Avaliando as Taxas de Infecção por COVID-19 em Crianças
Estudo revela altas taxas de infecção em crianças australianas após variante Omicron.
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Índice
Saber quantas crianças estão infectadas com o vírus SARS-CoV-2, que causa COVID-19, ajuda a entender os riscos relacionados ao vírus. Essa informação também é importante para compreender problemas de saúde sérios, como hospitalizações e mortes. Infelizmente, os métodos atuais para monitorar infecções, como relatórios de casos e dados hospitalares, não dão uma visão completa de quantas crianças estão infectadas. Esse problema é ainda maior porque muitas crianças têm sintomas leves ou nem têm, dificultando a identificação das infecções. Por conta disso, precisamos de formas melhores de avaliar as taxas reais de infecção entre crianças.
Importância da Sorovigilância
Uma maneira de entender quantas pessoas foram infectadas é através da sorovigilância. Esse método envolve checar a presença de Anticorpos no sangue das pessoas. Anticorpos são proteínas feitas pelo sistema imunológico para combater infecções. Ao medir esses anticorpos, conseguimos ter uma ideia melhor de quantas pessoas tiveram COVID-19 ou como foi a resposta delas às vacinas ao longo do tempo.
As amostras de sangue podem ser coletadas de várias fontes, como sangue sobrando de laboratórios de teste, doadores ou de mulheres grávidas. Porém, coletar amostras de sangue de crianças costuma ser complicado. Muitos hospitais não fazem testes de sangue em crianças regularmente, e os pais podem não querer submeter seus filhos a procedimentos dolorosos, especialmente se não houver uma necessidade médica clara. Isso torna difícil e caro conseguir uma amostra representativa de crianças para estudos.
Por exemplo, de milhares de sorovigilâncias pelo mundo, apenas uma pequena fração incluiu crianças. Em um estudo realizado em New South Wales, Austrália, os pesquisadores descobriram que não conseguiram atingir suas metas de recrutamento para crianças de 0 a 9 anos.
Programas Existentes e Pesquisas Anteriores
Na Austrália, o programa Paediatric Active Enhanced Disease Surveillance (PAEDS) vem monitorando certas doenças em crianças desde 2007. Esse programa foca nos hospitais e ajuda a entender doenças como a COVID-19. Pesquisadores antes usaram essa rede para estudar o SARS-CoV-2 em crianças que estavam fazendo cirurgias eletivas. Eles descobriram que menos de 1% das crianças tinham anticorpos indicando infecção prévia, o que batia com o que era conhecido sobre taxas baixas de transmissão na Austrália até meados de 2021.
No entanto, no final de 2021, o surgimento da variante Ômicron levou a um aumento significativo nos casos de COVID-19 em toda a Austrália. O relato tradicional de casos já não era mais confiável, pois dependia de pessoas relatarem seus resultados positivos, o que muitos não fizeram.
As vacinas para COVID-19 começaram a ser disponibilizadas para diferentes grupos etários a partir do início de 2021. Crianças de 5 a 11 anos só puderam se vacinar no início de 2022. As vacinas induzem uma resposta de anticorpos, mas apenas tipos específicos de anticorpos são produzidos após a infecção. Portanto, a presença de outro tipo de anticorpo pode ajudar a identificar quem foi infectado mesmo após ter se vacinado.
Sorovigilâncias recentes em adultos mostraram altas taxas de um tipo de anticorpo, mas não havia dados equivalentes disponíveis para crianças. O objetivo era estimar as taxas de infecção, hospitalização e mortalidade por SARS-CoV-2 entre crianças e adolescentes de 0 a 19 anos após a chegada da variante Ômicron e durante a Vacinação.
Desenho do Estudo e Recrutamento
O estudo envolveu crianças de 0 a 19 anos que estavam prestes a fazer cirurgias eletivas que exigiam anestesia geral em vários hospitais na Austrália. Esses hospitais cobrem a maior parte da população pediátrica do país. Crianças com sistema imunológico debilitado ou aquelas recebendo certos tratamentos foram excluídas do estudo para garantir resultados precisos.
Os pais ou responsáveis deram consentimento para os participantes mais jovens, enquanto os adolescentes mais velhos podiam consentir sozinhos. Os pesquisadores coletaram amostras de sangue após a anestesia e colheram informações através de questionários para obter dados demográficos e detalhes sobre infecções ou vacinações passadas.
Os diferentes estados tinham várias medidas de saúde pública e padrões de casos de COVID-19, então os pesquisadores tinham como objetivo coletar dados que dessem uma visão clara tanto em regiões específicas quanto em nível nacional.
Processamento de Amostras de Sangue e Teste de Anticorpos
Depois que o sangue foi coletado, as amostras foram processadas e enviadas para um laboratório para teste. Os testes utilizados podiam detectar dois tipos de anticorpos: os que indicam uma resposta à vacina e os que indicam uma infecção. Os resultados ajudaram os pesquisadores a entender o nível de infecções passadas entre as crianças.
Estudos anteriores mostraram que os testes tinham alta sensibilidade e especificidade, ou seja, eram bons em detectar com precisão os anticorpos aos quais eram direcionados.
Armazenamento e Análise de Dados
As informações coletadas dos participantes foram armazenadas em um banco de dados online seguro. Os pesquisadores analisaram os dados para descobrir quantas crianças tinham os anticorpos e quaisquer diferenças com base na idade, status de vacinação e onde moravam. Eles forneceram estimativas para a população geral, bem como para diferentes subgrupos.
