Mistérios do Microquasar S26 na Galáxia Escultor
O microquasar S26 mostra jatos poderosos e emissões de raios X intrigantes.
Leandro Abaroa, Gustavo E. Romero, Giulio C. Mancuso, Florencia N. Rizzo
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Índice
Microquasares são sistemas binários especiais que consistem em um objeto compacto, como um buraco negro ou uma estrela de nêutrons, e uma estrela companheira. Nesses sistemas, o objeto compacto puxa gás e matéria da estrela parceira, criando um disco de acreção. Esse disco é formado por gás quente que espirala ao redor do buraco negro ou da estrela de nêutrons. Enquanto a matéria cai no objeto compacto, pode produzir dois jatos poderosos de material que dispara para o espaço. Esses jatos são super focados e podem carregar muita energia. Desde a descoberta dos primeiros microquasares há cerca de trinta anos, cientistas identificaram muitos outros, cada um mostrando uma variedade de características e comportamentos.
O Caso Único do S26
Um microquasar particularmente interessante é o S26, localizado na Galáxia do Escultor, que está a cerca de 3,9 milhões de anos-luz da Terra. O S26 tem alguns dos jatos mais poderosos já vistos nesses tipos de sistemas. Esses jatos são tão fortes que sugerem que o buraco negro no coração do S26 está puxando matéria a uma taxa que supera o que normalmente se espera - isso é chamado de acreção super-Eddington.
Curiosamente, enquanto os jatos mostram uma quantidade imensa de energia, as Emissões de Raios-X da seção interna do S26 parecem muito mais fracas do que se esperaria de um sistema tão poderoso. Isso é confuso porque a saída de energia dos jatos deveria correlacionar com o brilho dos raios-X que vêm do disco de acreção. Na verdade, a luminosidade observada de raios-X parece muito mais baixa do que o que os jatos poderosos implicam.
Entendendo a Emissão do S26
Para entender o que está acontecendo no S26, os cientistas estudaram as emissões de raios-X de várias ângulos e momentos. Eles usaram dados de telescópios espaciais como o XMM-Newton. Analisando a luz em diferentes comprimentos de onda, especialmente raios-X, eles esperam entender os processos que estão em ação neste microquasar.
Um foco principal é na natureza do buraco negro. Acredita-se que o S26 abriga um buraco negro, e estimativas sugerem que ele poderia ter cerca de dez vezes a massa do nosso Sol. O processo de acreção - como a matéria cai no buraco negro - desempenha um papel crucial em determinar a quantidade de energia emitida na forma de raios-X e jatos. A taxa de acreção super-Eddington no S26 indica que o buraco negro está atraindo matéria a uma taxa muito alta, produzindo um vento supercrítico, que é um fluxo denso de material ao seu redor.
O Papel do Vento
Esse vento é essencial para entender por que as emissões de raios-X são menores do que o esperado. Acredita-se que o vento, que é impulsionado pela pressão da radiação, efetivamente protege as emissões de raios-X do disco interno da vista. Isso significa que o vento forte está absorvendo grande parte da radiação que de outra forma seria vista como raios-X. Como resultado, os raios-X que escapam não estão se originando diretamente do disco, mas de outros locais no sistema, como ao longo dos jatos ou nas bordas do vento.
As emissões de raios-X estão categorizadas em dois tipos no S26. Os raios-X térmicos, que vêm da interação do vento com o material, são produzidos nas extremidades dos jatos. Em contraste, os raios-X não térmicos surgem de processos que acontecem perto da base dos jatos. Essa interação complexa de emissões ajuda a construir uma imagem mais clara do sistema.
Os Jatos do S26
Os jatos no S26 são incrivelmente energéticos e são fundamentais para a dinâmica geral do microquasar. Eles atuam como poderosos fluxos, liberando energia no espaço ao redor do buraco negro. Esses jatos podem acelerar prótons a energias incrivelmente altas, às vezes até alcançando a escala de PeV, que é um milhão de bilhões de elétron-volts. A capacidade de acelerar partículas de alta energia pode ter implicações importantes para os Raios Cósmicos; esses são partículas de alta energia que vêm para a Terra do espaço exterior.
No S26, dois tipos de choques ocorrem ao longo dos jatos. O primeiro é choques internos gerados perto da base dos jatos, onde o material está se movendo incrivelmente rápido e colidindo. O segundo tipo de choque ocorre nas pontas dos jatos, onde eles interagem com a matéria circundante, criando uma região onde as partículas podem ser aceleradas.
Esses choques são essenciais para gerar partículas de alta energia. Os cientistas acreditam que a interação dos jatos com o ambiente produz uma riqueza de raios cósmicos à medida que a energia dos jatos é dissipada. A presença desses prótons de alta energia sugere que sistemas como o S26 poderiam potencialmente servir como fontes de produção de raios cósmicos.
Observações e Análise
Para entender melhor o S26, os pesquisadores utilizaram observações extensivas de telescópios espaciais. Eles analisaram vários aspectos das emissões de raios-X e sinais de rádio dos jatos. Coletando dados ao longo de diferentes períodos, puderam observar como o comportamento do S26 muda e potencialmente identificar padrões ou anomalias.
