Estudo sobre o aprendizado e herança em C. elegans
Pesquisas mostram que existem desafios em passar comportamentos aprendidos entre as gerações de C. elegans.
Craig P Hunter, D. P. Gainey, A. V. Shubin
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Índice
C. Elegans, um tipo de verminho redondo pequeno, é um organismo modelo bem popular na pesquisa científica. Os cientistas estudam C. elegans pra entender como os organismos aprendem e se adaptam ao ambiente. Uma descoberta interessante é que esses vermes conseguem aprender a evitar certas bactérias que fazem mal pra eles. Em particular, quando expostos a uma cepa específica de bactéria chamada Pseudomonas Aeruginosa (PA14), C. elegans aprende a evitar essa bactéria em encontros futuros.
Esse processo de aprendizagem tá ligado a mudanças na expressão de um gene específico que tá associado a uma via de sinalização conhecida como TGF-β. Essa via é importante pra vários processos biológicos, incluindo crescimento e desenvolvimento. Os pesquisadores descobriram que quando C. elegans encontram a PA14, rolam mudanças na expressão de um gene repórter em neurônios específicos chamados neurônios ASI.
Em estudos recentes, os cientistas observaram que esses comportamentos aprendidos podem ser passados pra próximas gerações de vermes, dos pais (P0) pros filhos (F1, F2, etc.). Isso sugere uma forma de memória que pode ser herdada. Mas, quando os pesquisadores tentaram reproduzir essas descobertas, enfrentaram desafios pra detectar as mesmas mudanças comportamentais em gerações posteriores (F2).
Resultados e Discussão
Nos nossos experimentos, conseguimos reproduzir o comportamento onde os vermes expostos à PA14 (P0) e seus filhos diretos (F1) aprenderam a evitar a PA14 e mostraram aumento na expressão do gene repórter nos neurônios ASI. No entanto, quando olhamos pra próxima geração de vermes (F2), não conseguimos encontrar consistentemente a mesma resposta de evitação ou a expressão elevada do gene.
Pra garantir resultados precisos, seguimos rigorosamente os protocolos de treinamento e teste fornecidos em estudos anteriores. O comportamento inicial da geração P0 foi forte, mostrando uma clara capacidade de evitar a PA14. Os filhos F1 também mostraram essa evitação aprendida de forma consistente. Mas, não observamos evitação significativa na geração F2.
Fizemos vários experimentos sob diferentes condições pra ver se essas mudanças se deviam aos nossos métodos. Testamos diferentes cepas de PA14 e OP50, além de alterar condições de crescimento e fatores ambientais. Apesar dessas mudanças, sempre vimos que a geração F2 não herdou a evitação aprendida que era evidente nas gerações F0 e F1.
Efeitos das Condições de Treinamento nas Respostas Transgeracionais
As condições de treinamento relatadas não levaram a evitamento detectável ou aumento da Expressão Gênica na geração F2. Os vermes P0 foram treinados com sucesso, e seus descendentes F1 mostraram os comportamentos aprendidos esperados. Mas, não conseguimos encontrar essas características nos vermes F2.
Examinamos nossos protocolos pra ver se havia algum problema. Usar temperaturas mais altas durante o treinamento e cultivar os vermes por períodos mais longos antes do treinamento gerou resultados confiáveis pras gerações P0 e F1, mas os vermes F2 não mostraram diferenças notáveis.
Também analisamos como as condições afetaram as bactérias usadas no treinamento. Bactérias cultivadas sob diferentes condições podem ter efeitos variados nos vermes, e suspeitamos que fatores como temperatura e como as bactérias foram cultivadas poderiam influenciar bastante nesse processo de aprendizagem.
Investigando Contribuições da Via de RNAi
Exploramos se certos genes relacionados à interferência de RNA (RNAi) eram responsáveis pela herança dos comportamentos de evitação aprendida. Dois genes importantes, SID-1 e SID-2, foram estudados de perto porque já se sabe que desempenham papéis na via de RNAi.
Quando testamos vermes com versões alteradas desses genes, descobrimos que, embora os vermes P0 ainda aprendessem a evitar a PA14, seus descendentes F1 não mostraram a mesma evitação aprendida. Isso indica que esses genes podem não estar funcionando como esperado no contexto da evitação aprendida em gerações posteriores.
Curiosamente, descobrimos que o aumento da expressão do gene repórter na geração F1 não dependia desses genes de RNAi. Isso sugere que os mecanismos que fundamentam a herança desses comportamentos são diferentes daqueles que controlam a expressão gênica.