Eles também acompanharam as taxas diárias de vacinação para crianças e calcularam as taxas de hospitalização e morte com base nos dados disponíveis.
Resultados do Estudo
Os pesquisadores coletaram mais de 2000 amostras de sangue de crianças. Uma grande porcentagem dessas amostras mostrou a presença de anticorpos, indicando uma alta taxa de infecção prévia por COVID-19 entre crianças. A proporção de crianças que tinha um tipo de anticorpo era especialmente alta entre aquelas que foram vacinadas.
Os resultados mostraram que quase todas as crianças vacinadas tinham anticorpos contra o vírus, e um número significativo de crianças não vacinadas apresentava evidências de infecção prévia. O estudo indicou que altas taxas de infecção ocorreram entre crianças, mesmo que muitas não apresentassem sintomas severos.
Os resultados revelaram que muito poucas crianças foram hospitalizadas devido à COVID-19, refletindo baixas taxas de hospitalização e morte nessa faixa etária. As taxas de hospitalização foram muito menores do que o esperado com base no número de infecções relatadas.
Impacto da Vacinação Materna
Em bebês com menos de um ano, o estudo mostrou que muitos tinham anticorpos provavelmente transferidos de suas mães vacinadas. A presença desses anticorpos maternos sugere que vacinar mulheres grávidas é importante para proteger os bebês jovens de doenças graves.
Limitações do Estudo
Embora o estudo tenha fornecido dados valiosos, teve algumas limitações. Por exemplo, não todas as demografias estavam igualmente representadas, e a maioria dos participantes foi selecionada por conveniência. Além disso, alguns dados, como os motivos para hospitalização, podem não representar totalmente a situação real, já que muitas crianças foram hospitalizadas por outros motivos ao mesmo tempo em que tinham COVID-19.
Os pesquisadores reconheceram que estudos futuros devem considerar dados de longo prazo sobre as respostas imunológicas e como infecções e vacinações afetam a saúde das crianças ao longo do tempo.
Conclusão
Até agosto de 2022, a grande maioria das crianças australianas havia sido infectada com SARS-CoV-2, indicando uma rápida disseminação do vírus pelo país. Essa informação ajuda a informar medidas de saúde pública e estratégias de vacinação.
Entender as respostas imunológicas em crianças é fundamental, especialmente à medida que novas variantes surgem. Estudos de longo prazo serão necessários para explorar melhor como essas infecções afetam a saúde das crianças e como protegê-las da melhor maneira daqui pra frente.
Título: The seroprevalence of SARS-CoV-2-specific antibodies in Australian children: a cross sectional study
Resumo: BackgroundFollowing reduction of public health and social measures concurrent with SARS-CoV-2 Omicron emergence in late 2021 in Australia, COVID-19 case notification rates rose rapidly. As rates of direct viral testing and reporting dropped, true infection rates were most likely to be underestimated. ObjectiveTo better understand infection rates and immunity in this population, we aimed to estimate SARS-CoV-2 seroprevalence in Australians aged 0-19 years. MethodsWe conducted a national cross sectional serosurvey from June 1, 2022, to August 31, 2022, in children aged 0-19 years undergoing an anesthetic procedure at eight tertiary pediatric hospitals. Parents or guardians of children and adolescents under 18 years provided written consent and participants aged 18-19 years provided their own consent. Participant questionnaires were administered, and blood samples tested using the Roche Elecsys Anti-SARS-CoV-2 total spike and nucleocapsid antibody assays. S and N seroprevalence adjusted for geographic and socioeconomic imbalances in the participant sample compared to the Australian population was estimated using multilevel regression and poststratification within a Bayesian framework. ResultsBlood was collected from 2,046 participants (median age: 6.6 years). Adjusted seroprevalence of spike-antibody was 92.1 % (95% credible interval (CrI) 91.0-93.3%) and nucleocapsid-antibody was 67.0% (95% CrI 64.6-69.3). In unvaccinated children spike and nucleocapsid antibody seroprevalences were 84.2% (95% CrI 81.9-86.5) and 67.1% (95%CrI 64.0-69.8), respectively. Seroprevalence increased with age but was similar across geographic distribution and socioeconomic quintiles. ConclusionMost Australian children and adolescents aged 0-19 years, across all jurisdictions were infected with SARS-CoV-2 by August 2022, suggesting rapid and uniform spread across the population in a very short time period. High seropositivity in unvaccinated children informed COVID-19 vaccine recommendations in Australia. FundingAustralian Government Department of Health and Aged Care.
Autores: Archana Koirala, J. McRae, P. N. Britton, M. Downes, S. A. Prasad, S. Nicholson, N. E. Winkler, M. O'Sullivan, F. Gondalwala, C. Castellano, E. Carey, A. Hendry, N. Crawford, U. D. Wadia, P. Richmond, H. S. Marshall, J. E. Clark, J. R. Francis, J. Carr, A. Bartlett, B. McMullan, J. Skowno, D. Hannah, A. Davidson, B. S. von Ungern-Sternbeg, P. Lee-Archer, L. L.-a. Burgoyne, E. B. Waugh, J. B. Carlin, Z. Naing, N. Kerly, A. McMinn, G. Hunter, C. Heath, N. D'Angelo, C. Finucane, L. A. Francis, S. Dougherty, W. Rawlinson, T. Karapanagiotidis, N. Cain, Brizuela
Última atualização: 2024-03-04 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2024.03.03.24303672
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2024.03.03.24303672.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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