante a tomada de decisão sob estresse revelou que o cérebro processa recompensas e perdas de maneira diferente quando está sob pressão.

Conclusão

Esse estudo forneceu insights valiosos sobre como o estresse pode alterar os processos de tomada de decisão em ratos, imitando comportamentos humanos em relação a risco e recompensa. Destacou o papel da norepinefrina e da dopamina nessa dinâmica e mostrou que manipular essas vias por meio de drogas poderia influenciar como os animais reagem em situações incertas.

A pesquisa indica que entender esses processos cerebrais pode ter implicações para lidar com dificuldades de tomada de decisão em humanos, especialmente para aqueles que enfrentam desafios relacionados ao estresse. Ao obter uma visão mais clara de como o estresse influencia as escolhas, estratégias futuras podem ser desenvolvidas para ajudar indivíduos a navegar melhor por cenários complexos de tomada de decisão.

Fonte original

Título: Noradrenergic modulation of stress induced catecholamine release: Opposing influence of FG7142 and yohimbine

Resumo: Background: Life stress modulates decision making, particularly in the face of risk, in some cases prompting vulnerable populations to make suboptimal, life-altering choices. In the brain, stress is known to alter the extracellular release of catecholamines in structures such as basolateral amygdala (BLA) and nucleus accumbens (NAc), but the relationship between catecholamines and decision-making behavior under stress has not been systemically explored. Methods: We developed an operant touchscreen decision-making task for rats comprising elements of loss aversion and risk seeking behavior. Rats were first injected systemically with an adrenergic 2A-receptor agonist (guanfacine) and antagonist (yohimbine), as well as a partial inverse GABAA agonist, FG 7142, known to induce anxiety and stress related physiological responses in a variety of species, including humans. We then used fiber photometry to monitor NE in the basolateral amygdala (BLA), and DA activity in the nucleus accumbens (NAc) while animals engaged in decision-making and following systemic injections of FG 7142 and yohimbine. Results: Neither yohimbine nor guanfacine had any impact on decision making strategy but altered motivational state with yohimbine making the animal almost insensitive to the reward outcome. The pharmacological induction of stress with FG 7142 biased the rats decisions towards safety, but this bias shifted toward risk when co-treated with yohimbine. In the BLA and NAc, the FG 7142 altered catecholamine release, with systemic yohimbine producing opposing effects on NE and DA release. Conclusions: Stress induced changes in catecholamine release in the BLA and NAc can directly influence loss sensitivity, decisions and motivation, which can be modulated by the 2A adrenoreceptor antagonist, yohimbine.

Autores: Vladimir Visocky, C. J. Turner, M. H. Lowrie, A. Alibro, F. Messanvi, Y. Chudasama

Última atualização: 2024-06-28 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.05.09.593389

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.05.09.593389.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/publicdomain/zero/1.0/

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