O Papel dos Fatores Ambientais
Uma observação significativa foi que as condições ambientais sob as quais os vermes foram criados e treinados afetaram bastante o comportamento deles. Por exemplo, as condições da bactéria OP50, que é um patógeno leve, podem influenciar como os vermes se comportam durante os testes de escolha. Se os vermes tiverem mais contato com bactérias patogênicas, tendem a evitar a OP50 ainda mais, o que impacta os resultados dos estudos.
Descobrimos que variações em como preparamos e colocamos as bactérias OP50 levaram a diferenças no comportamento de evitação dos vermes. Em alguns testes, os vermes mostraram uma preferência pela cepa PA14 devido ao efeito da OP50 na qual foram criados.
Impactos da Temperatura e Outras Variáveis
Além das diferenças bacterianas, a temperatura em que os vermes foram cultivados também teve impacto. Temperaturas mais altas estavam associadas a uma maior patogenicidade da PA14, e observamos que usar essas condições resultou em efeitos mais fortes na evitação dos vermes P0.
Mas, apesar dessas mudanças nas condições de crescimento, a geração F2 ainda não mostrou a herança desejada do comportamento aprendido. Isso sugere que os fatores que influenciam os comportamentos aprendidos em C. elegans são complexos e provavelmente incluem interações com o ambiente que podem não ter sido totalmente consideradas em pesquisas anteriores.
Limitações e Desafios na Replicação
As discrepâncias em nossos achados em comparação com estudos anteriores levantam questões sobre a confiabilidade e robustez dos efeitos transgeracionais observados. Muitos fatores poderiam contribuir para essas inconsistências, incluindo diferenças nas cepas bacterianas, linhagens de vermes e até condições ambientes, como umidade e temperatura no laboratório.
Observamos que o transgene usado pra medir a expressão gênica também mostrou variabilidade potencial, o que poderia levar a resultados inconsistentes. A cepa que usamos tinha a propensão a silenciar, o que foi frequentemente observado em outros estudos também. Essa instabilidade poderia afetar os níveis de expressão e dificultar a replicação dos resultados.
Conclusão
Em conclusão, enquanto conseguimos reproduzir comportamentos aprendidos específicos no modelo de verme C. elegans, a herança desses comportamentos em gerações subsequentes não foi tão clara. Várias variáveis, incluindo condições ambientais, fatores bacterianos e o background genético dos organismos, devem ser cuidadosamente controladas pra tirar conclusões confiáveis sobre herança transgeracional.
Essas descobertas ressaltam a complexidade de estudar comportamentos aprendidos e sua hereditabilidade em ambientes de laboratório. Estudos futuros precisarão abordar esses desafios e investigar mais a fundo os mecanismos por trás da memória e da herança comportamental em C. elegans. Os cientistas também devem buscar transparência e replicabilidade pra garantir que as descobertas possam ser confiavelmente construídas na área.
Título: Reported transgenerational responses to Pseudomonas aeruginosa in C. elegans are not robust
Resumo: Here we report our attempt to replicate reports of transgenerational epigenetic inheritance in Caenorhabditis elegans. Published results from multiple laboratories show that C. elegans adults and their F1 embryos exposed to the pathogen Pseudomonas aeruginosa show pathogen aversion behavior and a pathogen exposure-dependent increase in daf-7/TGF{beta} reporter gene expression. However, results from one group show persistence of the aversion behavior and elevated daf-7 expression in the F2, F3, and F4 generations. In contrast, we failed to consistently detect either the pathogen avoidance response or elevated daf-7 expression beyond the F1 generation. We did confirm that the dsRNA transport proteins SID-1 and SID-2 are required for the intergenerational (F1) inheritance of pathogen avoidance, but not for the F1 inheritance of elevated daf-7 expression. Furthermore, our reanalysis of RNA seq data provides additional evidence that this intergenerational inherited PA14 response may be mediated by small RNAs. The experimental methods are well-described, the source materials are readily available, including samples from the reporting laboratory, and we explored a variety of environmental conditions likely to account for lab-to-lab variability. None of these adjustments altered our results. We conclude that this example of transgenerational inheritance lacks robustness, confirm that the intergenerational avoidance response, but not the elevated daf-7p::gfp expression in F1 progeny, requires sid-1 and sid-2, and identify candidate siRNAs and target genes that may mediate this intergenerational response.
Autores: Craig P Hunter, D. P. Gainey, A. V. Shubin
Última atualização: 2024-10-31 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.06.01.596941
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.06.01.596941.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/
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