As observações revelaram que as emissões do núcleo e dos lóbulos do jato eram consistentes com a ideia de que o disco de acreção é fortemente influenciado pelo vento denso. O vento parece absorver completamente as emissões de raios-X duros da região interna do disco, permitindo que apenas uma quantidade limitada de radiação mais suave escape. Essa absorção explica a aparente discrepância entre a luminosidade prevista dos jatos e a luminosidade observada do disco.
Emissões Térmicas e Não Térmicas
O S26 apresenta evidências de dois tipos distintos de emissões que estão ligadas à sua estrutura. As emissões térmicas vêm do material quente e em expansão que se forma à medida que o vento interage com o espaço ao redor. Em contraste, as emissões não térmicas surgem dos jatos e são produzidas pela aceleração de partículas no ambiente de alta energia criado pelos choques.
Os pesquisadores analisaram as características espectrais dessas emissões para entender melhor as temperaturas e distribuições de energia envolvidas. Eles descobriram que as emissões térmicas seguem uma curva de radiação de corpo negro padrão, sugerindo que essas emissões vêm de regiões quentes e densas de gás. As emissões não térmicas, no entanto, mostraram um comportamento mais complexo, ligado aos mecanismos de aceleração de partículas em jogo.
Raios Cósmicos e Sua Importância
Uma das principais conclusões do estudo do S26 é seu potencial papel na produção de raios cósmicos. Os prótons de alta energia que são produzidos como resultado da dinâmica dos jatos podem escapar para o meio interestelar ao redor. Com o tempo, esses prótons se espalham e podem eventualmente interagir com a matéria, levando à geração de raios gama e outras partículas.
Entender os processos que levam à aceleração de raios cósmicos em microquasares como o S26 pode ajudar os cientistas a aprender mais sobre de onde vêm essas partículas de alta energia persistentes. Os raios cósmicos são importantes porque podem influenciar vários processos astrofísicos, como a formação de estrelas e o comportamento da matéria interestelar.
Futuras Observações e Implicações
Os astrônomos planejam realizar mais observações do S26 e de sistemas semelhantes para validar os modelos atuais e fazer ajustes onde necessário. Novos instrumentos e telescópios que estão sendo desenvolvidos fornecerão melhor resolução e sensibilidade, permitindo que os cientistas investiguem mais a fundo a estrutura e o comportamento dos microquasares.
Observando o S26 e outros microquasares em várias comprimentos de onda, os cientistas podem reunir uma compreensão mais completa dos processos que governam esses sistemas poderosos. Esforços para entender melhor os raios cósmicos e sua origem esclarecerão questões fundamentais sobre o universo, incluindo a natureza da matéria escura e a evolução das galáxias.
Conclusão
O S26 representa um estudo de caso fascinante para entender os microquasares, suas dinâmicas e seu papel no universo. Seus jatos poderosos, a complexa interação de emissões térmicas e não térmicas, e a influência misteriosa do vento ao redor destacam as complexidades da acreção de Buracos Negros e a aceleração de partículas.
Por meio de estudos multiépocas e técnicas avançadas de observação, os pesquisadores estão montando as características desse sistema notável. À medida que continuamos a explorar e analisar esses fenômenos cósmicos, ganhamos insights que vão aprimorar nossa compreensão dos processos mais energéticos do universo. O S26, com suas propriedades e comportamentos únicos, é um assunto fascinante para pesquisas astrofísicas em andamento.
Título: The remarkable microquasar S26: a super-Eddington PeVatron?
Resumo: Context. S26 is an extragalactic microquasar with the most powerful jets ever discovered. They have a kinetic luminosity of $L_{\rm j}\sim5\times 10^{40}\,{\rm erg\,s^{-1}}$. This implies that the accretion power to the black hole should be super-Eddington, of the order of $L_{\rm acc}\sim L_{\rm j}$. However, the observed X-ray flux of this system indicates an apparent very sub-Eddington accretion luminosity of $L_{\rm X}\approx 10^{37}\,{\rm erg\,s^{-1}}$. Aims. We aim to characterize the nature of S26, explain the system emission, and study the feasibility of super-Eddington microquasars as potential PeVatron sources. Methods. We first analyze X-ray observations of S26 obtained with XMM-Newton and model the super-Eddington disk and its wind. We then develop a jet model and study the particle acceleration and radiative processes that occur in shocks generated near the base of the jet and in its terminal region. Results. We find that the discrepancy between the jet and the apparent disk luminosities in S26 is caused by the complete absorption of the disk radiation by the wind ejected from the super-Eddington disk. The nonthermal X-rays are produced near the base of the jet, and the thermal X-rays are emitted in the terminal regions. The radio emission observed with the Australia Telescope Compact Array can be explained as synchrotron radiation produced at the reverse shock in the lobes. We also find that S26 can accelerate protons to PeV energies in both the inner jet and the lobes. The ultra-high energy protons accelerated in the lobes are injected into the ISM with a total power of $\sim 10^{36}\,{\rm erg\,s^{-1}}$. Conclusions. We conclude that S26 is a super-Eddington microquasar with a dense disk-driven wind that obscures the X-ray emission from the inner disk, and that the supercritical nature of the system allows the acceleration of cosmic rays to PeV energies.
Autores: Leandro Abaroa, Gustavo E. Romero, Giulio C. Mancuso, Florencia N. Rizzo
Última atualização: 2024-09-15 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://arxiv.org/abs/2409.16315
Fonte PDF: https://arxiv.org/pdf/2409.16315
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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